Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

30 Arrependido até a morte









         Me despedi de Elisabete sem o beijo na boca dessa vez. Ela me cobrou e até quis saber o que havia acontecido entre eu e Emilly no quarto. Porém, ninguém nunca vai entender. Eu posso enterrar a porra do meu pau em qualquer mulher, mas a única com quem eu gostaria de estar fazendo isso é com a Emily. Mas com ela tudo vai além. Com ela eu não chamo a foda de foda, com ela é amor. O x da questão é que eu sou um merda que está sempre estragando tudo. Mas não preciso me culpar tanto. Vê-la perto do Otávio acabou comigo, como tenho certeza que acabaria com o Fabrício. O Otávio sempre representou uma ameaça para o Fabrício. Eu nem imaginava que um dia encontraria aquele porra, mas ele estragou tudo entre nós outra vez.

   Escondo as mãos dentro dos bolsos da minha jaqueta enquanto uma chuva leve desaba por cima da minha cabeça. As ruas estão escuras, e parecem muito fantasmagóricas com ausência de pessoas que é completa por silêncio. A galera está toda para trás e minha respiração está descontrolada. Não consigo parar de pensar no que fiz. O que eu tava pensando naquele momento? Emily não precisava saber, ela não tinha que saber que o Fabrício era um filho da puta. Ela merecia, mas não daquele jeito… não como se fosse uma arma que eu disparasse sobre ela as merdas que aquele merda causou em vida.

     — Porra — reclamo baixinho vendo meus passos espicharem a água da chuva para todos os lados. —, por que eu não consigo ser como você?

     Tiro do meu bolso um cigarro que Elisabete me deu e disse que eu iria ficar muito mais sexy com ele nos lábios. Aperto-o nas mãos e solto no chão. Por mais gelada que esteja a chuvinha a brisa é agradável. Não consigo tirar dos pensamentos Emily aos prantos. Ela me implorou para parar. De alguma forma ela sabia que o Fabrício não era o cara perfeito, mas não queria estragar sua memória, mas o merda aqui, fez questão de fazer isso pelos dois.

    Me sento no ponto de ônibus com os dentes colidindo na boca. Estou com vontade de socar alguém... tenho vontade me socar. Não me entendo, não consigo entender porque eu não consigo parar de estragar as coisas. Na verdade eu não sabia o quanto eu podia ser autodestrutivo para todos a minha volta. Até a minha própria irmã se preocupa comigo.

     — Você vai ter que consertar, seu panaca — murmuro mesmo sabendo que apenas eu posso me ouvir. Fecho os olhos com o cansaço me causando formigamento por todo o corpo. Em dois dias fará uma semana que trabalho como garoto de programa, mas ainda não consegui me acostumar ao horário. Eu sei que é vergonhoso ser striper e ter que fazer programas, e obrigado, não quero falar sobre isso. Vamos começar um novo parágrafo falando do merda que foi o meu guia nos sonhos.

    O Fabrício não era mesmo o cara perfeito, mas independente de tudo de ruim que ele fez, era louco e apaixonado pela Emily. A amava intensamente que nada e nem ninguém podia abalar aquele sentimento. Isso eu não disse a ela, não contei porque sou um bosta que queria vê-la chorar como forma de vingança por me sentir trocado pelo Otávio. Eu não contei que depois de gozar na boca da Paula, o Fabrício por dias sentiu remorso, por dias não queria ver a Emily ou qualquer outra pessoa que fosse. Ele temia que ela pudesse descobrir a qualquer momento que fosse. O Otávio estava lá naquela noite, e como todo mundo, ele ficou sabendo. Até hoje me surpreende não ter aberto aquela porra de boca. Por mais infeliz que ele seja ainda honra com a palavra de não contar nada à ela.

    Com cada sentimento do Fabrício no peito embarco no primeiro ônibus do dia. Espero que ele me leve para a direção mais longe que eu puder dos meus pensamentos, mas isso é impossível. Pego o último assento do ônibus. Tiro os fones do bolso, e com um pouco de dificuldades desfaço o embaraço. Para tocar, escolho algo melancólico e que me representa bem nesse momento. Algo nível Creep do Radiohead. O Otávio… ele foi o cara que por muito tempo representou uma ameaça ao Fabrício. Sempre o deixou inseguro de que pudesse contar a Emily sobre o que rolou na festa na casa do Jubileu. Aquele merda também não aliviava para o Fabrício, ele sempre usou isso para acabar com a paciência dele. Desde aquela festa, Otávio tinha a relação de Emily e Fabrício na mãos. Por muito tempo Fabrício se questionou, e passou para mim. O por quê Otávio nunca revelou a Emily o que rolou. Fabrício chegou a imaginar que o sentimento dele pela garota fosse um motivo. Fabrício também tinha a convicção de que Emily ficaria para sempre magoada e sofreria tanto pela mentira quanto pelo fato. Na real ele odiava ter que confiar ao Otávio a arma com que poderia disparar nele a qualquer momento. Porém, com tantas ameaças em forma de sarcasmo, Otávio sempre honrou com a palavra.

    Entro na minha casa pela janela como tenho feito todos esses dias e vou direto para o banheiro. Eu preciso me lavar, preciso arrancar de mim toda essa energia, todo esse cheiro e toques de mulheres que eu não amo. Cada cliente não me representa nada. Tiro a camiseta e troco olhares com meu reflexo no espelho. Vejo uma lágrima brotar no canto do olhar. Estou me sentindo como naquela manhã que descobri o que o Kevin fez a Emily. Porém, dessa vez eu me sinto o agressor. Meu peito sobe e desce rápido quando tento não chorar, mas é mais forte que eu.
 
     — Por que não fala comigo agora? — pergunto com as mãos apoiadas no lavatório. — Hein, Fabrício? Abre a porra da boca e fala comigo! — Olho os cantos atrás de mim pelo espelho como se ele fosse aparecer. — Você jogou sua bomba nas minhas mãos e morreu! Eu odeio você, seu maldito! — Aperto os punhos contendo a minha vontade de socar tudo. Não posso perder o controle, não aqui, e não com a minha mãe e irmã nos quartos ao lado. Tudo que me resta é tentar lavar a vergonha no banho e quem sabe conseguir adormecer.

   


     Estreito os olhos enquanto respiro fundo. Coloco a mão entre mim e a fonte de luz forte que me incomoda os olhos. Onde estou? Como eu vim parar aqui? Deitado, não na minha cama se isso serve de alguma coisa. O chão por baixo de mim é areia fina… tão perfeitamente branca como nunca tinha visto. Isso é um sonho? Pelo som que acompanha brisa fresca, estou em um praia. Me sento com o braço apoiado no joelho e admiro todo o paraíso na minha frente. É uma praia, mas eu nunca estive aqui. No meu canto direito não tem a minha pedra do pôr do sol, e também não tem grandes ondas. Aqui é calmo e tudo moderado. Não há nenhum turista. Parece um local desabitado. A quilômetros só há água e uma área florestal atrás de mim. Mas então:

     — Me chamou, parceiro! — Levanto com muita rapidez. Um garoto da minha idade vestido apenas com uma bermuda me olha. Os olhos claros analisam minha imagem de cima abaixo, assim como eu também faço. Ele é mais branquelo do que eu lembrava. Mesmo sobe tanto sol não tem nenhum tom de vermelho ou bronzeado na pele. Se tudo isso fosse mesmo real, Fabrício estaria com óculos escuros, mas seus olhos refletem a luz do sol como se quisesse evidenciá-los. — Oi, Lucas.

     — Fabrício? — indago com dois passos para trás. Coço a nuca ainda tentando saber como cheguei aqui. Contudo, como se não fossem questões demais, ainda tem o Fabrício. — Isso não é real. Você tá morto.

     — É… isso é um sonho. — Fabrício parece feliz em me ver, pois carrega consigo um sorrisinho torto. Talvez esteja tirando uma com a porra da minha cara por me ver surpreso. — Mas quem disse que não pode ser real?

    — Qual é o seu problema, seu merda? — É um sonho? Ótimo, pelo menos eu posso descontar nele tudo que aconteceu. — Agora você invade merda de sonhos também?

    Fabrício não age da forma que eu queria. Ele não fica puto e muito menos quer me estrangular por chamá-lo de merda. O garoto de cabelos negros apenas continua rindo da minha cara e o som da voz dele continua a me irritar cada vez mais. Estou quase para meter um soco nesses olhos dele que são os meus.

     — Chega ae. — Fabrício passa por mim e fico olhando-o indo em direção das ondas se quebrando. — Vem logo, seu marrento.

     — Eu não sou marrento. — Fabrício começa a gargalhar outra vez. Penso que é melhor eu ficar calado ou não vou me controlar e vou acabar quebrando a cara dele. — Como eu vim parar aqui? — pergunto tomando a atitude de seguí-lo.

     Fabrício se senta de frente com o mar, mas distante o bastante para as ondas não chegarem até ele. O sol brilha com uma intensidade que ilumina todo esse lugar. Como será que a Emily gostou tanto tempo desse cara? Não digo apenas por ele ser feio, mas por tudo que aprontou na vida. Coisas que a Emily nunca chegou a saber, e que nem eu vou contar ela.

     — Você me chamou, lembra? — refuta. Fabrício está com os braços apoiados sobre os joelhos e permanece de costas para mim. Os meus pensamentos são meio psicopáticos nesse momento, mas se eu quisesse chutar a cabeça dele como uma bola de futebol agora não seria problema nenhum! — Senta aí, vamos conversar sobre a nossa menina problemática.

     Suspiro fundo permitindo que a brisa que sopra de várias direções me arrebate por um tempo. Com isso até consigo sentir um alívio momentâneo. Pode ser apenas um sonho que está acontecendo dentro do meu sono, mas não posso negar que é a primeira vez que nos encontramos de verdade. Fabrício consegue ter até mais detalhes assim pessoalmente. Com calma me sento ao lado dele e trocamos olhares outra vez. Eu não sei bem o que o deixa tão feliz para não ter um sorriso completo nós lábios, porém, ele ainda sorri. Talvez seja esse seu pós vida. Um lugar calmo, solitário, mas além de tudo paradisíaco. Mas sério, quando eu morrer eu jamais gostaria de olhar uma imensidão de água pela eternidade. O motivo de tanta felicidade talvez seja me ver aqui e não sentir o tédio o tempo todo. Ou até mesmo me ver pela primeira vez. Não consigo explicar o que sinto estando na presença dele. É uma mistura de emoção entre sonho e realidade. Como se tudo isso fosse apenas mais um sonho meu, mas comigo tendo todo o controle.

     — Talvez eu seja o problema — refuto em defesa dela. Não consigo tirar da mente o nojo em seu olhar. Com o álcool nas veias sua expressão de desapontamento não me atingiu nenhum pouco, mas depois que Emily bateu a porta daquele quarto eu não queria mais ser eu.

     — Não seja modesto, Lucas. Eu sei bem como a Emily é as vezes.
 
     — Nós erramos muito com ela — comento tirando a minha camisa pelo excesso de calor. — A nossa garota.

     — Erramos — assume ele para mim. — E erramos feio. Mas somos diferentes... você e eu.

     Por mais que ele ainda pareça feliz com a minha presença sua voz sai embargada. Será que estou construindo uma imagem dele que se arrependa de tudo que fez para mim? O Fabrício sempre se arrependeu de todos os erros com a Emily, principalmente nos últimos instantes de vida. Quando ele volta a olhar para o mar, até consigo sentir pena dele.

     — Contei pra ela — declaro com culpa por tê-lo detonado. —, sobre muita coisa.

     — Eu sei — murmura. — Eu sei que você contou pra ela. Valeu por isso. — Essa última frase poderia ser ironia, mas Fabrício está sendo sincero em seu agradecimento. — Depois do acidente, tudo que eu queria era tempo... queria ter tempo para conversar com ela e dizer o quanto eu a amava, Lucas. — Eu sei disso tudo, mas deixo que ele conte como se tudo fosse um fato novo. — Eu queria ser sincero com ela sobre tudo, mesmo que ela me odiasse.

     — Agora ela te odeia — digo após um tempo.

     — E te odeia também — Completa em tom brincalhão. — Somos dois odiados pela menina que amamos. — Que situação engraçada. Estou na praia com Fabrício conversando sobre a garota que nos odeia. — E quem tem a culpa disso?

     — O merda do Otávio!

     — O merda do Otávio — repete brincando. — Nós somos ciumentos pra porra. E eu, então…

    — É. — me viro para o mar de águas claras. — Isso é verdade. Porque eu pelo menos parei o carro quando ela pediu.

     Fabrício começa a rir outra vez. Foi bem ofensivo o que eu falei, mas ele não se incomodou nenhum pouco. É quando noto que por mais que tudo isso faça parte de um sonho, ele é real. Fabrício está mesmo aqui. Se fosse meu subconsciente estaria puto com essa brincadeira de parar o carro. Ele por outro lado não se incomodou nenhum pouco.

    — É bom mesmo. — ele me olha com um grande sorriso no rosto. — Se você estragasse o meu Mustang eu te assombraria pelo resto da sua vida.

    A piada é engraçada, mas não consigo sorrir diante de tudo. O Fabrício talvez consiga já que agora ele não passa de um fantasminha ridículo espectador de toda a nossa vida.

     — O que foi?

     — Eu amo ela, Fabrício — me declaro sem saber o que fazer para reconquista-la. Antes dessa noite era só um pedido de desculpas pelo ciúmes, mas agora tenho certeza que a Emily não quer me ver nem com a camisa do Queen.

     — Eu sei. Eu também amo. — ele faz uma pausa e suspira fundo. Engraçado uma projeção de fantasma precisar de oxigênio. — Com todas as garotas que você transou, nenhuma delas foi capaz de acabar com o amor que você aprendeu a ter pela Emily. Eu tenho uma ideia do porque isso aconteceu com a gente. — fico atento a cada palavra e a ele que levanta o dedo na altura do rosto. — Tivemos um amor duplo. Eu sentia o seu amor e você o meu. Acho que nós dois apaixonados pela mesma garota fez disso muito mais que recíproco.

      — Faz sentido. — É uma teoria maluca, porém faz. — Mas… o que eu faço agora?

     — Seja você mesmo. — ser eu mesmo? O merda que só estraga as coisas? — Sim, esse você mesmo. — acrescenta lendo meus pensamentos. — Porque além de tudo que aconteceu ela ainda te ama. Você estraga tudo? E daí? Quem não estragou as coisas uma vez na vida? Eu por exemplo era o cara perfeito até hoje de madrugada — lamenta, e suspiro porque eu fui o culpado por destruir essa imagem. — Lucas, eu controlava um pouco demais o nosso namoro. Fiz promessas que eu consegui cumprir, mas também quebrei promessas. Me senti um péssimo namorado por ter que mentir alguma das vezes. Você nunca precisou disso. Você sempre foi você desde o começo, e isso fez a Emily querer estar perto. Ela viu meus olhos em você, mas não foi por isso que ela se apaixonou. Foi pelo Lucas que você mostrou pra ela.

     — Como você pode saber? Ela te vê em mim.

     — Você acha que eu fico fazendo o quê aqui? Coçando o pau? — Ele ri do próprio comentário nojento. — Não. Eu consegui perceber que nós dois somos muito diferentes. Nossas personalidades são diferentes. Eu sempre tentei ter todo mundo por perto, mas você não quer ninguém. Só isso já é alguma coisa. Mas acredite. A Emily se apaixonou pelo Lucas, e não pelo Fabrício que existe no Lucas. Você fez a promessa de não desistir. Nosso irmão vai gostar de ver você triunfar sobre isso tudo, lembra? E eu também vou. Não porque você vai se dar bem nisso tudo, merdinha — tento sorrir pois Bruno que me chamava de merdinha ou Luquinhas o tempo todo. —, mas porque você vai dar a Emily o que eu não consegui.

     — Fabrício…

    — Ainda não terminei. — Permito que meus argumentos fiquem presos no fundo da garganta com a minha voz. — Não deixa aquele merda do Otávio acabar com isso. Você é uma versão 2.0 de mim, então seja.

     Cada palavra faz sentido. Com excessão de eu ser uma versão 2.0 dele. A Emily nem vê o Otávio todos os dias, mas ainda sim eu fiz a tempestade em copo d'água que o Fabrício sempre fazia quando tinha o infeliz acontecimento de encontrá-los se falando. De fato, o medo dele era que Otávio pudesse acabar um dia cumprindo com suas ameaças de contar a Emily tudo o que houve naquela festa. Mas agora olhando para ele tudo parece calmo. Seus olhos não tem o mesmo peso da culpa. Seu semblante parece tão em paz como se tivesse se livrado de tudo o que aprontou. Acho que a morte faz isso com o ser humano. Ela o liberta de todos os erros e também todos os acertos. Mas por mais que eu inveje essa parte, ainda prefiro viver em desespero a ter que ficar sozinho de frente com uma praia pela eternidade.

     — Não tente ser eu, Lucas. — Seu olhar se dobra sobre mim. — A minha vez passou, e agora é a sua. Seja o Lucas que eu tive o prazer de conhecer. Tudo vai dar certo, parceiro. — Fabrício se levanta e fica me olhando de cima. Seu vislumbre além de calmo é intenso. Deve ser outro estado da morte. — Eu vou indo agora. Mas não esqueça que somos totalmente diferentes, mas com defeitos iguais.
    
     — Hey, como faço isso?

     Fabrício dá de ombros e começa a me deixar para trás. Não ousa me responder.

     — Fabrício? — Vou em sua direção bem rapidamente. Ele sequer volta a olhar para trás. — Fabrício, como faço isso?

     — Você vai saber, no momento certo.

     Tento segurá-lo pelo ombro, mas minha mão atravessa seu corpo. Nesse instante Fabrício para e me olha outra vez com um sorrisinho presunçoso e um segundo depois toda sua imagem começa a se desfazer diante de mim. Respiro fundo enquanto contemplo seus últimos vestígios sumindo com o vento em direção ao céu. Dobro as mãos em punho e mordo meu lábio. Filho da puta! Quer me livrar de uma bomba mas me entrega outra.
    
   

    

    

    

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro