18 Renault Branco
Suspiro fundo, e respiro novamente. Minhas mãos vagam pelo tecido macio, e o gosto ruim na minha boca me incomoda um pouco. Respiro fundo outra vez, e minha cabeça lateja antes mesmo que eu consiga abrir os olhos. Esses parecem paralisados, eles não querem se abrir. Tento lembrar de tudo que aconteceu na noite passada, e não demora muito para os flashes me tomarem por completa. “Não é bem assim...”. Lucas fez silêncio... e eu o matei, matei o Fabrício. Ainda fechados, meus olhos se apertam no rosto em reação ao sentimento que fere meu peito.
— Bom dia — a voz dele soa em meus ouvidos, e o arame no meu coração se afrouxa. Sinto seus lábios nos meus meio minuto depois.
Permito meus olhos se abrirem, e a luz do dia serve como catalisador para toda a merda da dor que está quase explodindo minha cabeça. Os olhos esmeraldas de Lucas estão bem próximos dos meus, e não consigo conter o nervosismo de estar tão perto dele. Não digo nada por enquanto, só deixo que minha cabeça reflita tudo que houve ontem a noite, e como eu vim parar aqui. A última lembrança que eu tenho foi de estar chorando no sofá com ele e minha sogra ao meu lado.
— Bom dia — respondo com um tom de quem acaba de acordar de um pesadelo lúcido. Respiro fundo. — Minha cabeça tá me matando.
— Eu sei — responde. Sabe é? Lucas desaparece da minha visão por um tempo, e então volta e com um frasquinho de remédio que reconheço ser aspirina. — Acho que vai te ajudar.
Remédio para ressaca. Sério?
— Que horas são? — indago me sentando de costas na cabeceira. Lucas me entrega um comprimido e uma garrafinha com água assim que coloco o medicamento por cima da língua.
— Um pouco depois das 10h — responde se sentando na lateral da cama. Caramba, eu dormi tanto assim?! — Dona Mariana passou aqui mais cedo e disse que você tinha que dormir. Tivemos uma noite bem pesada ontem. Então ela me pediu pra deixar você descansar o quanto quisesse.
— Uma noite bem pesada — repito a única parte que permito vagar pela minha mente. — Eu matei o Fabrício.
Nossos olhares se encontram, e Lucas não foge. Ele está mais forte que ontem, está mais forte do que nunca. Isso, porém, não me incomoda nenhum pouco. Eu gosto dele forte. Gostei de tudo que fez por mim ontem. Deixa claro o quanto se importa comigo. Não está mais com a camisa do Queen, agora tem uma com estampa do logo do Guns N' Roses.
— Me desculpa — pede com lamento. — Eu não terminei de falar ontem, mas não. Você não matou o Fabrício, Emily. — Ainda sinto meu corpo sonolento e indisposto. O efeito do calmante de dona Mariana não deve ter passado. No momento a única força que eu tenho é para suportar os olhos abertos. — Sabe, não importava se você acordasse ou não acordasse, ele ia morrer de qualquer forma. — Como ele pode saber? — Eu vi o laudo médico dele, Emy. O Fabrício bateu a cabeça com força. Teve ferimentos mais graves, perdeu muito sangue. Escuta, Emily… o sangue do Fabrício era O-, e mesmo se os paramédicos tivessem conseguido reanimar ele, não iriam conseguir fazer um transfusão de sangue a tempo. — Lucas suspira fundo. Ele mexe nas ondas dos meus cabelos na tentativa de amenizar um pouco o tom de cada palavra. — Ele não tinha mais chance.
Sinto a angústia subindo por cada células do meu corpo, e respiro fundo mais uma vez para conter que a tristeza me faça chorar. Fiquei desesperada ontem. Quase enlouqueci. Não consigo sobreviver com a ideia de eu ter tirado a vida dele. Mas eu sou a culpada. Se eu não tivesse tentado causar ciúmes nele naquela maldita noite ainda estaríamos juntos. Por mais que a perda de sangue ou qualquer outro trauma sofrido tenha causado a morte dele, a maior culpada nisso tudo... sou eu.
— Você me deixou muito preocupado — conta com um sorrisinho para mim. — E eu não consigo imaginar você morrendo. Se você morrer, eu perco a vida. Então por favor, não faz mais aquilo, tá? — Seus olhos são maravilhosos, e eu amo quando ele faz essas declarações fofas para mim.
Assinto com gestos.
Lucas me agarra e me segura próxima dele. Minha cabeça está envolvida com toda essa situação de Fabrício e Lucas e não consigo devolver. Mas inspiro seu aroma gostoso do bom e velho Malbec para o manter na minha mente como um escape para tudo isso. Fecho os olhos e curvo meus braços em volta dele como se pudesse me manter no presente e me arrancar de tudo isso, mas não dá muito certo.
— Eu te amo, sua maluquinha — sussurra em meu ouvido. —, e agora que eu te encontrei, nunca mais quero te perder.
Engulo em seco, e ainda respiro fundo dentro dos braços dele. Eu também o amo muito. Amo tanto que sinto vontade de declarar como ele faz sempre, mas não sei, algo em mim ainda não permite que meus lábios profiram essas palavras.
— Vamos tomar café? — inquire soando mais animado.
— O horário de café já passou. Dona Mariana toma café as sete e meia em ponto — digo.
— Hoje é excessão — refuta ficando bem próximo de mim. — É, ela mesma me disse. — me dá um beijinho. —, falou que nós... — Outro beijinho. — podemos… — E mais outro. — tomar café... — e novamente. — na hora que você acordasse. — Lucas curva a cabeça para o lado com um biquinho charmoso e sexy, e foi a minha vez de beijá-lo.
— Então vamos. — Jogo o cobertor para o lado e me levanto. Ainda estou com a roupa de ontem, e ela está cheirando mau. — Ops! Vou tomar um banho, pode me esperar lá embaixo se quiser.
— Se você achar, né? — Luke revira os olhos. — Que eu posso ir com você, eu vou gostar muito.
Olha, que safado!
Pego um travesseiro e bato nele, e Lucas começa a rir da minha cara. Não posso negar que é super engraçado mesmo. Então tento sorrir a medida que consigo.
— Beleza, só não demora. — O garoto beija dois dedos e toca com eles na minha boca. — Não quero sentir saudades.
Reviro os olhos evitando o riso bobo.
Saio do quarto ainda acompanhada por ele, e cada um segue uma direção quando eu vou para o banheiro e Lucas desce as escadas. Entro no banheiro ainda com todo esse pensamento na cabeça. Mesmo que a dona Mariana tenha aceitado a versão do Lucas dos sonhos, ainda não me perdoei por tudo que a fiz passar ontem. Ela não deve estar em casa agora, é manhã de segunda feira, então acho que dona Mariana já saiu para o trabalho.
Me tranco no ambiente e me olho no espelho. Eu não sei como é que o Lucas consegue gostar disso que eu tô vendo agora. Desse zumbi ambulante. Tenho manchas de sofrimento em volta dos olhos, e meus cabelos estão muito bagunçados. Ele deve ser meio maluco por isso. Tem aquela cobra loira da Natalia, e aquela outra oxigenada da Alexia que correm atrás dele... fora as outras milhares de marias-chuteiras que eu não conheço. Muitas dessas são tão lindas quanto modelos, mas ele parece não ligar para a aparência perfeita delas. Eu devo ser sortuda por isso. Começo a afastar todos esses pensamentos destrutivos. O Lucas tá aqui, e tá por mim. E a presença dele tem me agradado bastante.
Tomo um banho rápido, e dessa vez coloco uma camisa canoa preta com o logo do Bon Jovi. Tento disfarçar o meu mau estado com um brilho labial e dando um jeito nos cabelos. Que falta faz uma amiga que manja de maquiagem como a Paty agora! Infelizmente é tudo que eu tenho. Antes de descer vou até o quarto do meu namorado e borrifo um pouco de seu perfume e sigo a encontro de Lucas.
— Você já pediu o café... — minha voz falha quando a vejo. — Lucas — completo a frase. Mariana faz companhia a Lucas que já está sentado a mesa bem solto e espaçoso. Seus olhos batem em mim, e continuo a olhar minha sogra. No momento já estou procurando por lugares onde posso enterrar minha cara. Eu não pretendia encontrá-la tão cedo assim, e não quero em nenhum momento conversar sobre o que houve ontem. — Bom dia, dona Mariana.
— Mariana — me corrige.
— Mariana — me corrijo.
— Sente-se, Emily. — Minha sogra segura uma xícara com delicadeza e bebe com muito mais. — Está melhor, querida?
— Sim, obrigado. — me sento ao lado do Lucas e seguro sua mão.
— Você tá linda — bendiz ele para mim, e acabo revirando os olhos. — E muito cheirosa.
— Fiquei preocupada com você — declara dona Mariana. — Não fui trabalhar hoje, tenho alguns compromissos para resolver no banco. E como estamos todos nós aqui, quero mostrar uma coisa para vocês.
— O quê? — inquire Lucas.
— Depois do café. — Dona Mariana logo vem até mim e me abraça pelas costas. — Nunca mais me assuste daquele jeito, mocinha — pede em sussurro e sai.
Lucas aproxima mais a cadeira de mim, e me serve um pão com frios e um copo com iogurte. Sorrio para ele, pois o Fabrício que fazia isso depois de uma noitada. Ele tinha esse costume, e me agradava muito. Olho para Lucas e ele me beija os lábios de leve e me pede para comer, porque nenhum de nós jantou ontem. A noite foi um fiasco, mas necessário. Luke está mais confiante agora, e além de todas as coisas que rolaram ontem, consigo me sentir feliz por ele.
Depois do café, nos encontramos com dona Mariana no jardim. À luz do sol, seus colares e pulseira brilham com mais intensidade. Mas além de tudo ela consegue ter sua luz própria, o batom de costume, acentua seus lábios e os brincos realçam toda a sua beleza. Esperamos José, até que ele termine de auxiliar um jardineiro novato que está começando essa semana. Faço um lamento, mas fiquei feliz pelo o antigo que se aposentou a quase um mês. E depois seguimos para fora do jardim e contornamos a mansão com o sol escaldante de São Paulo por cima de nossas cabeças. Dona Mariana faz comentários animados dizendo que vamos adorar a surpresa que nos espera. Luke e eu rimos enquanto seguimos os dois. O estacionamento fica um pouco mais afastado da casa, mas é aqui onde ela queria chegar. Dona Mariana adentra primeiro seguida do fiel amigo/peguete, o José, e Lucas vai depois. E eu entro por último.
Não sei bem o quê ela quer nos mostrar aqui, mas acabo tentando encontrar por mim mesma algum vestígio do que seja, até que meus olhos crescem por cima do rosto. Meus pés andam por mim e acabo me aproximando do Renault branco. O detalhe, é que o carro está em pedaços e quase irreconhecível.
— Meu Deus — exclamo baixinho. O silêncio faz eco. Acho que eles notaram que o vi. Eu não acredito que ela o tem. Tento afastar as lembranças daquela noite da minha cabeça, mas elas são fortes demais. Acho que é uma coisa minha, mas o carro emana uma energia sombria que quer me dominar. A cada metro mais próximo, mas eu sinto um arrepio e uma angústia dentro do coração, contudo ainda não consigo parar de ir em sua direção. Acho que é porque foi nesse carro que tudo aconteceu, foi nele que o Fabrício perdeu a vida. Lucas passa o braço por cima dos meus ombros e me salva de ficar imaginando tudo aquilo outra vez.
— Eu esqueci de contar — manifesta a vozinha acolhedora da minha sogra. — Eu fiquei com ele. — ela faz uma pausa lamentosa. — Dizem que é impossível consertar totalmente. — conta com o tom fazendo eco pelo local.
Me volto a dona Mariana que está um pouco afastada. Ela tenta sorrir para mim, e eu devolvo para ela para mostrar que está tudo bem, mas é estranho esse carro ainda estar aqui. Eu não consigo imaginar o porquê de ela ainda querer guardar o automóvel que tirou a vida de seu filho. E nem como ela consegue manter dentro da propriedade dela. Como ela consegue? Eu não pensaria duas vezes antes de me mandá-lo para um ferro velho. Não imaginei que voltaria a ver o Renault dele outra vez.
— Ele é só um detalhe — argumenta. — Mas não viemos aqui por isso. Venham!
Lucas me força a voltar a seguir dona Mariana na pouca fileira de carros de todos os tipos e tamanhos. Mas entre eles consigo identificar o Chevrolet prisma da dona Mariana, o Fiat Cronos com que eles foram me buscar na rodoviária na sexta a noite que pertence ao José. E todo os outros são a maioria dos funcionários. Mas entre eles tem dois que chamam atenção. Esses, no entanto, estão bem de frente com o portão enorme de saída, mas o que faz chamar atenção é que eles estão cobertos. E é justamente para esses que dona Mariana nos guia. Minha sogra mostra um sorriso orgulhoso e juntas as mãos enquanto nos espera chegar.
É essa a surpresa? Carros?!
— É essa minha surpresa — anuncia para nós. — Você sabe dirigir, Lucas?
Lucas assente ainda me segurando perto dele.
— Só não tenho carta de motorista ainda. — Coça a nuca. — Nunca tive a oportunidade de tirar.
— Entendo. — Mariana suspira. — Lucas, se importa de ajudar o José?
— Não. — Ele me solta e vai até a parte coberta do capô. José contorna o carro, então o vejo desaparecer momentaneamente e, com a ajuda do Lucas, ele desliza a cobertura por cima do carro e a tira. Lucas limpa a poeiras das mãos, e quando fita o veículo na nossa frente, seu fôlego falta, os olhos crescem no rosto de tão maravilhado com o carro. É difícil fazê-lo perder os movimentos assim, e já aconteceu duas vezes desde que ele chegou no sábado. Ontem no jantar, e agora. — Uuuuau! — solta encantado com o Mustang preto.
— Lindo, não? — pergunta dona Mariana para nós dois. Sim, é realmente perfeito. A cor está saturada pela poeira que cobre o metal por completo, mas dá para notar que é zero-quilômetro.
— Lindo? — indaga Lucas como se ela tivesse cometido o maior pecado do mundo. — Ele é simplesmente perfeito. — Homens e seu amor por brinquedos automotivos! Mas não é bem assim. O carro na nossa frente não é qualquer carro. Ele foi por anos o maior sonho de Fabrício. Dona Mariana conta que efetuou a compra no final de dezembro e que programou a entrega para março quando Fabi faria seu aniversário. Era o presente dele. Ela não me contou nada, pois, eu não conseguiria guardar segredo como fiz no caso do colar de safira azul. A pior parte de ouvir toda essa história, é que dona Mariana recebeu o presente do filho no dia do aniversário dele, mas não pode entregar já que ele não estava mais aqui para amá-lo.
— José — chama Mari.
— Certeza? — indaga pra ela em um assunto que não chegamos a participar. Dona Mariana assente com a felicidade cobrindo o rosto. José então rodeia o automóvel outra vez e entrega algo na mão dela. Mariana vira-se para Lucas que está mais apaixonado pelo carro que por mim e diz:
— É seu. — Levanta a mão para ele com a chave do veículo. Pela terceira vez no final de semana Lucas perde o fôlego. Ele fica atônito e paralisa.
— Você tá brincando, né? — pergunta com um sorriso desacreditado.
— Não — refuta minha sogra feliz por vê-lo surpreso. — Nenhum pouco.
Luke suspira alto pelo nariz sem saber como agir ou reagir. Ele não pega a chave, mas olha para ela como se fosse uma criança olhando para um doce.
— Não posso aceitar, dona Mariana — diz. — É maravilhoso e lindo, mas não posso aceitar.
— Não seja modesto. Eu sabia que você ia amar — comenta com tanta felicidade que juntas as mãos. — Ele é seu. — Lucas ainda está indeciso. Ele me olha, e em seu olhar me pergunta se deve ou não aceitar. Assinto bem discretamente. Mas antes que ele tome a decisão, a própria dona do carro coloca a chave na mão dele a força. — Anda logo! É todo seu.
Eu concordo com ela. O Lucas merece, depois de tudo que ele passou e passa na vida, acho que uma coisa como um carro dos sonhos faria bem. Seco uma lágrima de felicidade por ele.
— Posso entrar nele? — pergunta ele quase chorando também. Sua respiração está falha, mas pelo menos isso é de alegria. Dona Mariana curva a cabeça e assente. Lucas não espera duas vezes antes de apertar o botão. O farol pisca uma vez e ele destrava a porta e entra. Fica com metade do corpo dentro do carro e metade fora. Cruzo os braços ainda no mesmo lugar onde ele me deixou e contemplo feliz quando ele volta e comenta extasiado: — É muito lindo aqui dentro. — trocamos olhares e ele volta a mergulhar dentro do automóvel.
— Eai, gostou? — indaga dona Mariana, mas já sabemos a resposta.
— Muuuuito — ele responde com a palavra arrastada de tanta animação. — Nunca tinha ganhado um presente assim na minha vida. Como eu pago?
— Levando a Emily de volta pra casa quando a semana acabar.
Lucas desliza para fora bem ligeiramente.
— Mas eu não tenho carta, lembra?
— Conta pra ele, José. — Mariana pisca para o homem.
— Eu liguei para um amigo, que ligou para um amigo e que ligou para um amigo. — José alisa o bigode grisalho fazendo uma pausa dramática. O Lucas parece que vai explodir a qualquer momento esperando o resto da frase. Ele já sabe, e eu já sei e acho que vocês também. — E ele disse que você vai poder fazer a prova sem precisar fazer as aulas.
— Mas… isso não é proíbido? — pergunto.
— Não se seu amigo tiver uma bom cargo dentro da empresa. — responde o homem e Lucas volta a se animar.
— E o melhor — Mariana levanta o dedo. —, é que se você passar você tira a carta, e se não passar nos pagamos o quebra e você pega da mesma forma.
Luke está quase pulando de alegria e soltando fogos. Acho que nunca o tinha visto tão feliz na minha vida. Tanto que ele corre até aqui e me abraça e me enche de beijos por todo o rosto. Por momento eu permito, mas depois peço que pare. Não acredita que vai realizar o sonho de ser motorista, e eu não acredito que ele vai realizar o sonho de Fabrício de ter um Mustang.
— Quando é a prova?
— Amanhã — José responde rápido e Lucas dá dois pulinhos feliz.
— Você merece — falo para ele. — Tô feliz por você. — deixo o sorriso se estampar nos meus lábios.
— Aé? — ele se aproxima com uma expressão travessa. — Você vai ser a minha primeira passageira. — E beija minha boca.
Dona Mariana pigarreia, e Lucas me solta um tempo depois.
— Ainda tenho que resolver um assunto no banco hoje — expressa ela com as mãos juntas na frente do abdômen. — Espero que tenham gostado, Lucas e Emily. — Assinto, e Lucas quase a abraça com tanta felicidade. — José, pode tirar o carro, você vem comigo.
José prontamente se locomove pelo estacionamento e abre o portão de saída. E dona Mariana pisca para nós, e deseja que tenhamos uma ótima manhã. Assim que ela vai embora Lucas volta a me beijar outra vez, e depois eu o ajudo a cobrir o seu Mustang novo. Ele fala coisas como:
— Agora eu não vou mais deixar ele pegar pó. — E. — Você encontrou seu papai, belezura. — Mas esse foi para o Mustang.
Ele não tirou essa frase da boca pelo resto da manhã: meu carro. Quando a mãe do Fabrício quer agradar ela sabe muito bem como o fazer. Lembro das várias vezes que ela me agradou com festas de aniversário, com presentes caros e até mesmo viagens. Se eu não conheço todo o nosso país é culpa do ensino médio, ou já teria viajado mais que mochileiro. Dar o carro do Fabrício para o Lucas é uma grande decisão, e eu acho que é até demais, por mais feliz que eu tenha ficado. Era do Fabrício! Mas logo volto atrás nesse pensamento. O Fabrício não está mais aqui, e o carro de certa ficaria aqui pegando pó até algum momento que não ligasse mais. Então dona Mariana está fazendo bem de presentear alguém como o Lucas. E ele merece muito.
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