O cumprimento de sua promessa se iniciou de maneira avassaladora para Evan. Após um ano extremamente difícil, onde ele levava a vida de forma automática, sem diversão alguma, o trabalho era a única coisa em que conseguia se concentrar.

Megan ainda insistia que ele não se afastasse de Emily daquela forma, que deixasse ela decidir o que seria melhor para os dois, mas ele estava convicto em sua decisão.

Sabia que ela havia se recuperado bem do incidente, que estava fazendo terapia e que havia se mudado para Nova York em busca de estudo. Alison havia cumprido com o combinado, passou todas as informações a ele e não mencionou sua presença em Los Angeles. Os pais da menina também aceitaram não tocar no assunto, desde que isso não deixasse a filha ainda pior.

A cada dia que passava, ficava mais difícil para Evan manter-se de pé. Sua convivência era restrita aos pais e colegas de trabalho. Saía da cama apenas pelo dever que lhe era imposto pela vida. Precisava comer, trabalhar e não preocupar aqueles que o amavam, fora a isso, ele apenas ia sobrevivendo.

Paul, pensando em tirá-lo daquele desânimo, fazer com que ele interagi-se com outras pessoas e firmasse de vez sua carreira, havia lhe instruído a pensar na possibilidade de cursar engenharia civil, para assim projetar-se de vez na empresa.

Por algum tempo, o homem só obteve negativas da parte do mais jovem, mas no ano seguinte, após suas férias ao lado do mesmo, Evan já estava vendo a perspectiva com outros olhos e parecia estar bastante entusiasmado com a ideia.

Era inegável que gostava da parte administrativa, seu trabalho era a única coisa que ainda lhe dava prazer na vida e, juntamente com seu pai, nada lhe passava despercebido em termos financeiros.

Seja por falta de experiência ou conhecimento, o mal funcionamento dessa área pode vir a ser um dos grandes responsáveis pelos problemas de gestão em uma empresa.

Os outros sócios não pareciam de acordo com sua transferência de área. Ele era muito bom no que fazia e era inegável que faria falta nesse setor, com toda a certeza, mas o pai queria mesmo um sucessor na sua área de atividade inicial. Parecia prestes a conseguir.

A engenharia sempre lhe facinou. Gostava de ver o pai envolto de números e maquetes bem trabalhadas de grandes prédios, na época em que o mesmo era apenas um funcionário da Soft Light em Nova York, onde ficava a sede da empresa.

Com a viabilidade de uma vaga garantida após o término de seus estudos, Evan sabia que aquela era uma oportunidade única e que desperdiçá-la seria uma tremenda imbecilidade de sua parte. Então, apoiado incondicionalmente pelos pais, ele ingressou na universidade de Miami.

Quatro anos após o início de sua jornada académica, Evan já havia obtido seu diploma e com uma estabilidade financeira razoável, era hora de alçar voos mais altos.

Seu estágio foi um ótimo acréscimo para sua nova carreira e agora que ele havia começado seu mestrado, assumiu o cargo de auxiliar de um dos maiores engenheiros da empresa. Howard Lecter estava entre os dez mais conceituados de sua profissão.

Sua antiga função, no setor financeiro, após o desligamento de Caroline, ficou a cargo de Ian. O rapaz era extremamente capaz, muito disciplinado e organizado, sem falar que esteve anos ao seu lado e já tinha uma prática gigantesca.

O cargo de auxiliar era fascinante e Evan mal podia crer que havia sido indicado para acompanhar Howard em um grande projeto que a matriz estava envolvida. A obra de um hospital particular em Albany, Nova York.

A construção era colossal e com certeza seria um grande aprendizado estar a frente daquilo, juntamente com Lecter.

Seus pais estavam orgulhosos com seu crescimento e assim que seu mestrado fosse finalizado, ele poderia vir a ser um dos engenheiros civis da Soft Light e finalmente assumiria o lugar de Paul, a frente dos diretores, como o mais novo sócio, representando o pai na cadeira que lhe cabia no conselho.

Apesar de sua aparência amadurecida pelo tempo, os cabelos mais longos continuavam sendo penteados de maneira desarrumada, muito embora sua barba por fazer, tenha se tornado parte do visual. Não era mais um garoto, havia se tornado um homem.

Sua vida particular, no entanto, não havia mudado quase nada. Com o namoro entre Ian e Megan, que já se estendia por anos, ele quase não tinha amigos para sair e manter um diálogo fora do âmbito profissional.

No final de semana que sucedeu sua promoção, seu primo e a então namorada, o haviam convidado para irem juntos até um bar, beber alguns chopp's e comemorar o novo cargo.

Mas após poucos minutos no lugar combinado, a conversa parecia não fluir. Se sentiu desconfortável diante do casal, não por eles o ignorarem, mas por não ter muito do que falar, além de trabalho, única coisa que Ian e ele tinham em comum.

Evan sabia o quanto precisava de alguma coisa motivacional em sua vida social, mas não estava sendo fácil para ele aprender a amar novamente.

Foram cinco longos anos tentando se estabilizar e os únicos relacionamentos duradouros que teve, durante esse período, foram com uma moça chamada Lori e outra de nome Rebecca.

Lori era uma loira baixinha e com belos olhos verdes, como os dele. Era muito simpática e espontânea, os pais de Evan a admiravam muito, por conta de seus trabalhos voluntários em clínicas infantis. Era uma boa moça e estava sempre pronta a ajudar quem quer que fosse.

Haviam se conhecido em uma parque. Evan fazia sua corrida matinal, enquanto a garota alimentava os pássaros em um banco próximo, onde ele sempre se alongava.

No início tudo pareceu transcorrer de maneira tranquila, mas ao longo do tempo, após todos os relatos sobre Emily virem a tona, Lori, já sentindo-se apaixonada, decidiu se afastar, por medo de sofrer com uma futura rejeição por parte do rapaz.

Já a segunda mulher era o total opostos da primeira. Rebecca Sommers era alta e voluptuosa, tinha os cabelos negros e os olhos igualmente no mesmo tom.

Evan a conheceu em uma boate bastante movimentada. Após uma semana exaustiva, seu colega de trabalho Jon Gilmore havia insistido que ele o acompanhasse até o local.

Mesmo a contragosto, Evan acabou aceitando o convite, para que o rapaz o deixasse em paz, pelo resto do dia.

Rebecca era amiga de Jon e já se encontrava no local quando eles chegaram. Era bastante falante e engraçada e isso deixou Evan interessado em conhecê-la fora daquele lugar barulhento e pouco acolhedor, então a convidou para jantar.

Ela aceitou seu convite e já no dia seguinte, os dois se encontram novamente. Diferente de Lori, Rebecca não foi nada comedida e os dois terminaram a noite em um motel.

De imediato, Evan sentiu-se atraído pelo modo liberal e sem pudores da jovem. Ela topava qualquer loucura que envolvesse prazeres carnais e isso, para um homem, era bastante excitante.

Mas com o passar do tempo, o namoro deles se tornou algo estritamente sexual e isso passou a incomodá-lo. Ela era frívola, sem pudores e isso não fazia parte de quem Evan era.

Após o término entre eles, o rapaz decidira não mais tentar. Dedicou-se apenas aos estudos e trabalho e desde então, nenhuma mulher havia conseguido se aproximar dele por mais de uma noite.

Quando sentia-se só, ou seus extintos humanos imploravam por um pouco de carinho, ele saía para encontrar alguém que estivesse em busca do mesmo, mas nada passava disso, sexo e uma companhia feminina para saciar sua carência.

Tudo em sua vida gradativamente ia melhorando e se tornando realidade, mas ele sentia falta de estar sob o controle de alguém, de maneira sentimental.

A tempos não nutria sentimentos românticos por ninguém, nem mesmo um amor platônico, desses que se formam por uma vizinha, por alguém que passa todos os dias por você na rua, ou que trabalha no mesmo local. Nada. Não havia nada. Somente um imenso vazio e a falta de alguém para amar.