10. Quer ser minha namorada?
Emily acordou de um jeito que jamais imaginara na vida. Abraçada a Evan, da mesma forma que dormira noite passada. Pensou por um momento se havia feito o que parecia. Mas logo lembrou-se de que ele a tinha rejeitado. Ficou um pouco confusa, mas logo afastou os maus pensamentos.
Mexeu-se um pouco, tentando levantar sem acordar o garoto que dormia de forma tranquila. Mas sua tentativa foi em vão, quando Emily retirou o braço de Evan de sobre si, o garoto abriu os olhos lentamente e balbuciou - Bom dia, gatinha! Não vai fugir de mim de novo, vai?
Ela sorriu para ele, mas no instante seguinte, passou por sua cabeça, o quanto seu cabelo deveria estar horrível e sua cara péssima por causa da ressaca. Imediatamente cobriu o rosto - Vire para lá, não olhe para mim não. Devo estar horrorosa.
Evan riu daquilo que pensava ser uma bobagem da menina e com delicadeza tirou as mãos dela de sobre o rosto - Para com isso, sua cara amassada está linda para mim.
Olhou para ele e pode ver que o que dizia era sincero.
Ele se inclinou para lhe dar um beijo na testa - Vou ver se as meninas já estão de pé e preparar um café para nós.
Emily assentiu e se dirigiu ao banheiro. Lavou o rosto e tentou dar uma ajeitada em seu cabelo.
Quando adentrou a cozinha, viu Katie e Olivia sentadas à mesa e Evan parecia estar cozinhando algo.
- Gosta de Waffles, gatinha? - disse ele ao vê-la chegar.
- Hm, eu adoro! - ela lambeu os lábios - Bom dia meninas!
- Só se for para você! - Katie rosnou - Minha cabeça dói e para piorar, estou com os joelhos roxos, sem nem lembrar como isso aconteceu.
- Isso que dá beber tanta cerveja! - Emily alfinetou ainda chateada com a situação da noite passada. Puxou uma cadeira e sentou-se ao lado de Olivia.
Além dos Waffles, Evan preparou panquecas, bacon e café.
- Está tudo maravilhoso! - Emily falou, colocando uma garfada de panquecas na boca.
- Já pode casa, mano! - Olivia estava com a boca cheia de waffles e bacon.
- Namorada eu já tenho! - olhou para a menina sentada em sua frente. Emily engoliu em seco.
Ele havia dito namorada? Não sabia o que dizer, ficou paralisada, deixou o garfo cair e batendo na xícara acabou derramando quase todo o café de sua xícara.
- Pelo visto sua namorada, não fazia idéia que era sua namorada - Katie debochou bebericando o café.
- Bem... É que eu... - Emily queria explicar que havia sido pega de surpresa, mas Evan a surpreendeu mais uma vez.
- Sem problemas! - disse ele pegando a mão de Emily entre as suas - Emily Marshall quer namorar comigo?
Olivia deu um grito gutural - Ai meu Deus!
Emily estava atônita, não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Ela estava sendo pedida em namoro pelo irmão de sua amiga, em pleno café da manhã? Só lhe ocorreu dizer, gaguejando e com lágrimas querendo explodir dos olhos - Quero!
Olivia bateu palmas, Katie fingiu um sorriso e Evan inclinou-se sobre a mesa para beija-la. Derrubando tudo que estava por perto.
Emily deu uma gargalhada alta, talvez por culpa do nervosismo - A limpeza é por sua conta, namorado!
Após arrumarem a bagunça do dia anterior e a do café da manhã, Emily despediu-se de Evan. Precisava ir para casa e pensar na melhor forma de contar a sua mãe que estava namorando um garoto de 19 anos que a propósito, era irmão de Olivia e morava do outro lado da rua.
Após o almoço, sentaram-se juntas, como de costume, para assistir algo no televisor da sala.
- Mãe, você já conheceu Evan, o irmão de Olivia? - começou ela meio sem jeito de tocar no assunto principal.
- Sim - Elizabeth cruzou as pernas sobre o sofá, com uma xícara nas mãos - Anna nos apresentou na semana passada.
- O que você achou dele? - arriscou Emily.
- Parece um rapaz educado - bebeu um gole de seu café - Apesar de ser tão agressivo.
- Agressivo? - Emily franziu o cenho, indignada com o que acabara de ouvir.
- Ele agrediu o próprio pai com murros e empurrões. Ele é uma pessoa instável, Emily! - explicou seu ponto de vista, enquanto folheava uma revista.
- Mas foi para defender a mãe. - Emily rebateu - O pai dele que é agressivo.
- Para defendê-la ou não, bater no próprio pai nunca é a coisa certa a se fazer. Mostra que ele tem um temperamento forte e que se irrita facilmente - cruzou os braços - sem falar no fato que desde a confusão, o pai tem tentado por inúmeras vezes, se reaproximar dele, sempre tendo uma resposta negativa.
- Não sabia que a senhora era psicóloga para entender tanto de temperamento humano - Emily irritou-se ainda mais, estava a ponto de gritar com a mãe - Se a senhora acha que agredir alguém por puro prazer, é menos grave do que para proteger quem ama, então...
- Basta ter um pouco de bom senso, minha querida - a mãe bebericou de sua xícara - Os dois estavam errados, mas apenas um está realmente tentando se redimir - Elizabeth parecia não entender a atitude da filha - Mas porque essa irritação toda? E essa conversa sobre esse garoto? Não vai me dizer que...
- Não tenho nada com ele, se é isso que quer saber. Ele é bem mais velho e nem sequer olha para mim - Emily desistiu de contar sobre o pedido de namoro - Mas o acho um ótimo rapaz.
- Pois tanto melhor! Você nem ao menos tem idade para ter namorado, que dirá um tão mais velho do que você e problemático dessa forma - Elizabeth levantou-se do sofá - Vou fazer pipoca. Você quer?
- Não. Tenho muito dever de casa e é para amanhã! - virou-se e sem ao menos olhar para a mãe, subiu as escadas em direção ao seu quarto. Fechou a porta atrás de si, jogando-se em sua cama e se pondo a chorar copiosamente.
Como diria a Evan que sua mãe jamais aprovaria aquele namoro? Como partiria o coração daquele garoto tão amoroso que sua mãe pensava ser um monstro violento?
O dia que estava tão belo, parecendo uma tarde num campo repleto de flores, agora se tornara escuro, como dias de tempestade.
Não conseguia parar de chorar. Nunca na sua vida, havia sofrido por alguém daquela maneira.
Decidiu tomar um banho para aliviar um pouco seu desespero.
Quando deparou-se com seu reflexo no espelho, sabia que não poderia descer para jantar daquela forma. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, sua mãe notaria que estivera chorando.
Desceu até o andar de baixo, se esquivando de Elizabeth e foi até a cozinha preparar um sanduíche. Subiu as escadas rapidamente, com o prato e um copo de refrigerante, passando pela sala, sem olhar gritou para a mãe - Não vou jantar. Acabei de fazer um lanche. Estou com dor de cabeça e vou dormir cedo.
O pensamento, na hora de dormir, era claro; como Evan reagiria ao saber que seu pedido de namoro teria de ficar só entre os dois?
Dormiu, mas aquele pesadelo que a assombrava e que havia desaparecido com a presença de Evan em sua vida, voltara naquela noite.
Pela manhã, Emily levantou meio zonza e vestiu-se com a roupa de sempre. Procurou à mãe para se despedir, mas ela já havia saído, então abriu a porta e parou-se na varanda, a fim de esperar Evan e Olivia.
Seu estômago doía, mas não por sentir fome e sim pelo que estava prestes a acontecer.
- Bom dia! Agora eu posso chamá-la oficialmente de cunhada. Não é Em? - Olivia vinha em sua direção para lhe cumprimentar com um beijo no rosto.
- Bem... Eu... Eu preciso falar a sós com Evan um minuto. Você se importa Liv? - era agora. Tinha de ser agora.
- Não. Claro que não. - foi sentar-se no meio-fio do outro lado da rua.
O semblante de Olivia era de pura preocupação após perceber que algo havia acontecido e não era nada bom.
Evan aproximou-se de Emily. Estava ainda mais lindo, aos olhos dela. A camiseta branca deixava transparecer seus músculos, os olhos verdes brilhavam e o cabelo desarrumado parecia mais perfeito do que nunca. Seria difícil.
- Então, o que você quer me dizer? - ele parecia ansioso.
- Tentei falar com minha mãe sobre nós - pigarreou - Mas ela tem uma idéia completamente errada de você.
- Que idéia ela pode ter se mal me conhece? - cruzou os braços e recostou-se no carro.
- Sua mãe contou a ela sobre o incidente com seu pai, o que à fez pensar em você como um cara agressivo - sentiu seus olhos arderem - Tentei te defender, mas foi em vão.
- Não importa, agora que ela sabe da gente, vou até ela e explico tudo. Dará certo, você vai ver! - ele à abraçou.
- Ela não sabe. Quando insinuou que teríamos algo, eu fugi do assunto, disse que você nunca sequer me olhou.
- Porque você fez isso? - Evan se afastou de Emily e a lançou um olhar incrédulo.
- Porque notei a cara nada boa que ela fez quando demonstrei irritação ao vê-la falar de você - não podia mais aguentar, as lágrimas começaram a rolar por sua face - Ela é minha mãe, não posso travar uma guerra com ela. Não agora!
- Está bem Em, deixe para lá. Eu nunca deveria ter deixado isso acontecer. Você é muito nova e... - ele travou. Parecia pensar no que dizer - Vamos ser apenas amigos. Certo?
Emily começou a chorar inconsolável. Não conseguia dizer mais nada. Seu castelo perfeito havia desmoronado, ele estava terminando o que nem havia começado? Estava desistindo, como Katie dissera que ele faria? O sonho estava chegando ao fim. Era hora de acordar para Emily e o dia estava cinzento lá fora.
- Estamos atrasados - Evan estava frio. Não demonstrava compaixão ao vê-la desmoronar em sua frente.
Emily virou-se, mas não foi em direção ao carro e sim de volta a sua casa, fechando a porta e caindo no chão, aos pés dela. A dor era tanta que perdera as forças até mesmo para subir as escadas.
Alguns segundos depois de sua fuga, a campainha tocava incessantemente era Olivia - Em, abra a porta, por favor!
- Não quero conversar agora, Liv! - ela conseguiu dizer em meio a soluços e de seu desespero.
- Você não vai para a escola? - a menina não desistia - Vou de ônibus com você, se preferir.
- Eu não vou!
Após alguns minutos de insistência, Olivia desistiu. Sabia que a amiga precisava ficar sozinha por um tempo - Te ligo à tarde então! - não ouve resposta.
Não sabia quanto tempo havia ficado ali, na porta, caída ao chão em meio a lágrimas e soluços, mas sabia que precisava por as idéias em ordem.
Emily fez um esforço tremendo para levantar-se. Foi até o banheiro e tomou um longo banho.
Subiu as escadas lentamente. Já era tarde, não havia almoçado, nem sentia a menor vontade de comer e seu estômago parecia embrulhado.
Aquela frieza no olhar de Evan não fazia sentido algum. Ele sempre foi carinhoso, gentil e jamais ficaria indiferente a um choro seu. Algo estava extremamente errado.
Dormiu em meio a bagunça de seus pensamentos. Quando acordou, já mais calma, sentiu uma fome exagerada.
Foi até a cozinha e encontrou sua mãe, que preparava um macarrão com queijo, sua comida favorita. Comeu um prato bem cheio até ficar completamente satisfeita.
Resolveu dizer à mãe que não havia ido à escola por conta de um mal-estar e Elizabeth acreditou nas palavras da filha.
Quando voltou ao quarto, deu uma olhada no celular. Evan podia ter se arrependido e mandado alguma mensagem se desculpando pela forma que à tratou mais cedo.
O visor piscava, mas não era Evan e sim Olivia, que dado o fato de ter lhe enviado seis mensagens de textos durante a tarde, parecia preocupada. Decidiu acalmar à amiga então
"Estou bem. Dormi um pouco à tarde, por isso demorei em te responder. Nos vemos amanhã! Obrigada pela preocupação"
Olivia era uma boa amiga e não importava o que Katie pensava, nem se a história com Evan tivesse mesmo chegado ao fim, não mudaria em nada o carinho que tinha por aquela garota.
Dormiu rezando para que a manhã seguinte trouxesse algum conforto a seu coração.
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