Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

56 Tenha o Poder de se Alto-Libertar


      Deve ser muito tarde agora para estar na rua numa noite de segunda feira. Já é quase terça, falta poucos minutos para o relógio dar meia noite. As vias que eu conheço parecem sem vida, pois tem bem pouco sinal de pessoas, mas a praia sempre se mantém habitada, sempre tem uma fogueira acesa, alguém conversando, bebendo ou até mesmo transando. Ainda não estou pronto para ir embora, eu sei que meus acessos de raiva e meu jeito de querer sumir do mundo para ficar bem, causa mau a alguém, agora até mais de duas pessoas... mas só assim eu sobrevivo. As vezes sinto que vou perder o controle e fazer com alguém o que eu fiz com o Kevin no colégio. Quando volto a mim, sinto que preciso enfrentar meus problemas e vou para casa.

      Coloco meu carro na garagem que foi terminada a poucos dias e vou seguindo pelo quintal até que a vejo. As luzes do interior de casa refletem sua penumbra e por isso consigo identificá-la, minha mãe. A fumaça do cigarro acompanha a brisa da noite enquanto eu fico parado. Certamente ela também já me viu, mas estamos em silêncio, os dois.

      Vamos, Lucas, coragem porra!

      Caminho até ela e paro de frente com o banco que ela está sentada. Essa noite é semelhante aquela que falamos de Bruno, não consigo deixar de notar, tanto que lembranças daquele momento me voltam. Foi a primeira vez que eu consegui de verdade conversar sobre como Bruno me disse que ia se matar e ela me perdoou.

      — Enfim — mamãe quebra o silêncio. — Eu sei que você gosta de desaparecer pra ficar sozinho fazendo o que seja. Mas poderia pelo menos deixar um recado.

     — Eu só precisava ficar sozinho — refuto em minha defesa.

     — A Emily ligou trezentas vezes e não foi fácil falar pra ela em todas que você ainda não estava em casa, porque também não foi fácil pra mim.

     — Foi mau, mãe.
  
      Eu sei que ela vai me perdoar, pois dona Lara me conhece e conhece meus momentos. Na primeira vez que eu fiquei dois dias fora de casa ela quase enlouqueceu. Parece que foi a muitos anos, e de fato foi, mas não à tanto tempo a ponto de ser a muitos mais do que vocês estão pensando. Quando meu irmão morreu chegou um momento que eu precisava desabar por completo e não chorar pelos cantos. Foi então que eu sumi sem rumo até que encontrei com a Paty, é a Paty de Patrícia, a garota com quem perdi a virgindade! Nesse dia, em questão, tudo que rolou foi que ela me deu maconha e bebida. Soube que eu precisava aliviar tudo que eu estava sentindo e foi assim que conseguiu me ajudar. Não minto que me deixou anestesiado por um tempo, mas quando tudo voltou foi... uma queda pior que antes, mas depois disso sempre procurei me aliviar na bebida, maconha ou sexo. As vezes tinha os três juntos, as vezes dois. Mas sempre a bebida foi o suficiente. Depois desse dia, Patrícia e eu nos encontramos mais vezes. Em um desses encontros rolou de transarmos. Nossos encontros acabaram depois que percebi que ela sempre foi mais amiga do Thiago que minha. Era uma época que eu não tinha nenhum tipo de vontade de ser amigo dele e ele comigo. Nos suportavámos por causa do time, mas fora isso, era cada um para um lado.

      — Eu tô acostumada com seus sumiços, mas a sua namorada não.

      — Vou falar com ela — declaro. — Depois do banho. Preciso. — subo pela varanda, mas antes que eu entre em casa minha mãe bloqueia meu caminho. — O que foi? Já pedi desculpas.

      — Tem outra coisa que eu quero te falar antes que vc entre.

     Minha mãe não precisou mais soltar uma única palavra para que eu possa entender do que se trata e o que está acontecendo.

      — Cê tá de graça né? — indago. — O porra que se diz meu pai tá aí? — Minha mãe assente com um aceno da cabeça. — O quê? Tá a quantos dias aqui? Desde ontem?

      — Não, ele veio hoje, cedo. — diz. — Ele quer te ver... Passou o dia inteiro com a Jess e a com a July.

     — Ah que graça — solto irônico.  — Como a senhora foi capaz de deixar esse cara entrar na nossa casa assim depois de tudo que ele fez?! — brigo em murmúrio.

     — Essa casa também é dele, Lucas — refuta. — Mesmo depois de tudo que ele me fez, eu já perdoei ele... e você deveria tentar perdoar também.

     — Depois do que ele te fez passar — respondo achando um absurdo total o que eu estou ouvindo. —  Ele acabou com a nossa família. A morte do Bruno é culpa dele. — solto em tom mais alto essa última frase por causa do que estou sentindo e então respiro profundamente pelo nariz que faz barulho.

     — Não, Lucas, não é culpa dele. — É um absurdo ouvir a minha mãe defendendo o cara que acabou com a gente. — Aconteceram muitas coisas depois que ele foi embora, mas teria sido pior se ele ficasse. Seria ruim pra você e pra Jess também se ele tivesse ficado.

      — Tá bom, não vamos discutir isso. — fecho os olhos na tentativa de me libertar de todo esse rancor que tenho guardado no peito. Mas por que que algumas coisas são tão difíceis de deixar ir? Antes que eu entre em casa, minha mãe segura meu braço e me faz prometer que eu não vou socar a porra da cara daquele homem.

      — Eu não vou — tento prometer não apenas para ela, mas como para mim mesmo.

      A tensão toma meu corpo no momento em que atravesso para dentro. Tudo parece normal, o corredor e a sala tem um clima mais amena, está agradável como sempre e o aroma de casa até me faz sentir mais segurança. A tv na sala está ligada passando algum desses filmes na sessão da madrugada e com exceção dela, não há som nenhum. Por sentir toda essa calma sinto como se minha mãe estivesse mentindo para mim, até que cruzo com ele seguindo para o banho. Por um momento eu paraliso. É uma mistura entre querer estourar a cara dele na porrada e cumprir a promessa que fiz a minha mãe. Acho que ele percebe que minha cabeça está fumaçando, mas então o que a mãe de Fabrício me disse volta. Talvez ele se culpe pelo o que houve com Bruno também.

      — Lucas.

      — É bem tarde pra você ta aqui num acha não? — pergunto na esperança que ele vá embora. Embora esteja me forçando a não deixar meus sentimentos mais primitivos assumirem, não me sinto pronto para falar com ele.

      — É, é, eu sei. — Ele troca o peso das pernas ficando sem jeito. — Eu fiquei aqui pra te ver.

      Não consigo negar todo o nojo que sinto por ele. Não conseguiria mesmo que eu tentasse.

     — Você já viu. — saio caminhando e passo pelo merda do meu pai rapidamente.

      — Você me culpa pelo o que aconteceu com o Bruno, claro — diz. Lógico, ele ouviu o que eu quase gritei a minha mãe a poucos momentos. Minhas pernas fraquejam com a raiva que se coloca me mim nesse instante. Juro que eu quebraria os dentes dele se não estivesse de costas. — Eu me culpo porque o seu irmão se matou — declara. O som de seu suspiro é alto o bastante para que eu possa ouvir. — Todos os dias eu sinto essa culpa, beleza? Se é isso que você queria ouvir, tá aí, eu sou culpado por toda essa merda que aconteceu na sua vida e da sua irmã nos últimos anos.

      — Você acha que é isso que eu quero ouvir? — indago me voltando para ele. Ele parece fragilizado e algo me diz que puxei dele o traço de não conseguir me abrir com as pessoas. — Acha mesmo? O Bruno morreu e você acha que você é culpado de toda a merda que aconteceu comigo e com a Jess?! E com o Bruno? Talvez ele ainda tivesse vivo se você não fosse um puto egoísta!

      Meu pai tira seu olhar do meu, engole em seco em seguida. Espero que esteja engolindo a culpa de tudo e que cada gole esteja descendo amargamente, como me desceu por muito tempo.

     — Você não precisa jogar na minha cara essas coisas, eu já me arrependi. — meu pai esconde as mãos nos bolsos da calça demonstrando estar sem jeito para falar sobre isso. — Eu me arrependo todos os dias por ter ficado longe de vocês.

    — Você se arrepende por ter ficado longe? — Mais que absurdo.

    — Eu não posso me arrepender de ter ido embora, Lucas — pronuncia com suavidade na voz. — As coisas não estavam indo bem mais com sua mãe, um de nós precisava sair, e fui eu.

     — Como você teve a coragem de ir embora? Como teve a coragem de deixar seus filhos aqui por um rabo de saia qualquer? — tento não demonstrar como falar disso me afeta, assim como lembrar o quanto eu me senti mau quando ele saiu pela porta a muitos anos atrás e não voltou. No final das contas, não é apenas pelo que houve com meu irmão que eu o culpo. Eu sentia falta do meu pai na infância, eu queria ter um pai para quem sabe praticar futebol ou levar Jess e eu na casa de jogos de vez em quando, mas ele sempre estava longe, não tivemos notícias dele por muito tempo, com excessão do meu irmão. E depois daquele dia que ele sumiu e nunca mais voltou, só voltamos a encontrá-lo no trágico dia do funeral e sepultamento do Bruno.

      — Eu me arrependo todos os dias de ter deixado vocês — repete a típica frase de paizinho arrependido.

     Eu não caio nessa!

     — Eu não caio nessa, falou?! — É a minha última palavra. Minha mãe pediu que eu tentasse perdoá-lo, mas no meu coração ainda tem muito rancor. Para mim ao menos, não parece que vai ser algo que desaparecerá da noite para o dia. — Vou tomar um banho — anuncio, dando de ombros.

      — Lucas, eu tenho outro filho.

      Essa informação me pega tão de surpresa que sinto meus pés vacilarem. De verdade, eu não esperava por isso. Na certa eu esperava que ele estivesse numa pior sem ninguém que gostasse dele... mas parece que ainda existe alguma louca estranha afim de dar pra ele por aí.

      — O nome dele é Bruno Bernardo — continua e meus olhos querem saltar do rosto. Nesse instante já não consigo entender o que estou sentindo. É um êxtase entre a raiva e ciúme. Meu pai tem um filho que se chama Bruno Bernardo. Me viro para ele de novo, dessa vez sem ação. — Eu tenho outra família agora, mas antes que você possa quebrar minha cara na porrada, eu falo logo que aconteceu depois do Bruno. — ele faz uma pausa e eu cruzo os braços tentando desfocar a mente do nome Bruno do filho novo dele. Certeza que ele quis fazer uma homenagem ao meu irmão e Eduardo deve ter sido escolha da louca. — Depois que ele morreu eu me fechei por um bom tempo e percebi como aquilo começou a me fazer mau. Eu conheci a Tereza um ano depois do que aconteceu com seu irmão. Voltei pra cidade já faz uns dias. Arrumei um emprego em uma boa empresa como contador e alugamos uma casa.

      — Bacana — falo, que para a minha surpresa, é real. — Depois de uns dias.

      — Não foi que eu não queria vir antes... é só que eu não sabia o que falar, tava sem coragem.

      — Tá beleza, eu não importo com isso — solto rudemente.

      — Eu vou trabalhar essa semana e quando eu pegar outra folga, vou trazer o Bruno pra Jess conhecer ele — Meu pai comenta com entusiasmo repentino, como se de um momento para o outro, tivéssemos virado super amigos. — A Jess gostou pra caramba da ideia. Eu gostaria que você pudesse conhecer ele também.

      — Não força, beleza? — Talvez eu queira conhecer o pentelho... por curiosidade, mas talvez não queira. Se ele estivesse no meu lugar, o Bruno, de certo ele iria querer conhecer o nosso novo irmãozinho. — De boas — falo. — Quando você trazer o moleque nós vê. — Antes que meu pai possa falar mais algo da vida maravilhosa e perfeita dele, corro para meu quarto com Jess. Pego a minha toalha no guarda roupa e nesse instante sinto meu corpo inteiro fraquejar. Respiro fundo e me sento na cama onde minha irmã dorme profundamente. Continuo suspirando para repor o fôlego que perdi tendo essa conversa com aquele filho da puta. Por um momento, me sinto como um brinquedo velho que pode ser descartado, ele descartou nossa família e achou outra, talvez até melhor. No instante seguinte, vejo como pensar nisso é sem sentido. Meu pai e eu não temos vínculo algum a não ser o sangue O- dele que corre em minhas veias. Esfrego o rosto. Enquanto a adrenalina vai diminuindo os primeiros sinais de cansaço vão aparecendo. Meus músculos, antes tensionados, agora vão tomando um sinal de exaustão, consequências da viagem de volta.

     Fecho os olhos e tento pensar em algo bom, um motivo que possa me tirar esse aperto do rancor que está em meu peito. Porém, tudo que eu consigo lembrar agora são momentos ruins. Meu pai, a quase morte da minha namorada... minha namorada!

      Ao lembrar de Emily corro para onde deixei meu celular, e no caminho bato o dedinho do pé no pé da cama. Por um momento tenho que me segurar para não gritar um porra bem alto, que de certo acordaria todo o litoral, mas no instante seguinte eu só permito que a maldita dor se espalhe por todo meu corpo em forma de ardência. Na minha jornada de mudança, o Lucas novo se permite sentir coisas sem precisar ser reativo e irradiar isso como Chernobyl, esse novo Lucas apenas sente e se ele precisar extravasar que não seja machucando ou causando algo em alguém.

      Logo meu celular na maior rapidez que consigo assim que me recupero do chute que seria um gol maravilhoso se a cama fosse uma bola de futebol. As mensagens começam a deacer na barra de notificações. Milhares de ligações da minha mãe se misturam com a nova leva de mensagens. Tem do Thiago as 7 da manhã de ontem me perguntando onde estou. Aparentemente o trio de filhos da puta também não foram ao colégio ontem. Emily me mandou uma dúzia de mensagens. As primeiras são carinhosas, e as mais últimas consigo notar que sua paciência já não é a mesma para me chamar de meu amor. Mas entre elas Emily diz que tem algo para conversar seriamente comigo. As mensagens de minha mãe eu posso ignorar já que trocamos ideia a alguns minutos. As do Thiago também, pois em algumas horas ele vai ter a oportunidade perfeita para me comer vivo por ter faltado no treino. Temos um jogo no próximo final de semana, se eu faltar capaz que ele a nossa professora detonam minha vaga como titular no time. Mas Emily eu não posso ignorar, ligo o botão de gravar e então digo:

      — Oi, boa noite, amor, sei que você deve tá dormindo agora mas foi mau ter ficado sumido. Eu precisava ficar sozinho. — Mordo o lábio. — Não é nada com você e nem com seu pai. Eu vi aqui que você tem algo sério para falar comigo, eu também tenho algo sério pra falar com você, minha vida. Amanhã... — faço uma pausa reformulando minha frase. — Mais tarde depois da escola eu vou na sua casa pra gente conversar. Beijão, te amo.

    Depois do banho eu me joguei na minha cama, porém, mesmo cansado, só onseguir pegar no sono depois que meu pai foi embora. Não sei bem o que tanto minha mãe tinha para conversar que ele partiu apenas quase 40 minutos depois que sai do banho. No entanto eu não sei quanto tempo demorou até eu adormecer assim que o som da voz dele parou de subir as escadas até aqui, mas felizmente não foi muito.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro