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41_ Eu te amo, Flor

Abro a janela do meu apartamento e encaro a praia. Quando saímos para procurar um novo lugar para eu morar, nunca pensei que encontraríamos um tão perto do bar. Não é do lado, mas são só cinco minutos andando daqui até o meu bar.

Já fazem quatro dias desde que o bar pegou fogo. Já fazem quatro dias que Flor está no hospital e que seus pais estão na cidade. Desde então, eles tem feito o possível para passar tempo comigo e me conhecer.

A mãe dela me ajudou a achar o apartamento e alugou o apê ao lado para a Flor. Seremos vizinhos novamente. O apartamento dela é do mesmo tamanho do meu e também tem vista para o mar.

Eles compraram coisas essenciais para a casa dela, como geladeira, fogão e essas coisas, mas deixou o resto com ela, para ela poder decorar como quisesse. Também deixamos suas coisas em caixas e eu não vejo a hora dela acordar e saber de tudo o que está acontecendo.

O meu bar já começou a reforma. O que significa que ele foi abaixo e agora é só um terreno vazio. É estranho. Meio ruim. Mas, acredito que tudo ficará bem quando ele for reerguido e melhorado.

O pai da Flor também tentou me conhencer. É claro que foi estranho, dava para ver o desconforto no rosto dele por estar diante do namorado da sua filha. Um namorado dono de bar, com tatuagens e cara de marginal. Juro que fiz de tudo para parecer amigável e inofensivo. Acho que vamos nos entender melhor com o tempo.

Agora era de manhã, umas nove da manhã. Eu não tinha muito o que fazer nos últimos dias. Sem o bar para me ocupar de trabalho e sem a Flor para me tirar do sério, eu continuo sendo o " Batman " que só vive em casa na escuridão.

Sinto tanta falta dela. Quero que ela melhore logo. Que fique bem. Que acorde e volte a ser a luz que era. Eu a visito todos os dias. Digo, eu visito o hospital, porque ainda não posso vê-la. A mãe dela me disse que, segundo o médico, poderemos vê-la amanhã. E eu nunca fiquei tão ansioso por um dia antes.

Suspirei encarando a praia. Era um fim de semana e estava sol. O que significava que já haviam muitos banhistas na praia.

Estava observando o movimento quando meu coração acelerou num ritmo nada comum. Uma raiva me consumiu e meus punhos se fecharam num ato automático. O problema é que eu não sabia se estava enxergando direito.

Saí do meu apartamento o mais rápido que pude. Desci as escadas, sem paciência para esperar o elevador e saí na portaria.

Os raios de sol atingiram meu rosto quando saí na calçada. Meu coração ainda estava pulsando descontroladamente, meu sangue parecia que ia ferver e o suor já aparecia em minha pele.

Meus olhos correram por toda área em frente ao meu apartamento. Haviam muitos banhistas, música tocando e som de ondas. A luz do sol me impedia de abrir totalmente os olhos e isso dificultava minha procura.

Eu não o achei. Depois de vários minutos andando por ali e olhando cada rosto, não o achei. Talvez tenha sido coisa da minha cabeça. Talvez eu tenha visto alguém parecido e minha raiva me cegou.

Torço por isso. Para a sorte de Henry Lincoln, torço para que seja impressão minha.

Se um dia ele voltar a pisar aqui...

Passei a mão em meu rosto e voltei para o meu apartamento. Fui direto para o banho para tentar me acalmar e esfriar o sangue.

Eu precisava rever meus conceitos e me controlar. Agora eu tinha um motivo para não fazer besteira.

Estava sentindo a água fria molhar meu cabelo quando ouvi o meu celular tocar. Abri o box do banheiro e me inclinei para pega-lo em cima da bancada da pia.

Quase escorreguei e caí com a manobra. Acabei batendo a perna na quina da pia.

ㅡ Alô? ㅡ Atendi a chamada enquanto massageava o meu joelho latejante.

ㅡ Carson? Acho que vai gostar de vir ao hospital agora. ㅡ A voz da mãe de Florence fez meu coração pular. O que é isso, uma hora dessas eu infarto.

ㅡ Ela acordou??

A mulher murmurou um uhum feliz e eu desliguei o chuveiro. Disse que já já estava lá e coloquei o celular de volta no lugar. Voltei para debaixo do chuveiro e liguei a água. Quando me dei conta, estava sorrindo. Estava rindo. Contive um soco na parede de felicidade porque já estava com dor suficiente.

Terminei o meu banho, me sequei, me vesti e corri para o estacionamento. Peguei o meu carro e precisei me acalmar para dirigir, se não, seria como da última vez. Quase causei um acidente.

Dirigi até o hospital ansioso. Nervoso. Estava doido pra ver a minha Flor logo. Vê-la falando, sorrindo, rindo, fazendo alguma besteira. Eu só queria chegar lá logo.

[...]

ㅡ Oi, Carson! ㅡ A mãe dela estava no corredor quando cheguei. ㅡ Eu estou indo comprar um café. A Flor está naquele quarto ali. ㅡ Ela indicou uma das portas do corredor e eu não esperei nem um segundo até correr e parar na frente da porta aberta.

Juro que eu esperava encontra-la na cama, talvez com soro no braço ou uma expressão de cansada, mas o que encontrei foi uma garota sentada na cama assistindo Os Simpsons no celular enquanto penteia o cabelo.

ㅡ Amor? ㅡ Chamei por ela.

Flor olhou pra mim com os olhos brilhando. Provavelmente por eu tê-la chamado de amor pela primeira vez. Não sei porquê fiz isso... Acho que a chamei de amor na cabeça durante esses dias e agora escapou. Mas, não me arrependo. Ver o brilho em seus olhos e seu sorriso nos lábios me fez tão bem.

ㅡ Carson! ㅡ Ela abriu os braços sem sair da cama.

Fui na direção dela e a abracei. Abracei como se nunca a tivesse abraçado antes.

Como eu senti falta dela.

ㅡ Como você está? ㅡ Me sentei na beira da cama e a observei enquanto passava a mão em seu cabelo. Eu não queria deixar de toca-la. Parecia que a qualquer momento eu poderia acordar e tudo ter sido um sonho.

ㅡ Eu to bem. ㅡ Ela concordou com a cabeça e voltou a pentear seu cabelo. Afastei minha mão dela, mas continuei a observando. ㅡ Acordei meio confusa e mamãe foi a primeira que entrou. Eu ainda estava confusa e ainda não acredito que ela perdeu a chance de mentir pra mim dizendo que fiquei uns sete anos em coma.

ㅡ Por que ela faria isso? ㅡ Ri.

ㅡ Seria engraçado, ué. ㅡ Deu com os ombros. ㅡ E sabe o que é mais engraçado? ㅡ Ela começou a gargalhar. Gargalhar muito. Eu até fiz uma careta sem entender, mas voltei a sorrir quando percebi que Flor estava na minha frente. Ela estava bem, acordada, vendo um desenho e gargalhando.

Aquele, automaticamente, se tornou um dos meus momentos favoritos de toda a minha vida.

ㅡ O que? ㅡ Perguntei, quase rindo junto com ela.

ㅡ Lembra de quando vocês fizeram um bolo de aniversário pra mim e tinha velas em cima? Antes de assoprar, eu fiz um pedido. Sabe o que eu pedi? ㅡ Ela fez uma pausa para rir. ㅡ Pedi para ser um raio de sol. ㅡ Outra pausa para rir. ㅡ E quase morri queimada.

ㅡ Florence! ㅡ Arregalei os olhos, mas ela se jogou para trás enquanto gargalhava.

ㅡ Desculpa, Carson. ㅡ Ela voltou a se sentar e secou os olhos. Ela tinha chorado de rir. ㅡ Sei que foi um baita susto pra vocês e sinto muito por isso, mas é engraçado.

ㅡ Você... ㅡ Toquei a ponta de seu nariz. ㅡ É um caso sério.

ㅡ Sentiu minha falta? ㅡ Ela sorriu pendendo a cabeça pro lado.

ㅡ Não tinha como não sentir. Você me deixou preocupado. Pensei que algo pior tivesse acontecido e quase bati o carro vindo pro hospital. ㅡ Ela parou de sorrir e um olhar triste tomou sua expressão. ㅡ Mas, você ficou bem. E eu pensei que meu coração fosse explodir de tanta alegria e ansiedade enquanto eu vinha pra cá. ㅡ Ela sorriu novamente. ㅡ Eu to muito feliz que você está bem. ㅡ Toquei o seu rosto e olhei em seus olhos. Segurei sua mão com minha outra mão e entrelacei nossos dedos. ㅡ Eu te amo, Flor.  Amo agora e quero continuar amando. Meu amor por você é a melhor coisa que já senti. ㅡ Sorri tímido em seus lábios fez-me apaixonar por ela de novo.

•••
Continua...

Annyeong, gente! To postando capítulo hoje ( domingo ), porque amanhã é meu aniversário, então não pretendo postar. Até terça!

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