20_ Pink Flower
Eu já estava pronta para ir para o bar. Faltavam poucos minutos para às seis e eu já tinha me arrumado. Só estava sentada na cama observando os lírios que enfeitavam minha casa dentro do vaso de vidro sobre a cômoda.
Eu tinha falado brincando sobre os lírios, mas ele comprou. Carson-rabugento-batman me comprou flores.
Sorri observando as flores até me dar conta de que tinha que ir trabalhar. Peguei o meu celular e saí de casa. Desci as escadas, passei pelo corredor e entrei no bar pela porta da cozinha. Till estava cozinhando em suas panelas novas enquanto assobiava.
Fui até o salão já amarrando o avental em mim e vi Ben atendendo uma mesa e Carson tirando cubos de gelo das formas. Seus olhos pararam em mim por uns segundos e eu fiz uma careta para ele. Ele revirou os olhos e voltou a focar no gelo.
Eu terminei de amarrar o avental e peguei o pano de limpeza e o produto para ir dar uma limpadinha nas mesas vazias.
O dia estava escurecendo lá fora, tinha um pôr de sol lindo acontecendo na praia e haviam bastante pessoas passando para lá e para cá. O bar ficava em frente a praia, apenas uma pequena rua de mão única separava o bar da caçada que tocava a areia da praia. Tinham vários restaurantes e lanchonetes na mesma rua, a concorrência era enorme. Por mais que o bar fosse um bar onde homens vem beber e as vezes algumas mulheres aparecem, o cardápio era de uma lanchonete. Tinhamos lanches, pratos feitos, sobremesas e era tudo muito bom, porque o Till mandava bem na cozinha. Me entristecia ver que os turistas escolhiam outros lugares para comer porque eram mais bonitos e de ambiente mais agradável.
Depois que terminei de limpar as mesas, fui até o balcão e parei ao lado de Carson.
Eu não disse nada, só fiquei parada olhando pra cara dele. Ele conseguiu me ignorar por uns segundos, mas logo soltou o que estava fazendo e se virou para mim com as mãos na cintura.
ㅡ O que foi?
ㅡJá viu quantas pessoas tem lá fora?
ㅡ E daí?
ㅡ Já viu quantas tem aqui dentro? ㅡ Ele suspirou e voltou a fazer o que estava fazendo, o que não tenho ideia do que seja. ㅡ Carson, esse lugar poderia atrair muito mais pessoas se não passasse uma vibe de bar beira de estrada onde caminhoneiros almoçam.
ㅡ Papo de decoração de novo? ㅡ Ele virou de costas e escolheu uma bebida dentre as várias que ele tinha nas prateleiras. Percebi que ele parecia estar fazendo um drink, um novo, porque não reconheci o processo.
ㅡ Sim. Eu sei que você até está fazendo umas mudanças sutis, mas, se me deixasse tentar, você ia ter casa cheia todo dia. Esse lugar tem uma localização ótima e pode atrair pessoas com uma decoração boa. ㅡ Carson olhou para mim e passou a mão no rosto.
ㅡ Não sei se é uma boa ideia.
ㅡ É, sim. Eu sei que pareço uma leiga falando, que pareço mais desesperada por decorar algo do que por realmente fazer algo bom pelo seu bar, mas minhas intenções são boas, ok? ㅡ Ergui as palmas de minhas mãos. Dois homens entraram no bar e se sentaram numa das mesas que pertencia a mim. ㅡ Vou te deixar pensando.
Peguei um bloco de comandas e fui até a mesa deles. Os cumprimentei e perguntei o que iriam querer, e assim que terminei, vi três pessoas entrando no bar. Três pessoas bonitas e de boa genética.
ㅡ Flor!! ㅡ A mãe de Carson sorriu e abriu os braços assim que me viu. Ela, seu marido e Jason entraram no bar. Jason já correu para uma mesa e se sentou. O homem apertou minha mão com um sorriso depois da mulher me soltar do longo abraço. ㅡ Você está muito bonita.
ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri.
ㅡ O que fazem aqui? ㅡ Carson saiu de trás do balcão e veio cumprimentar sua família. Sei que a pergunta dele geralmente soaria rude, mas ele estava sorrindo para eles.
ㅡ Estávamos com fome, tropeçamos numa pedra e viemos parar aqui. ㅡ Seu pai respondeu puxando uma cadeira e se sentindo na mesa.
ㅡ E como vão vocês dois? Tudo certinho? ㅡ A mulher sorriu para nós dois. Sua pergunta soou mais como: vocês estão bem, né? Não vão terminar não, né?
ㅡ Estamos bem, mãe. ㅡ Carson me abraçou de lado. Naquele instante Ben passou por nós com o sorriso mais safado possível no rosto. O mesmo sorriso de quando nos viu trancados na dispensa.
ㅡ Que bom. ㅡ Ela assentiu.
ㅡ Bem, agora vamos pedir porque estou mesmo com fome. ㅡ Eles começaram a olhar o cardápio. Carson voltou para de trás do balcão e eu anotei o pedido deles.
Voltei para o balcão para dizer o que eles iriam beber, mas Carson estava analisando com muita atenção um drink colorido que tinha feito numa taça rasa.
ㅡ O que você ta fazendo? ㅡ Perguntei.
ㅡ Testando uma coisa nova. ㅡ Ele ajeitou a coluna, já que estava encurvado para o olhar o drink de perto. ㅡ Prova.
ㅡ Eu? Por que?
ㅡ Preciso de uma segunda opinião.
ㅡ Mas, eu não bebo. Pra mim vai tá ruim.
ㅡ Ben! ㅡ Carson chamou pelo Ben e eu deixei a comanda com as bebidas que sua família iria querer. Logo depois fui até a cozinha para dar ao Till a comanda com o pedido dos pratos.
A noite se seguiu, alguns clientes entravam, Ben e eu atendiamos, a família de Carson brincava na mesa da brincadeira do chantilly e Carson seguia na luta dele de fazer o drink novo nas horas que não estava fazendo o pedido de ninguém.
As horas se passaram e já estava na hora de fechar. Todos os clientes já haviam ido, apenas a família de Carson ainda estava ali.
ㅡ Por favor, opinião sincera. ㅡ Carson serviu a tal bebida para seus pais. A bebida tinha uma cor rosa clara, muito bonita.
Seus pais provaram e fizeram aquela expressão de suspense só para deixar o filho na curiosidade.
ㅡ Então? ㅡ Carson perguntou.
ㅡ Eu não sei... ㅡ Seu pai coçou o queixo.
ㅡ Não sabe o que? ㅡ Carson questionou.
ㅡ Ele gostou, Carson. Até parece que não conhece nossos pais. ㅡ Jason revirou os olhos e seus pais riram.
ㅡ É muito bom, filho. Espero que coloque no cardápio. ㅡ Seu pai bebeu tudo numa só golada e sua mãe fez o mesmo.
ㅡ Também espero. Qual vai ser o nome? ㅡ Todos olhamos para ele enquanto ele encarava a mesa.
ㅡ Pink Flower. ㅡ Ele disse por fim e sua mãe logo abriu um sorriso para mim. Eu encarei Carson completamente surpresa e ele me olhou com um sorriso de canto.
Foi quando meu coração pareceu que ia sair do peito de tão forte que começou a bater.
ㅡ Isso é tão lindo. Você nunca deu o meu nome para uma bebida! ㅡ A mulher disse dando um tapa no ombro do marido.
ㅡ Ai! ㅡ Ele se encurvou para frente com o tapa. ㅡ Uai, eu não tenho bar. Nem bebida sei fazer. Vou comprar um cactos e dar o seu nome, serve? ㅡ Eles começaram a rir na mesa, mas eu me sentia voando. Não conseguia parar de olhar para Carson e não sabia discernir o que estava sentindo. Só podia dizer que era bom. Muito bom.
ㅡ Bem, nós já vamos. ㅡ Eles começaram a se levantar.
ㅡ Graças a Deus, até amanhã! ㅡ Ben, que estava parado ao lado do balcão com sua ecobag no ombro, esperando a meia hora que eles fossem embora para que ele pudesse ir também, passou praticamente correndo pelo salão e saiu do bar.
Carson e eu nos despedimos de sua família e eu limpei a mesa enquanto ele fechava o bar. O silêncio tomou conta do salão, o que me permitia escutar em alto e bom som o meu coração bater forte. Till também já tinha ido, então estávamos sozinhos.
ㅡ Eles são tão legais. ㅡ Quebrei o silêncio após nós dois terminarmos o que estávamos fazendo. ㅡ Queria que meus pais fossem assim.
ㅡ É, eles são. ㅡ Carson concordou. O silêncio voltou e achei que fosse o momento de falar do assunto.
ㅡ Por que... ㅡ Virei as costas e fui até o balcão. ㅡ Deu o meu nome ao seu drink novo? ㅡ Ouvi seus passos se aproximarem e me virei para ele. Carson já estava perto. Perto o suficiente para eu dar um passo para trás e tocar o balcão com as costas.
ㅡ Senti que o cardápio precisava de algo novo, algo que desse vida. Que desse cor. ㅡ Ele se aproximou mais. Se aproximou o suficiente para que a ponta de nossos pés se tocassem. ㅡ E você tem feito isso comigo. Então, nada mais justo do que ter o seu nome.
Perdi as palavras. Assim como também perdi o fôlego. O perfume dele era tudo o que eu sentia, seu corpo estava perto demais do meu e eu senti que minhas pernas virariam gelatina a qualquer instante.
Carson estava a ponto de se aproximar mais, mas o seu celular tocou e ele deu um passo para trás. Vários passos para trás. Passos meio irritados, devo dizer.
ㅡ Oi, pai. ㅡ Ele atendeu a chamada. Sua expressão também não era das boas. Ele estava irritado. Irritado porque alguém o interrompeu. Ele ia me beijar e estava irritado porque alguém interrompeu e agora eu o estava achando ainda mais atraente. Eu devo ser doente por achar um cara irritado mais atraente que o normal.
ㅡ Esqueceram alguma coisa? ㅡ Ele pergunto novamente e mais um silêncio se seguiu. A expressão do rosto de Carson passou de irritada para chateada. Triste, até. ㅡ Tem certeza? ㅡ Silêncio novamente. Dei uns passos a frente sentindo a preocupação instalar no meu peito. ㅡ Tudo bem. Eu vou, sim. ㅡ Carson desligou a chamada após ouvir seu pai por mais alguns segundos.
ㅡ O que foi? Aconteceu alguma coisa? ㅡ Perguntei.
ㅡ O meu... ㅡ Ele guardou o celular no bolso. ㅡ O meu avô faleceu.
•••
Continua..
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