Chapter 5
Katherine Donovan
Não precisei de muito para saber que tínhamos chegado no local da festa, se não fosse pela música alta tocando lá dentro, que eu tenho certeza que todos os vizinhos, por mais distantes que estejam, ainda podem escutar. Depois de estacionar a moto, nós duas fomos em direção a entrada da mansão do Noah.
Eu sabia que ele vinha de uma família rica, não era de se esperar que a festa fosse em um local grande como uma mansão. Quando entramos no local, o ambiente era ainda maior que a parte de fora. A casa estava tão cheia que acredito que boa parte do ensino médio estava aqui dentro.
— Ben já chegou? - Perguntei bem próximo da Juliette, pois a música estava bem alta e eu consegui nem ouvir os meus pensamentos direito.
— Já, ele está próximo a cozinha. - Jules respondeu no mesmo tom de voz que eu.
Continuamos andando juntas até a cozinha, que era onde supostamente Ben se encontrava, mesmo que eu suspeite que aquele garoto arranjou alguma boca para beijar e agora não se encontra mais no local em que ele falou. As vezes eu esqueço que como Ben é desapegado com os garotos que ele beija, mas ainda sinto que ele irá se machucar com essa história de Noah estar dentro do armário.
— Achamos ele. - Jules cutucou o meu braço e apontou para onde Ben estava.
— Finalmente vocês chegaram. - Ben puxou nós duas para um abraço. — Pensei que teria que me divertir sozinho essa noite.
— Como eu poderia perder uma oportunidade de viver como uma adolescente normal? - Falei quase como uma forma de deboche, que não foi bem recebida por Ben, que logo revirou os olhos.
— Já que é uma noite de adolescentes normais. - Ben se colocou atrás de mim e pôs suas mãos em minhas costas. — Tenho algo perfeito para começar a noite.
Sem me deixar questionar antes, Ben começou a me empurrar até dentro da cozinha, onde vários garotos estavam ao redor de um barril de alguma bebida alcoólica, mas tenho certeza que existe alguma mistura para deixar todos ainda mais bêbados que o normal.
Virei meu rosto para trás e pude ver que Jules estava nos seguindo, então fiquei um pouco mais tranquila, já que eu sabia que ela era mais responsável que Ben. O moreno me posicionou de frente para um balcão onde estava ocorrendo algumas rodadas de verdade ou desafio. Inclusive, Noah era um dos caras que estava participando daquela brincadeira.
— Olá, meninas. - Um dos amigos do Noah piscou para Jules e eu.
— Jacob, eu trouxe reforços. - Ben aproveitou para colocar a Jules de frente para a mesa também.
— Perfeito, quanto mais melhor. - Jacob entregou para nós três um copo cheio de uma bebida azul.
Quando tive aquele copo em mãos, me arrisquei a sentir o cheiro daquela bebida e percebi que realmente tinha alguma mistura ali. O cheiro era doce, mas o álcool ainda estava bem presente dentro daquele copo.
— Vamos as regras. - Jacob ergueu o seu copo, incentivando todos a fazer o mesmo. — Vale tudo nesse jogo e caso não queira responder ou fazer algum desafio, deve beber.
Em seguida, Jacob deu um gole de sua bebida como forma de aquecimento antes de iniciar os jogos. Olhei ao meu redor e todo mundo fez o mesmo que o garoto, então acabei entrando na onde e bebi junto com todos. Quando o líquido entrou em contato com a minha língua, senti o forte gosto adocicado e em seguida um amargo no fundo, causado pelo álcool.
— Que comecem os jogos. - Jacob colocou uma garrafa no centro da mesa e a girou.
Tive a sorte que aquela garrafa parecia estar com pena de mim, já que não recebi nenhuma pergunta ou desafio até agora, não que eu tenha algo a reclamar, até prefiro assim, mas todos pareciam estar se divertindo enquanto viravam os seus copos.
Mas meus momentos de paz iria acabar em breve, já que a garrafa acabou de parar entre mim e Noah, mas Noah era o que iria comandar o jogo, então fiquei um pouco tensa, já que vi a maneira como eles gostam de jogar.
— Katherine, verdade ou desafio? - Noah apoiou os seus dois braços na mesa, para esperar a minha resposta.
Pensei em escolher verdade, mas era quase certo que eles iriam achar que eu não sabia me divertir, então reuni o resto de coragem que ainda existia dentro de mim para o que vier pela frente.
— Desafio. - Falei e recebi vários gritos animados de todos presentes.
— A Kathy sabe se divertir. - Jacob falou animado enquanto me elogiava.
Enquanto Noah estava pensando em um desafio para mim, notei a presença de Calliope chegando na cozinha. A morena já estava com um copo em mãos e me cumprimentou com um sorriso. Voltei meus olhos para Noah e flagrei Ben cochichando algo no ouvido do garoto, fiquei incrédula com aquilo, Ben realmente estava agindo contra mim.
— Eu desafio você a passar sete minutos no paraíso com alguém dessa roda. - Noah falou de uma forma desafiadora.
Agora se me perguntarem o que isso significava, eu com certeza não teria nada para falar, já que eu realmente não sabia o propósito daquele desafio, mas, ao olhar para todos os integrantes daquela roda, achei que a escolha mais segura seria uma pessoa.
— Eu escolho a Juliette. - Falei olhando para a garota, que logo arregalou os olhos em surpresa.
Naquele momento, todos voltaram a gritar animados, Jacob foi o primeiro a se mover, pois ele abriu uma porta que dava acesso a um pequeno estoque de alimentos, provavelmente era lá que eu teria que ir junto com a Jules.
— Bebam isso. - Ben não entregou um shot para Jules e eu.
Troquei alguma olhares com Jules e ela me mandou um sinal com a cabeça, como se dissesse que eu poderia beber sem problemas, então assim fiz. Nós duas viramos aquele copo ao mesmo tempo e fomos andando, ou empurradas por Ben, até o local onde eu teria que ficar durante esses sete minutos.
Quando entramos na despensa, as portas atrás da gente se fecharam, deixando nós duas sozinhas e tendo apenas uma pequena luz iluminando ambiente. Notei também que a porta abafava um pouco a música alta da festa, então era perfeito para descansar a mente daquela barulheira toda.
— Sabia que eu nunca participei desses jogos? - Comentei enquanto explorava o local.
— Nunca? - Jules perguntou e eu neguei novamente. — Então você me chamou aqui sem saber qual era o propósito?
Por algum motivo, a fala de Jules saiu em um tom triste. Isso me fez voltar a minha atenção para ela e parar de explorar aquela despensa, que só tinha alguns sacos e latas empoeiradas, me fazendo acreditar que não era um ambiente muito frequentado.
— Só achei que se fosse para ficar trancada com alguém. - Dei de ombros enquanto me aproximava dela. — Essa pessoa teria que ser você.
Notei que Juliette ficou um pouco tímida depois do que falei, me pergunto o que passa pela sua cabeça nesse momento. O jeito como ela encarava as suas mãos enquanto brincava com os meus dedos, era um tanto fofo, mas eu sabia que ela estava prestes a falar algo importante, então deixei ela a vontade e esperei pacientemente que ela me falasse algo.
— Kathy, tem algo que eu queria muito fazer agora. - Jules levantou seu olhar, passando a me encarar.
Era aquele momento que Ben tinha me avisado quando me deixou em casa, Jules iria desabafar sobre si mesma e eu iria escutar. Não que Ben precisasse me avisar sobre como me comportar nesses momentos, eu jamais iria fazer algo para machucar a garota que eu gosto, mesmo que só eu saiba disso.
— Estou ouvindo. - Tentei deixar a minha fala o mais suave possível, trazendo um ambiente confortável para ela.
Acabei me encostando em um dos balcões que tinha ali, pois aquela seria uma posição confortável para mim. Acompanhei Jules com o olhar, de repente, ela se aproximou de mim, diminuindo cada vez mais a distância entre nós duas. Até então, Jules não falou nada, mas sua visão intercalava entre minha boca e os meus olhos.
Pisquei algumas vezes para ter certeza de que eu estava entendendo os sinais certos, por um momento, achei que meu cérebro poderia estar me enganando, mas aquilo era real. De repente, nossos corpos ficaram tão perto que senti a dispensa ficando mais apertada, como se as paredes tivessem se fechado entre nós.
Então é isso que as pessoas fazem quando jogam "sete minutos no paraíso"?
— Eu gosto de você, Kathy. - Jules falou em um tom baixo, como se estivesse sussurrando. — Sempre gostei, mas tive medo do que você acharia quando descobrisse.
Isso foi surpreendente. Juliette Fairmont gosta de mim da mesma forma que eu gosto dela. Saber disso, me deixou eufórica como se uma faísca tivesse passando por cada músculo do meu corpo, me deixado mais energética. Nunca esperei descobrir que meus sentimentos eram correspondidos, então já que estamos aqui... Devo acho justo aproveitar cada minuto desse paraíso.
— Você gosta mesmo de mim? - Perguntei e Juliette moveu sua cabeça em concordância. — Então me beije.
Ao ouvir aquilo, a distância mínima entre nós se quebrou, pude sentir os lábios macios e quentes de Juliette tocando os meus. Beija-la era melhor do que qualquer fantasia que eu poderia criar em minha mente, imaginando cenários hipotéticos sobre como seria beijar ela. Diferente dos sonhos fantasiosos que tive, eu realmente estava a beijando, aqui e agora. Tudo era real.
Coloquei minhas mãos em sua cintura, a trazendo para mais perto do meu corpo, tudo que eu queria era diminuir a distância entre nós duas, se é que isso ainda é possível, já que nossos corpos já estão colados, mas ainda sim, não era o suficiente. Juliette tocou o meu rosto com uma de suas mãos, seus dedos delicados se arrastaram pela minha bochecha, me causando um arrepio.
Senti a sua mão livre, explorando o meu corpo, descendo até a minha cintura e apertando o loca, me fazendo arfar com seu toque. O nosso beijo passou a ficar mais intenso quando sua mãos desceu até a minha coxa, erguendo-a na altura do seu quadril. Quando menos esperei, Juliette me levantou e me pôs sentada em cima do balcão. Eu não tinha a noção de sua força até esse momento, aquilo foi tão inesperado que acabamos derrubando alguns potes de vidro que estavam perto.
O beijo se tornou mais profundo quando Jules colocou a sua língua entre o beijo, o jeito como ela não tinha pressa em explorar todos os espaços de minha boca era de tirar o fôlego. A garota se posicionou entre as minhas pernas, pressionando o meu corpo contra a parede. Aquilo tudo estava tão intenso que esqueci que precisava respirar, então, mesmo relutante, tive que dar uma pausa naquele beijo para recuperar o fôlego.
Quando afastei o meu rosto para encará-la, parecia que apenas eu estava ofegante, pois Juliette parecia bem. Suas pupilas estavam dilatadas, seus olhos pediam por mais daquele beijo, por mais que eu quisesse conceder aquele pedido, preciso respirar um pouco.
— Você não sabe o quanto eu desejei por esse momento. - Jules falou e passou seus braços pela minha cintura, me puxando para perto.
Seus olhos me observavam com desejo, fiquei impressionada com o quanto suas pupilas estavam dilatadas. Jules aproximou o seu rosto da minha orelha, senti sua respiração batendo sobre ela, me causando mais alguns arrepios, Jules respirava com calma, como se tivesse armazenando o cheiro do meu perfume em sua memória.
Juliette desferiu alguns beijos em meu pescoço, cada vez que sua boca tocava a minha pele, me causavam sensações inexplicáveis. Uma de suas mãos se posicionou em meu ombro e seus beijos se tornaram mais constantes, aquilo iria ficar uma marca e minha mãe iria me matar.
— Jules, não acho que minha mãe vá ficar muito feliz se você deixar uma marca. - Falei tentando a afastar.
Mesmo que eu não me importasse com seus beijos, minha mãe não iria gostar disso, mas aquela foi uma falha tentativa de afastá-la do meu pescoço, visto que Jules era muito forte, não consegui empurrá-la.
— Jules, é sério. Para. - Usei um tom mais sério.
Usei um pouco mais de força para a afastar, mas não deu certo. Franzi o cenho para aquilo, Jules nunca tinha agido dessa forma, a garota parecia não escutar nada que falei até agora. Aquela situação passou a ser incômoda quando Jules me puxou para mais perto, foi quando senti uma fisgada em meu pescoço, uma dor crescente surgiu.
— Jules! - Tentei a empurrar, mas a dor só aumentou.
Aquilo me fez soltar um gemido de dor. Havia um pequeno espelho espelho empoeirado logo a nossa frente e foi onde meus olhos pararam, pelo reflexo pude ver algo que me espantou. Jules estava me mordendo. O desespero cresceu quando vi sangue escorrendo pelo meu pescoço. Tentei a empurrar novamente, mas sem sucesso, a força que era tinha não era normal para uma garota daquele tamanho.
— Jules, por favor... - Aquela era a minha última tentativa de empurrar ela para longe.
A garota passou a sua mão por perto do meu pescoço, mas quando a sua mão tocou o meu colar, algo queimou, eu pude escutar Jules soltando um grito e se afastando de mim na mesma hora. Seus olhos já estavam menos dilatados, mas as suas presas estavam maiores e mais afiadas, o meu sangue escorria pela sua boca. Sua mão ardia, tinha uma queimadura ali, uma queimadura que não estava ali a poucos segundos atrás.
Coloquei minha mão em meu pescoço, o local estava dolorido, pude sentir a perfuração causada pelas suas presas, quando coloquei minha mão de frente para mim, pude ver o sangue. Meu corpo tremia, um calafrio horrível percorria pelo meu corpo, minhas pernas estavam fracas, eu poderia despencar a qualquer momento. Meus olhos assustados encaram Juliette que estava a minha frente.
Seus olhos estavam arregalados, ela parecia não acreditar no que tinha feito, suas mãos estavam trêmulas quando se deslocaram até a sua boca, como se abafasse algum sentimento preso em sua garganta.
— O que você fez comigo? - Minha respiração estava desregulada, meu pescoço estava doendo, eu não sabia o que fazer.
— Me desculpa. - Jules pediu e eu pude ver seus olhos lacrimejando. — Kathy, eu não quis...
— Não se aproxime de mim. - Pedi sentindo meu coração acelerar quando ela tentou dar um passo para perto de mim.
— Por favor... - Jules parecia desesperada dando mais um passo para frente.
Me afastei dela, enquanto eu andava para trás, acabei esbarrando em algumas caixas que estavam ali, derrubei todas elas, fazendo um enorme barulho. Pela primeira vez na vida, eu sentia medo e Jules era a causa disso.
O barulho foi tão alto que vi a porta, pela qual nós entrados, sendo aberta por alguém, minha visão focou na pessoa que abriu a porta rapidamente e me deparei com Calliope. Jules intercalou o olhar entre Calliope e eu, ela parecia não saber o que fazer, mas eu sabia. Quando meu olhar encontrou com os de Calliope, tudo que consegui fazer foi sair correndo em direção a ela, mas não para falar ou ter contato com ela, eu queria sair dali o mais rápido possível e foi isso que fiz.
Corri até a porta, Calliope tentou falar comigo, mas não ouvi, até mesmo Juliette gritou pelo meu nome mas ignorei as duas. Eu só queria sumir daquela festa.
------------------------
Espero que estejam gostando da história, pq eu tô amando 😌
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro