Chapter 12
Katherine Donovan
O restante do dia letivo foi normal, não aconteceu nada de extraordinário ou diferente, mesmo que eu tenha sentido que algo estava diferente naquele dia, mas não tinha nada visualmente estranho. Seu aniversário de 16 anos estava chegando, isso nunca me deixava ansiosa, aniversários são uma data como qualquer outra, apenas minha mãe gostava de aniversários, ela sempre fazia algo diferente todo ano.
Ano passado ela me levou para a cachoeira e fizemos um piquenique enquanto aproveitávamos a água cristalina e fresca do riacho. No ano retrasado ela me levou para um parque de diversões em uma cidade próxima e foi a melhor noite da minha vida. Esse ano, ela ainda não me falou o que iria fazer, apenas me deu o colar, que estou usando agora, que iria ser o meu presente. Minha mãe estava estranhamente calada esse mês.
Não tive nenhuma matéria junto com Calliope, aquilo era até bom, já que eu quero fugir de qualquer questionamento que ela possa fazer a respeito de Juliette e como eu ainda defendo ela, apesar de tudo.
Agora eu tinha que encontrar com a Juliette e com o Ben, para podermos ir para casa, o dia já foi conturbado o suficiente por hoje, mas algo me diz que esse dia está longe de acabar. Quando chego próximo ao meu armário, para colocar alguns livros ali, percebo um chaveiro grudado na fechadura dele.
— O que é isso? - Franzi o cenho
Olhei ao redor e não encontrei ninguém que poderia tê-lo colocado ali, muito menos tinha algo parecido nos armários ao redor. Encarei por alguma segundos, inclinando um pouco a cabeça para o lado, pensando no propósito daquilo. Aparentemente não era de prata, mas poderia apenas ser uma bijuteria que alguém colocou ali por engano? Acho muito difícil. Olhei mais uma vez para os lados, tendo certeza de que ninguém estava me observando e não tinha ninguém.
Tentei tocar naquilo e me arrependi logo em seguida, uma dor aguda surgiu na ponta do meu dedo, aquilo me causou um choque, me fazendo tirar o dedo imediatamente. Ao olhar para o meu dedo, percebi que aquele objeto tinha feito um pequeno furo em meu dedo, uma pequena gota de sangue escorreu logo em seguida. Quando penso em olhar novamente para o pingente, ele não estava mais lá. Mas o furo ainda estava, garantindo que eu não só poderia estar enlouquecendo, mas também estava um pouco lúcida.
— Kathyzinha, pronta para ir? - Me assustei quando Ben passou o braço pelo meu pescoço.
— Sabia que aparecendo assim do nada, você me assusta mais que qualquer monstro que eu já li? - Falei encarando o moreno com a sobrancelha arqueada.
— Quem sabe eu sequestre você e roube os seus órgãos... - Ele tentou usar uma voz assustadora para entrar no clima assustador.
— Nem um zombie jogaria tão sujo. - Cerrei os meus olhos, fingindo estar ofendida.
— Claro que não, ele não jogaria. - Ben deu de ombros e começou a me arrastar pelos corredores. — Ele iria comer suas entranhas com você ainda viva, pelo menos eu iria ter a decência de te apagar.
— Quanta compaixão. - Revirei os olhos e ele começou a rir.
Conforme íamos andando pelo corredor, algumas partes do meu corpo começaram a se arrepiar, como se algum olhar estivesse sobre mim o tempo todo, mas não importava para qual direção eu olhasse, ninguém estava me encarando, tinham apenas alguns alunos pelo corredor, mas cada um cuidava da sua própria vida.
— Soube que você vai para a casa da Jules hoje. - Ben puxou assunto.
— Soube é? - Arqueei a sobrancelha, duvidando a procedência dessa informação.
— Jules me contou. - Ele admitiu e eu soltei uma risada involuntária.
— Muito previsível. - Dei de ombros.
— Você deveria me ajudar, sabe o quanto eu tô tentando manter o meu casal junto? - Ben aproximou mais o meu corpo do dele, firmando mais o aperto do braço dele sobre o meu pescoço.
— O seu casal? - Olhei de forma incrédula. — Pensei que o seu casal eram o Noah e a Philipa.
— Muito engraçado, Kathy... - Disse Ben em desdém, enquanto eu ria da situação.
{...}
Um local distante do centro da cidade, adentrando um pouco na floresta densa que ficava ao lado, onde apenas os sons dos animais poderiam ser ouvidos, nunca um som humano, eram sempre um bater de asas ou sons de patas mexendo nos arbustos a procura de frutas para se alimentar.
Camuflada entre as árvores, existia um casarão antigo, porém com formato medieval, típico de alguém que aprecia a arquitetura antiga e desgastada com o tempo. Apesar de parecer velha, a casa estava muito bem conservada, cada arranhão, muito bem preservado.
— Conseguiu? - Uma voz masculina perguntou para a mulher que estava concentrada na sua missão.
A mulher estava flutuando, suas pernas cruzadas, seus olhos brilhando e algumas mexas do seu cabelo estavam voando devido a toda energia que estava absorvendo para poder completar o feitiço com perfeição. Logo, um sorriso orgulhoso se formou nos lábios da bruxa... o feitiço estava completo.
— Veja você mesmo. - O seu sorriso era ainda mais largo.
O rapaz olhou de forma orgulhosa para a mulher, seu olhar decaiu para o pingente que ela tinha em mãos, agora com o interior cheio do líquido vermelho que eles estavam buscando para fazer suas pesquisas e completar o objetivo final.
— Aproveite bem essa amostra. - A bruxa colocou os pés no chão e andou até o rapaz que vestia um terno e gravata. — A próxima amostra será diretamente do corpo dela.
— Com certeza será... - Ele sorriu de forma galanteadora ao olhar para o rosto da mulher.
{...}
Chegando no carro, pensei que Juliette ainda estaria dentro da escola, mas vejo que ela já estava dentro do carro, esperando nós dois, enquanto mexia na sua mochila de forma desatenta. Encurtei o olhar quando vi aquilo, parecia que ela estava vagando em seus pensamentos, despertando algum tipo de curiosidade ou preocupação dentro de mim.
Não demorou muito todos nos acomodarmos no carro e Ben dar a partida. O moreno colocou uma de suas playlists no carro, como sempre fazia, e começamos a aproveitar das músicas e as vezes eu cantava um refrão ou outro junto com Ben e Juliette.
Aproveitei aquele momento para mandar uma mensagem para a minha mãe, avisando que eu iria voltar para casa um pouco tarde. Quando a mensagem foi enviada, até esperei algum tempo, aguardando alguma resposta rápida dela, mas não recebi nada, o que era algo estranho. Desliguei a tela do celular e prestei atenção nas árvores que passavam do meu lado da janela.
Por algum motivo, olhei novamente para o meu celular, esperando ver a mensagem da minha mãe, mas não recebi nada. Aquilo me preocupou, mesmo que uma parte de mim acreditasse que ela deveria apenas estar muito ocupada com alguma coisa, a outra parte pensavam o contrário.
— Ben, você pode me levar para casa? - Perguntei, olhando para o moreno, que logo me devolveu um olhar confuso.
— Você não ia para a casa da Jules? - Ele perguntou e eu passei meu olhar rapidamente por ela, antes de responder.
— Eu lembrei que esqueci algo em casa e preciso pegar. - Inventei a primeira desculpa que veio a minha mente.
— É importante mesmo? - Ben questionou e eu movi minha cabeça em concordância. — Tá, eu levo.
Agradeci mentalmente a ele por concordar em me levar de volta, mesmo estando bem perto da casa de Juliette. Logo, Ben começou a dar a volta e fazer o caminho contrário da casa dela, indo direto para a minha.
Juliette Fairmont
Eu estava sentada no banco que ficava atrás do de Kathy, quando Ben deu a volta no caminho, olhei para ela através do retrovisor, buscando entender o que realmente tinha acontecido, que a fez mudar de ideia e voltar para casa, quando nossos olhos se encontraram, vi Kathy com o rosto preocupado.
— Desculpa. - Ela gesticulou com os lábios, de forma que não houvesse nenhum som.
— Sem problema. - Sorri para ela enquanto reafirmava aquilo ao balançar minha cabeça.
Visto que não tinha mais o que ser feito, aceitei que o meu improvisado encontro tinha sido um desastre antes mesmo de começar. Joguei minhas costas no banco, me rendendo a sensação de fracasso e virei meu rosto na direção da janela. Com aquilo, comecei a sentir minha boca seca, então peguei a minha garrafa de água para beber, mas não era de água que eu precisava e isso me frustrava.
Me irritava o fato de não poder fazer nada contra o que meu corpo deseja, sangue humano. Provar dele, direto da veia, pela primeira vez acabou diminuindo os sintomas, mas não o bastante, já que eu precisava de uma quantidade maior de sangue para me tornar um vampiro imaculado mais forte e com mais controla. Mas a ideia de matar alguém inocente, ainda me assustava.
{...}
Ben já estava estacionando perto da casa de Kathy, não demoramos muito para chegar, pois não estávamos tão perto da minha casa assim. Escutei quando ela agradeceu ao Ben pela segunda vez e se desculpou comigo novamente, me esforcei para esconder a decepção em minha feição, não que eu estivesse decepcionada com ela, mas me sinto assim por ter colocado alguma expectativa no dia de hoje.
Quando a porta do carro foi aberta, Kathy colocou a sua mochila nas costas e tirou um de seus pés no carro, ao ver um deles tocando ao chão, uma onda de sentimentos foi jogada em meu coração como uma descarga elétrica. Meus instintos estavam gritando, olhei ao redor, tentando encontrar alguma resposta daquele alerta de perigo que eu sentia, mas não tinha nada.
Mas quando os meus olhos pararam na porta da casa dela, de repente, tudo fez sentido, como se a resposta estivesse bem na minha cara esse tempo todo. Tinha algo de estranho na casa dela, mas eu não podia responder o que.
— Acho que vou demorar um pouco - Kathy avisou antes de fechar a porta do carro. — Então podem ir.
— Tudo bem... - Ben parecia incerto, intercalando os olhos entre Kathy e eu, como se esperasse que eu fizesse algo.
Meus olhos observaram ela se afastando do carro e indo em direção a porta da sua casa. Meus instintos gritavam, mas meu corpo estava paralisado. Assim que Ben ligou o carro novamente, meu cérebro voltou a raciocinar e abri a porta do carro antes mesmo que Kathy colocasse a mão na maçaneta da porta.
— O que você tá fazendo? - Ben me olhou com o cenho franzido.
Não tive tempo para responder, larguei a minha mochila dentro do carro e comecei a correr em direção a ela. Kathy girou a maçaneta, meus sentidos dispararam, comecei a correr mais rápido que qualquer humano era capaz de correr, consegui ouvir a respiração assustada de Ben ao ver o quão rápido eu pude me mover, mas não é com isso que devo me preocupar agora.
Assim que a porta foi aberta, escutei um gatilho sendo acionado.
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