05_ Claire
ㅡ We are never, ever, ever
Getting back together
We are never, ever, ever
Getting back together...ㅡ Decorar ambientes sempre foi uma grande paixão minha. Pegar um quarto simples e sem graça e transforma-lo num lugar aconchegante e bonito me fazia sentir incrivelmente bem. Cantar pela mini casa que em breve eu poderia decorar como eu quisesse, era esplêndido.
Pensei ter ouvido vozes do além, mas me lembrei que eu estava de fones e apenas virei na direção da porta para ver quem era. E era Carson, obviamente.
Tirei o fone dos ouvidos e sorri para ele, porque, pela cara dele, ele devia estar me chamando a mó tempo, mas, eu estava surda pro mundo.
ㅡ Desculpa... Me empolguei. ㅡ Pendurei os fones no pescoço e deixei a vassoura de lado.
ㅡ Só queria saber se está tudo certo, se não encontrou mofo ou coisas que precisem de reparo. ㅡ Ele cruzou os braços e se apoiou na porta. Seus olhos passearam pelo cômodo, provavelmente percebendo que grande parte da poeira e das feias já haviam desaparecido.
ㅡ Não, só estava tudo muito sujo mesmo. Provavelmente só vou conseguir lavar o banheiro amanhã, estou exausta. ㅡ Passei a mão na testa para limpar o suor. ㅡ Só vou tentar tirar esse cheiro de “ casa guardada ” daqui. Esse desinfetante é bom? ㅡ Apontei na direção do desinfetante que estava perto da porta, no mesmo lugar onde ele deixou.
ㅡ Eu sei lá, tem desinfetante ruim? ㅡ Arqueei uma sobrancelha para ele.
ㅡ É claro que tem! ㅡ Deixei a vassoura de lado e fui até o desinfetante. Me abaixei para pega-lo e cheira-lo. ㅡ Tem uns que tem um cheiro horrível.
ㅡ E daí? Contanto que desinfete. ㅡ Olhei pra cara dele e revirei os olhos. Aproximei o desinfetante aberto do meu nariz e contorci o meu rosto numa careta quando senti aquele cheiro horrível.
ㅡ Eca... ㅡ O fechei. ㅡ Você que escolheu? É horrível! É doce e silvestre ao mesmo tempo. Tem cheiro de produtos químicos que deram errado. ㅡ Voltei na direção da vassoura. ㅡ Tanto desinfetante bom, já sentiu cheiro de lavanda? ㅡ Olhei pra ele, que parecia entediado com o meu papo sobre aroma de desinfetantes. ㅡ É o meu aroma favorito.
ㅡ É claro, meu hobby secreto é ficar cheirando desinfetantes no mercado. ㅡ O tom do seu sarcasmo quase me fez revirar os olhos de novo, mas estava com dor, então só me contentei a varrer o chão.
ㅡ Vou usar essa coisa hoje mesmo. Quando eu tiver dinheiro, compro algo melhor. Mas, se eu não der sinal de vida amanhã, já sabe que morri intoxicada. ㅡ Varri um pouco mais rápido, repentinamente, jogando parte do lixo em seus pés. ㅡ Opa...
ㅡ Eu vou dormir. ㅡ Ele bufou, se afastando da porta e passando as mãos no olhos. ㅡ Se precisar de mim, não me chame.
ㅡ Ah, claro. Obrigada. ㅡ Ele sumiu pelo corredor e eu ri sozinha, colocando os fones de volta nos ouvidos.
[...]
ㅡ Ai, esse cheiro é horrível. ㅡ Resmunguei enquanto penteava o meu cabelo, olhando para o reflexo do vidro da janela. Eu precisava de dois espelhos.
ㅡ Diz pra mim que você não ta morando na rua. ㅡ Minha irmã falou, do outro lado da linha. Meu celular estava apoiado sobre a cômoda, no viva voz.
ㅡ Não to morando da rua, reclamei do cheiro do desinfetante que o Carson me deu ontem. ㅡ Eu não tinha ideia de como estava o meu cabelo, aquele vidro não refletia nada, então me contentei em fazer um rabo de cavalo e amarrar um lencinho para prende-lo.
ㅡ Carson te deu um desinfetante? Pra que?
ㅡ Pra tentar amenizar o cheiro de lugar fechado desse quarto. ㅡ Expliquei, voltando até minha mala, que eu precisava muito desfazer e arrumar minhas coisa naquela cômoda, e tirei uma roupa. Hoje era segunda-feira, eram nove da manhã e eu só pegava no bar às 18h. Eu tinha o dia livre até às cinco da tarde, então decidi ir no centro ver se compro algum alimento com o pouco de dinheiro que minha irmã tinha mandado para minha conta. Ela não mandou muito, pois meus pais tem nossas contas do banco para vigiar o quanto gastamos, e eles achariam estranho se ela me mandasse uma grande quantia. O dinheiro dava para comprar coisas básicas para sobreviver, como um desinfetante cheiroso.
ㅡ Quarto? Que quarto? Você ta na casa dele?? ㅡ Senti o desespero de irmã mais velha em sua voz e só aí me lembrei de que não contei pra ela sobre... Sobre nada.
ㅡ Er... Não pira, ta?
ㅡ Florence!!
ㅡ Não to na casa dele, não é a casa dele. É separado. Acha que eu moraria com ele? Eu sou tipo... Vizinha dele. Ele me cedeu uma kitnet que tem ao lado de sua casa para eu ficar por um tempo, é só isso.
ㅡ Você não disse que esse cara era o homem mais ogro do mundo?
ㅡ É, mas... Vai ver ele ficou com pena da minha pessoa pobre e sem rumo na vida.
ㅡ Flor, pelo amor de Deus, me liga se acontecer qualquer coisa, ok? Você é toda impulsiva e estabanada. Sempre que você me liga, algo incrivelmente grande aconteceu na sua vida.
ㅡ Isso não é verdade.
ㅡ Na semana passada liguei pra você e você estava tentando esconder um cachorro no dormitório da sua faculdade, porque viu ele na rua, ficou com pena e levou com você.
ㅡ Ele era bonitinho.
ㅡ Era grande e vira-lata. Impossível de se esconder de qualquer pessoa! Uma vez te liguei e você estava no Canadá. No Canadá! Em plena terça-feira, porque tinha o dia livre e as passagens estavam baratas.
ㅡ Eu nunca tinha conhecido o Canadá ué. ㅡ Ouvi minha irmã suspirar em preocupação.
ㅡ Eu sei que você gosta de ser impulsiva e isso é algo que eu admiro muito em você. Você não pensa muito antes de fazer algo e por isso acaba vivendo coisas que a maioria das pessoas não vive, porque pensam demais. Mas, tenho medo de uma hora ou outra, isso te colocar numa enrascada.
ㅡ Eu to bem, Sierra. Para de se preocupar. Já disse que se algo der errado, vou te ligar na hora. Agora preciso ir, esse cheiro de pum gigante está me sufocando.
ㅡ Ta bom, me liga mais tarde.
Encerrei a ligação com minha irmã e guardei o celular na ecobag que tinha a estampa escrita " Taylor's version ", juntamente com minha carteira, meu protetor solar e minha bolsinha de emergência.
Saí do quarto e respirei fundo o cheiro de água salgada que emanava do mar.
Passei pela varanda, desci as escadas e entrei na cozinha do bar. Till estava lavando louças na cozinha quando lhe cumprimentei com um Bom dia.
ㅡ Carson pediu para você ir até o escritório dele. ㅡ Ele disse.
ㅡ E pra que lado fica isso? ㅡ Eu nem ao menos sabia que ele tinha um escritório no bar.
Till indicou o corredor que dava para a dispensa. Segui por ali e notei uma outra porta, bati na mesma até ouvir ele dizer que eu podia entrar.
ㅡ Queria me ver? ㅡ Entrei no escritório. Ele não era muito grande, tinha uma janela atrás da mesa que ele estava sentado. Um computador sobre a mesa de madeira cumprida, pastas e montes de papéis, alguns porta-retratos nas paredes, um sofá ao canto e um armário grande.
Carson indicou com o queixo uma espécie de carta branca na beira de sua mesa. Me aproximei dele e peguei a carta.
ㅡ Você recebe por semana, apesar de só ter trabalho um fim de semana, recebe sempre na segunda-feira de manhã. ㅡ Ele explicou enquanto eu abria a carta e via o dinheiro.
ㅡ Ótimo, já tenho o meu dia favorito da semana. ㅡ Guardei a carta na minha bolsa.
ㅡ Como... ㅡ Carson se remexeu na cadeira, como se sua pergunta fosse estranha para ele. ㅡ Como passou a noite?
ㅡ Bem, tirando o cheiro horrível que o seu desinfetante deixou lá, dormi muito bem. Melhor do que dormir na rua. ㅡ Ele encarou com aquela expressão indecifrável dele, que eu não sabia se era uma careta ou se era sua expressão normal. ㅡ Eu to brincando, Carson. Eu dormi muito bem. ㅡ Olhei para o lado, observando os porta-retratos. ㅡ Mas, o desinfetante é ruim.
ㅡ Bom, agora pode comprar o seu. ㅡ Ele se achegou para trás, encostando as costas na cadeira e olhando para mim.
Admito que endureci no lugar por um tempo. As vezes esqueço que Carson é bonito a beça e certas coisas que ele faz me lembram, como se ajeitar do modo largado que estava agora.
Olhei mais para o lado, para evitar de olha-lo. Meus olhos se focaram numa foto pendurada na parede. Parecia ser a inauguração do bar.
ㅡ Nossa, isso foi a quantos séculos? ㅡ Perguntei me aproximando da foto.
ㅡ Cinco anos. ㅡ O encarei sem acreditar.
ㅡ Nossa, mas... O bar está tão diferente. Colorido, com luzes e parece até que tem uma banda lá dentro. Tinha música ao vivo aqui?
ㅡ Tinha.
Voltei a olhar a foto. Till estava nela, junto de Carson, que tinha um sorriso estranhamente feliz no rosto e uma garota. Ela tinha cabelos loiros e usava um vestido florido. Os dois estavam juntos de algumas outras pessoas na foto, todos pareciam felizes.
ㅡ Que linda... ㅡ Indiquei a garota com o dedo e olhei para ele. ㅡ Quem é ela? ㅡ Os olhos de Carson focaram na foto, mas algo pareceu escurecer dentro dele.
ㅡ Claire. ㅡ Ele disse tão rápido que eu mal entendi. Sua postura voltou ao normal e ele focou sua atenção no computador. ㅡ Já pode ir.
Fiquei confusa com sua mudança de humor repentina, mas saí de seu escritório sem dizer mais nada. O que quer que tenha acontecido com essa tal Claire, parece que tem assombrado o Carson até hoje.
•••
Continua...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro