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11 Andando Em Corda Bamba


   





    A atmosfera do calor familiar é tensa, ou eu estou tensa. Como na noite anterior tudo parece calmo. Mas o cheiro bom do café matinal toma conta do ambiente. Tiro as sapatilhas, e giro todo o cabelo com o dedo e jogo por cima de um dos ombros. Engulo em seco com todo o formigamento correndo em minhas veias. Atravesso para sala ainda tentando erguer uma armadura mental sobre mim. Não tem ninguém aqui, e então vou até a cozinha. Quanto mais rápido eu enfrentar isso, mas rápido vou sair disso.

      Fran está encostada na pia enquanto coa o café. E o leite está começando a fumegar no bule no fogão. Gemo para que ela note que estou aqui. Francine está melhor que ontem a noite. Acho que ela conseguiu dormir um pouco, e isso é bom.

     — Que maquiagem extravagante — comenta e então despeja mais água no coador. — Tem pão e frios na mesa, eu já comprei. — Olho para a saco de pão sobre a mesa, e embalagem que ela assumiu ter comprado. Um novo aroma que tinha sido ofuscado pelo café, se coloca no ambiente quando o bom cheiro de cenoura vem acompanhado do bolo.

     — Onde ele tá? — pergunto ignorando sua grande gentileza de sempre. 

     — Tá no banho — refuta com a voz incomum. — Se você quiser ir pro quarto, o momento é esse. Posso dizer que você ainda não chegou. — Amo o jeito que ela sempre tenta me ajudar, mas esse não é o momento. E eu nunca vou fazer nada que prejudique sua amizade com meu pai.

     — Não, Fran — minha voz sai como um sussurro. — Vou enfrentar isso.

     — Ele tá muito mau... tenta pegar leve — pede. Assinto, até porquê eu também estou um caco.

      Meu pai aparece um tempo depois, e a tensão da atmosfera consegue piorar. Assim que seus olhos encontram os meus, sinto uma corrente elétrica correndo pelo meu corpo. Acho que vou explodir de tanto choque. Não consigo mudar de posição, e não consigo parar de olhá-lo. Tenho pena dele, eu nunca tive intenção de fazer meu pai se sentir assim, e não vou me perdoar nunca por isso. Meu pai também está parado e só me olha. Respira fundo com o nariz e então se direciona e se senta. Fran pousa a chaleira com leite recém esquentado a mesa, e mais um tempo ela coloca um belo bolo sem cobertura no centro.

     — Eu vou indo nessa, vocês precisam conversar — anuncia enquanto alterna o olhar entre nós e tem as mãos na cintura fina.

     — Não, Fran, por favor — imploro. Se tem uma pessoa que pode controlar meu pai, esse alguém é ela. Eu não posso ter um conflito de interesses aqui, mas nesse momento ela é a única aliada que eu preciso. Fran não se força a me olhar, mas então também não diz nada.

     — Por favor, Fran — pede meu pai. Sua voz falha, e imagino que isso seja efeito dessa maldita noite. — Fica.

      Francine também não consegue direcionar ao meu pai seus olhos, e analisa se deve ou não ficar. O silêncio recai ao ambiente carregado enquanto nós dois à olhamos ao aguardo de sua resposta.

      — Tá bom — ela assente com a cabeça. Francine consegue se sentar. Ainda me sinto estática e imagino que na cadeira não só há eletricidade, mas também fogo.

     — Temos mais uma cadeira, Emily. — Papai me convida a sentar enquanto consegue servir um copo com café e leite. A chaleira treme em sua mão, e seu nervosismo é evidente. Com calma rodeio a cozinha e me coloco na cadeira. A Fran bem que poderia ter se sentado aqui, e eu então não ficaria de frente com ele. Talvez de lado. Mas nessa posição eu não tenho como fugir do seu olhar.

      Como ninguém consegue dizer uma única palavra, tento começar:

     — Olha, pai — digo com a voz falhando. — Eu sei... você... — gemo. Vejo minhas mãos tremendo e então as dobro em punho. Não estou conseguindo dizer nada e isso está me incomodando.

     — Você sofreu abuso — ele conpleta. Apenas de ouvir essa palavra consigo sentir Kevin se pressionando em mim. O arrepio faz meu corpo paralisar outra vez. Fico calada. — É... você sofreu. Eu só não consigo entender uma coisa... Por que você não me disse? — meu pai finalmente consegue me encarar. Eu tento manter os meus olhos longe dos seus. — Por que não me contou? O que eu fiz...

     — Não foi culpa sua... — retruco enquanto respiro fundo. Sinto uma lágrima quente cortar meu rosto. — Não foi culpa sua.

      — Eu não entendo, Emily. Eu só quis o seu melhor. Eu fiz de tudo para te deixar bem confortável, eu me esforcei e me esforço o máximo que eu consigo para conseguir dar o melhor e te proteger. — meu pai faz uma pausa enquanto sente as próprias palavras. — Onde foi que eu errei? Onde foi que eu falhei?

     Ele falhou em sempre estar muito longe. Sua atenção ser sempre voltada mais para o trabalho do que para mim e para mulher que o ama, foi onde ele falhou. Mas que tipo de pessoa eu sou se ficar enxergando os erros do meu pai? Ele não teve culpa de nada. E onde eu falhei. Falhei em confiar em todas as pessoas, principalmente naquelas que eu já sabia que não eram boas. Você não errou pai, penso. O erro é completamente meu.

      — Você não errou, Gil — Fran responde por mim. Ela toca no ombro do meu pai. Obrigada por ficar, Fran. Agradeço mentalmente. — Eu te disse ontem, você não errou... A Emily... não errou.

      — Tá enganada! — respondo rápido. Com certeza a Fran tinha mais coisas a falar, mas tudo na ponta da sua língua se dissipa nesse momento. As lágrimas nos meus olhos embaçam a visão do meu punho nesse momento. — Eu errei sim... Eu deixei que ele me afastasse de tudo. Confiei que poderia ser um cara legal e que eu gostaria de passar um tempo com ele. Eu errei, Fran. Ele foi super legal comigo, e eu confiei muito. — aperto os olhos nesse momento, e sinto a lágrima escorrer como uma faca no meu rosto. Estou perdendo o controle, e sinto o desespero batendo de leve em mim. — Eu tava fraca, e tava exausta. — Sinto a mão de Fran tocar a parte de cima do meu pulso. Ela está quentinha, macia e confortável como sempre. — Não consegui lutar... eu tentei lutar... mas eu não consegui. — Abro os olhos bem rápido quando sinto a sensação de tê-lo dentro de mim a força. Passou, aquilo passou, mas parece que acontece todos os dias. A sensação é cruel.

      — Só me responde uma coisa — papai retoma a palavra. Então espero que ele faça a pergunta. — Foi o Lucas?

    O quê? O Lucas? Por que seria o Lucas? Eu não entendo porque o meu pai pensaria que poderia ser o garoto de ouro dele.
   
     Nego com gestos contínuos de cabeça:

      — Não. — Seria um choque para o meu pai descobrir que ele confiou em alguém sujo. Mas ele já está decepcionado o bastante para acabar descobrindo que teria sido o Lucas. Seco o rosto e finalmente consigo encarar meu pai cara a cara. — O Lucas me defendeu.

     — O Lucas sabe quem é? — pergunta Fran. Assinto enquanto pisco devagar. Meus olhos ainda ardem por causa do choro e da noite mau dormida. Tudo está pesando ao mesmo tempo, e meu auto controle está se esvaindo aos poucos.

     — Quem foi? — pergunta papai. Meu silêncio sai como uma resposta. Por um momento sinto uma coragem insana e tento falar, mas a minha voz só ecoa sem palavra nenhuma. De repente eu me encontro naquela noite, me vejo naquele momento. Fecho os olhos e os aperto. Seguro os cabelos e aperto meus dedos no couro cabeludo. A voz de Kevin enquanto me elogia ecoa na minha mente, e começo a me mexer na cadeira. Tudo está doendo, cada célula do meu corpo está gritando. O hálito de bebida dele está me causando náuseas, e meu estômago está começando a revirar. Suas mãos em meu corpo estão me criando pânico, e o contato dos nossos corpos quer me fazer gritar. O Kevin está aqui, o Kevin está em mim, e isso está acabando comigo.

      — Emily — chama Fran. E outra lágrima faz cócegas em meu rosto.

     — Não consigo — retruco com minha voz mais grave pelo choro. — Eu não consigo falar. Ele tá aqui.

     — Ele não tá aqui — insiste Fran tentando me fazer ficar calma.

     — Não aqui — indico o ambiente. Toco meu coração. — Aqui. — e subo minha mão para minha cabeça em seguida. —, e aqui.

      Meu pai esfrega o rosto com as duas mãos. Era uma expressão que eu esperava. Ele não está nada feliz com isso, e eu também não. Aconteceu tão repentinamente, tão prematuramente. Eu não estava pronta, e ainda não estou pronta para enfrentar isso. A Lara foi uma puta filha da puta por fazer isso comigo. Talvez um dia eu agradeça ela por isso, mas quer saber, nesse momento eu imagino que nunca na minha vida eu vou agradecê-la por me expor dessa maneira.

     — Emily...

     — Gilberto — Fran intercepta meu pai. — Deixa que eu falo, por favor. — Fran indica para que ele pare, e continua com a mão levantada até que me pai assinta, e dê a ela a palavra. — Ele não tá aqui, Emily. Não precisa ter medo.

      — Não dá, Fran — nego com a cabeça sentindo uma nova onda de lágrimas invadindo meus olhos. — Não dá, pai — nego mostrando com os ombros dessa vez. — Me perdoem, eu não tô conseguindo. Me perdoem pela decepção. Me perdoa, pai.

     Uma onda de silêncio é abafada pela minha nova choradeira. Francine suspira fundo, e meu pai continua com os olhos escondidos por trás dos dedos. Eu não queria fazer ele passar por isso. Parte de esconder o que o Kevin me fez, era poupar o meu pai de estar aqui nesse momento. Eu não confiava nele, e eu sabia que ele iria querer fazer alguma coisa... eu tenho certeza que meu pai vai querer.

     — Quem está decepcionado sou eu — ele retruca, e percebo que sua voz está muito pesada. Ele engole em seco. — Eu não consigo imaginar você. — Me olha, e vejo que está no mesmo estado destruído que eu. — Minha princesinha sendo quebrada. Eu não consigo, Emily. Eu não quero nem pensar que esse... — lágrimas rolam juntas a expressão de ódio em seu rosto. — esse maldito tenha feito com você... Você — ele direciona a mão para mim bem rapidamente. — Eu não consigo nem pensar. Minha menina sendo estuprada por um verme, um ser nojento. Se eu pudesse eu matava ele! — declara. Meu pai respira, e eu tento controlar o novo sentimento de raiva e sofrimento por ser a causadora disso tudoi. — Eu sei que você não quer falar. Mas você também não vai poder me culpar de tomar as minhas medidas... é. — eu disse.

     Meu pai se recompõe, ou tenta pelo menos enquanto seca os olhos com a camisa. Olho para Francine em busca de alguma ajuda, mas ela não se impõe. Está do lado dele. A mulher que é a minha amiga está com as mãos dobradas no colo, e tudo que ela poderia dizer está calado no fundo da garganta.

     — Eu não sei onde foi que aconteceu, Emily, mas eu vou descobrir. — a onda repentina de coragem dele o faz forte. Seu peito se enche com o fôlego faltante. — Eu vou colocar esse miserável na cadeia. Ele vai morrer na prisão. Maldito! — papai me olha com muita pena nos olhos. Decerto está imaginando algo que nunca vai saber de verdade como é passar. Talvez se sinta envergonhado por ser parte do mesmo gênero que o Kevin. Contudo, de verdade ele nunca vai saber como é acordar todos os dias se sentindo violada. — E depois das férias você vai estudar no limeiras.

     — O quê?! — Sou pega de surpresa. Por esse golpe eu não esperava. Que meu pai fosse caçar o Kevin eu já imaginava, mas ele querer me mudar de escola já é demais, não é?

     A sombra no olhar da Fran me diz que isso não é demais. Isso é uma medida cabível para não resolver o problema, mas para me afastar de tudo. Eu me afastaria muito de boa da Alexia e do maldito estuprador do Kevin, e aquele amigos nojentos dele. E olha, eu me afastaria do Lucas também sem pestanejar. Mas ele não pode estar querendo me afastar dos meus amigos. Ele não seria capaz disso, seria? Não, ele não vai fazer isso comigo.

      — Pai, não.

     — Emily, não — ele me imita. Mas como eu tenho os meus motivos, ele tem os próprios motivos. Esses motivos, porém, sao razões para o meu bem... ele acha pelo menos.

     — Pai, eu tenho amigos lá.

     — Então foi no Estevão. — ele tava me testando? Não acredito. — Emily, você não volta mais praquela escola maldita. — exclama com o ódio gritando pela voz.

    — Pai... — ainda estou tentando me situar diante disso. — não pode me proibir de ir pra escola. — que irônico... a um mês atrás eu estaria implorando para passar o dia trancada em casa.

     — Eu posso, e eu vou. Antes das férias eu vou na escola e vou exigir a sua transferência.

    — Pai, eu tenho amigos lá! — repito com uma leve alteração na voz. Então ele me nota. — Não me tira do Estevão, por favor... por favor.

      Meu pai parece analisar meu pedido, mas vejo que ele está irredutível. Não vai voltar atrás, e realmente é pedir demais de um pai que está sofrendo o abuso de sua filha, mesmo depois de vários dias. Mas de que importa os dias se isso não vai embora nunca.

      Os lábios carnudos de meu pai se armam, mas antes que ele diga alguma coisa, Fran dispara na frente:

     — Eu também sou culpada. — com isso consegue nossa atenção. Culpada? Culpada de quê? Será que ela sabe que tudo aconteceu no baile? Será que acha que por me apoiar a ir tem alguma culpa? Eu não culpo a Francine e meu pai por querer que eu fosse me divertir. Eles não tiveram nenhuma má intenção comigo naquela noite. Estavam super pilhados, e queriam que eu fosse. Desejaram até que eu fosse a rainha do baile. Nunca cheguei a mencionar também que a rainha desse ano foi uma garota que eu não conheço. Ouvi muito vagamente na segunda daquela semana que uma tal de Marta se tornara a rainha, e que o Thiago, com muita novidade, o rei. Ele dever ter gostado da moça com cara de mais velha. Mas no momento eu preciso fazer de tudo para poder aproveitar o seu reinado no Estevão. Contudo, minha voz está abafada no fundo da garganta pela confição mentirosa de Fran.

     — Emy. — umas das poucas vezes que ela se refere assim a mim. Francine se inclina e toca meus joelhos fazendo círculos com os dedos. — Antes de você chegar, eu convenci o seu pai e te matricular no Estevão. — conta. Isso não torna ela culpada de nada. — Ele queria te colocar no limeiras desde o início, mesmo que o ensino não seja muito melhor. Ele achava que se você estudasse um pouco mais perto do trabalho dele seria mais seguro. Ele tava pensando na sua segurança. — agora eu entendi onde ela quer chegar. — Mas eu disse que seria bem legal se você conhecesse o nosso passado. Seria legal para a sua geração. Eu fiz ele acreditar que poderia ser legal estudar no Estevão. Tirei você da segurança que o seu pai estava certo em querer te dar, e te joguei no inferno.

     — Do que você tá falando, Fran? — se a coisa aconteceu mesmo dessa forma, eu só tenho a agradecer. Sem ela eu não passaria por nada. Eu não sofreria bullying, eu não teria conhecido a falsilexia ou o maldito do Kevin; não teria conhecido meus amigos... minha segunda família! Eu não saberia da existência do Lucas, e ele ainda me acharia como um personagem onírico até nos encontramos por aí. Sorrio o máximo que consigo para ela. Francine não sabia, mas estava colocando a minha vida nos melhores trilhos que podia. Pego suas duas mãos e sinto o macio envolver as minhas. — Fran, você fez a melhor coisa do mundo. Graças a você eu conheci meus amigos.

     — Amigos homens — complementa papai. Como ele sabe? A resposta para a pergunta me surge quase que de imediato. Se não a Francine a Tábata. — Eu espero que eles te respeitem.

     — Eles não são estupradores, pai! — brigo em defesa deles.

     — Ninguém sabe o que eles fazem depois da escola.

      É sério que ele tá falando isso? Sério que meu próprio pai está agindo como uma babaca idiota? Gilberto é o meu pai, o amo e tudo, mas ele tá pegando pesado com meus amigos soltando esses comentários maldosos. Eu não sei porquê ele está fazendo isso. Me proteger eu até entendo, mas colocar os meus protetores escolares no lado errado dessa confusão está ficando cada vez mais ridículo. Não pode julgá-los só porque eles tem um pau. Eu espero que o Gilberto não pense que eu estaria melhor com a Alexia e as amigas dela. Eu nunca trocaria os meus amigos de pau por aquelas falsas. De repente acabo achando importante mencionar uma parte daquela noite que acaba me ocorrendo. Meus lábios começam a se mover simplesmente:

      — Sabe, pai — mordisco os lábios. Eu não gosto de nenhuma lembrança daquela noite. Beijar o Lucas deveria ser uma boa recordação, mas nenhum segundo daquelas malditas vinte e quatro horas, e da semana que se sucedeu, foram bons para mim. Encaro o furo no meio do bolo enquanto minha mente viaja para aquele momento. —, depois de tudo... era tarde... Eu saí sozinha, eu fui embora sozinha. Eu não tava aguentando o cheiro, não tava aguentando a temperatura e nem as pessoas. Eu só queria ir embora. E fui — tento não chorar novamente. Devo está parecendo uma palhaça com o rosto todo borrado de maquiagem. — Eu fiquei vagando sozinha de madrugada... A única pessoa que se deu conta do meu desaparecimento foi o Thiago. — meu pai me olha com desentendimento. Ele ainda não conhece o Thiago. Acho que já o viu uma ou duas vezes, mas nunca se falaram. — O Thiago foi me procurar, pai. Ele saiu com o carro meio bêbado. Se arriscou a ser parado e perder o carro pra me procurar. — aperto os olhos com as mãos lembrando do meu amigo derrapando com os pneus na minha frente naquela madrugada sombria. — Se ele não tivesse me encontrado, não sei se eu estaria aqui agora. Porque naquela noite eu não queria mais viver.

      Os lábios do meu pai se contraem enquanto ele também tenta não chorar mais. Espero que com esse relato permita que outro cara entre em seu coração, e também espero que ele deixe o Lucas partir.

     — Foi ele quem me salvou, pai, o Thiago me salvou. — faço uma breve pausa notando que minha camisa do trabalho está borrada de maquiagem preta. — Foi pra ele que eu contei o que tinha acontecido. Você não percebeu quando chegamos. Mas ele não me tocou, mas me trouxe em casa. E eu contei pra ele. E foi isso.

      Meu pai parece bem frio agora com essa história.

     — Ele bateu no maldito? — pergunta. Por um momento fico sem reação. O meu silêncio expressa a minha incredulidade. Essa pergunta veio mesmo do meu pai?

     — Não, não bateu.

     — Como quer que eu goste dele, então? — Não brinca que ele está baseando seu gosto em um ato de violência.

     — Alguém bateu, pai. — Tomo o controle para não contar que foi o Lucas. Eles já tiveram bastante informação, e eu prefiro mantê-los fora, mesmo agora que já estão sabendo de tudo. — E foi através do Thiago que o maldito tomou uma surra.

    Por algum tempo meu pai insiste em ser uma pedra enquanto nos encaramos. Mas então observo enquanto seus ombros sobem e descem quando ele relaxa. Se soubesse que foi o Lucas, com certeza daria um jantar em sua honra. Mas agora voltando ao assunto que ainda está levando a minha paciência além disso tudo:

      — Não me tira do Estevão, pai. Todos os meus amigos estão lá — peço quase implorando.

     Gilberto ainda me olha, e desvia para Francine. Eu não entendo a dificuldade de me dar uma simples resposta. E enquanto ela não diz nada eu continuo com os pés sobre uma corda bamba.

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