CAPÍTULO 25
CALMA, É A PALAVRA CHAVE
Jéssica
Sinto um arrepio percorrer meu corpo. Viro-me para sair da cozinha, mas sou surpreendida por um homem vindo na minha direção. Ele parece estar tão assustado quanto eu, vem para cima de mim. Estendo meu braço e peço.
— Calma. — eu falo, mas não adianta ele segura e puxa meus cabelos.
Sinto a fisgada da dor. A dor é tão intensa que fecho meus olhos e sinto minhas pernas fraquejar.
— Me solta. — falo, mas não adianta, ele puxa com mais força, levo minhas mãos até onde ele está puxando.
— Cala boca vadia. — isso só pode ser brincadeira hoje todos tiraram o dia pra me chamar assim. — Você é a puta do delegado eu sei. — ele chacoalha minha cabeça e sinto meus olhos ficarem marejados por conta da dor. — Você é meu passaporte para sair daqui. — falando isso ele solta meus cabelos e eu tento rapidamente me afastar, mas sou atingida por um tapa no rosto.
Caio no chão com a força desferida em meu rosto. Sinto ele em chamas, a dor é intensa. Tem gosto de sangue na boca. Meu Deus o que está acontecendo? Tento raciocinar, mas sou atingida por um chute na barriga.
A dor faz com que me falte ar. Encolho-me no chão em busca de refúgio, as lágrimas escorrem por meu rosto. Eu vejo a porta mas não tenho forças para andar tento me rastejar até ela.
— Isso é por ele ter matado meu irmão. — me dá outro chute. — Vadia. — eu tento gritar por socorro.
— Socorro! — mas minha voz está fraca, estou engolfada com choro e a falta de ar.
Ele puxa novamente meus cabelos me fazendo levantar, procuro me debater, na tentativa de me soltar tudo é em vão. Sinto algo frio, metálico na minha barriga. Abaixo meus olhos e vejo que ele está armado. Meu Deus, meu desespero é tão grande que minhas lágrimas secam, minha respiração fica quase nula.
Sinto todos os compassos do meu coração. Nesse momento eu me entrego verdadeiramente. Não há chances, olho para ele que está sorrindo.
— Um pio e eu te mato. — tiro minhas mãos dele, ele me vira e coloca a arma nas minhas costas e começamos a caminhar em direção a porta.
Começo na minha mente um mantra com as palavras calma Jéssica, calma tudo vai dar certo, mantenha a calma vamos pensar em coisas boas. Assim que chego a porta escuto vozes vindo da escada. Eu paro porque não consigo andar reconheço a voz de Heitor.
Sinto uma forte dor no peito, meu coração bate descontrolado. Um nó se forma na garganta, o ar está preso nos meus pulmões. Em questão de segundos nossos olhares se cruzaram. Sou tomada por uma miríade de emoções. Reparo em como ele está lindo como sempre, não tinha reparado quando saímos da sua casa. Esse pensamento faz com que as lágrimas voltem a descer por meu rosto. Ele me olha sem entender, vem na minha direção.
— Jéssica o que aconteceu? — estico minha mão em sinal de que não faça isso e acabo soltando um soluço com o choro que estava segurando.
Nesse momento sou empurrada para voltar a andar, e o homem que até então não estava nas vistas deles aparece. Ele me segura pelo pescoço e se esconde atrás de mim. Heitor solta os papéis que estava segurando, José Alceu aponta a arma na nossa direção. Vejo por um breve momento o desespero em seus olhos. Não aguentando ver eu fecho meus olhos, e me entrego a minha própria sorte.
— Ninguém se aproxima. — fala o homem que me segura. E aperta meu pescoço, me fazendo tossir em busca de ar.
— Calma ninguém vai se aproximar. — escuto a voz de Heitor.
— Manda o cara abaixar a arma. — abro meus olhos e vejo Heitor colocar a mão no braço do José Alceu.
— Abaixa a arma Alceu. — ele demora a obedecer, mas abaixa.
— Ótimo agora quero um carro para sair daqui. — ele fala, eu sinto seu corpo tremer.
Já não sei se é o dele ou o meu próprio corpo que treme. Olho para Heitor e vejo seus lábios se moverem num pedido silencioso de calma. Engulo em seco com dificuldade. Sinto uma forte dor no coração, em olhar para ele. Estamos no meio do corredor, eles estão a poucos metros, mas me sinto a uma distância inalcançável no momento.
— Você não vai sair daqui com ela. — Heitor fala, e o cara ri. Sua risada é debochada.
— E você acha que manda em alguma coisa ainda? Seu delegadozinho de merda. — ele pega a arma que estava nas minhas costas e coloca na minha cabeça. Fecho meus olhos ao sentir o metal frio perto da minha orelha. — Qualquer movimento em falso e ela morre.
— E você morre também. — Heitor fala alterando a voz.
— Eu não tenho nada a perder ao contrário de vocês dois. — vejo Heitor vacilar por um momento, ele olha para mim, e olha para Alceu, deve estar pensando em uma solução.
— Vou providenciar o carro. — ele se vira para sair mas é interrompido.
— Negativo, ninguém sai daqui. — Heitor para. — Usa seu telefone afinal você é o manda chuva. — me assusto com o soco que Heitor da na parede, mas pega seu telefone e digita.
— Preciso de um favor seu. — ele desvia olhar. — Pega seu carro, abasteça e traga aqui na delegacia. — ele escuta por um momento e volta a falar. — Faça o que estou mandando porra, escuta pega teu carro aquele que não te deixou na mão abasteça ele e traga aqui na delegacia agora, é uma emergência. —ele me olha e continua. — Estarei na minha sala, beija flor. — ele afasta o telefone do ouvido.
— Pronto vamos manter a calma, logo seu carro chega.
Dom
Escuto meu telefone tocar. Pego e atendo sem olhar.
— Alô.
— Preciso de um favor seu. — reconheço a voz de Heitor. — Pega teu carro... — mas que merda é essa?
— Mas que porra cara, tu sabe que tô sem carro. — ele volta a falar e insiste no carro, não gosto do tom que ele está usando. — Porra véio o que está acontecendo? Mano se tu não pode falar usa um dos códigos. — eu falo para ele e no final ele usa beija flor.
Pronto era o que eu precisava. Beija flor é um código que usamos para identificar sequestro em andamento. Ai tu fala que termo boiola, pois é mas isso foi coisa do viado do Ramires em uma operação no Rio. E acabou ficando.
Levanto rapidamente, ele continua com o telefone ligado e eu continuo escutando o que acontece. Escuto ele falar .
"Vamos manter a calma, tira a arma da cabeça dela vamos esperar seu carro"
Arma na cabeça de quem? Isso está acontecendo dentro da delegacia? Porra Caralho. Vou até o armário e pego meu bebê entendendo a referência ao carro que nunca me deixou na mão. Ele falava da minha pistola automática ponto 40. Pego a munição. Quando saio correndo do quarto me vem a cabeça como vou chegar lá rápido?
Quando desço as escadas vejo Silvia entrando.
— Me dá as chaves do seu carro! — ela me olha assustada. — Vai porra tô com pressa. — ela começa a procurar na bolsa. — De onde você está vindo?
— Da delegacia, porque?
— Tem uma emergência lá? — ela me olha com um leve sorriso, não entendo porque.
— Sempre tem emergência lá Dom, não se acostumou ainda? — ela retira as chaves e eu pego saindo correndo. —Não quero um arranhão entendeu. — ela grita de dentro da casa, pois eu já estou perto da garagem.
Quem vai se preocupar com arranhão num carro numa hora dessas? O lugar agitado esse hein. Vim tirar umas férias, não tem nem uma semana que estou aqui, estou trabalhando mais que no Rio.
Saio cantando pneus, logo estou entrando na rua da delegacia. Vejo o movimento todo normal. Paro o carro na frente, pensa Dom pensa rápido. Heitor falou que ele estava com a arma na cabeça dela. Meu Deus será que é a Jéssica? Saio do carro, com coração batendo a mil, porra eu amo essa sensação da adrenalina espalhando pelo corpo. Assim que entro na recepção vejo tudo normal. O cara me comprimenta aceno com a mão. Vou subir as escadas mas tem dois policiais armados agachados nos degraus me fazem sinal para não falar. Concordo com a cabeça e vou até onde eles estão.
— Qual a situação? — sussurro para um deles.
Ele me dá passagem para que eu possa ver. Vejo Heitor e Alceu de pé, tem uma arma no chão. Alceu se movimenta me dando uma pequena visão. O vagabundo está com a arma na cabeça da Jéssica. Merda, pensa Dom. Volto para onde eu estava.
— Não tem outra entrada? — ele faz sinal para descermos. Chegando lá em baixo.
— Tem a escada lateral que dá acesso a sala do Heitor. — ótimo, saio para o pátio para ver. A porta está aberta, me volto para ele.
— Chamem as ambulâncias. — ele me olha concordando. — Nunca tem como saber como situações como essa termina. — olho para as escadas, pego minha arma e a destravo.
— Já estão a caminho. — ele fala.
Ele sai e eu subo devagar as escadas. Chego a sala do Heitor a porta para o corredor está aberta, retiro meus sapatos. Vou até a parede escutar alguma coisa. Estão em silêncio. Volto para as escadas, ligo para Heitor que atende no primeiro toque.
— Já estou na sua sala. — falo baixo. — Faça ele tirar a arma da cabeça dela, preciso de alguns segundos. — desligo e volto para perto da porta.
Jéssica
Não faço idéia do tempo que se passou. Parece estar congelado, como todo meu corpo. Não sinto meus pés, pernas minhas mãos estão geladas e suando. A única coisa que sinto é meu coração batendo. Fecho meus olhos por breves momentos. Não consigo ficar olhando para Heitor a minha frente. Ele tenta me passar tranquilidade, confiança, mas eu sei que ele não está tranquilo, sei como ele se sente impotente diante da situação. Começo a sentir uma fisgada de dor em uma das minhas pernas, isso faz com que eu me mexa. Ele aperta o braço em volta da minha garganta.
— Aí... — eu falo levando minhas mãos até seu braço na tentativa de conseguir respirar melhor. — Não estou conseguindo respirar.
— Fica quieta. — ele grita no meu ouvido.
— Calma. — escuto a voz de Heitor. — Calma Jéssica respira. — é o que eu estou tentando fazer.
— Cadê a merda do carro? — ele bate com a arma na minha cabeça. Grito pelo susto, já nem digo dor pois estou toda amortecida, vejo Heitor vir na nossa direção. — Fique onde está. — ele para, passa a mão nos cabelos, sei como está nervoso mas ele não recua. José Alceu continua no mesmo lugar, sua arma está no chão. O telefone de Heitor toca ele logo atende. Escuta e guarda.
— Pronto seu carro chegou. — Heitor fala, não sei se fico contente com essa notícia. — Vamos fazer uma troca solta ela e eu vou com você. — olho para Heitor.
— Há há há, isso é uma piada não vou cair nessa. — o bandido zomba.
— Já te falei que você não sai daqui com ela. — Heitor fala alterando a voz.
Posso sentir o nervosismo do homem atrás de mim. Eu também me preocupo com o rumo que a situação está tomando. Ele treme a mão eu sei porque sinto o cano da arma treme na minha cabeça. Ele dá dois passos para trás e me arrasta junto. Heitor da mais um passo.
— Não se aproxima merda! — o cara grita no meu ouvido, fecho meus olhos.
— Aponta a arma para mim. — Heitor fala, abro meus olhos assustada.
— Não! Se afasta Heitor por favor. — eu falo e ele balança a cabeça negando, ele dá mais um passo. — Por favor Heitor para. — eu falo voltando a chorar.
— Ele vai ter que atirar em mim, eu não vou me afastar. — ele fala e continua dando passos na nossa direção. — Atira vai, é a mim que você quer atingir. — o homem continua me arrastando para trás, tento me soltar. Heitor da mais dois passos para frente, e então eu vejo a arma ser apontada para ele.
O desespero toma conta de mim, é uma sensação diferente ver ele sendo o alvo agora. Tudo acontece muito rápido, uma fração de segundos.
Eu grito.
— Não! — mas meu grito é interrompido pelo barulho de um estampido, que me deixa surda, eu não escuto nada além de um forte zumbido, e uma intensa dor na cabeça.
Sou jogada ao chão. Bato minha cabeça na parede. Vejo tudo em câmera lenta, Heitor vindo na minha direção, José Alceu e outros policiais todos agitados. Sinto um líquido quente escorrendo pela minha cabeça.
A dor é muito intensa, tudo está ficando desfocado. Sinto uma forte pressão no peito, tento manter meus olhos abertos, mas não consigo, minha respiração está fraca, tento me manter lúcida mas sou dominada pela escuridão.
Heitor
Ver o desespero estampado no rosto dela, me faz sentir um inútil, um fraco. Mas não tenho outra alternativa, tenho que incitar ele a apontar a arma para mim.
— Ele vai ter que atirar em mim, eu não vou me afastar. — falo indo na direção deles. Vejo Dom se posicionar. — Atira vai é a mim que você quer atingir. — ele dá dois passos para trás e arrasta Jéssica, ela tenta se soltar. Está desesperada até que o infeliz aponta para mim.
— Não! — ela grita, nesse momento Dom atira. Eles caem com o impacto. Vejo Jéssica bater a cabeça. Tudo é muito rápido, corro até ela. Dom retira o corpo do vagabundo de cima dela. Eu a viro.
— Jéssica? — a chamo, passo a mão em seu rosto. — Jéssica? — ela não reage. Vejo a movimentação a minha volta, mas minha atenção está nela. Sinto uma mão no meu ombro.
— Deixa eles cuidarem dela. — Dom fala e olho para o lado e vejo os paramédicos se aproximarem. Saio de perto e vejo eles fazerem os procedimentos necessários, me volto para os agentes.
— Alguém sabe me dizer que merda foi essa? — falo alto. —Como esse filho da Puta saiu da cela? — falo alto todos me olham. Ninguém tem o que dizer.
— Heitor, vamos descobrir. — Dom fala apontando para os paramédicos. — A prioridade agora é ela. — eu olho Jéssica sendo colocada na maca. Ela continua desacordada. Olho para Dom.
— Pega uma viatura e avisa as amigas dela. — ele concorda com a cabeça. — Não vou dar uma notícia dessas por telefone.
— Não se preocupa eu cuido de tudo. — ele bate no meu ombro. — Vai dar tudo certo.
— Obrigado mais uma vez. — ele me olha, e faz como se tivesse escrevendo num papel e põe no bolso.
— Mais um pra conta. — não consigo nem rir da sua piada.
Viro-me para a minha equipe, dou algumas instruções para cuidarem de tudo. E vou junto com os paramédicos. Se algo acontecer a Jéssica jamais vou me perdoar.
Dom
Saio em direção a casa da Luciana. Chegando lá, vejo como não é fácil dar este tipo de notícia. Vou até a porta e aperto a campainha. Demora a aparecer alguém. Quando a porta se abre, vejo a cigana. Morena gostosa do caralho. Foco Dom, foco. Ela me olha fazendo uma careta.
— Se veio atrás do Heitor ele não está. — me fala desdenhando da minha presença, e fazendo um bico sexy da porra. Será que ela ainda não esqueceu o lance do baile?
— Eu sei que ele não tá. — apoio meu braço no batente. — Esqueceu que tô na casa dele. — ela revira os olhos, aí caramba será que ela faz isso quando goza?
Mas que pensamento é esse caralho.
— O que você quer então? — dou uma boa olhada nela.
Mano com essa pele brilhando, esse cabelo que dá vontade de meter a mão, foco porra.
— Gata o que eu quero fica para depois. — chego perto dela, cheiro seu perfume. Ela me empurra e faz que vai fechar a porta coloco meu pé pra impedir. — Eu tenho algo sério pra dizer. — ela me olha e ri.
— E sério para você é o que? uma cantada chula como a do baile? — porra a mulher não esqueceu ainda.
— É sobre a Jéssica e Heitor. — ela para de fazer força na porta e abre.
— O que? vai fala traste. — fala me dando um tapa no ombro, seguro sua mão e a puxo para perto.
— Se a situação fosse outra você iria ver o que acontece quando encosta em mim. — falo ao seu ouvido e vejo sua pele arrepiar. Bem muito bem ela não é imune a você Dom. — Aconteceu um acidente e a Jéssica está no hospital. —ela me empurra.
—Como assim? — ela fica tensa. — Fala logo zorro.
— Para de me chamar de zorro. — ela revira os olhos. —Tá bom, vamos eu te levo no hospital, cadê a Luciana?
— Ela saiu com César. — ela fica nervosa. — Vou ligar para ela.
— Calma. — seguro em seus ombros. : Vai querer ir até lá?
— Claro só vou me trocar. — olho pra suas roupas.
— É bom mesmo. — aponto para os seus belos peitos. — Cubra os amigos aí. — ela me olha com cara feia. — Só uma dica, ou vai chamar muita atenção.
Ela entra sem dar muita atenção ao que eu falei.Deixa a porta aberta, mas não entrei não fui convidado. Posso ser um traste, mas tive educação.
Heitor
Sinto ar me faltar, ver ela entubada, sem reação.
— Como ela está? — pergunto é um dos paramédicos me olha.
— Os sinais vitais dela estão fracos, mas estão estáveis.
— O que você quer dizer com fraco mas estáveis ?
— Ela pode estar entrando em coma não tem como eu ser mais preciso temos que realizar exames, aqui nossa função é manter os sinais até chegar ao hospital.
Chegamos ao hospital e tudo é muito rápido. Retiram ela dá ambulância, estou acompanhando quando um deles se vira para mim.
— O senhor não pode entrar. — como? até parece, continuo andando. — O senhor tem que fazer a ficha dela. — ele aponta para recepção. — Temos que saber se ela é alérgica a algo precisamos dos dados. — paro onde estou, não sei nada fora seus dados pessoais. Pego o telefone e ligo para Luciana.
— Luciana a Jéssica é alérgica a algum medicamento? — ela já está sabendo me passa tudo o que sabe. Vou até a recepção faço sua ficha.
Agora estou na sala de espera. Vejo a porta se abrir e Luciana com César entrar.
— Como ela está? — ela vem desesperada até mim.
— Até onde eu sei ela está bem. —começo a andar em círculos. — Mas ninguém fala mais nada. — ela olha para minha roupa e aponta.
— Você está todo sujo de sangue. — ela leva a mão a boca.
— Não é dela. — falo . — É do infeliz que a fez refém. — ela me olha com alívio, e César a abraça.
— Meu Deus que loucura tudo isso. — ela chora sendo amparada pelo namorado.
— O cara morreu então? — César pergunta.
— Sim. — ele faz sinal de pesar, e leva Luciana para se sentar.
Nesse momento a porta se abre novamente com Dom e Cléia. Ela olha para mim e vai até Luciana, as duas se abraçam e Dom vem até mim.
— Alguma novidade? — nego com a a cabeça. Vem uma enfermeira na nossa direção.
— Quem está acompanhando Jéssica Sampaio? — vou até ela.
— Eu. — ela olha para os outros. — Todos, mas sou o responsável. — eu falo.
— Pode vir comigo. — vou com ela.
Entramos numa sala onde vejo Jéssica deitada, está sem os tubos de respiração. Uma outra enfermeira está aplicando algo no soro.
— O senhor pode aguardar o médico já vem lhe dar maiores informações. — concordo com a cabeça.
Vou até ela passo meus dedos em sua boca onde está machucado. Sinto uma fúria dentro de mim. Um homem de azul entra no sala, segurando uma prancheta.
— Boa noite, você seria o que dá Jéssica?
— Namorado. — ele me olha.
— Namorado não consideramos como parentesco em vista que ela chegou aqui nesse estado. — paciência já não é uma virtude hoje.
— Eu sou a porra do delegado dessa cidade da para me dizer o que está acontecendo com a minha mulher ou vou ter que ir atrás de um mandado? — falo auterando a voz, ele arregala os olhos.
— Tudo bem, mas não é nosso procedimento de prache. — enfia as praches no seu rabo, eu penso mas não falo. — Ela está com várias lesões no abdômen nada grave mas vai lhe causar muita dor. — ele virá uma outra folha. — Ela teve uma forte pancada na cabeça, fizemos uma tomografia e nada de mais grave foi avaliado.
— Porque ela não acorda?
— Isso é bom até, seu próprio corpo entrou em descanso, como se fosse uma maneira de refúgio, tem casos onde nós induzidos ao coma para diminuir a atividade cerebral, para evitar maiores sequelas, e agora por conta da medição introduzida para aliviar as dores vai deixar ela muito sonolenta pelos próximos dias.
— Quando posso levá-la embora?
— Essa noite ela permanece aqui em observação por conta da pancada na cabeça, ela pode ainda ter reação a isto nas próximas 24 horas. — ele assina umas folhas. — Mas se tudo ocorrer bem em 24 horas ela estará liberada ela trabalha? — concordo.
— Será bom ela se afastar por uns dias, local tranquilo, nada muito estressante nesses primeiros dias será o ideal.
O médico sai e eu fico com ela. Vou até a recepção deixar todos a par da situação e pedi para Dom e Cléia arrumarem tudo que preciso na casa de praia onde costumamos ficar. Ligue para a delegacia para saber como estão as coisas. Volto para o quarto. Sentado numa cadeira ao lado dela vejo pela janela, que já está quase amanhecendo. Meu Deus que noite.
Jéssica
Meu Deus, eu já tinha ouvido falar que quando a gente morre não sentimos nada. Teve ter algo de errado, porque dor é uma algo que estou sentindo até nos meus cabelos. Abro meus olhos e vejo tudo branco, minha vista está embaçada, sinto uma leve tontura. E esse cheiro, credo pensei que o céu fosse cheiroso ou... aí meu Deus será que eu morri e fui para o inferno? Mas o inferno não é branco ou é? Tento mexer meus braços, um eu não consigo, o outro está preso a um fio.
O que é isso?
Onde eu estou?
O que aconteceu?
Tento levantar minha cabeça, mas desisto pela dor.
— Aí .. — acabo gemendo porque tudo no meu corpo dói. Sinto um alívio no meu braço que não conseguia mexer.
— Jéssica. — escuto a voz de Heitor, e logo ele aparece no meu campo de visão. — Até que enfim você acordou. — ele fala e beija minha boca de leve. Até meus lábios doem.
— Onde eu estou? O que aconteceu? — ele está com a roupa toda suja de sangue. Me desespero.
— Calma minha linda. — ele acaricia meus cabelos. — Você está bem é o que importa.
— O que aconteceu? Você está bem? — tento me levantar novamente, mas desisto.
— Sim estou, e você tem que manter a calma, não fique agitada. — ele se vira para o lado. — Enfermeira pode chamar o médico. —
Médico?
Enfermeira?
Estou no hospital?
— Você não se lembra de nada? — ele me pergunta.
Lembrar do que? este pensamento me causa ânsia. Sinto meu estômago revirar
— Você está bem? Está ficando pálida, enfermeira. — ele grita e o som alto da sua voz me causa um zumbido no ouvido.
— Aii... minha cabeça. — fecho meus olhos por conta da dor e esse cheiro horrível, está embrulhando meu estômago. — Eu vou vomitar. — ele me ajuda a ficar de lado e levanta a lixeira e eu jogo tudo o que tinha no estômago.
Deito novamente e vejo várias pessoas de branco. Uma delas aplica alguma coisa no catéter que está no meu braço. E novamente começo a ficar com sono.
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