Chapter 3
Juliette Fairmont
Todas as aulas estavam acabando e eu ainda não tive a coragem de chamar ela para ir me acompanhar na festa e eu estava me sentindo péssima por isso. Nunca pensei que chamar uma garota para sair seria tão difícil.
— É isso alunos, estão dispensados por hoje.
A professora falou e logo em seguida o sinal da escola começou a tocar. Meu dia realmente tinha acabado e eu não chamei Kathy para sair. Só tenho mais uma chance e não posso desperdiçar dessa forma. Essa não era uma das aulas que eu dividia com os meus amigos, mas Calliope estava aqui.
Fiquei encarando Calliope, eu não era cega, eu posso ver o quanto ela era bonita, seu olhar afiado, seu sorriso despretensioso, mas ainda sim, meus instintos me mandavam ficar em alerta em relação a ela. Ela tinha algo que gritava perigo, mas eu não sabia o que era.
Fiquei encarando ela por tanto tempo que Calliope acabou percebendo meu olhar sobre ela e me encarou de volta. Graças a isso, acabei derrubando algumas das minhas coisas no chão.
— Que droga... - Reclamei e rapidamente recolhi tudo que estava no chão.
Como se não fosse o suficiente derrubar tudo no chão, acabei derrubando algumas das minha cápsulas de sangue no chão, elas foram as primeiras que eu recolhi. Estava tão focada em recolher as minhas coisas que nem percebi Calliope se aproximando.
— Aqui. - Calliope me entregou duas pílulas que tinham se espalhado pelo chão.
— Obrigada. - Peguei as pílulas de sua mão e guardei rapidamente, antes que ela notasse que tinha alguma coisa de diferente com elas.
Quando terminei de recolher tudo e guardar de volta na minha mochila, me levantei do chão e tirei o cabelo do rosto. Calliope também fez o mesmo e se levantou do chão e ficamos nos encarando em um silêncio um tanto constrangedor.
— Seu nome é Juliette, não é?- Calliope perguntou e eu confirmei. — Você é a amiga da Katherine, eu vi vocês juntas no pátio, junto com aquele garoto...
— Ben, ele é bem popular na escola. - Falei e trocamos alguma sorrisos.
— Eu meio que recebi um convite para uma festa hoje. - Calliope comentou me encarando atentamente. — Sabe me dizer quem é o anfitrião?
— É o Noah, ele é um dos garotos populares da escola. - Dei de ombros. — Vai ser uma boa festa para se enturmar melhor, todo mundo vai.
— Todo mundo? - Calliope perguntou sugestiva e eu concordei. — Nos vemos na festa então.
Calliope se despediu de mim e caminhou em direção a saída da sala. Tá, aquilo foi muito estranho, mais estranho do que eu esperava. Não que eu achasse que Calliope iria me tratar mal ou algo do gênero, mas tinha algo errado, meus instintos estavam enlouquecendo.
Decidi parar de pensar nisso quando lembrei que tinha que convidar Kathy para a festa, ou então ela não iria de jeito nenhum. Não era a primeira festa que ela recusava, mas Ben era a pessoa que sempre convidava nós duas para irmos, mas Kathy sempre recusava, pois alegava que tinha coisas melhores para fazer do que ficar no mesmo ambiente que adolescentes bêbados e alterados por drogas ilícitas.
Saí quase que correndo da sala, eu não sabia onde Kathy estava e não quero que ela vá embora antes de termos uma conversa sobre a festa. Quando ultrapassei a porta, olhei para os dois lados, pensando em qual direção eu deveria ir, até que resolvi ir até onde Kathy guardava os seus livros, se ela ainda estiver por aqui, é lá que ela estará.
Tive que desviar de vários alunos enquanto corria pelo corredor, desejando ainda encontrar Kathy por aqui. Mas, o lado bom disso tudo é que quando cheguei perto do armário de Kathy, ela ainda estava lá, terminando de guardar as suas coisas. A mais alta percebeu a minha presença e logo virou o rosto para me cumprimentar com um sorriso.
— Jules, suas aulas acabaram? - Kathy perguntou, fechando o seu armário, pois já tinha guardado tudo que precisava.
— Acabaram. - Concordei tentando regular a minha respiração, que estava ofegante.
Minha respiração acelerada não era porque eu estava correndo, com vampira, meu corpo é resistente o suficiente para não me deixar cansar tão rápido assim. A presença de Kathy me deixava assim, o sorriso que ela me dava quando me olhava, o cheiro doce do seu perfume, seus traços delicados, tudo nela me fazia perder a noção do mundo ao redor.
— Ben deve estar nos esperando no carro. - Kathy falou ajeitando a sua mochila em seu ombro.
— Como? - Franzi o cenho, mas logo depois me xinguei por ter esquecido desse detalhe.
Não consigo acreditar que fiquei todo esse tempo, ansiosa em encontrar ela antes que fosse tarde, que esqueci totalmente que sempre voltamos juntos para casa no carro do Ben. Simplesmente não consigo acreditar que esqueci de algo que fazemos todos os dias.
— Jules, tá tudo bem com você? - Kathy me olhou atentamente. — Sempre voltamos juntos depois da escola.
— Eu sei... - Pressionei os olhos firmemente, tentando não lembrar que me preocupei para nada.
— Tem certeza que está tudo bem mesmo? - Kathy cerrou os olhos para mim, como se tivesse desconfiando da minha palavra.
Antes que eu pudesse responder, senti a sua mão indo de encontro com a minha testa, checando a minha temperatura. Minha temperatura não iria aumentar, não tinha como, vampiros não sentem febre a não ser que estejam morrendo e eu não posso morrer pelos mesmos motivos que um vampiro criado.
Contudo, o toque dela em meu rosto... fez com que minhas bochechas esquentassem um pouco. Era incrível como aquela garota conseguia mexer comigo, eu me sentia mais humana perto dela, não tão humana quanto qualquer um dos humanos, mas eu me sentia parte deles.
— Você quer ir para a festa comigo? - Perguntei tão rápido que nem tive tempo de pensar a respeito.
— Tá falando da festa que o Noah vai dar na casa dele hoje? - Kathy perguntou e eu concordei.
— Eu queria que fosse comigo. - Acabei desviando o olhar para a mecha de cabelo que eu mesma estava mexendo. — Sei que não gosta dessas festas e...
— Eu vou. - Kathy respondeu sem ao menos esperar eu terminar de falar. — Vai ser divertido e você vai estar lá comigo então... É, vai ser legal.
Felicidade, era isso que eu estava sentindo no momento. Eu estava tão feliz que poderia sair pulando pelos corredores.
— Ótimo, eu te pego às oito. - Falei e Kathy concordou com um sorriso.
— Vamos? - A garota perguntou e eu concordei.
Começamos a caminhar juntas para o estacionamento da escola, a cada passo que eu dava, mais eu me segurava para não acabar dando algum pulinho sem querer, isso seria humilhante. Enquanto Kathy andava ao meu lado, eu não conseguia evitar em olhar para o seu rosto, disfarçadamente claro, tudo que eu mais quero é poder beijá-la e contar tudo que eu sinto.
Katherine Donovan
Juliette e eu já estávamos no pátio da escola, descendo ás escadas para ir até onde o carro do Ben estava estacionado. Mas no meio do caminho acabo trombando com uma garota, eu teria caído no chão se não tivesse sido segurada pela Jules, que em um movimento rápido segurou o meu braço, me ajudando a manter o equilíbrio.
— Desculpa, eu não tinha te visto. - Falei assim que vi que tinha esbarrado na Calliope.
— Tudo bem, eu não estava olhando por onde andava. - Calliope endireitou a sua postura para olhar para mim.
Notei alguma coisa brilhando no chão e percebi que Calliope não estava mais com o seu bracelete no pulso, quando voltei meu olhar para o chão, percebi que era o seu bracelete, que tinha caído na hora da colisão. Me abaixei para pegar e poder entregar a dona.
— Você deixou cair. - Falei assim que peguei o bracelete em minhas mãos.
Notei que o objeto era pesado demais para ser uma simples bijuteria ou semi jóia, então comecei a reparar bem o bracelete brilhando em minha mão e percebi que aquilo era prata pura, não havia qualquer mistura entre naquilo, cada pedaço daquele objeto foi feito com prata.
— Onde você comprou isso? - Perguntei assim que me coloquei em pé.
— Minha mãe me deu de presente de aniversário. - Calliope deu de ombros, mas eu percebi um sorriso prestes a se formar em seus lábios.
Entreguei o objeto de volta em sua mão, Calliope logo a colocou no braço. Algo estava estranho, eu conseguia sentir uma espécie de tensão no ar, quando Intercalei meu olhar entre Jules e Calliope, notei que ambas se encaravam de uma forma passiva agressiva. Algo estava acontecendo aqui.
— Eu soube de uma festa, você vai? - A morena voltou seu olhar para mim.
— Vou, a Jules me chamou para ir com ela, então estaremos lá. - Respondi de forma simples e percebi mais um olhar entre as duas.
O que está acontecendo aqui afinal?
— Espero que possamos ter um momento a sós para conversar... - Calliope sorriu para mim de forma sugestiva.
Em um primeiro momento, fiquei em choque quando percebi o que Calliope realmente fez. Depois que me despedi da morena, comecei a encarar a Juliette e ela estava tão incrédula quanto eu.
— Ela acabou de... - Cortei minha própria fala, por estar incrédula.
Calliope Burns estava mesmo dando em cima de mim?
— Sim, ela fez. - Juliette respondeu de uma forma nada feliz.
Ninguém nunca tinha dado em cima de mim de uma forma tão descarada igual Calliope fez, não que eu tivesse interessada por ela, a Burns era uma garota incrível e muito bonita, sua presença era quase impossível de não ser notada. Mas meu coração pertencia a outra pessoa, Juliette Fairmont.
Não sei explicar, o seu jeito tímido e meigo, o jeito que ela sorria quando ficava envergonhada ou nervosa por algo, a tornava ainda mais fofa e atraente. Embora essa seja uma paixão que eu deseje guardar apenas para mim, gosto de apenas admirar ela do jeito que eu estou agora. Não quero correr o risco de acabar com isso, estou feliz do jeito que as coisas estão.
Saí dos meus pensamentos quando vi Jules saindo em disparado bem na minha frente, o jeito que ela pisava o chão, parecia que estava incomodada com algo.
— Ei, Jules! - Apressei o passo para alcança-la. — Me espera!
{...}
O resto do dia foi conturbado, mas não de um jeito ruim. Quando consegui alcançar a Juliette, notei um certo incômodo da parte dela, o que era estranho, sei que ela está com dor de cabeça hoje, mas Jules nunca agiu dessa forma antes. Decidi não perguntar sobre, já que eu ainda a veria hoje a noite quando focemos para a festa, então depois me preocupo com isso.
— Está entregue. - Ben sorriu para mim ao estacionar o carro de frente para a minha casa.
Peguei a minha mochila, que estava no banco de trás e abri a porta do carro para sair, quando fechei a porta escutei Ben forçando uma tosse para chamar a minha atenção para ele.
— Você ainda vai a festa, não é? - Ele perguntou com a sobrancelha arqueada.
— Eu vou, por que eu mudaria de ideia? - Perguntei curiosa.
— Por nada... - Ele deu de ombros. — É só que eu notei uma tensão no meu carro e fico preocupado com minhas únicas melhores amigas.
— Ben... Não precisa se preocupar. - Sorri para tranquiliza-lo. — É a Juliette, ela está estranha desde que a Calliope chegou na escola.
— Ah... Então é isso. - Ben balançou sua cabeça negativamente.
— O que? - Franzi o cenho, pois parece que Ben sabe de algo que eu ainda não sei.
— A Jules está passando por alguns conflitos internos. - Ben começou a explicar. — Mas você vai descobrir de uma hora ou outra.
— Você não pode me contar? - Perguntei e ele negou.
— Isso eu não posso falar. — Ben deu partida no carro. — Mas, tenha paciência com ela. Tenho certeza que ela vai te contar e quando isso acontecer, apenas deixe-a desabafar.
— Eu fico preocupada com ela. - Encarei o chão. — As dores que ela sente não são normais, mas ela não aceita a minha ajuda.
— Eu conheço a Jules desde que eu era um bebê. - Falou Ben, levando a sua atenção para a estrada. — E eu nunca a vi tão feliz quanto ela fica quando vocês duas estão juntas.
— É sério? - Tentei disfarçar um sorriso que estava querendo crescer em meu rosto.
— Seja o que for, não deixe de ser amiga dela. - Essa frase de Ben, me deixou pensativa, mas movi minha cabeça em concordância.
Depois da nossa conversa, Ben finalmente deu partida em seu carro e foi dirigindo até a sua casa, me deixando pensativa no meu caminho para casa. Eu nunca deixaria de ser amiga da Jules, isso com certeza não estava nos meus planos, mas alguma coisa estava acontecendo e incomodando ela e eu preciso saber o que é.
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