32 O Amor Dele Era Real
— Emily — Tony me chama enquanto estou agachada tirando pó de alguns CDs. — Eu vou ali atrás pegar uma caixa, eu já volto. Tem algum probleminha de olhar a loja?
— Sabe que não, Tony. — Organizo rapidamente os cds nas prateleiras para terminar mais tarde. Não consigo deixar de me sentir leve por ver o nosso local de trabalho com cara nova.
Enquanto estive fora nas férias, Tony e Léo deram um jeitinho na loja. Um jeitão na verdade! Tem duas guitarras lindas expostas de frente com as vitrines para chamar atenção da clientela. Para cada lado que se olha, tem outros instrumentos musicais espalhados. Uma bateria fica não tão afastado dos vinis, e um baixo na mesma distância, mas na parte dos cds. Não são todos os instrumentos que Léo investiu, a maioria fica em outra loja.
Antônio desaprece por um tempo enquanto fico limpando o balcão e tentando me atentar as músicas clássicas da rádio, e até alguns clientes que entram na loja. Nesse meio tempo, Dolores O'Riordam me faz companhia, junto com The Cranberries.
Tony reaparece com um caixa que deve estar pesada. É possível ver as veias saltando em seu pescoço, e ele está mais vermelho que um pimentão.
— Quer ajuda? — pergunto.
— Não precisa, esquentadinha — Tony fala com um pouco de dificuldades.
É claro que ele está precisando de ajuda, porém, ainda está sendo modesto e machista o bastante para não aceitar a ajuda de uma mulher. Uma gota de suor escorre em sua testa corada. Antônio atravessa o balcão rapidamente e coloca a caixa longe da entrada e então solta um longo e aliviante suspiro. Posso imaginar como estava.
— Emily — chama e quando me volto ao meu chefe, ele faz um aceno com a cabeça em direção a entrada da loja. E então me curvo na naquela mesma direção.
O nó na garganta vai se formando aos poucos, e um calafrio me causa arrepios apenas por cruzar olhares com o tom esmeralda dele. Lucas está me olhando. Não chegou a entrar na loja ainda, mas eu sei que vai. Por enquanto está servindo como uma estátua que bloqueia a passagem de alguns outros pedestres na calçada. Me desconecto dele pedindo que atravesse direto. E ele atravessa, mas a entrada da loja.
— Eai, Tony — cumprimenta o meu chefe com a voz embargada.
— Eai, capitão. — Tony se aproxima bem rápido dele, e os dois batem as mãos abertas e depois em punhos. — Beleza? Bem vindo aí, fica a vontade.
Não consigo manter o meu olhar longe dele por muito tempo. Aparentemente Lucas também não. Assim que dá uma resposta a pergunta de Tony olha para mim outra vez.
— Minha mãe disse que comprou um disco outro dia — lembra para Tony.
— É, beleza — exclama Tony coçando a nuca e olhando para mim. — Sabe onde está, né? Ela comprou antes das férias, e nunca voltou para pegar — conta Tony.
— É, esse mesmo, irmão — Lucas responde bem vidrado comigo. Não consigo deixar de notar seu jeito desleixado. Tem manchas em volta dos olhos. De certa, aquele trabalho está acabando com ele. Mas não, não sinto nenhum pingo de pena. No máximo, só tenho rancor dentro do meu peito, por ele e por Fabrício. — Vim pegar e, pagar.
— Eu pego. — saio logo e caminho até os fundos passando em frente de seus olhos sedutores e malvados. Vou até os fundos, na pequena salinha escura onde são mantidos vários equipamentos e produtos da loja. Não me demoro a encontar a embalagem do disco do Scorpions que Lara encomendou na tarde que descobriu tudo, e volto rapidamente para o interior da loja. A música que está tocando agora deve ser algo entre Creed e Audioslave. O volume está baixo e com a mistura de emoções em meu corpo tenho pequenos colapsos que me inibem de dar uma boa atenção a isso agora. — Toma! Tá aqui! — Praticamente agrido a mão de Lucas com o disco.
O resto é com o Tony. Nisso já me distancio para atrás das prateleiras onde pretendo terminar de organizar os CDs, ainda empoeirados.
— Emily, a gente pode falar? — indaga parecendo ainda mais cansado quando suspira fundo.
Fecho os olhos e me pergunto em qual cruz atirei a porra de uma pedra para merecer isso. Desde que sumiu da casa de dona Mariana na semana passada, estava seguindo em frente com aquele bando de stripers na night privê. Fazendo programas e me acusando de tê-lo trocado. Agora parece um cachorro mansinho e todo calmo, como se não pudesse ser ofensivo. Na boa, achei que tinha deixado bem claro ontem que nunca mais queria vê-lo na minha vida. E com certeza, ele está aqui cumprindo o que retrucou depois que bati a porta em sua cara.
— Não é uma boa ideia, Lucas — soou educada e gentil. Estando onde estou é proibido tratar qualquer possível cliente com arrogância, mas estou quase explodindo por dentro por não poder sentar a mão na cara dele.
— Eu ainda acho que é a melhor ideia — refuta. Lucas entrega o disco para Tony colocar em uma sacola. — Isso, claro, se o Tony não tiver nada contra, hein, parceiro.
Antônio atravessa para trás do balcão onde fica a registradora e as sacolas plásticas, e dali mesmo alterna o olhar entre nós dois.
— Eu não tenho que dizer nada. Não me coloca nesse papo aí — pede ele. Claro que por ele não tem nada que nos impeça. Estamos em um começo de tarde fria. A claridade dos raios de sol irrompem pelas vitrines, mas ainda assim o dia se mantém gelado. — A Emily é quem sabe, parceiro.
Sim, eu quem sei.
Antônio bem poderia dizer a Lucas que estou muito ocupada limpando o CDs, ou que ele mesmo está muito ocupado registrando novas mercadorias e que precisa de mim. O movimento está fraco, como todos os começos de semana. E está quase no meu horário de almoço.
— Emy — Lucas fala enquanto se direciona para mim.
Vejo uma covinha rígida se formando em seus lábios a espera de uma resposta minha. Desvio o olhar e me abaixo. Se a decisão é minha eu não quero conversar com o Lucas. Volto a tirar os CDs de antes e empilha-los no chão em seguida pego o paninho.
— Emy! — Lucas pressiona, e sinto cada vez mais o sangue fervendo em minhas veias.
— Você não desiste, não?! — Volto a ficar de pé muito rápido. Encaro Lucas de trás das prateleiras de CDs. Com meu nariz franzido e de certo os olhos pegando fogo. — Que porra de cara mais chato!
Um sorrisinho fino se coloca em seus lábios. Ele está firme. Isso é o que me deixa mais puta. Lucas não sabe mostrar o que está sentindo de verdade nesses momentos.
— Não, Lucas! A gente não tem mais o que falar — junto o indicador e polegar de cada mão e os deixo bem visível. — Você fez a questão, lembra? Me esquece!
— Não. — olho cerrado para ele com a cabeça caindo para o lado. Eu não creio! — Tô sabendo que você tá muito puta… — Lucas faz uma pausa notando a pronúncia das palavras. Engole em seco. — Maus ae. — Péssimo na verdade. — Tô ligado que você ainda tá muita brava comigo. É que ainda não te contei tudo do Fabrício.
Ótimo.
O que mais ele tem sobre o Fabrício que não me contou na madrugada de domingo? O Fabrício comeu a Tatiana e a Andressa também? Ou será que frequentava baladinhas enquanto eu dormia com ele em sua casa? De acordo com tudo que soube de Fabrício, nada mais me surpreende. Nem mesmo ser dopada por ele para sair sem mim.
Lucas continua esperando uma resposta. Cubro os olhos com os dedos. Eu não quero conversa com o Lucas, mas ainda quero saber tudo em relação ao Fabrício. Lucas completa com um biquinho, como se isso fosse me influenciar.
Suspiro reconhecendo a derrota.
— Tony, eu vou sair para o almoço agora — aviso. E Lucas comemora com o punho fechado. Coloco os CDs em suas prateleiras antes de sair.
— Boa sorte, parceiro… e parceira — deseja Tony enquanto atravesso para fora da loja. Eu não sei muito bem para qual lado ele está torcendo. Mas suponho que não seja o meu.
Lucas cruza comigo pela rua da cidade. Eu me esforço o bastante para não acabar olhando na direção de onde ele chama de “trabalho”, e também trabalho em deixá-lo para trás enquanto sigo na direção do cyber café. Ele não se esforça para ficar do meu lado, e me alcança apenas no momento que os sininhos da porta tocam anunciado a nossa entrada. Então todas as garotas do café param e nos olham, devolvo a elas com um aceno. A maioria é mais velha, mas já consegui criar uma amizade com elas pelo simples fato de que além de vir aqui todos os dias e tomar um café com leite bem quente depois das 4 da tarde, ainda trato esse estabelecimento como uma fuga de tudo que essa cidade se tornou para mim.
A maioria das moças acenam de volta com um sorrisinho alegre no rosto. Então me dirijo para a minha mesa de sempre. No canto. Não tão próximo das vidraças que tem uma boa vista da rua, mas ainda assim minha.
Estou olhando o mogno do qual é feita a mesa e as cadeiras quando Lucas se coloca no assento da frente. Isso é muito irônico, contando que a duas semanas eu sentei nesse mesmo lugar, com sua mãe e ela detonou o que sobrava da minha vida.
— Emily — ele inicia, mas é interrompido por Laura.
— Oi, Emily! — Laura aparece de supetão, tendo a voz mais animada do planeta. — Eu não esperava ver você aqui nessa hora.
Eu não almoço aqui, então não tem muita ironia nessa parte. Lucas revira os olhos e suspira se sentindo meio incomodado com a interrupção. Laura coloca dois cardápios no centro da mesa.
— Oi, Laurinha — digo entre um aceno e uma semisorriso. Se ela puder continuar atrapalhando o Lucas até o final dessa hora, vou dever a minha sanidade a ela. Mas então acontece algo pelo que eu não esperava.
— Lucas? — Laura se volta a ele. — É você?
Os dois trocam olhares. Enquanto Laura fita ele como se fossem amigos a muito tempo, Lucas devolve de forma que nunca a tivesse visto na vida.
— A gente se conhece? — indaga.
— Não lembra de mim? — Laura sorri a cada palavra. De alguma forma está muito contente por vê-lo. Fico alternando o olhar entre eles confusa com toda essa situação. — Laura… da praia.
Os lábios contraído de Lucas acompanham os olhos contidos e a ruga entre a testa e o nariz. Ele nega bem rapidamente com a cabeça, deixando bem claro que não sabe de nenhuma Laura e muito menos uma praia.
— A prima da Jenifer — Laura, por sua vez, continua na missão impossível de colocar uma lembrança na mente dele. Lucas apoia o queixo por cima da mão se forçando a recordar. — Tava eu e ela com você e o David, a umas semanas atrás.
Meu olhar se contém de imediato, e sinto uma pontada por ouvir menção a David.
— A gente tava... você sabe.
Minha testa franzida se libera e se torna uma expressão de grande estupefação. Pelo suspiro que Lucas acaba colocando para fora, ele lembrou... lembrou do que de fato não era uma missão impossível. Laura olha para a minha cara de que pergunta para Lucas “Serio?”. A garota fica quieta no mesmo momento e Lucas não diz uma única palavra. Então é isso? Agora ele come as garotas com que eu tenho uma afinidade?
Aperto a testa me forçando muito a tentar negar o que isso me causa. Laura não diz mais nada, mas ainda fica olhando para a minha expressão.
— Laura — chamo com a voz saindo em quase sussurro, mas sei que pode me ouvir. — Café! Agora… — peço sem nenhuma grosseira, mas com uma grande onda de ciúmes correndo em minhas veias. E na boa, eu preciso de café, porque assim como ele me manteve em mim quando Lara veio conversar comigo, ainda pode me manter calma com o seu filho. — Café com leite, rápido — peço temendo que eu acabe com todo o meu controle e descontando nos dois o que acabo de descobrir. Ou pior, eu acabe chorando na frente dele.
— Traz o mesmo pra mim — Lucas pede. A garota com a maestria nesses patins de rodinhas, desliza para bem longe de nós. Acho que ela não sabe que pode estar acabando de assinar a sentença de morte do seu peguete. Depois que Laura saí da nossa frente Lucas ainda está calado.
— Agora você come as garotas do meu círculo de amizade? — pergunto ainda totalmente sem chão.
— Não… eu… — ele falha como se tivesse com medo de falar. Canalha imbecil. — Eu não comi ela — diz por fim. — Eu não faria isso com você. E eu nem sabia que vocês eram amigas, sério.
— Na boa — peço que ele pare ou não sei do que sou capaz. — Não quero saber dos detalhes. Valeu, falou!
— Emily, acredita em mim.
— Lucas, vamos direto ao que viemos fazer aqui. — ele engole em seco na minha frente. — Fabrício. Eu não quero saber quem você come ou deixa de comer.
— Emy…
— Lucas?! Não força.
Por um pouco momento ele olha para o mesmo ponto onde estive atenta antes. O mogno da mesa clara. O som dos jogos de computadores acompanham o aroma de café recém passado no ambiente. Essa combinação até que tenta se colocar no silêncio entre nós dois, mas os meus pensamentos são uma barreira mais forte e mantém o meu coração a milhares por hora.
— Tá — diz com leveza. — Fui injusto com você na night privê.
— Night privê — digo de soslaio. Como se esse nome não representasse nada. — night privê.
— O Fabrício ele era sim o canalha que eu disse pra você — conta com a cabeça mexendo como aquele cachorrinho de carro. —, aprontava algumas vezes de forma até muito absurda. E realmente ele transou com outras meninas...
— Veio aqui com essa intenção?! — entrecorto-o.
Sua voz se torna um profundo silêncio. Lucas está tão nervoso quanto eu, as minha mãos estão suando por cima do meu colo. Nossos olhares se cruzam outra vez quando é interrompido por mim, e nós dois por Laura. A menina pousa uma caneca fumegante de café, na minha frente, e outra na frente dele.
— Valeu — Lucas agradece, e deixo que ela se vá sem que eu seja a educada da vez. Lucas se volta para mim outra vez. — O que eu quero dizer é que ele te amava. Mesmo sendo o merda que as vezes ele era. O Fabrício te amava, Emily.
Desvio dele não querendo sentir a tristeza que ele conseguiu introduzir em mim. Queria provar para mim que depois que tudo que já me aconteceu, consegui me tornar uma pessoa mais forte... Uma pedra, como deveria ser as vezes, ou como sou vista pelos meus amigos. Eu desejo ser a garota forte e durona que Isa me ensinou a ser. Mas quando sou eu, sozinha, isso tudo muda. Eu não passo de uma geleia derretida e magoada a cada segredo do Fabrício que descubro por meio de Lucas. O sentimento que tenho por ele ainda me deixa longe de ter um coração frio.
— Ele te amava.
— Ele me traiu! — contraponho rapidamente. — Ele mentiu pra mim, me escondeu coisas que eu jamais faria com ele!
Ele quer mesmo defender o cara que fez questão de detonar a duas noites atrás?
— É — não protesta. — Ele fez essas coisas mesmo. — Cada argumento de Lucas soa com uma leveza amarga. Como se ele fosse o culpado de tudo. — Mas ele te amava de verdade.
— Amava? Ele me amava mesmo? — faço uma pausa e mexo a cabeça ainda me perguntando se ele tá fazendo isso mesmo? Deve ser um código de defesa dos garotos. Uns sempre protegem os outros. — Ele me amava tanto que mentiu pra mim no momento mais importante da minha vida.
A pausa se faz presente entre nós. E o silêncio, mesmo curto, acaba sendo longo para mim. Se eu pudesse, pularia todo esse drama da minha vida e me reestabeleceria em um momento onde eu posso ser feliz.
— É... O Fabrício perdeu a virgindade com uma garota mais velha, numa festa qualquer. — Tá fazendo questão de me jogar isso na cara mesmo? — Eu falei demais… fui um babaca egoísta quando disse isso para você.
— Tá arrependido de ter me falado?
— Não... não. Não tô. — faz outra pausa formulando as palavras. — Mas não tinha que ser daquele jeito, sacou?
Fico em silêncio.
— Mas é verdade… tudo aquilo. — desvio meus olhos dos dele e tomo um longo gole de café para me evitar de chorar. Lucas hesita antes de continuar. — O Fabrício era mesmo um canalha, e a sua primeira vez pra ele, foi maçante. — Veio denegrir mais a minha primeira vez? — Ele provou o sexo com aquela garota mais velha. Transar com você foi parado pra ele. Faltou muito tesão…
Fabrício não era tão atraído por mim, quanto eu por ele.
— Mas ele gostou muito de ter sido o seu primeiro. Ele amou fazer parte de um momento tão especial pra você. Ele moveu tudo que podia para fazer da sua primeira vez, um momento que ficasse na sua memória para sempre.
— Mas não foi tão prazeroso assim — acrescento em relação a ele. Lucas ainda não tocou na xícara de café e agora quer manter sua visão longe de mim. Como se estivesse constrangido ou culpado demais da conta. Lucas tem todos os seus momentos de glória e culpa, mas nenhum desses fazem parte deles. Todos são estritamente direcionados ao meu ex namorado. Mas Fabrício, Lucas. Já não vejo diferença entre eles. — Você vai mesmo continuar falando mau da minha primeira vez? — bebo mais café, e fico feliz em descobrir que ainda tem o mesmo efeito sobre mim.
— Não! — Fica calado por um momento, e então pela primeira vez bebe um pouco do seu café. — Mas quer saber o que eu senti? — seus olhos reluzem no momento em que voltam para os meus. — Me apaixonei por você naquele momento. — Puxo o fôlego rápido quando meu coração palpita com mais força. — Eu me apaixonei por você, Emily… transar com você… pode... — sua voz volta a oscliar. — nao ter sido tudo para o Fabrício… mas pra mim… foi a melhor experiência da minha vida.
— Lucas…
— Hey, espera, deixa eu terminar — pede me interrompendo. — Sentir… a sua boceta molhadinha e tão apertada... foi muito bom. — olho-o cerrado pelo linguajar. — Nunca tinha transado com uma garota virgem, Emily. Sei que você sabe que as meninas virgens se jogam aos milhares pra cima de mim. — seu tom não é mais falho, e o grave bonito ecoa em meus pensamentos nas palavras sujas que disse. — Realmente, acontece muito. Mas eu nunca tinha comido uma garota virgem. Você foi a melhor sensação de prazer da minha vida. — para de falar e olha os dedos em volta da xícara que libera vapor para seu rosto. — Depois daquela noite com você… sendo… ou não o Fabrício, não parei de pensar em você nenhum minuto da minha vida. Eu me odiava, e odiava o meu mundo por você ser um sonho… por não estar aqui para que eu pudesse te abraçar e te beijar.
Passo o dedo rapidamente por baixo do olho para secar a lágrima, que felizmente, Lucas não chegou a ver brotar em meu olhar.
— Depois daquilo, comecei a transar com todas as virgens querendo encontrar o que senti com você de novo. Eu queria ter aquela sensação outra vez. Até que eu percebi que era mais que uma boceta apertada e molhadinha. Era muito mais que isso. — Lucas engole em seco. Corado. Que absurdo. — Mas não é isso que você tá pensando. — É mesmo? — Eu não me apaixonei pela sua boceta… me apaixonei pela sensação de amor que conseguiu me transmitir além do Fabrício. — Outra pausa. — Todos os dias da minha vida eu desejei você aqui. Comigo e não com ele. Não com o cara que saiu da cama, que te fez sentir insegura depois do sexo. Não com o cara que não disse eu te amo depois de gozar naquela noite. — agora eu não ligo mais se o Lucas está notando lágrimas me brotando no olhar ou não. Por que ele sabe? Por que tem que saber de tudo? — Que fez você pensar que não tinha sido o suficiente. — ele para e recupera um pouco do fôlego que está indo e vindo sem parar. Me sinto ansiosa no pouco momento de ausência da sua voz. — Porque pra mim… você foi o suficiente... foi mais que suficiente.
— O Fabrício…
— Ele gostou! — Lucas me responde antes que eu complete a pergunta. — Não foi a melhor transa da vida dele, mas ele amou. — ingere mais um gole. — Só agiu como um trouxa por medo.
Medo? De quê? Quero perguntar, mas sei que Lucas vai responder antes mesmo que isso aconteça.
— O Fabrício teve medo de não ter sido o melhor pra você. Medo de não ter sido especial o suficiente, de não ter sido perfeito como você queria que fosse. E acima de tudo, aquele canalha teve medo de você terminar com ele depois daquela noite.
Nego com a cabeça. Repasso aquela noite na minha memória. Fabrício foi mais que incrível, depois do Lucas, ele foi o melhor sexo da minha vida. Apenas por ele estar ali comigo, tudo foi especial. Eu o conhecia, e ele me conhecia. Sabia onde e como e quando tocar para me provocar prazer. Ele foi cara que eu escolhi para ter a minha primeira vez. E mesmo que agora eu saiba que não passou de uma farsa, a nossa primeira vez foi perfeita.
Sinto outras lágrimas me brotando no olhar. Eu não devia sentir um pingo de empatia pelo Fabrício, mas apenas de imaginar ele sentindo tudo isso depois da nossa... da minha primeira vez, faz um buraco se abrir sobre os meus pés.
— O Fabrício não dormiu bem aquela noite, Emily. Depois que todas as inseguranças dele foram embora no meio da madrugada. — Lucas faz uma pausa, como se tudo isso lhe colocasse um peso nos ombros. — Ele parou na ponta da cama e te pediu perdão. — perdão? — Você tava dormindo e não viu. Até se mexeu quando ele beijou sua testa e seu pescoço. Pediu perdão de novo. E começou a chorar caído no tapete do quarto. — Lucas bebe o que sobra do café que está começando a esfriar, antes de continuar a contar. Seco os meus olhos e me preparo para o que ainda falta. — O Fabrício sentiu o peso do engano. Ele sabia que se te contasse a verdade... que perdeu a virgindade com outra garota, você poderia odiá-lo. E mesmo que ele tenha aprendido a não se importar com as outras pessoas, a sua opinião contava mais que a dele. O Fabrício se sentiu um lixo por ter mentido pra você.
Controlo meu choro antes que molhe meu uniforme de trabalho. Eu não acredito que o fiz passar por tudo isso apenas de estar com ele.
— O Fabrício não era o cara mais perfeito do mundo. Mas o amor dele por você era real.
— Isso você já disse — falo com a voz pesada e o peito apertado.
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