CAPÍTULO 6
O CHURRASCO
Jéssica
Ficamos na cama o restante da tarde. Um momento diferente, não tínhamos passado tanto tempo juntos. Acabamos dormindo e acordamos com o celular de Heitor tocando, mais uma vez ele visualizou mas não atendeu.
Agora estou tentando achar uma roupa para sair. Como não trouxe muitas opções escolhi um shorts jeans branco e uma blusinha vermelha de alcinha, que tem umas pedrinhas que enfeitam toda parte do busto. Como fiquei na praia na parte da manhã, minha pele pegou um leve bronzeado, mas já deu uma diferença.
Calço uma rasteirinha que trouxe, passo batom, perfume, e pronto dou uma olhada no espelho, perfeito talvez o shorts esteja um pouco curto, mas é o que tenho.
Saio do quarto a procura de Heitor, e o encontro na cozinha, bebendo cerveja. Ele está de costas, me encosto na bancada.
- Estou pronta! - Falo, ele se vira, dá uma piscada e termina de tomar sua cerveja.
Dou uma conferida no visual dele, está vestindo uma camiseta preta com algum símbolo de rock, bermuda jeans, tênis e boné. Joga a lata no lixo, pega as chaves e telefone que está em cima do balcão, segura minha mão e começamos a sair. Então ele para, também paro para ver o motivo, e ele está olhando para minhas pernas.
- Isso não está muito curto? - pergunta apontando o dedo para o shorts, olho novamente para a peça de roupa que estou usando.
Eu tinha achado que realmente estava curto, mas agora ele dizendo isso, já não acho.
- Não está, não. E além disso é o único que eu trouxe, se tivesse me avisado teria escolhido algo mais apropriado. - Falo dando de ombros, e puxando ele pela mão. Ele nem se mexe.
- Eu esqueçi, por isso não avisei, mas você não trouxe outro um pouco mais comprido? - Reviro meus olhos, solto sua mão viro a bunda para ele e coloco minha mão atrás.
- Está vendo, não tá curto, tem cinco dedos para baixo da bunda. - Ele continua parado olhando. - Vamos logo Heitor, nem queria ir a idéia foi sua. -Agarro seu braço puxando, ele vem.
- Não vamos demorar mesmo, mas acho bom você não sair de perto de mim. - Dou risada da maneira que ele fala, e me assusto com um tapa que ganho na bunda. - Isso é só uma amostra do que você vai ganhar se ficar longe de mim. - Olho para ele.
- Se você está tentando fazer com que eu te obedeça é melhor mudar de tática. - Falo com um grande sorriso na cara dando uma piscada, puxando ele pela mão.
- Garota você está brincando com fogo! - Fala entrando no carro.
Vendo ele assim tão a vontade, nem parece que temos essa diferença de idade, sempre quando ele me chama de garota isso me vem na mente. Assim que pegamos a estrada me viro e pergunto.
- Te incomoda a nossa diferença de idade? - Ele me olha desconfiado, vejo que está pensando.
- Acho que não, mas porque isso agora?
- Toda vez que você me chama de garota, eu me sinto uma adolescente. -Ele me olha, me analisa, mas não comenta mais nada e o assunto morre.
Está um final de tarde tão gostoso, não está aquele calorão, que estava depois do almoço. Seguimos pela beira mar, até chegarmos a uma casa grande de dois andares. Heitor para o carro, e já consigo ouvir a música, tem vários carros estacionados.
Eu estou me sentindo um peixe fora d'água. Saímos e começamos a entrar na casa. Heitor pega em minha mão e entrelaça nossos dedos. Sorrio. Creio que o seu motivo para o gesto, tem mais haver com minha roupa, mas não ligo. Penso que gostaria que sua amiga nos visse assim.
Volto minha atenção para as pessoas que encontramos ao adentrar o ambiente. As pessoas conversam animadas.
- Relaxa, ninguém morde! - Ele fala rindo.
- O que te faz pensar que estou nervosa? - Ele me olha, e olha para nossas mãos.
- Talvez o fato de você estar esmagando minha mão. - Olho para nossas mãos e olho para ele.
- Não seja por isso. - Solto sua mão. Dois homens chegam até nós.
- E aí Dr. pensamos que não viria. - Um homem aparentando uns 40 anos cabelos grisalhos fala ao apertar a mão de Heitor.
- Já falei que não precisa dessa formalidade. - Eles se olham.
- Não, eu sei, mas hoje vai ser assim, nós estamos sacaneando os dois novatos. - Os dois homens se olham e começam a rir. Não faço idéia do que estão fazendo, ou falando, mas já estou com pena dos novatos. Heitor balança a cabeça rindo.
- Vocês não desistiram dessa idéia? - Os dois caem na gargalhada.
- Nós vamos fuder com eles hoje. - De repente um deles cutuca o outro. - Com perdão da palavra. - Fala olhando para mim.
Balanço a cabeça em concordância, aceitando as desculpas. Chega um outro cara com três latinhas de cerveja entrega uma psra Heitor, me oferece uma, nego.
- Não gosto de cerveja. - justifico.
- O Zé já chegou? - Ele pergunta para os dois.
- Não, ainda não. - Um responde rindo.
- Se esse veado não aparecer, eu mato o desgraçado por me fazer gastar uma grana dessa. - Heitor balança a cabeça, rindo enquanto toma a cerveja.
- Só peguem leve, preciso dos dois inteiros na segunda. - Heitor fala rindo.
Os três riem e batem continência, saímos de lá e vamos para os fundos da casa. É uma área grande, com piscina uma cobertura onde fica a churrasqueira, com mesas espalhadas, em um canto tem um pequeno palco com um karaokê.
Heitor para pra conversar com mais duas pessoas, onde uma é mulher, me comprimenta com educação. Dou uma olhada no local até agora não vi a Silvia, as pessoas conversam animadamente, bebem e comem realmente uma confraternização de amigos.
- Afinal quem é o aniversariante? - Pergunto, para Heitor, mas a resposta vem da mulher.
- O Ramon, ele está ali. - ela aponta para um senhor com cabelos totalmente brancos. - Mas na verdade ele é só uma desculpa para todos se reunirem. - Ela continua falando agora só para mim, os dois homens estão conversando entre eles. Gostei dela simpática.
- Desculpa, minha falta de educação, sou Natália, prazer. - Aperto sua mão e ela me puxa para um abraço.
- O prazer é meu, sou Jessica. -Falo.
- Sim eu sei, na verdade todos sabem. - Ela fala dando de ombros.
Olho para Heitor, numa pergunta silenciosa sobre "todos sabem" . Todos sabem o que? Mas ele está envolvido na conversa, nem deve ter escutado. Volto minha atenção para Natália. Dou um sorrisinho sem graça.
- Mas então o que você faz? - Pergunto para desenvolver uma conversa.
- Sou papiloscopista. - Ela ri, com certeza por causa da cara que fiz ao ouvir. - Eu trabalho com digitais quando você tira documentos, ou abre uma ficha. - Assim agora compreendo.
- Desculpe minha ignorância, nunca tinha ouvido falar. - Falo rindo.
- Vamos pegar algo para você beber, deixe eles conversando, eles quando começam não param mais. - Olho pra Heitor que agora está me observando e dá uma piscada.
Vou com Natália para o bar improvisado, ela é muito simpática, uma pessoa fácil de se envolver. Pegamos nossas bebidas, eu optei por uma batida de fruta e Natália por uma caipirinha, quem está preparando as bebidas é o escrivão que me atendeu quando estive na delegacia, eu nem lembro o nome dele.
Nós duas nos sentamos em dois bancos que estão no balcão.
- E então Jéssica o que você faz? - Natalia me pergunta. Dou um gole na minha bebida nossa que está uma delícia.
- Bom no momento trabalho de auxiliar administrativo em uma empresa que é associada a uma grande construtora de São Paulo.
- Que legal, acho que eu não me daria bem em trabalhar em um escritório. - Olho para ela, mas na minha concepção ela basicamente trabalha.
- Mas você trabalha em um ambiente fechado. - Ela me olha com um sorriso.
- Sim, hoje trabalho, mas não foi sempre assim, gosto da adrenalina, trabalhei nas ruas e também foi assim que conheci meu marido. Ela fala apontando para o homem que está conversando com Heitor, olho para os dois, nesse momento vejo a Silvia chegando.
Está muito bonita, nossa eu até tento ver ela feia, horrorosa, mas não dá a diaba é bonita. Ela conversa e comprimenta todos que encontra. Continuo minha conversa com Natália
- Vocês se conheceram no trabalho? - sorrio. - Que legal.
- Sim, trabalhamos juntos e agora eu faço serviço interno.
- Mas aconteceu alguma coisa ou você que quiz? - Depois que faço a pergunta que percebo quão intrometida estou sendo. - Aí desculpa, não precisa responder. - ela balança a cabeça e ri.
- Não tem problema nenhum, eu passei por uma situação muito estressante, e agora resolvi ficar quieta. - Concordo com a cabeça.
- Entendo, com certeza nessa profissão você deve passar por muitas situações assim. - Volto a beber e olho para Heitor que agora conversa com mais dois rapazes, estão conversando e rindo. Dou uma olhadinha por tudo e já não vejo a Silvia.
Me direciono para o homem que fez minha bebida.
- Nossa, mas isso aqui está muito bom, você já tem emprego garantido se quisesse mudar de profissão. - Ele me olha e ri.
- Não é para tanto, mas gosto de inventar.
- Mas é serio, está maravilhoso. -Nesse momento alguém troca a música que estava tocando e coloca um sertanejo, até gosto do embalo.
A maioria dos homens gritam e vaiam.
- Pelo amor de Deus, tira isso, música de corno não caralho! - Olho para o dono da voz que está sentado numa mesa próxima, um rapaz novo teve ter a mesma idade que eu, e se não me engano ele esteve com Heitor no restaurante da Lu.
Os outros que estão com ele riem, e apontam pra entrada.
- Até que enfim, o veado chegou. - Falam se levantando indo em direção a área da entrada.
Também olho na direção e vejo um rapaz novo, com aparência, muito bonita, moreno careca e forte. Está vestindo uma calça jeans azul clara e camiseta branca. Todos vão comprimenta-lo.
- Coitado, esse vai sofrer hoje. - Natalia comenta. Viro-me pra ela.
- Porque? É um dos novatos? - Ela concorda com a cabeça, chega mais perto pra contar algo.
- Você acredita que contrataram um travesti, pra sacanear ele? - Não acredito, e olho para eles novamente.
- Meu Deus, mas isso pode acabar mau, vai que ele não entende a brincadeira. - Falo olhando para Natália.
- Que nada, Susy é um profissional, já vez várias festas assim, todo novato que entra eles aprontam isso, isso já virou meio que um rito de passagem. - Balanço minha cabeça em negativa rindo e não acreditando. Mas fico imaginando a cena.
Vejo a Silvia ir falar com Heitor, até o momento não reparei se ela me viu. Entra no meio dos homens e comprimenta todos sorrindo, mas em Heitor ela dá um beijo no rosto. Fica por ali, sinto uma mão no meu braço e olho, é Natália.
- Não liga, ela anda muito despeitada, por conta do interesse dele por você. - Nossa ela é direta. Olho para ela meio assustada.
- Mas isso é tão notório assim? - refaço a pergunta. - Quero dizer o interesse dela, achei que fosse coisa da minha cabeça. - Ela da de ombros.
- Não sei se os outros perceberam, mas eu vejo isso claramente, você conseguiu algo que ela vem tentando a tempos e não conseguiu. - Chego mais perto, não quero parecer fofoqueira, mas tenho que aproveitar a oportunidade pra saber.
- Você sabe que eles moram juntos?
- Sim, mas não quer dizer nada, Dr. Fernandes não mostra nenhum tipo de interesse nela, ele já trabalha aqui a quase 1 ano e nesse tempo, não vi nada que me fizesse pensar diferente.
- Nossa um ano. Não imaginava tanto tempo, pensei que estivesse aqui só uns meses. - Mas se ela que trabalha diariamente com os dois não vê, talvez porque realmente não tenha nada para ver, resolvo mudar de assunto.
- Mas você é daqui mesmo?
- Não sou de São Paulo, capital. - Me responde, nesse momento um homem, coloca um prato com vários petiscos.
Agradeço a ele pela atenção, e continuamos a conversar depois de um certo tempo olho para onde Heitor estava, sim estava, porque não está mais. Vejo o homem com quem estava conversando vindo na nossa direção.
- Vamos dançar querida? - Ele pergunta para Natália.
- Que falta de educação Ricardo, estou conversando com Jéssica. - Estou tomando minha bebida, mas faço sinal com a mão para ela.
- Não não, por mim não, vai aproveitar, eu estou bem. - Falo dando um sorriso para ela. Ela olha para o marido com um sorriso tímido, acho que eu era sua desculpa.
- Está vendo, ela está bem, vamos hoje você não me escapa. - Ricardo fala pegando sua mão, faço sinal para ela de desculpa não sabia. Acabamos todos rindo.
Eles vão em direção ao pequeno palco montado, continuo bebendo e comendo, olho ao redor não vejo Heitor nem mesmo a Silvia. Onde ele se meteu?
Ele vai escutar um monte de mim a se vai, como me deixa sozinha?
Passa alguns minutos, todos conversando, brincando olho para porta da casa e vejo o tal novato vindo para onde estou, os dois homens rindo atrás dele. Não consigo evitar e dou risada só por imaginar o que aconteceu. Pego meu celular para mandar uma mensagem para Heitor se ele não aparecer vou embora.
- Nossa o que uma gata como você está fazendo sozinha aqui? - Levanto meus olhos e vejo o novato sentado no banco do lado.
- Uma boa pergunta. - Respondo, já estou ficando com raiva, não dele e sim do Heitor.
- Quer tomar alguma coisa? - Ele me pergunta sendo educado. Olho para ele novamente, vejo meu copo vazio.
- Claro, porque não. - Ele dá um grande sorriso.
Vai até onde estão as coisas e faz uma outra batida. Enquanto ele faz olho novamente em volta e nada, resolvo largar de mão.
- Pronto veja como ficou. - Ele pergunta me entregando um copo. Bebo um gole, nossa vejo que está mais forte que a última.
- Está mais forte, mais esta boa sim. - Ele pega um copo e senta-se ao meu lado, e começamos a conversar banalidades, ele parece ser um cara gente boa.
Todas as pessoas parecem ser gente boa. Estamos conversando e rindo quando vejo Heitor sair de dentro da casa com o rabo junto. Reviro meus olhos. Silvia me olha e dá um sorriso. Ela sabia que eu estava aqui. Simplesmente a ignoro, acho que as batidas me fizeram bem não estou nem aí para aquela vaca.
Heitor comeca a vir pra onde estou, e noto que parece emburrado. Começo a rir. Também não estou nem aí pra ele. Nem dou bola finjo que não vi.
- Algum problema José Alceu? - Fala sério. José que até então eu não sabia o nome olha para trás, quando vê quem é se endireita.
- Não senhor, problema nenhum. - O rapaz responde, mas não entendeu o recado.
Heitor vem pro meu lado passa o braço no meu ombro e cheira minha nuca. Começo a rir, porque é inevitável com a cara que o José tá fazendo. Heitor olha para ele e refaz a pergunta.
- Algum problema? - Ele pega o copo de bebida toma em um gole, balança a cabeça.
- Eu não sabia que era sua namorada, Dr. - Olho para o lado vejo que estão todos olhando, que vergonha. Heitor solta meu ombro e bate no dele.
- Vaza novato, seus amigos já arrumaram companhia para você hoje. - Todos riem, todos mesmo até eu, porque a cena foi engraçada.
Eu tomo um gole da minha batida, para tomar coragem, antes do José se afastar.
- Mas eu não sou namorada dele. - Falo e todos se calam, Heitor me olha, mas não fala nada, e continuo. - E obrigada pela bebida, e sua companhia. - Falo levantando o copo, e dando um sorriso para ele.
Ele nem me olha direito, faz sinal com a cabeça e sai. Olho para Heitor que ainda está me encarando.
- Que foi? - Pergunto.
- Já bebeu o suficiente. - Tira o copo da minha mão, percebo que está irritado.
Começo a rir, ele me olha feio, o que só piora minha crise de riso, agora já estou gargalhando. Vejo que nem todos olham será que tem medo dele? Acho que eu deveria ter também. A megera claro está olhando, talvez esperasse que fosse discutir, até estava afim, mas vendo ela tenho uma idéia melhor.
- Vamos, dar uma volta. - Heitor fala.
- Não, tô bem aqui! - Me olha torto, só mais uma contrariada e pronto.
- Você está fazendo isso para me punir não é? - Olho para ele.
- Você está precisando de alguma punição? - Devolvo a pergunta, para um bom entendedor um pingo é letra. Ele me olha impaciente.
- Vem vamos. - Puxa minha mão, eu até desço do banco, mas puxo minha mão de novo.
Ele me olha feio agora, pronto agora é só contar... um, dois, três...Tento me manter séria, e começo a andar pro lado contrário. Sinto ele me puxar, e mais uma vez estou sendo carregada no ombro. Começo a rir, meu Deus como esse homem é previsível, levanto minha cabeça e dou uma olhada ninguém fala nada. Vejo Natália olhando e rindo, dou risada também, olho para Silvia que está olhando e claro para ela dou um sorriso e um tchauzinho.
Ela vira a cara, eu continuo rindo. Nos afastamos da casa chegamos a um lugar onde tem umas árvores grandes.
- Me põe no chão!
- Não sem antes isso! -Me dá um tapa na bunda que arde. Fico brava.
- Você só pode ser louco mesmo! - Ele me coloca no chão segura meus braços, quando penso em retrucar, seus lábios estão me beijando, sinto o gosto da bebida, mas o que me desmonta é o calor de seus lábios. Retribuo o beijo, seguro em seus cabelos, não sabia que estava com tanta saudades de seus beijos.
Ele faz eu dar alguns passos para trás, até minhas costas encostarem em uma árvore. Suas mãos vão dos braços para minha cintura, o beijo chega ser doloroso, como se tivesse me punindo. Empurro ele.
- Para! - Falo em meio às tentativas de respirar.
- Você não vê o que faz comigo quando me desafia? - Olho sem entender.
- Eu não te desafiei! - devolvo no mesmo tom.
- Você sabe que sim. - Ta bom, só um pouquinho. Mas não é esse o problema.
- Quando aceitei uma bebida, ou quando aceitei a companhia de um estranho já que meu acompanhante sumiu? - pergunto irritada, mas não quero brigar.
- Não falo disso, de me desmentir na frente dos outros! - Agora fiquei confusa. Cruzo os braços e encosto na árvore novamente.
- Quando fiz isso? - Ele me olha como se tivesse criado duas cabeças.
- Quando disse que não era minha namorada. - Agora começo a rir.
- E, eu falei alguma mentira? Não sou sua namorada.
- Puta que pariu Jéssica, mas que porra! - Ele dá uns passos para trás tira o boné jogando no chão.
Dou uma olhada em volta, não tem ninguém, eu acho que ele realmente ficou chateado, mas é verdade não sou namorada dele.
- Nós nunca conversamos sobre isso, eu te falei que acabei de sair de um relacionamento de anos e não quero compromisso sério com ninguém. - Ele olha de uma maneira que faz eu me sentir mal, como se eu tivesse acabado de arrancar um pedaço dele. - Vamos fazer o seguinte, continuamos assim, sem rótulo.
Ele encosta em outra árvore solta uma respiração pesada e fecha os olhos. Eu começo a me sentir mal, mas que droga. Vou até ele passo minhas mãos em seu rosto, sinto sua barba.
- Com você é tudo estranho. - Fala num sussurro.
- Estranho como? - Pergunto, ele nunca fala como se sente em relação a nós.
- Eu não sei como agir, me sinto um adolescente indo transar pela primeiravez. - Essa declaração dele aperta meu coração, já não sinto aquela raiva que estava sentindo, porque sinto que ele está sendo sincero. Me aproximo apoio meu corpo no dele, e o abraço.
- Eu sei, me sinto assim também, não saber o que fazer como agir, é normal, só não quero me sentir pressionada. - Falo baixo envolvendo seus cabelos em meus dedos. Sinto suas mãos em mim me puxando, me beija. Um beijo calmo, como se tivesse reconhecendo o território.
Não sei se é por conta da bebida ou do que, mas eu quero mais. Seguro seu rosto com minhas mãos e abro meus olhos, já está escuro não dá pra ver quase nada, mas eu vejo o azul dos seus olhos. A cor que me faz esquecer quem sou, sinto uma leve dor no peito, causada por essa situação.
-Eu quero você! - Falo olhando em seus olhos.
Sinto uma pressão crescer dentro de mim, eu preciso dele. Ele segura minha nuca com força e puxa começando a beijar meu pescoço. Não quero saber se estava brava, com raiva ou sei lá o que, só quero ele agora, sentir seu calor, seu desejo.
Começo a passar minhas mãos em seu corpo, a sentir cada pedaço, a me esfregar nele, quero seu toque. Vou com a minha mão até o meio das suas pernas e sinto ele duro, pressiono por cima da roupa, ele beija minha boca, mas me afasta.
- Aqui não. - Ele fala no meu ouvido.
- Agora você tá querendo me punir? - Ele ri.
- E, você já está bem alegre, bebeu quantos copos? -Segura meu rosto me fazendo olhar para ele.
- Não to bêbada! - Heitor me olha com carinho.
- Não não está, só está um pouquinho alegre. - Me puxa para um abraço, sinto seu coração bater, sua respiração acelerada.
- Onde você estava que sumiu? - Pergunto. Ele me aperta ainda mais.
- Resolvendo umas coisas.
- Com a Silvia?
- Sim com a Silvia, também, esqueceu que ela trabalha comigo.
- Não, só pensei que você não estivesse trabalhando. - Ele se endireita me levando junto.
- Tecnicamente não estou, mas sou responsável pela comarca.
- Tá bom, deixa pra lá, agora você está trabalhando? - Eu pergunto e ele me dá um sorriso, e pronto já esqueçi tudo. - Você não deveria ser tão lindo e gostoso, isso dificulta muito quando quero brigar com você. - Ele cai na gargalhada.
- Vamos vou pegar uma água pra você!
Saímos do meio das árvores, estão todos, se divertindo, nesse momento jogam alguém na piscina é aquela bagunça, estamos de mãos dadas todos de alguma maneira olham para nós. Vejo Natália dançando com marido, ela me dá um tchauzinho e eu aceno de volta.
Heitor pega uma garrafa de água, e vamos psra beira da piscina onde tem umas espreguiçadeira, ele senta-se e me puxa para sentar em seu colo, abre a garrafa.
- Toma. - Bebo e realmente estava com sede.
- Porque não vamos embora? - Pergunto, ele se ajeita e deita.
- Estou esperando uma resposta, do pessoal que está na rua, dependendo vou ter que ir a delegacia.
- Entendi, você é o responsável pela comarca! - Falo fazendo uma careta.
- Vem cá! - Me puxa para deitar ao seu lado, deito em seu braço. Ficamos ali um tempo sem falar nada, depois de um tempo ele pergunta.
- Seu ex como ele era?
- Porque da pergunta?
- Parece que você criou uma repulsa a compromisso. - Dou risada.
- O problema não foi ele, e nem é você Heitor, eu só não quero já ser titulada como sua namorada.
- Você se preocupa demais com as pessoas, com o que vão pensar.
- Pode até ser bobagem, mas eu sou assim.
- O que eu sou pra você? Já que não posso ser seu namorado. - Penso em uma resposta divertida para acabar com esse clima.
- Meu objeto sexual? - Falo tentando segurar o riso. Ganho um tapa na bunda.
- Aí! mas você gosta de bater na minha bunda hein! - Me levanto pra olhar para ele.
- Ela que paga por essa sua boca esperta!
- Confessa logo, você gosta dela! - Ele dá uma risada alta, chama a atenção das pessoas.
- E você ainda tem alguma dúvida?
- Vamos embora, aí você tira minhas dúvidas. - provoco dando um beijo nele.
Seguro em seu pescoço, ele me puxa pra cima do seu corpo. Segura minha cintura, ele abre os lábios aprofundando o beijo, sinto o desejo espalhar novamente pelo meu corpo, me agarro a ele.
- Calma Jéssica, estamos em público. - Fala nos meus lábios, me afasto.
- Puta que pariu, mas que coisa. - Me sento na cadeira. -Você acabou de me dizer que me preocupo demais com o que os outros pensam. - Ele senta-se também.
- Uma coisa é o que pensam sabendo que estamos juntos, outra totalmente diferente é o que pensam ao verem o que estamos fazendo, e isso eu não quero. É minha equipe de trabalho, sem contar que não quero que insinuem ou te vejam em alguma situação constrangedora. - meu Deus ele tem toda razão. Preciso jogar uma água no rosto.
- Pois bem, então, vou ao banheiro, onde fica? - Ele se levanta, puxa minha mão.
- Vamos eu te levo.
Entramos na casa, encontramos um em baixo, mas estava ocupado, estamos no pé da escada indo para o andar de cima quando um homem chama Heitor
- Dr. eles estão aqui! - Aponta para porta da frente, Heitor se vira para mim.
- Veja nos quartos, vou resolver isso para gente ir embora. - Concordo com a cabeça, e subo em busca de um banheiro.
Tem várias portas, e estão fechadas, fico com medo de abrir e ter gente. Escolho a segunda encosto minha orelha para conseguir escutar alguma coisa, mas com o barulho da música é meio que impossível, dou uma batida nada, resolvo entrar. Não tem ninguém, graças a Deus vou entro e deixo a porta aberta, uso o banheiro, lavo meu rosto, minha nuca.
Quando saio do quarto fechando a porta dou de cara com a Silvia. Ela está subindo com o José Alceu estão conversando, tomo meu caminho para descer, procuro nem olhar para vaca. Mas ela não pensa da mesma forma, segura meu braço quando passo.
- Você está se achando importante não é? - Puxo meu braço olho para ela.
- Se encostar em mim mais uma vez, não respondo por meus atos. - Ela ri, olho para José. - Foi um prazer conhecer você! - Falo para ele me viro e saio andando. Mas paro ao escutar ela falando.
- Você não passa de mais uma foda para ele, como várias que já passaram. - Me viro, olho bem nos olhos dela, que está com um sorriso, sorrio também.
- Se você acha que me ofende, falando isso, está enganada, isso só mostra que pelo menos foder eu sei fazer e muito bem, ao contrário de você que já tenta a anos e não conseguiu. - Ela vem na minha direção, mas José a segura.
- Você acha que conhece ele, mas não sabe nada da vida dele, ele vai se cansar de você também. - Fala tentando me atingir de qualquer maneira, sinto pena dela, a que ponto uma pessoa chega. Olho para José.
- Boa sorte com ela. - Me viro e saio, o mulherzinha insuportável.
Desço as escadas, e vou para fora preciso respirar ar puro. Chegando fora da casa vejo Heitor com mais três pessoas olhando um mapa com uma lanterna, chego perto de Heitor, assim que ele percebe minha presença me puxa para seu lado, me abraça pela cintura.
Pelo que entendi, estão planejando pegar alguém de surpresa. Estou tão cansada, quero ir embora, me abraço a ele, que me aperta mais. Terminado tudo vamos embora, está um silêncio no carro, ele me puxa para perto, eu deito em seu ombro.
Ficamos assim até chegar a casa onde estamos. Não me lembro de ter saído do carro, nem de ter vindo parar na cama, mas é onde eu estou, na cama olhando para a janela. Está sol, isso significa que já é domingo, o vento que sopra faz com que as cortinas balancem numa lenta dança.
Tento me mexer mas não consigo, tem um braço e uma perna em cima de min. Me lembro das palavras da Silvia.
"Você é só mais uma foda"
Não posso me sentir magoada pelas palavras dela, já que foi uma imposição minha. Mas estou. Vai entender.
Não sabe nada da vida dele
Ele vai se cansar de você também
Viro minha cabeça, vejo seu lindo rosto, meu coração aperta, ele está tão sereno, me aninho a ele e volto a dormir não importa o que ele fez no passado, o importante é o agora.
Somente eu e ele.
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