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22 O homem perfeito







         — A dona Mariana disse que a senhora não quer entrar num chat pra conhecer alguém bacana — digo colocando um pedaço de pão na boca. Isa toma um gole quente de café e engole rápido, como se eu tivesse dito algo muito grave.

    — É, isso é verdade — diz minha mãe levemente constrangida. — Não tenho interesse em ter alguém agora. Eu ainda preciso cuidar de vocês.

     — É isso, mãe — manifesta Isa colocando o copo sobre a mesa. — Nós já crescemos e a senhora não percebeu.

     — Mas ainda são minhas pequenas — comenta com tom mais carinhoso do mundo. — Vocês nunca vão crescer pra mim.

     — Own. — minha irmã rodeia mesa e abraça nossa mãe pelas costas. — Sua maravilinda. Você vai ser sempre a melhor mãe do mundo.

     — Até porque eu sou a única, né? — Ela olha Isa pelo canto dos olhos.

     — É, mãezinha, você é a única.

     No momento troco olhares com minha irmã. É muito mais grave do que eu imaginava. Desde a noite do jantar na casa da dona Mariana venho percebendo que minha mãe não pode ficar aqui sozinha. A Isa ainda não chegou no último ano da faculdade, então, talvez demore a voltar. Eu por outro lado, talvez nem volte. Criei raízes no litoral. Contrariei todos meus planos. Viajar para a casa do meu pai não era permanente. Alguns meses foram mais que suficientes para amenizar toda a angustia da perda do Fabrício, mas agora que eu tenho uma vida lá não sei se quero voltar. No entanto, eu acabo me sentindo um carrasco por deixar ela aqui nessa casinha pequena e sozinha. Por isso eu vou me dedicar em encontrar o homem perfeito para a minha mãe! Ela mais que merece ter uma segunda chance na vida. Não que eu esteja fazendo isso por culpa, não é nada disso. Tantas vezes que nos falamos por telefone, ela disse que estava bem. Claro que estava bem, com o trabalho novo que ela tem.

     — É, mãe, todas as mães dizem a mesma coisa — fala Isa e belisca outra pedaço de pão. — A mãe do Ian disse a mesma coisa quando visitamos ela. — E um pequeno silêncio recai sobre o ambiente. — Merda. Não vamos falar do Ian. Esqueçam esse nome. — Nem ela mesma consegue esquecê-lo.

     — Concordo com a Isa, mãe. — me levanto da mesa e me apoio determinada. — Por mais que a senhora veja a gente como crianças, já crescemos. Estamos vivendo, e não queremos você aqui sozinha.

     Atravesso a cozinha e a sala e rapidamente corro pelas escadas. Eu espero que nesse meio tempo a Isa consiga colocar alguma ideia legal na cabeça da nossa mãe. A maioria das mulheres na idade dela já tem um marido. Não que minha mãe seja uma mulher velha, ela está até jovem para uma pessoa de quase quarenta que trabalha numa lanchonete. Abro o guarda roupa do nosso quarto e pego as minha roupas que eu já nem uso em bolo, e as jogo na cama, então o encontro. O notebook branco está meio empoeirado, mas acho que ainda funciona. Atravesso pelo quarto e tiro de uma gaveta velha a fonte dele e volto correndo para a cozinha.

     — Mas eu já sou muito velha para essa coisa de internet — é o que ela está dizendo no momento em que adentro o cômodo.

     — Coisa da sua cabecinha. — Coloco o computador a frente da irmã e peço para ela ir ligando enquanto plugo o carregador na tomada. — Vamos fazer isso agora.

     Minha irmã inicia o notebook. Em seguida eu apoio duas cadeiras uma em cada lado dela. Minha irmã se senta de um lado e eu no outro.

     — Vamos entrar no Tinder

     — Sério? — pergunto. — Tinder?

     — Meninas, eu já sou velha pra essas coisas — mamãe continua toda encabulada. Nós duas encaramos nossa mãe com o mesmo semblante.

    — A senhora é a mulher mais novinha dessa rua, mãe — fala Isa em um sorriso colorido. — É o Tinder sim, Emily. É só o que eu sei.

     — Vamos pesquisar algum na internet, então.

     — Tá.

    Minha irmã passa um paninho no teclado e começamos a procurar chats na internet. Nada de Tinder ou esses sites que as pessoas são escrotas e cheias de ego o tempo inteiro. Estamos tentando achar o cara perfeito, e eu duvido que vamos encontrá-lo nesses sites mais populares. Depois de quase vinte minutos de pesquisa encontramos um para pessoas viúvas e divorciadas. A interface é bonita, e tem um casal de meia idade feliz no pôr do sol em uma praia qualquer para atrair os internautas. Depois de um “vamos nesse mesmo”, da minha irmã, criamos um cadastro no nome de Estela Silva De Oliveira, nossa mãe.

     — Que tipo de homem você gosta, mãe? — pergunta minha irmã com toda a naturalidade do mundo. Nossa mãe está corada, suando frio e completamente sem palavras. — Ah, mãe, vai! Pode ser bom conhecer alguém. Vai tirar esse atraso de tantos anos!

     Minha irmã e eu caímos na gargalhada. Nossa mãe se esforça para falar alguma coisa, mas se enrola nas palavras até conseguir proferir algo compreensível:

     — Me respeita, muleka, eu ainda sou sua mãe! — briga, mas ela está se forçando para não cair na risada também. Vocês sabem como é, né? Coisa de mãe exemplar!

     — Ah, mãe, vai dizer que a senhora não tem, sei lá…certas vontades — Isa acaba a constrangendo muito mais. O suor forma uma camada na sua testa. — Relaxa, mãe, isso é normal. Todo mundo sente vontade de dar uma. — Minha irmã tirou a manhã para acabar com a paz da nossa véia.

     — Isa! — mamãe repreende.

     — Tá bom — Isa volta a se concentrar na tela do notebook. —, mas fala pra gente colocar aqui o porte físico que faz seu tipo. — as sobrancelhas de nossa mãe arqueiam deixando evidente que ela não vai falar. — Tá, vai fazer jogo duro! Então eu vou colocar aqui que a senhora procura por homens sarados com bíceps beem fortes! — Isa tecla o que está dizendo toda animada. — E que ele precisa ter pegada. — Ela não tá pegando leve, e nossa mãe está cada vez mais envergonhada. Não tem nem porque, somos as filhas dela e estamos preocupadas com a sua solidão. —  Próxima página, o que procura. Como eu sei que a senhora vai continuar com o jogo do silêncio, mãezinha, eu vou colocar: eu quero… alguém… — Isa digita a medida que proclama cada palavra alta e em bom tom. — que me pegue de jeito!

     — Tá bom! — mamãe quase berra. Observo enquanto minha irmã respira o sabor da vitória e até estala os dedos feliz. — Eu procuro por homens românticos, que saibam dar valor aos pequenos momentos. — Minha irmã volta a página para atualizar as informações. — Que seja fiel e companheiro todo o tempo, que não seja idiota e brigue por qualquer coisa. E tem que ter pegada! — minha irmã sorri para ela com a última frase.

     — Beleza. — Minha irmã coloca cada palavra no mural de procura. — Posso deixar o sarado de bíceps fortes?

     — Isa! — mamãe a repreende outra vez. — Tá me achando com cara de menininha de 15 anos? Eu deixo esses sarados de bíceps fortes pra Emily.

     Tinham que me envolver!

     — Pra mim por que? — indago fazendo a egípcia. Acho que agora o jogo virou. A Isa e a minha mãe estão rindo feito bobas da minha cara. Por um pouco momento eu vejo as duas zombando de mim até me cair a real, elas estão tirando uma comigo. — Não, sem homens pra mim — levanto as mãos na altura do rosto em preces. — Eles são muito complicados.

     — E vocês estão querendo me empurrar um sem perguntar se eu quero — completa mamãe.

     Na verdade não. Estamos preocupadas com a felicidade da nossa mãe. Ela viveu sozinha aqui por seis meses. Foi tempo mais que o necessário para arrumar alguém por ela mesma. Contudo, já que ela se sente velha e incapaz, estamos aqui, Isa e eu para mostrarmos algo bem diferente do que ela pensa sobre si mesma.

     — São casos bem diferentes, okay? — contradigo em minha defesa. — Eu fiquei com o Lucas nessa semana. E ele é complicado.

     — E nem eu, e nem a Emily estamos anos e anos sem dar uma — Isa complementa enquanto arruma o porte físico da nossa mãe no site. — E a senhora... é outro caso.

     — Meninas — resmunga mamãe esfregando a testa com os dedos como se sentisse dor de cabeça. — Olhem lá onde as duas vão me meter, hein!

     — Calma, mãe, não vamos arrumar qualquer cara pra você. Tem que ser o homem perfeito. Você merece — Isa conclui com um sorriso. — Agora vamos precisar de uma foto. Sorria, mãe. — minha irmã habilita a Web Cam em direção de nossa mãe. Mamãe fica sem graça e coloca a mão na frente do rosto. — Mãe, tem que colocar uma foto.

     — Ah, Isa — resmunga ainda tentando se esconder da câmera do notebook. — Eu não estou pronta para tirar fotos.

     — Não, nada disso — me manifesto. — A senhora é linda. Depois a gente atualiza a foto, o mais importante agora é criar o perfil. — Mas ela ainda se nega a ser fotografada. Eu achei que tinha concordado em criar um perfil para encontrar alguém. — Por nós… vai — imploro.

     Minha mãe me mira como se eu estivesse jogando baixo para conseguir. Estou mesmo. O quê ela mais ama nesse mundo além de nós duas? Acho que não tem mais nada. Pela primeira vez na vida uso a expressão do Thiago. Junto as mãos e pisco os olhos rapidamente com um sorriso fofo no rosto. Seus suspiro veio inseguro, mas mamãe finalmente olha para o notebook e tenta dar seu melhor sorriso.
 
     — Pera. — Isa apoia o PC na mesa, e vai até às costas de nossa mãe. Minha irmã desfaz o coque nos cabelos de Estela e joga por cima dos ombros. — Assim você fica com uma carinha de safada. — Nossa mãe cobre os olhos com uma mão e começa a rir. E assim que ela se volta para a câmera e pega de surpresa pela foto. — Pronto, naturalmente é sempre melhor. — Nos juntamos para olhar a foto. Seus olhos brilham e seu sorriso e natural é encantador.

     Assim que minha irmã salva o perfil no site clica na aba de procura, e automaticamente já aparece vários perfis. Realmente esse site é feito para a galera acima dos trinta. Tem muito pouco perfil da minha idade ou da minha irmã. Mas a quantidade de pessoas solteiras acima dos trinta é absurda. As pessoas parecem não ter fim, e as vezes apenas esperamos carregar novos caras. Isa escolhe o primeiro homem. Sarado, musculoso e com certeza tem o perfil cheio de visitas todos os dias. Ele procura por uma moça romântica, que gosta de fazer programas a dois, mas que seja bem safada em quatro paredes. Olho para minha irmã que faz a mesma cara de nojo no momento em que lê essa última frase.

     — Eca — exclama com uma expressão de ânsia por cima das sardas. — Esse não.

     Voltamos a procurar, e vários outros perfis que minha irmã julgou ser interessante tinham a mesma semelhança com aquele nojento do primeiro. Acho que mesmo procurando rapazes acima dos trinta, minha irmã ainda se atrai pelos cretinos. Mamãe e eu damos opiniões sobre vários caras que ela escolhe. Esse é muito tarado, esse é muito magricelo, esse tem cabelos muito grandes. Sério, achar o cara perfeito é muito difícil. Sempre que estamos perto demais tem algo para atrapalhar. Um sufoco aqui, uma diferença física ali e um assunto frio e sem química lá. Até que minha irmã entra no perfil de outro cara.

     — Olha, esse é bonito — comenta sobre o rapaz de rosto fino e com bigode cavanhaque. No perfil diz que ele tem 41 anos, mas a aparência é de 26.

      — Eca, parece um moleque de faculdade — opino. — Acho que a nossa mãe não quer uma criança, Isa.

     — Fica na tua, garota — brinca minha irmã. — Você não tem o menor gosto sobre homens da idade da nossa mãe.

     Isa continua a revelar novas fotos e novos homens no site. Ainda bem que mamãe não gostou daquele garotão de 41 anos. Eu acho que não era a cara dela, e minha irmã continuou falando que os homens bem cuidados e preservados no tempo são os que mais tem pegada, e nós rimos todas juntas.

     — Olha esse. — aponto um outro na tela. O homem é branquelo com poucas rugas, e também parece ser muito mais jovem que 46 anos. Bem vestido e charmoso. — Tem cara de ator de romance.

      — Credo, Emily — diz Isa olhando o homem atentamente. — Maníaca. — E voltamos a rir outra vez.

     — Tá, tá bom vocês duas — reclama nossa mãe. Olhando com muita atenção na tela do notebook, ela aponta um outro. O cara tem um rosto rechonchudo e cabelos grisalhos com bigode mau feito. — Esse.

     Isa e eu nos entreolhamos, e então dizemos juntas:

     — Credo, mãe. — E minha irmã completa com: — Ele é feio.

     — Quem procura beleza é menininha de 15 anos, meus amores — responde dona Estela juntando as mãos. — Eu quero é segurança.

     Um silêncio recai sobre o ambiente. Minha irmã e eu encaramos nossa mãe. O que ela acabou de passar foi uma lição de vida. Meu pai não deve ter sido o cara mais fiel do mundo para ela se encontrar nesse momento. Eu não sei muito bem o que aconteceu no passado dos meus pais. Sei que depois de uns anos eles começaram a brigar muito, e meu pai passava os finais de semana fora de casa para não ter que encontrá-la nas folgas. Até o belo dia que resolveu ir embora de vez. Eu não sei muito mais desse tempo, mas lembro bem o como eu era apegada a ele, e todos os programas que fazia comigo e minha irmã para se manter longe de nossa mãe. Minha irmã já havia entrado na adolescência e entendia melhor que eu. Foi ela quem me ajudou a superar tudo aquilo.

     — Você viu isso, Isa? — indago sem deixar de encarar nossa mãe.

     — Mesmo depois de crescidas a nossa mãe ainda consegue nos dar aula. Que fascinante.

     — Mamãe tá aqui pra isso, meus amores — dona Estela entra na pilha.

     Isa mandou um oi para o sortudo que foi escolhido por nossa mãe. Dona Estela esfrega as mãos com a ansiedade sendo mostrada no rosto dela. E minha irmã completa com, gostei do seu perfil, gostaria conhecê-lo melhor. Ele não está online, e minha mãe vai ter que esperar. Eu imagino como deve ser estar nessa posição. Na verdade eu nunca procurei ninguém na internet, nunca cheguei a usar chats de relacionamento, mas consigo pensar como deve se sentir esperando por uma resposta. Conhecer o Lucas me serve de exemplo. Me apaixonei sem nem saber como aconteceu. Ele conquistou minha confiança muito depressa, e eu acabei abrindo meu coração para ele rápido demais. Não consigo negar que o amo, não para mim. Nem para a minha mãe, irmã, nem para a Fran ou dona Mariana. Acho que não consigo esconder de ninguém os meus sentimentos por ele!

     Isa mostra outros perfis para nossa mãe. Minha mãe se interessou pela maioria que tinha as palavras fiel e romântico escrita no perfil. Fazendo eles seu tipo ou não, ela se sentiu agradada pela combinação. E minha irmã começou a tentar marcar alguns encontros para a nossa mãe durante 1 hora. Paramos apenas porque a minha mãe precisa trabalhar. Quando se levanta da mesa diz que vai tentar pegar o turno da manhã amanhã. Quer passar mais tempo conosco. Olho meu celular, e nenhum sinal de vida do Lucas. Eu não vou fazer o Thiago ir até a casa dele outra vez. Seria injusto com ele.

     Depois que nossa mãe saiu, Isa e eu tiramos o começo da tarde para organizar toda a casa novamente. Eu fiquei com lavar a louça do café, arrumar os quartos e passar a vassoura na casa. E minha irmã lavou o banheiro e passou pano em quase todos os cômodos. Ela ia fazer o almoço também, mas acabamos por comer fora. Fomos no shopping para comprar os livros que ela precisa para a faculdade de direito administrativo e penal. E chegamos quase sete horas da noite, já que aproveitamos para comer lanche e pegar uma sessão no cinema. De acordo com os nossos atuais casos, escolhemos um terror. A classificação era 17, mas a Isa se responsabilizou por mim. O filme foi tão bem produzido que acabou levando um monte gente a vomitar. Mas Isa e eu, somos aparentemente, imunes a vísceras voando de canto a outro. De certo nós vomitariámos, se no caso fosse um romance. E essa foi a minha sexta feira.

     — Pega seu note e dá uma olhada no chat — pede ela com uma faca de carne na mão. — Vou começar a fazer o jantar.

     — Tá.

     Abro o site e entro no cadastro. Quem disse que a minha mãe não ia ter visitas com uma foto natural, não sabia nem o que estava pensando. Ela tem quase vinte convites de conversa e mais curtidas que minha fotos dançando no Facebook. Contando com aquele que nossa mãe escolheu primeiro, dois dos rapazes responderam.

     — Nossa mãe é um sucesso — cantarolo feliz.

     — Sério?! — minha irmã corre até aqui para ver. — Caramba. Responde ele aí.

     O cara de sorte disse que também curtiu muito o perfil de nossa mãe, e que gostaria de marcar um encontro com ela o quanto antes para se conhecerem melhor.

     — O que eu falo? — indago. Eu não tenho nenhuma experiência de marcar encontros pela internet.

     — Diz que amanhã a mãe vai estar livre e que podem marcar alguma coisa.

     — Mas amanhã a mãe não vai tá livre.

     — Eu vou dar um jeito de ela tá — Isa sorri e eu sei que a mente dela está orquestrando algum tipo de plano para fazer dar certo.


     

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