Um tímido na balada
Enquanto tomava banho, pensava no que fazer de diferente desta vez. Na última vez, ele havia fracassado ao tentar flertar com uma garota. Uma balada é um lugar propício para talvez encontrar seu par perfeito, mas para uma pessoa tímida, isso é tão difícil quanto apresentar um trabalho para a plateia de uma faculdade.
Saiu do chuveiro e enquanto se arrumava, ligou para encontrar com seu amigo naquela esquina de sempre no horário X.
Então se encontraram e foram conversando durante o caminho até encontrar aquela única vaga que havia para estacionar.
Desceram do carro e mostraram seus documentos de identidade para o segurança da balada. Entraram.
O ambiente estava escuro, cheio e apertado de tal maneira que tinha de pedir licença para passar. Havia luzes coloridas que iluminavam timidamente o ambiente e enfeitavam toda a parede da balada, que mais se parecia a uma casa.
Encontraram um espaço vazio na pista e começaram a dançar no ritmo daquela música que fazia tremer o chão e no embalo da euforia do dançar das pessoas felizes. O calor humano era intenso.
Passaram-se alguns minutos e seu amigo se dispersou sem dar satisfação.
Pensou que seria difícil tentar conversar com alguma garota naquela pista barulhenta, então resolveu ir comprar uma cerveja.
No caminho até o balcão, naquele canto próximo ao banheiro, viu seu amigo aos beijos e amassos com uma garota como se não houvesse amanhã. Ficou feliz por ele e na torcida daquela garota ter alguma amiga solteira para lhe apresentar. Daí, ele comprou uma cerveja e foi fumar um cigarro na área de fumantes.
O espaço era grande e tinha uma quantidade razoável de pessoas conversando. Acendeu seu cigarro e ficou observando o movimento, enquanto dava uns goles na cerveja trincando de tão gelada.
Repentinamente apareceu uma garota andando próximo a ele e ficou parada encostada na parede.
Parece estar sozinha – pensou. Então, ficou olhando para ela e pensando em alguma estratégia para puxar conversa, porém, ele gaguejava até no pensamento.
Passaram-se alguns instantes e seus olhares se cruzaram e num curto espaço de tempo, ela soltou um tímido sorriso para ele.
Seu coração começou a bater cada vez mais forte enquanto sua mente ficava em uma eterna indecisão: vou ou não vou?
Eis que a indecisão virou decisão e ele foi.
Deu seu primeiro passo enquanto o mundo ao redor ficava em silêncio absoluto e só existia ela pela frente em um caminho que se abriu para somente ele passar. Sentia um avalanche de emoções e pensamentos, tudo misturado dentro de um liquidificador ligado. E a adrenalina do momento aumentava proporcionalmente ao tempo que diminuía a cada passo que ele dava.
Então eles ficaram frente a frente e o mundo congelou até ele soltar a primeira palavra que estava engasgada:
– Oi.
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