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07 Para onde ir






               — Oi, posso ajudar? — pergunto a senhora que está perdida nos vinis a sua frente.

     — Ah sim, claro — responde virando-se para mim. — Quanto tá saindo esse disco do Scorpions? — Me aponta o produto em sua frente.

     — Dona Lara — exclamo surpresa com a mãe do Lucas na loja.

     — Do nada me deu uma vontade de ouvir a voz desse cara na minha casa novamente. — Lara me mostra um sorriso fino que faz covinhas nascerem na lateral dos lábios. — E gostaria de poder trocar umas palavras com você, Emily. 

     Troco olhares com meu gerente do outro lado do balcão. Tony está vidrado em nós duas, e nós dois sabemos que a aparição repentina de Lara aqui na loja não é uma mera coincidência de uma pessoa que está com saudades de uma voz antiga.

     — Posso te ajudar no disco — refuto movendo os ombros. —, mas dependendo do assunto, não sei se quero falar com você agora.

     — Pode ter certeza que não é esse o assunto.

     Eu não quero falar com a mãe do Lucas nesse momento. Não fui cruel com ele atoa, eu tenho medo de me apaixonar por ele outra vez e sofrer mais ainda. O que eu tô falando? Eu já sou apaixonada por ele, e eu já sofro também. Mas com esse tipo de sofrimento eu consigo conviver, não sei se suportaria ser abandonada outra vez em alguma casa de jogos aqui do centro. Então, o único meio de afastar o Lucas de mim era sendo cruel. O destino sempre nos aproximou mesmo depois de todo esse problemão com o trio de piranhas da Alexia. Mas agora estou determinada a esquecer ele de uma vez por todas. Vocês acham que eu consigo? Não? Eu também não, mas tentar não custa nada.

     — Eu sei que você não quer falar comigo porque eu sou a mãe dele — diz o que está claro como a água aqui. — Não precisa se preocupar, nada do que a gente conversar ele vai saber. Eu não vou contar, nunca contei.

     — Tony, vou fazer meu horário de café agora, pode ser?! — Ela me convenceu. Bem rápido, mas convenceu.

     — Não tem problema, contanto que você volte antes dos quinze. — Tony pisca para mim. Eu entendo que ele está tentando me salvar dessa situação toda. O movimento na loja está moderado, então não tem porque eu fazer apenas dez minutos de café.

     Assinto olhando para ele.

     — Eu vou ser rápida — profere Lara. — Você pode embalar esse vinil pra mim, jovem? Meu filho amava essa banda. O Lucas vai pirar! — comenta toda animada.

     Deixamos a loja de cds rumando ao cyber café do outro lado da rua. As nuvens que cobriram o céu por todo a manhã, mostraram para o quê vieram, e uma chuva leve está caindo. Por mais que o dia não esteja climaticamente esperado para o litoral, o dia está agradável, ainda mais para se tomar um café com a ex sogra! A loja de cd não fica tão longe do shopping no centro, então está bem estrategicamente colocada em um lugar, mesmo que tenha alguma concorrência.

     Tento não dizer nada na direção para o café, e para abafar um pouco do clima tenso que está entre nós duas, conserto o rabo de cavalo atrás da cabeça. Dona Lara também não expressa nada, e isso piora o momento. Minhas rezas mentais param no momento em que nos sentamos de frente uma para outra no café. O ambiente é climatizado para ser totalmente agradável. O aroma forte de café com leite toma o ar, fora que está bem quentinho aqui dentro. Para onde se olha se encontra muitas mesas com computadores antigos. O dono com certeza paga uma nota na manutenção dos dinossauros para tornar tudo muito épico para época. Laura uma vez me disse que ele gosta de manter a aparência dos anos dois mil e cinco em seu estabelecimento. Minha amiga atendente do café adora contar histórias sobre seu tempo de trabalho para o homem, e eu adoro ouvir.

    — Você tem dez minutos, dona Lara. — digo me forçando a deixar as lembranças para trás, assim que a própria Laura aparece para nos atender. — O de sempre, Laura — peço para moça com um loiro mais vivo que o meu, alta e magricela.

     — A senhora.

     — Um café com leite na medida, por favor — pede a mãe do Lucas. Laura digita em seu telefone móvel e se distancia para uma outra direção. Esse café poderia sair em dez segundos já que estou roendo as unhas. Certamente o Lucas contou para ela sobre a armação da Alexia, e decerto ela veio aqui para me convencer a tentar dar uma chance para o filho dela que está sofrendo horrores e não para de chorar desde a terça feira quando toda essa merda foi jogada no ventilador. — Emily, o Lucas me disse uma coisa ontem a noite.

     — Então ele foi chorar no colo da mamãezinha? — solto sem ligar muito para o que ela vai pensar.

     Lara me olha estreito, como se não fosse eu quem tivesse dito isso. De fato ela me acha muito educada para acabar perdendo parte da minha civilidade com uma pessoa mais velha. Mas como eu disse para o Thiago ontem de manhã, eu tô exausta de toda essa baboseira entre eu, Lucas e Alexia. E também estou cansada da Natalia, do Kevin e as vezes até do Estevão eu me canso. A mãe dele fica em silêncio, e eu acho que está esperando um pedido de desculpas que não vai vir. Ela veio aqui, ela me arrancou do meu trabalho, e agora eu espero que consiga aguentar algumas ironias e grosserias também.

     — Não... na verdade ele já não chora no meu colo a mais tempo do que eu imaginava — refuta calma. Um minuto depois, Laura patina em nossa direção com uma bandeja contendo duas enormes xícaras fumegantes de café com leite.

     — Nada para comer? — indaga prontamente alternando olhares entres nós duas.

     — Eu não tenho muito tempo para comer, Laura — respondo como uma piscadela para a moça um ano mais velha que eu. Laura se volta para Lara. É tanto L na minha cabeça que eu acabo até confundindo quem é quem. Lucas, Lara, Laura. Sei lá!

     — Não, muito obrigado. — Lara pega o copo depositado a mesa e leva aos lábios.

     — Se precisarem, só chamar. — Eu também sou feliz com o meu trabalho, mas não consigo ser tão animada como a Laura. As vezes eu venho aqui com a intenção de arrancar para mim um pouco dessa força de vontade e alegria com qual ela atende sua clientela. Mas voltemos a Lara.

     — Vai em frente. — Encosto o macio da xícara nós lábios e sinto o gostinho do amargo e doce ao mesmo tempo na boca.

     — O Luquinhas me disse que você o chamou de estuprador maldito.

     A xícara vacila e minhas mãos, e a apoio sobre a mesa para não derrubá-la. É por isso então que ela está aqui? Lara veio me dar um sermão ou veio me xingar porque eu chamei o filho dela de estuprador sem intenção alguma? Fico imóvel e sem saber por onde me explicar. A pior parte disso tudo, é saber que se ela quiser fazer um escândalo por causa disso vai ter total direito.

     — Estuprador do caralho... — corrijo. — Mas eu pedi desculpas pra ele no mesmo momento — respondo analisando cada canto onde posso enterrar minha cara agora. Não sabia que o vínculo do Lucas com a mãe era forte assim. — Não queria chamar ele assim. Mas você sabe, as vezes eu não consigo controlar o que sai da minha boca.

     Lara dá uma golada farta em sua xícara como muita delicadeza, como se fosse de alguma realeza, e mostra uma careta pela temperatura alta do líquido. No momento isso é o que me inibe de perder a sanidade aqui na frente de tantas pessoas. O café me mantém em mim, e não me permite sair daqui. Eu não queria conviver com isso, e definitivamente eu não queria ter sido estuprada pelo maldito do Kevin.

     — Eu sei, ele me disse isso. — seu tom é calmo, e acho que ela não vai dar nenhuma de louca agora. — E eu vim aqui por isso.

     — Por isso? — inquiro confusa. — Isso o quê?

     — Isso, Emily. O Lucas não é um estuprador. Eu confio que o meu filho não faz essas coisas. — Lara faz uma breve pausa. — E ninguém chama ninguém de estuprador maldito sem motivo.

     — Estuprador do caralho — corrijo outra vez.

     — Seja o que for.

     Estou começando a entender onde Lara está querendo chegar. Pego a xícara de café fumegando e engulo quase toda a bebida tentando afastar esse pensamento. Digo para mim mesma que não é isso, e que ela veio aqui para pedir que eu tente pensar em dar alguma oportunidade ao seu filho. Mas não posso ficar bebendo café para sempre:

     — Não tô entendendo onde você quer chegar com isso, dona Lara. — Me faço de desentendida.

     — Então me deixa perguntar logo de uma vez. — Lara engole em seco e entrelaça os dedos. — Emily, alguém abusou de você?

     Sinto cada pedacinho do meu corpo congelar com sua pergunta. Me sinto uma estátua. Ela sabe. Lara... sabe. Eu não acredito, não acredito que ele fez isso comigo. O Lucas havia me prometido que não contaria para ninguém, eu não consigo acreditar que a palavra dele também perdeu o valor. Respiro fundo com a cabeça procurando por várias desculpas para falar, muitas delas são idiotas e consigo soltar a única e mais obvia de todas:

     — O quê? De onde você tirou isso?

     — É a única explicação que faz sentido pra mim. — Lara está calma e ingere mais um gole de café. Que tipo de mulher ela é? Será que é uma psicóloga? Não, não é, mas tem vocação para ler emoções. — Se o Lucas não abusou de você, e ninguém mais abusou de você, a outra explicação seria que você teria xingado meu filho por pura maldade.

     — Não foi por maldade! — E eu, como sempre, sou uma bomba de pura emoção. Tenho que aprender a controlar a língua as vezes.

     — Eu sei que não. — Outra pausa se acompanha ao som da xícara em contato com o carvalho da mesa. — Então você não respondeu a minha pergunta. Foi, ou não foi?

     — Não — respondo rápido com um tom suave. Tenho medo que meu nariz cresça como o do Pinóquio a cada vez que minto mais. Tenho mentido muito atualmente. Menti para o Lucas, para meu grupo de amigos, eu menti para a Francine e menti para o meu pai também. E agora estou mentindo para Lara.

     — Você sabe que mente muito mau. — Lara já não está mais alegre, e a minha mã mentira causou isso nela. No momento Lara encontra-se paralisada, e eu, nervosa.

    — Lara, eu não sei bem o que o Lucas te falou. Mas eu não fui estuprada.

     — Então vamos fazer assim, Emily. Me diz isso... mas fala olhando dentro dos meus olhos.

     Me levanto da mesa. Acho que já deu para mim. Mas ainda assim encaro Lara bem no fundo dos olhos. Sinto meus lábios tremendo na tentativa de continuar com a força. Lara tem um poder impressionante sobre mim, sobre nós. E mais uma vez me encontro como naquela tarde, com o peso por cima dos meus ombros. Ela me coloca uma pressão como daquela vez que quis ouvir de mim que eu tinha traído Lucas e eu não consegui falar tudo aquilo. Ela tem uma coisa que a torna forte, algo que me faz sentir intimidação. Meu corpo quer sair correndo, contudo, não consigo mover nenhuma das minhas pernas.

     — Emily, eu tô preocupada com você — continua diante do meu silêncio. — Pode parecer outra coisa. Mas eu não consigo imaginar o que você tem passado desde que isso aconteceu. Eu tô querendo ajudar. Mas você precisa falar pra mim.

     — Não aconteceu nada, Lara — consigo finalmente pronunciar algo. Me sinto orgulhosa por mentir olhando direto no fundo de seus olhos. Agora que eu consegui omitir o meu maior segredo encarando Lara com força, não tenho mais perdão. Uma mentira leva a outra, e leva outra e eu tô cansada de sempre estar inventando mentiras para cobrir outras. O problema é que essa é a mentira mais necessária da minha vida, então eu vou me forçar a inventar quantas outras forem necessárias para enterrar isso.

      Minha ex sogra apoia o rosto na mão:

     — Não acredito em você. — Arqueio a sobrancelha. O arrepio percorre minha espinha e me causa um tempo entre um suspiro e outro. Os dez minutos já acabaram? Porque para mim essa conversa já durou uma eternidade. — Emily, você precisa de cuidado.

     — Cuidado? — pergunto. — Você tá mesmo me forçando a contar uma coisa asquerosa assim?

     — Então eu tava certa.

     — Eu não disse isso! — começo a me alterar aos poucos. Não estou conseguindo me conformar que ela descobriu. Isso só pode ser um pesadelo. Enterro as mãos nos cabelos.

     — Eu deduzi isso.

     — Deduziu errado!

     — Calma, Emily. Eu tô preocupada com sua saúde mental depois de tudo.

     — Minha saúde mental agradece! — refuto com aspareza. Não acredito que ela sabe. — Nosso tempo acabou!

      Lara suspira, e eu espero que isso seja uma desistência.

     — Emily, isso não pode ficar impune — diz para mim. — Imagina quantas garotas por aí já passaram pela mesma situação. Imagina quantas garotas você vai salvar se puder conversar com alguém.

     — Eu não sou uma heroína, Lara! — sinto os olhos enchendo d'água. Ela descobriu, mentir agora é só me afundar mais. Então: — Eu sou uma menina, e eu tenho um coração!

     — Você pode salvar outras meninas que também tem um coração.

     — E quem vai me salvar?! — pergunto. Não acredito que ela ainda está me forçando. A mulher a que eu sempre tive uma admiração especial, que eu achei que fosse compreensiva, com quem eu criei um elo forte. Essa mulher na minha frente é mesmo a dona Lara? — Você já imaginou que eu não tô pronta pra isso? Já chegou a pensar o que sinto de pensar nisso? — Lara morde lábio e fica em silêncio. — Eu sinto nojo, Lara. Sinto vergonha. Você sabe o que é acordar todos os dias e não saber mais o que você é? O que é ter que por um sorriso nos lábios todos os dias e tentar sempre colocar na sua cabeça que tudo vai melhorar sem ter certeza disso? Você acha que é fácil?

     Dona Lara se nega, e eu vejo que ela está se sentindo atingida. Seu olhar foge do meu.

     — Eu não sou a porra de um garota forte, Lara! — tento não ser grossa, mas meu tom não consegue esconder que ela me tirou a sanidade e acabou com meu dia. — Tenho medo disso o tempo todo. Sempre que eu vou pra escola, que venho pro trabalho! Sempre que eu entro num ônibus com muita gente. Quando um cara me toca mesmo sem intenção alguma, eu tenho medo. Eu me apavoro. — Faço uma pausa sentindo minha respiração falhando, e os prantos molham meu rosto. Eu preciso chorar para não ter que partir a mesa em dois. — Quando um cara se aproxima, ou me olha com desejo eu sinto nojo... o tempo... todo, eu tento me esconder de todos. Então não venha me levar para tomar um café e achar que pode me forçar a querer salvar outras garotas!!! Ninguém me salvou quando eu precisei ser salva! Você não tava lá, o Lucas não tava lá, as outras meninas não estavam lá! Eu tava sozinha com ele, e tava fraca e ele se aproveitou de mim! Você sabe o quanto isso dói? — Dou a Lara a chance de defesa, e quando ela não diz nada nego com a cabeça. Seco uma nova lágrima com a mão. — Eu imagino que não. E eu espero de coração que você nunca tenha que saber o que é ser estuprada.

     — Emily...

     — Não, Lara, a nossa conversa acabou! — impeço que ela continue. Eu tô cheia disso. Ela queria a verdade? conseguiu a verdade, mas não me peça para continuar com isso. Lara engole em seco.

     — Eu só tô preocupada com você — argumenta com a voz suave.

     — Muito obrigada pela preocupação. — deslizo a mão pelo bolso da calça do trabalho e tiro duas moedas de um real. — Muito obrigada mesmo. — Coloco o dinheiro na mesa e saio na direção a porta. Quando deixo o estabelecimento a garoa fina e fria está mais forte. Os dias estão acompanhando meu humor mais um vez. O clima já estava gelado quando deixei a loja, e agora está chovendo depois de ter essa fonte de lembranças ruins com a Lara. Preciso voltar para o trabalho, mas se não tivesse um horário para cumprir eu juro que eu enlouqueceria.

     — Como foi? — pergunta Antônio assim que volto para a loja. Desde quando eu me tornei um espelho? Estou refletindo minhas emoções. Não estou chorando no trabalho, e também não estou nenhum pouco preocupada com que ela vai fazer agora. O que será que a Lara vai fazer agora? Esfrego os olhos com o pulso e respiro fundo. Onde está a paz que um dia eu prometi para a memória do Fabrício? Onde está a parte de viver bem por nós dois? Eu não tô vivendo, estou sobrevivendo, e cada dia que passa, respirar fica mais difícil. Eu deveria desistir e jogar tudo para o alto. Deveria cortar os meus pulsos e sangrar até morrer e então conquistar a minha almejada paz.

     Fecho os olhos.

     — Não desiste de você — pede a razão. — Eu tô aqui pra te ajudar a superar. Você vai conseguir.

     Respiro fundo, e respiro novamente forçando meus pensamentos a voltarem para seus devidos lugares. Estou no trabalho e não posso em nenhum momento me dar o luxo de pensar. Eu não vou voltar a pensar em suicídio, não vou.

     — E se você pensar novamente eu vou te colocar por uma hora na solitária com a sensação, estamos entendidas? — A razão não ficou muito feliz com minha opção de escape para tudo.

     — Foi bem, Tony — respondo a verdadeira figura física no recinto, mas trocando olhares com a minha figura psicológica.

     — Então vou fazer meu horário de café agora — declara vindo de onde estava escondido nas prateleiras. Ele para de frente comigo e me analisa com atenção. — Tem certeza que tá tudo bem? Eu posso ficar e te dar o meu horário de café para respirar um pouco. Não preciso ir se não quiser.

     Deixo de encarar a outra Emily e passo a encarar o meu chefe dessa vez. É tentadora sua proposta, mas além de injusta é absurda. Cada um de nós tem o próprio tempo, e o Tony já faz muito por mim aqui dentro.

     — Tenho certeza, Tony. — Tento sorrir com aflição que bate forte. Um sorriso que mostra que nada vai bem, mas que vai ficar tudo bem. — Eu consigo cuidar da loja. Você sabe que sim.

     — Claro, eu confio em você. — Antônio se aproxima de mim e me beija a testa. — Dançarina louca.

     Assim ele se despede e se direciona a saída enquanto o sigo com os olhos. Desaparece um pouco depois, e novamente estou aqui, sozinha.

     Respiro fundo e tento me aliviar indo até uma lateral da loja e pegando uma das caixas de novas encomendas. As lojas do Léo logo serão mais que lojas de cds. Ele está investindo em instrumentos musicais também, e tem até pequenos funko pops rockeiros para a decoração! Enquanto procuro lugares para o Léo começar a expor os instrumentos e objetos pela loja, deixo o rádio em um volume um pouco mais alto que o normal na loja. Atendo a dois clientes que entram e tem procurando músicas específicas. Uma moça que procurou Katy Perry, e um cara mais rockeiro, por Avanged Sevenfold. Ele me lembrou o Lucas com a voz mais grave que o comum e diferente dos outros rapazes. Quando termino de atendê-lo, e lhe passo o troco. Acabo me atentando a uma notícia que a locutora conta na rádio. Por mais triste que seja a história, eu preciso ouvir outras vidas para poder esquecer da minha derrotada por um tempo. Em Minas Gerais uma mãe acabou assassinando o próprio filho por ele gostar de outro rapaz. Isso é triste. Como uma mãe poderia causar a morte do próprio filho? Crescendo com a dona Estela, minha mãe, e dona Mariana, nunca tive um modelo de mãe que não fosse cheia de amor e proteção. Mas o mundo não é perfeito, e eu sei muito bem disso... agora.

     Depois das oito, Tony e eu tomamos um sorvete no shopping depois do expediente antes que eu fosse para casa. Eu teria ficado na rua se eu soubesse o que me aguardava. Fecho a porta, e tiro as sapatilhas para então permitir que os meus pés respirem. Solto os cabelos e os jogo por cima dos ombros. Caminho pela entrada já estranhando a calma. O bom aroma do tempero de Fran deveria estar tomando todos os ambientes da casa agora, e risos deveriam estar ecoando em sua companhia. Mas tudo está quieto como se não tivesse ninguém. Será que eles saíram? Foram no cinema, ou passear com a mãe da Fran? Meu pai sempre me avisa quando vai levar as duas para sair. Por que hoje seria diferente? Porque não é diferente.

     Atravesso para a sala e encontro alguém. Alguém, Francine. Fran está sentada no sofá de costas para mim, e a figura do meu pai não está presente.

     — Oi — exclamo na tentativa de saber o que está acontecendo.

     — Oi, Emily. — Fran se volta para mim, e ela não está normal, assim como essa noite.

     — O que tá acontecendo? Cadê meu pai? — pergunto ainda entre a entrada e a sala.

     — Ele tá no quarto.

     — Ah sim, eu vou tomar banho — declaro atravessando pelo cômodo.

     — Emily, a Lara me ligou. — meus pés paralisam diante disso. Sabe aquelas músicas clássicas que tem sempre um homem gordo que tem um vozeirão e dá um show? Pois é, começou a tocar na minha cabeça.

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