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CAPÍTULO 30

A DOR E SUAS MUDANÇAS

Jéssica

Meu corpo dói. Viro na cama tentando mudar a posição. Mas chego a conclusão que a dor que sinto não é somente no corpo, mas também na alma.

Me levanto para ir ao banheiro. Olho na cômoda são 3:00 da madrugada. Nossa esse remédio realmente fez efeito.

Me olho no espelho. Não gosto do que vejo, estou horrível. Lavo meu rosto, esfrego tentando tirar as feições que vejo. De alguém enganada, traída e envergonhada. Saio e vou tomar uma água, fome eu não sinto. Não sinto muita coisa. Pareço estar dormente.

Ao passar pela sala, vejo minha bolsa. Pego e tiro meu celular olhando, mas resolvo guardar novamente. Vou até a cozinha bebo água. Dou uma olhada no freezer e pego um pote de sorvete. Pego uma colher, e vou para a sala, ligo a tv e por ironia do destino ou castigo, está passando o guarda costas. Não mudo de canal.

- Se é para sofrer que seja de uma vez. - falo para mim mesma.

Sim amo esse filme, mas agora ele tem um gostinho amargo porque ele me faz lembra de Heitor. Enxugo uma lágrima que escorre. Vejo Luciana passar, me olha e vai até a cozinha volta com uma colher.

- Para a melhor parte você não me chama. - ela fala se sentando ao meu lado. - O que está assistindo?

- O guarda costas. - falo ela me encara. - Não estou me torturando, liguei e estava passando resolvi assistir. - dou de ombros.

E assim ficamos em silêncio assistindo o filme e comendo sorvete. No final ela me pergunta.

- Como você está?

- Vou sobreviver. - ela me abraça.

- Eu ainda não consigo acreditar nisso.

- Mas é verdade, falei com a mãe dele, ou melhor ela falou comigo. - penso por um momento em tudo. - Seria minha sogra se eu não fosse amante. - olho para Lu. -Amante tem sogra? - ela ri.

- Ja vi que você esta melhorando, está fazendo piada.

- Não chega ser piada, realmente é uma dúvida. - falo dando de ombros. - Enfim agora não importa.

- Você não vai conversar com ele? - ela pergunta cautelosa, e eu nego com a cabeça.

- Se ele quisesse teríamos conversado, tempo ele teve. Só veio falar comigo porque soube que eu descobri. - me levanto. - Vou descansar, logo vai amanhecer e tenho que trabalhar.

- Você ainda tem alguns dias da sua licença, porquê não usa?

- Para que? Pra ficar chorando? Já chorei o suficiente. - dou um beijo nela e volto para o quarto. Deito na cama e fico olhando para o teto.

Não dormi nada depois que deitei novamente. Logo cedo tomei um banho, me troquei e sai para trabalhar. Não vou ficar trancada, vou ocupar a mente. Quando saí às meninas ainda estavam dormindo, deixei um bilhete na geladeira. Andando pela cidade vejo como é difícil. Cada canto que olho, cada coisa que vejo me faz lembrar dele.

Acabei chegando cedo. Somente o vigia estava na entrada, como eu tenho a chave, fui direto para minha sala, resolvo ligar meu celular. Vejo várias ligações perdidas. A maioria são do Heitor. Tem algumas mensagens e recados de voz. Apago tudo sem ler. Depois de quase uma hora começa a chegar os funcionários. Muitos estranham ao me ver. Mas não falo nada.

Começo a trabalhar. No horário do almoço resolvo comer por ali mesmo. Encontro com Ariane na lanchonete de dentro do prédio.

- Oi Jéssica. - ela me olha. - O que aconteceu que cara é essa?

- A de sempre. - falo.

- Mas nem aqui, nem na China, mas se não quiser falar não está aqui quem perguntou .

- Desculpe só não estou num bom dia. - pego meu lanche e volto para minha mesa.

Já está no meio da tarde. Recebi várias ligações do Heitor. Ignorei todas. Achei até bom ele ter tido que viajar. Seria muito mais difícil conviver e encontrar com ele. Da forma como sempre foi insistente.

- Jéssica traga para mim aqueles formulários sobre a vaga de São Paulo. - meu chefe pede.

- Sim senhor, já levo. - saio e vou até os arquivos buscar a pasta com os formulários. Bato na porta e entro. -Aqui estão Sr. Carlos.

- Obrigado Jéssica. - ele fala, mas fica me olhando. -Você está bem?

- Sim estou, só uma dor de cabeça terrível. - ele concorda. Olho para os formulários em sua mão. - Alguém já preencheu a vaga de São Paulo?

- Na verdade não. - ele olha os formulários e me olha novamente. - Você está interessada? - pensa rápido Jéssica.

Seria perfeito eu me afastaria de tudo, dele, da cidade que me faz lembrar dele.

- Acho que sim. - ele ri.

- Faça o seguinte pense, amanhã você me dá a resposta, eu seguro esses formulários até sua resposta. - sorrio para ele.

- Obrigada. - agradeço e saio.

Preciso decidir, mas realmente me parece a melhor opção. Assim não vou correr o risco de encontrar com Heitor a cada esquina.

Heitor


Desembarco no aeroporto do Galeão ainda muito cedo. A primeira coisa que faço é tentar falar com Jéssica. Mas continua dando caixa postal.


Pego um táxi e vou para a casa da Laís. Preciso ver como a Isa está antes de ir até o hospital. Chegando ao endereço, aperto a campainha. Logo vem uma senhora abrir a porta.

- Bom dia a Laís está? - pergunto.

- Sim sr. Heitor. - a olho novamente pois ela sabe quem sou e eu não lembro dela. - Não se assuste é que sua filha ficou ontem o dia todo me mostrando uma foto sua.

- A entendi. - entro enquanto ela fecha a porta.

- O senhor pode ficar a vontade, vou chamar dona Laís sua filha ainda está dormindo.

- Tudo bem. - sento no sofá enquanto ela sai.

Pego novamente o celular e mando uma mensagem para Jéssica. Sei que está desligado porque ela não chega a receber . Passa um tempo e vejo Laís vindo em minha direção. Me levanto.

- Cheguei cedo. - falo.

- Não meu amigo, chegou na hora certa. - ela me abraça. - Como você está?

- Indo talvez. - ela me olha, com carinho.

- É você está péssimo, porque não vai tomar um banho e descansar, no hospital você não vai resolver nada antes das 9:00.

- Quero ver a Isa.

- Claro venha, traga sua bagagem, fique no mesmo quarto que ela, tome banho durma sinta-se a vontade.

Vamos até o quarto onde está Isa. Assim que entro a vejo enroladinha como uma bolinha na cama grande. Deixo minha mala no chão e vou até ela. Laís sai fechando a porta. Eu tiro minha blusa meus sapatos, e me deito ao seu lado.

- Papai chegou meu anjo, vai ficar tudo bem. - beijo sua cabecinha.

Estando com ela sinto uma parte dentro de mim sendo preenchida. E acabo me entregando ao sono, ao cansaço. Acordo assustado com o impacto de algo batendo em mim. Mas não abro meus olhos.


- Acorda papai. - Agora lembro onde estou, e Isa pula novamente em cima de mim. - Seu dorminhoco acorda. - ela fala alto. Quando ela se prepara para pular de novo eu me levanto e a pego e jogo pro alto.

- Aí! - ela grita. - Você me assustou papai.

- Ah eu te assustei, mas não é você a fadinha que não tem medo de nada? - ela ri e me abraça.

- Eu não sou mais a fadinha, porque eu tô com medo. - faço carinho em seus cabelos.

- Do que você está com medo meu anjo?

- Da mamãe não voltar. - e somente agora, nesses quase dois anos, sinto o peso de tudo que está por vir. -Eu quero a mamãe papai. - coloco ela sentada no meu colo olho em seus olhos, da mesma cor dos meus.

- O papai vai depois no hospital e vou ver o que está acontecendo tá bom?

- Eu quero ir também. - ela já sai para se arrumar. - Vou colocar meu vestido rosa. - puxo sua pequena mãozinha.

- Meu anjo lá você não vai poder ir mas o papai vai e depois eu falo para você como a mamãe está, tá bom?

- O que ela tem? - não posso falar infelizmente tenho que mentir .

- O papai não sabe, mas vou procurar saber tá bom, agora vamos tomar um banho e comer eu estou com muita fome. - ela ri.

- Você vai tomar banho comigo? - confirmo com a cabeça. - Mas você não pode, você é menino e eu sou menina, mamãe falou que não pode. - esse comentário dela me faz rir, mas gostei muito dela pensar assim.

- Mas eu sou seu pai, você não pode fazer isso com outros meninos entendeu? - ela concorda e sai correndo para o banheiro.

Me levanto e olho tudo em volta. Pego meu celular e olho vendo que não tem nenhuma resposta dela. Deixo mais um recado e vou tomar banho.

Tiro a roupa ficando de cueca boxer. Depois de tomar banho e já trocados, saímos e encontramos todos na sala.

- Que bom que já acordaram, eu ia mesmo chamar vocês estávamos indo tomar café. - fala Laís e vamos todos para cozinha.

Eu realmente comi estava com fome. Mas tudo tinha um gosto amargo. Mas foi bom ver como a Isa comeu e está melhor. Laís comentou que depois que falei com Isa pelo telefone, e que ela soube que eu iria, não teve mais febre.

Fui ao hospital onde Renata está internada. Conversei com o médico responsável por ela. Depois fui até seu quarto, e quando entro a vejo dormindo. Não tem ninguém, me sento na poltrona ao seu lado. E a mulher deitada nessa cama, não me lembra a mulher que um dia eu conheci e fui apaixonado. Seus cabelos loiros estão curtos, está bem mais magra e bem abatida.

Como vou lidar com tudo isso?

Como a Isa vai suportar perder a mãe tão cedo?

Meu Deus, são tantas preocupações que minha cabeça parece que vai explodir. Abaixo a cabeça nas mãos, em busca de uma saída.

- Você continua tão bonito como quando te conheci. - ela fala num fio de voz, levanto meu rosto e a vejo me olhando, um misto de sentimentos e dor invadem meu peito. - Ah vamos lá Heitor, não me olhe assim, a gente sabia que esse dia ia chegar.

- Como você está Renata? - vou até ela e dou um beijo na sua cabeça.

- Morrendo seja a melhor definição. - ela sempre encarando tudo de uma maneira leve. - Mas estou bem, queria ir pra casa, não quero morrer dentro de um hospital.

- Os resultados não saíram e eu acho pouco provável que você receba alta. - ela segura minha mão.

- Já sabemos como estou, agora me conta como você está? Você está horrível. - ela fala fazendo uma careta.

- Seu comentário é muito reconfortante. - falo e dou um sorriso fraco. -Estou bem, fiquei um pouco com a Isa. - dou de ombros

- Mas não é só isso, eu te conheço Heitor, nada te abate dessa maneira o que está acontecendo? -resolvo conversar contar tudo sobre a Jéssica.

***

- Bem eu também não iria querer mais ver sua cara. - ela fala. - Mas de um tempo Heitor, deixa ela esfriar a cabeça. Da maneira como você fala dela vejo como você a ama. Ela é uma mulher de muita sorte.

- Espero que ela leve em consideração o que eu sinto. - mexo nos meus cabelos. - Não tenho outra alternativa no momento, estou aqui não posso fazer nada a não ser lhe dar a ela o tempo.

- Mas porque você não contou a ela desde o princípio? - vou até a janela e olho para fora vejo pessoas andando cada uma seguindo seu destino.

- No começo eu fiquei inseguro com a diferença de idade, eu achava que no fundo ela realmente não fosse querer nada sério comigo. - lembro do que ela sempre falava. - Era uma coisa que ela repetia sempre, sem compromisso aí as coisas foram acontecendo. Não queria assumir nada comigo publicamente. - dou de ombros .

- Mas ela estava com você até ontem. Porque não falou Heitor? - me viro para ela e falo.

- Como eu vou falar para uma pessoa que quero ter algo sério com ela, mas que sou casado e que não posso me separar? Me diga como explicar isso para alguém. - falo abrindo os braços de uma maneira cansada. - Mas mesmo assim eu decidi falar tudo, explicar, mas algumas coisas sérias aconteceram nesses últimos dias, e eu só iria esperar ela estar melhor.

- Você não deveria ter interrompido o nosso divórcio.

- Você me pediu quando descobriu a doença. - ela abaixa a cabeça. - Esqueça o que eu falei, só estou cansado. Esse silêncio dela, está me assustando. - Renata está morrendo com um câncer raro e estado avançado, e a última coisa que precisa é ter a consciência pesada por ter me causado algum problema.

- E a promessa que eu fiz você fazer, de não contar nada a ninguém, não tinha cabimento, eu não deveria ter te pedido isso. Veja hoje você passando por isso e a culpa é minha.

- Eu não deixaria você passar por todo o processo de separação, estando nesse estado, Renata. - vou até ela. - Eu não me perdoaria nunca por isso, não foi somente por você que desisti do processo, e lhe prometi não falar nada, foi por mim, por você, por nossa filha, não somos mais amantes Renata a muito tempo, mas isso não quer dizer que eu não me importe com você, você é a mãe da Isa a mulher que um dia eu amei.

- Eu não deveria ter deixado de te amar nunca, fui muito estúpida. - ela fala e vejo seus olhos se encherem de lágrimas. - Deus me deu você porque sabia que eu iria passar por isso só pode, eu nunca fui merecedora do seu amor Heitor, me envergonho tanto de ter feito o que fiz, lembrar de como eu magoei você te fiz sofrer e veja hoje quem está aqui? - seguro sua mão e aperto.

- Não fique assim. Como você falou não controlamos isso. - ela ri, mas volta a chorar. - Eu ainda acho que vou matar o canalha do Maurício. - eu falo ela ri.

Maurício é o cara com quem ela estava tendo um caso quando ainda éramos casados quer dizer casados ainda somos, mas agora cada um vive sua vida só somos casados no papel. E ele deu linha quando ela falou que estava doente. Canalha. Ainda bem que ele sumiu porque corria muito o risco de eu dar fim nele.

- Por favor. E faça ele sofrer bastante. - nós dois rimos, a porta é aberta e uma enfermeira entra e logo depois o médico.

Enquanto os médicos fazem exames, saí para comer alguma coisa, e deixei mais alguns recados para Jéssica. Falei com Dom, ele me disse que ela foi trabalhar. O que me deixou mais tranquilo. Eu não vou conseguir sair daqui tão rápido.

Jéssica

Saio do trabalho e vou direto para casa. Conversei com meu chefe e ele me falou que se eu aceitar em três dias minha transferência estará pronta e eu posso me mudar.

Eu tenho umas economias guardadas assim posso alugar um lugar pequeno pois em São Paulo é tudo mais caro.

Entro em casa e logo vejo as meninas na sala. Vou até elas. Elas me olham com carinho, eu sei, mas não me sinto bem quando me olham assim.

- O que estão vendo? - pergunto.

- Um documentário. - Cléia responde. - Eu preciso apresentar um relatório sobre isso para conseguir uma vaga em uma escola que fui deixar meu currículo.

- Entendi. - sento com elas no sofá, elas me olham de maneira estranha.

- Você está com cara de quem aprontou Jéssica pode falar o que foi. - Luciana fala eu acabo rindo.

- Eu aprontei? Vocês tem certeza que estão fazendo a pergunta a pessoa certa? - elas me olham. - Tá bom eu vou me mudar. - falo, elas continuam sérias. - Vou aceitar uma vaga em São Paulo.

- Nossa. - Luciana fala assustada. -Assim tão radical?

- Você não prefere esperar um pouco para tomar uma decisão dessas? - Cléia me pergunta.

E eu lembro de todas as vezes que eu tinha algo em mente e sempre quando Heitor me tocava ou só de estar em sua presença eu me perdia e esquecia de tudo.

- Você deveria conversar com Heitor Jéssica. - ela continua. - Essa decisão é muito radical.

- Não, eu tenho certeza que vai ser melhor assim. - elas se entreolham.

- Não podemos falar para você o que fazer, ou como agir amiga só podemos dar a você o apoio que precisa. -Luciana fala, e elas me abraçam. Com isso eu não aguento e começo a chorar novamente. - Saiba que sempre estaremos aqui para te apoiar sem te julgar. - e todas nós choramos.

- Só não fala nada para o Dom Cléia. - ela me olha e compreende meu raciocínio se ele souber vai falar pra Heitor e eu não quero que ele saiba.

- Claro amiga não precisa nem se preocupar, mas quando será isso?

Conto a elas, que no máximo em dois dias estarei me mudando para São Paulo. Passamos o resto da noite assistindo filmes e comendo porcarias, fizemos uma noite das meninas. Como sempre costumávamos fazer. E que eu vou muito sentir falta.

Três dias depois .....

- Eu não acredito nisso ainda. -Luciana fala ao colocar minha última mala no carro do César.

Eles se ofereceram para levar minhas coisas. No momento vou ficar na casa do meu pai até achar um lugar para mim.

- Essa é uma frase muito frequente na sua boca ultimamente. - falo rindo, realmente eu sinto que essa mudança vai me fazer bem.


Nesse momento vejo o carro de Dom estacionar, ele e Cléia descem. É a primeira vez que o vejo desde aquele dia.

- Quem vai viajar? - ele pergunta, e ninguém fala nada então seus olhos caem sobre mim. - Merda, você não pode fazer isso com ele Jéssica. - ele fala.

- Não? Porque não Dom? - ele fica sem jeito e nitidamente nervoso.

- Você deveria conversar com Heitor antes de tomar qualquer atitude Jéssica, nem que seja pela porra do telefone. - olho para ele com cara de poucos amigos.

- Falar com quem? Heitor não sei quem é. - falo e entro para pegar minha bolsa, quando volto falo. - Pode ligar para ele, assim ele não precisa sair correndo, pode cuidar direitinho da esposa dele. - abraço Cléia me despedindo dela. - Vou esperar sua visita.

- Pode ter certeza que vou sim e muito. - Olho para Dom que está visivelmente abalado.

- Não adianta me olhar assim sr grandão, também vou sentir sua falta, apesar de ainda estar brava com você. - ele me olha e ri, vou até ele e o abraço.

- Você não vai sentir tanto se bem conheço alguém. - ele olha para Cléia. - Vou ser pessoa frequente na sua vida. - sorrio para ele, e entro no carro.

- Agora vamos odeio despedidas. - falo enxugando as lágrimas que insistem em cair.

Luciana e César entram e saímos de lá. Deveria estar me sentindo aliviada com essa mudança, como estava a minutos atrás, mas agora aqui dentro do carro concretizando isso, sinto um grande aperto no peito, me fazendo ter dificuldade até para respirar. Puxo o ar com força porque parece que ele se nega a entrar nos meus pulmões.

Heitor

Nesses últimos três dias. Nada mudou muito. O médico que já acompanhava Renata veio trazer sua ficha o que já ajudou muito. Porque assim poupou tempo.

Isa continua arredia, quando estou com ela, parece melhorar, mas quando não estou ela se nega a comer, chora, está muito agressiva. Conversei com uma psicóloga aqui do hospital. Ela me garantiu que é normal, é uma maneira dela extravasar toda angústia que está sentindo. Ela também me falou que mesmo que não contamos o que realmente está acontecendo, ela sente.

Ela me aconselhou a contar logo, para que ela possa entender e passar por todas as fases. Eles dão todo o suporte psicológico aqui. Por isso ela está aqui hoje. A psicóloga pediu para ficar um tempo com ela sozinha para analisar seu estado antes de contarmos. Mas como falar a uma menina de 6 anos que sua mãe está morrendo? E que ela não vai mais ver a mãe?

Saio dos meus pensamentos com meu celular tocando.

- Alô. - nem olhei para ver quem é.

- E aí como estão as coisas? - Dom me pergunta.

- Péssimas, a psicóloga está com a Isa vamos conversar com ela hoje, mas como a Jéssica está? Tem falado com ela? - ele se cala por um momento e escuto sua respiração.

- Te liguei para falar dela mas não sei como te falar. - meu coração dispara, minhas mãos começam a suar.

- O que aconteceu com ela?

- Ela foi embora, cara. - ele fala, mas não tenho reação. Não isso não pode ser verdade. - Heitor tá aí?

- Como assim foi embora?

- Quando cheguei hoje na casa dela, ela estava indo ainda tentei falar para ela conversar com você, mas ela não quis saber. - minha garganta fica seca.

- Tenho que ir. - desligo o telefone.

Sinto meu mundo cair. Ela foi embora, sem ao menos me ouvir. A porta é aberta, a psicóloga e a Isa entram. Minha filha corre até mim e abraça minhas pernas. Olho para a psicóloga que faz sinal de concordância com a cabeça. Confirmando o que eu já imaginava.

Ela sai me deixando sozinho com minha filha. Ela chora agarrada a mim, e eu me abaixo sentando no chão, e a abraço. Me entregando também, por um momento me dou esse privilégio de chorar minha dor.

E ficamos assim os dois abraçados chorando. Ela pela perda da mãe, que está por vir e eu por estar perdendo as duas únicas mulheres que amei. Sim porque amei Renata um dia não dá maneira e intensidade como amo a Jéssica, mas amei. E de estar lhe perdendo sem poder fazer nada no momento, só piora a dor que sinto.

Abraço Isa, com carinho.

- Papai, eu não quero perder a mamãe. - ela fala entre os soluços. - Não deixa papai.

- Calma meu amor, papai está aqui. - se sentindo o maior inútil do mundo, mas estava.

Esse pequeno pedacinho de mim, que está se debulhando em lágrimas nos meus braços, precisa muito mais de mim agora. E é por ela que preciso ser forte. Mas hoje me dou a esse direito de chorar. Amanhã será um novo dia.

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