48_ FIM!
Eram quase dez da manhã quando entrei no bar. O salão de baixo já estava funcionando, mas apenas como lanchonete.
ㅡ Bom dia, Flor. ㅡ Brad, um dos garçons que Carson contratou, foi o primeiro a me cumprimentar.
ㅡ Bom dia! ㅡ Sorri. ㅡ Onde está o patrão?
ㅡ No escritório. ㅡ Ele indicou a escada que levava ao segundo andar.
Brad seguiu limpando as mesas e eu subi as escadas. O salão de cima só funcionava a noite, então não havia ninguém lá quando subi. As cadeiras estavam sobre as mesas e o lugar tinha um cheirinho de eucalipto.
Dei a volta no balcão e entrei no corredor. Ao fim dele estava a porta do escritório de Carson, entre aberta.
Me aproximei e o vi lá dentro sentado atrás de sua mesa mexendo no computador.
ㅡ Toc, toc... ㅡ Abri um pouco mais a porta. O olhar de Carson encontrou o meu e ele sorriu. Eu amava tanto isso. A primeira vez que entrei em seu bar, ele me olhou com aquela cara de bunda dele. Agora, sempre que me vê, não esconde o sorriso.
ㅡ Oi, amor. ㅡ Ele se recostou na cadeira. ㅡ O que faz aqui tão cedo?
ㅡ Ta ocupado? ㅡ Entrei no lugar. Tinham quadros meus pendurados na parede junto com fotos. Fotos da inauguração do antigo bar e fotos da inauguração do novo bar. Também tinha uma foto nossa, uma que tiramos na Itália.
ㅡ Não muito. ㅡ Ele passou a mão na cabeça. ㅡ Só resolvendo algumas coisas da contabilidade do bar. Por que?
ㅡ Nada. Estava entediada. ㅡ Puxei a cadeira e me sentei do outro lado da mesa. ㅡ Hoje não tem aulas na academia e eu ainda não estou na faculdade. Nunca pensei que as férias de verão pudessem demorar tanto.
ㅡ É porque você está ansiosa. ㅡ Ele riu. ㅡ Está doida pra voltar a estudar, né?
ㅡ Sim. Parece que ainda não caiu a ficha de que vou estudar o curso que eu quero na faculdade. Não sei nem o que esperar. De repente, eu não vou odiar mais a faculdade. Eu acho, pelo menos.
ㅡ Você vai se dar bem, relaxa. ㅡ Ele se colocou de pé e se espreguiçou. ㅡ O que quer fazer para sair do tédio? ㅡ Andou pelo escritório e observou as fotos.
ㅡ Eu não sei. ㅡ Suspirei.
Um silêncio tomou conta do escritório até Brad aparecer na porta.
ㅡ Carson? ㅡ Ambos olhamos em sua direção. ㅡ Tem umas pessoas te procurando lá embaixo.
Carson olhou para mim, mas eu neguei com a cabeça. Não tinha nem ideia de quem poderia ser.
Saímos de seu escritório e descemos as escadas. Foi quando vimos a família dele no salão debaixo, olhando cada detalhe do novo lugar.
ㅡ Carson, querido! ㅡ Sua mãe veio até ele e o abraçou. ㅡ Isso ficou lindo!
ㅡ A Flor que decorou. ㅡ Ele me indicou com o queixo e a mãe dele me olhou.
ㅡ Flor! ㅡ Ela veio com seus braços abertos e me prendeu num belo de um abraço apertado. Aquele que te balança de um lado para o outro. ㅡ Você está tão linda!
ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri.
ㅡ E você tem um dom fantástico! Olha só, Richard... ㅡ Ela voltou a olhar a decoração do bar.
ㅡ Estou vendo, querida. ㅡ O pai de Carson também nos cumprimentou.
Jason? Já sabem.
ㅡ Tem o salão lá de cima, se quiserem ver. Mas, não está arrumado. ㅡ Carson disse e segundos depois sua mãe já estava indo para o andar de cima.
Todos subimos e eu só observei enquanto a mãe dele olhava cada detalha e abria um sorriso contente. Eu gostava tanto de vê-los felizes. Sei o quanto já sofreram e vê-los sorrir é como um curativo num coração machucado.
ㅡ Por que apareceram aqui do nada? Podiam ter avisado que viriam. ㅡ Carson cruzou os braços.
ㅡ Você sabia que nós viríamos. ㅡ Ela olhou para ele. De repente, todos ficaram sérios e o clima pesou, novamente.
ㅡ Ah... ㅡ Carson abaixou a cabeça e passou a mão na nuca.
ㅡ Você não esqueceu, né?
ㅡ Claro que não. ㅡ Carson encarou o teto.
ㅡ Um dia ele terá que esquecer, querida. ㅡ O homem tocou o ombro da mulher. ㅡ Todos nós precisamos esquecer e seguir em frente.
ㅡ Eu sei. ㅡ Ela assentiu. ㅡ Nós passamos aqui só para você saber que estamos na cidade. Sei que não vai com a gente. ㅡ Ela olhou para o alto, tentando evitar que os olhos marejassem. ㅡ Bom... Vamos, então? Precisamos comprar flores frescas.
Carson não disse mais nenhuma palavra depois que seus pais saíram com o carro. Nós dois ficamos na calçada, só olhando a rua enquanto eu me perguntava o que estava acontecendo.
Quando Carson olhou para mim e pareceu entender a confusão em meus olhos, ele pigarreou.
ㅡ Hoje era aniversário da Claire. ㅡ Ele disse. ㅡ Meus pais sempre vem pra cidade pra visitar o túmulo no cemitério, levar flores e essas coisas. Mas, eu nunca vou. Nunca tive coragem de pisar lá ou de ler o nome dela numa lápide.
ㅡ Entendo. ㅡ Mordi o lábio inferior tentando segurar minhas palavras, mas não consegui. ㅡ Carson, olha, eu sei que eu não costumo me meter nos assuntos da sua família, muito menos quando envolve essa situação tão difícil, mas aceita um conselho meu?
ㅡ Claro. ㅡ Me olhou.
ㅡ Acho que seu pai está certo. Não é fácil, dói, as lembranças sempre estarão com vocês, mas acho que você precisa seguir em frente. Você nunca vai esquecer a Claire, mas não precisa continuar sofrendo. Não era isso que ela queria pra você. ㅡ Ele desviou o olhar, mas me coloquei em sua frente para continuar em seu campo de visão. ㅡ Precisa visita-la. Tentar... Dar um ponto final e aceitar. Talvez assim você não sofra mais.
Tive medo de ter falado besteira. De Carson se irritar e tudo piorar, mas ele concordou com a cabeça depois de ficar uns segundos em silêncio.
ㅡ Você vai comigo?
ㅡ Claro.
Pegamos o carro, paramos numa floricultura e eu escolhi umas flores. Voltamos para o carro e logo já estávamos em frente ao cemitério. Carson ficou um bom tempo no carro, parecia se preparar mentalmente, mas não deu pra trás e saiu do carro.
Caminhei com ele por entre as lápides e não demoramos a ver sua família. Diferente do que eu esperava, eles estavam sentados na frente do túmulo dividindo uma torta de cereja com sorvete de baunilha.
ㅡ Carson! ㅡ Sua mãe sorriu.
ㅡ É isso que vocês fazem quando vem pra cá? ㅡ Carson deixou as flores junto às outras que sua família havia trago e se sentou junto a eles. Me sentei ao seu lado e eles nos serviram a torta e o sorvete.
ㅡ Era a sobremesa favorita da sua irmã. Sempre dividimos uma quando estamos aqui. ㅡ Seu pai explicou.
ㅡ E lembramos dos bons momentos. Lembra de quando ela tava na fase adolescente rebelde, pulou a janela e foi escondida pra uma festa, mas ligou pra nós meia hora depois, porque estava odiando e só queria a cama dela e um café gelado? ㅡ Sua mãe perguntou e eles riram.
ㅡ E quando ela entrou pro ballet e fez o papai fazer uma aula com ela? Nunca pensei que te veria de calça legging rosa e sapatilha. ㅡ Foi a vez de Jason falar.
ㅡ Lembram do aniversário dela de seis anos em que ela escolheu o tema " fadas " e todos tivemos que usar asas de fada? O Carson ficou uma graça com asas lilás. ㅡ Seu pai falou enquanto ria alto.
ㅡ O senhor também ficou lindo com as asas brancas cheias de glitter. ㅡ Carson retrucou, fazendo todos rirem de novo. ㅡ Lembram de quando ela achou uma caixa com seis filhotes de gato, levou todos pra casa e jogou na cama enquanto o pai dormia?
Risadas, torta, sorvete e lembranças. Fiquei feliz por ter convencido Carson a ter vindo e muito triste por não ter conhecido a Claire. Certamente, nos dariamos bem.
As horas foram se passando, o calor do sol também e logo saímos do cemitério.
ㅡ Obrigado, Flor. ㅡ Carson passou a mão na minha cabeça e jogou meu cabelo para minhas costas. ㅡ Eu sei lá... Talvez você estivesse certa. Me sinto melhor por ter vindo. Lembrar da Claire pelos bons momentos parece mais justo do que lembrar só pela coisa ruim que aconteceu.
ㅡ Você sabe que eu só quero que seja feliz. Tudo o que eu puder para te fazer um pouco mais feliz a cada dia, eu farei. ㅡ Seu sorriso foi a última coisa que vi antes de ele me beijar.
ㅡ O que acha de irmos na praia agora? ㅡ Sussurrou no meu ouvido.
ㅡ Ta falando sério?? Você finalmente vai na praia comigo?? ㅡ Perguntei já com um sorriso estampado no rosto.
ㅡ Preciso cumprir minha promessa. ㅡ Ele sorriu.
Nos despedimos dos pais dele e voltamos para nosso apartamento. Ficamos lá só o tempo de trocarmos de roupa e já saímos novamente. Quando pisamos na areia e fomos até a água, parecia até que eu estava sonhando.
O calor estava perfeito, a água estava fresca e geladinha, Carson estava do meu lado, brincando e jogando água em mim feito um idiota. Eu mergulhei e depois o empurrei na direção de uma onda. Estávamos rindo e agindo como se nenhum problema pudesse nos machucar.
Talvez fosse fosse isso. Talvez o amor que criamos um pelo outro fosse a chave para curar qualquer dor e cicatrizar qualquer ferida.
ㅡ Te amo. ㅡ Ele me puxou para ele. A água salgada batia em nossos ombros, seus braços rodeavam minhas costas e ambos estávamos sorrindo. ㅡ Você é o meu raio de sol. Um Raio de Sol em minha vida.
Fim!!
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