Uma Aventura: Aniversário de Casamento - Capítulo 6
O Dia - Parte 2
— Nil... Eu preciso de um banho. — choraminguei.
— Eu também. Vou ver se tem algo errado com o hidrômetro.
Ele levantou colocou uma bermuda e saiu. Alguns minutos depois veio com um papel nas mãos e parou no meio do quarto e leu:
— "Senhores usuários, haverá corte do fornecimento de água a partir das zero hora deste sábado até as 17:00 horas para manutenção das nossas redes. Desde já pedimos desculpas pelo transtorno." Entendeu?
Cobri a cabeça e dei um gritinho de raiva.
Não tinha o que fazer, só se eu fosse tomar banho na casa do meu pai, mas iria perder uma boa parte da manhã. Resolvi ligar primeiro. Nada dele atender. Já fiquei nervosa. Depois de várias tentativas ele atendeu e descobri que estava longe de casa. Ou seja, nada de banho.
Entrei no grupo UPL já colocando emoji chorando. Logo vieram perguntar o que estava acontecendo e eu contei.
Dandara: — Fê já viu falar em banho de gato?
Fê: — Sim, KKKK
Aline: — É para uma emergência.
Sara: — Já fiz isto para não passar batido.
Cah: — Neste caso pode ser de lencinhos umedecidos amiga.
Malu: — Agora se for seu "gato" pode ser de língua mesmo. Desculpe! Não resisti.
Fê: — Socoooorrro!!! Kkkk.
Soh: — Alguém me chamou?
Com isto a Soh conseguiu tirar de mim um sorriso.
Rosa: — Oi, bom tarde.
Clys: — Tarde Rosa?
Rosa: — Aqui já é tarde. Tudo bem com vocês?
Clys: — Tudo. E você? Aqui a Fê está com probleminha de água na casa dela.
Janah: — Rosa! Manda um áudio com uma de suas lindas mensagens para animar o dia especial da Fê. É aniversário de casamento deles.
Rosa: — Vou ver aqui...
Fê: — Gente, mas justo hoje tinha que acontecer isto?
Paty: — Parabéns Fernanda. Aproveite o dia. Pense: mesmo quando tudo parece dar errado. De alguma forma ele já deu certo. O dia já é um presente para todos nós.
Sara: — Que lindo Paty! Pego carona nas palavras da Paty e desejo a você e seu marido muitas felicidades.
Rosa: mandou um áudio.
Janah: — Fê segue o conselho da Rosa. Vai ser feliz!
Fê: — Obrigada meninas... Eu sei... Agradeço de coração todas as palavras... Mas...
Eliz: — Oi Fê, eu não estou podendo interagir agora, mas respire fundo, ore e busque força para curtir seu dia. Bjs.
Fê: — Mas tudo bem. Vou me trocar para meu dia especial. Torcem por mim.
Outras mensagens, incluindo da Thais, Rafa, Anne e outras meninas chegaram depois com flores, parabéns e de desejo de boa sorte. Mas não fiquei olhando para o Nilson não se chatear, afinal o dia era nosso.
Quase na hora do almoço chegamos à cidade onde reservei o restaurante. Um local onde os turistas apreciavam muito por ter a melhor comida típica do Maranhão. Eu estava com muita vontade de experimentar o arroz de cuxá com torta de camarão. E fui informada que de entrada era servido o bolo de macaxeira com batata-doce, fruta pão e peixe frito com um molho. Apenas pensar minha boca enchia de água.
Como ainda não estava no horário fomos dar um passeio no parque. Era uma área bonita com bastante verde. Um lago central chamava atenção com os patos e marrecos nadando. Algumas pessoas estavam próximas a margem e jogavam pedaços de pão e eles vinham pegar e faziam uma gritaria, ou grunhidos, ou sei lá como se chama os barulhos destes bichos.
Alguns ambulantes vendiam pipocas, algodão doce e balões infláveis. Andamos por toda borda de mãos dadas apreciando a bela paisagem. Olhei a hora e o Nil entendeu que podíamos ir para o nosso almoço.
Estava movimentada a rua da área de alimentação. Tivemos que estacionar um pouco longe. E o espanto maior foi entrar no restaurante e perceber que ele encontrava-se lotado, - pensei – ainda bem que fiz reserva.
— Sinto muito não temos vagas hoje. — informou uma recepcionista assim que entramos, ou tentamos entrar.
— Eu tenho uma reserva para dois, — falei sorridente — nome de Fernanda Marques.
Ela olhou em um caderno, que no meu entendimento, nada tinha escrito.
— Sinto muito não possuímos nenhuma reserva.
— Como assim? Fui eu mesma que fiz na quinta feira. — tentei olhar o caderno e ela fechou — Deve estar aí sim.
— Sinto muito senhora... Mas não sei o que houve, pois estamos completos, todas as mesas... Na verdade foi fechado para uma festa da empresa...
— O quê? — eu tinha vontade de gritar — Quer dizer que vocês cancelaram minha reserva e não me avisaram?
Outras pessoas chegavam e ficaram parados atrás de nós esperando que resolvêssemos o nosso problema.
— Sinto muito... Eu realmente não sei o que aconteceu... — a mocinha estava até vermelha. Dava para notar que ela estava tão nervosa quanto eu.
Olhei para o Nil impaciente do meu lado e perguntei:
— E agora?
— Podemos falar com seu gerente?
Ela pediu licença e em alguns minutos três pessoas chegaram a recepção. A moça que nos atendia e a outra foi conferir a lista e liberar as pessoas a entrarem, e nós fomos levados para uma lateral.
— Como posso ajudá-los?
Depois de contarmos o ocorrido, e eu até mostrar a chamada feita pelo meu celular, assegurando que tinha feito a reserva. Não adiantou nada. O restaurante estava fechado, exclusivo, para essa tal empresa que comemorava 25 anos de existência.
Eles pediram mil vezes desculpas, mas de forma alguma assumiram que aceitaram minha reserva. Ofereceram o jantar por conta da casa, ou almoço no dia seguinte.
— Senhor, nós não moramos nesta cidade. Viemos aqui para comemorar o nosso primeiro ano de casados. A noite ou amanhã já não importa mais... — falei sentindo as lágrimas querendo brotar nos meus olhos.
— Sinto muito...
— Sinto muito, Sinto muito, Sinto muito... É apenas isto que sabe dizer? — falei me alterando e o Nil segurou meu braço pedindo calma — Vocês estragam nosso dia e vai ficar por isto mesmo! Eu duvido que sintam mesmo. Tenho certeza que fizeram isto por que receberam oferta maior!
Aquele sujeito ficou apenas me olhando e não disse mais nada. Se falasse "sinto muito" mais uma vez, era capaz de eu jogar aquele vaso de flor que estava do lado da mesa, na cabeça dele.
Saí daquela espelunca batendo pé. E em poucos segundos o Nil estava do meu lado me abraçando e dizendo palavras de carinho.
Levantei meus olhos e o encarei. Nem precisei dizer o que pensava.
— Vamos dar um jeito. É claro que vamos encontrar um lugar para almoçarmos.
Caminhamos pela rua onde se concentrava os restaurantes e nada nos agradava. A maioria deles eram fast food e neste dia não queríamos o de sempre, uma ocasião que mereciam, eu não queria na verdade a mesmice. Era para ser especial. E para piorar o que já estava ruim meu pé começou a doer. Dei uma olhada. Minha sapatilha nova tinha feito bolhas no meu calcanhar.
— Beleza! Era tudo que eu estava precisando. – resmunguei.
— Venha! – Nil puxou-me pela mão e entramos em uma lanchonete. Pediu um suco e olhando para meu rosto falou — Fique aqui até eu dar uma busca pelo local, vou achar um lugar legal para almoçarmos. Daqui a pouco eu volto.
Apenas sorri. Minha vontade era de chorar. Peguei o celular e abri no grupo UPL. Becca estava online
Fê — Oi gente! Vocês não vão acreditar?
Becca: — Fala mana. Tomou banho de caneca?
Fê: — Este já virou o menor dos meus problemas... Posso mandar um áudio?
Debora: — Não vou poder escutar agora, mas daqui a pouco chego em casa.
Debulhei tudo chorando. E fui acalmada com palavras de carinho e conforto das meninas, minhas amigas. Cada uma, com o seu jeito, tinham um modo diferente de ver os acontecimentos. E acabei contando do passeio no parque como foi legal para depois estragar tudo.
Eu, naquele instante estava com o coração fechado para ver um lado positivo de tudo aquilo. Então Lena entrou com a mensagem de bom dia, um pouco tarde, que me acertou de vez.
"Um dia a gente acorda, os livros nos acordam, um anjo nos acorda, e somos avisados: não adianta mais olhar para trás. É ir em frente ou nada." Martha Medeiros
Vamos acordar para vida? Quem ainda não escutou isso?
Como a Martha falou a cima, esse despertar para a vida pode vir de várias formas:
Um livro pode nos despertar para mudarmos de atitude perante um impasse que vivemos.
Os amigos estão sempre ao nosso lado para dar uma palavra e abrir nossos olhos. Isto porque quem enxerga de fora os nossos problemas tem uma visão melhor e sem os mesmos sentimentos envolvidos.
No entanto, um fato é certo. Voltar atrás e mudar não tem jeito. O que passou, passou. O que podemos fazer é consertar erros e tomar outros caminhos.
Ainda bem que as possibilidades de correções estão ao alcance de nossas mãos. Deus nos ama e quer o melhor de nós, por isso colocam em nossa vida "anjos" e possibilidades. E para refletir sempre vai ter uma noite entre os dias.
Esforce-se sempre para ser cada dia um pouco melhor. Assim ao fim de um ano você terá 365 dias de pequenas mudanças.
Boa tarde
Lena Rossi
Por alguns minutos eu fiquei olhando aquela mensagem e pensando nos meus dias. Acho que estava com tanto medo que alguma coisa desse errado que acabou acontecendo. E pior, estava me culpando, acreditava que poderia ter preparado melhor esse dia.
Olhei o celular de novo e muitas mensagens das meninas pipocavam na tela. A Lena ainda escreveu assim:
Lena: — Pense que por algum motivo não era para ser, fique atenta ao seu redor. Deus não age por acaso, sempre tem uma razão maior.
E foi nestas e em outras palavras das meninas que eu me firmei. Tomei um pouco do suco e olhei as pessoas que circulavam com sacolas de um lado a outro.
Em frente havia uma loja grande de utilidades. Pensei nas palavras da Cris:
Cris: — "Faça diferente!"
A Laise mandou um áudio em que me mandava voltar lá e fazer uma banana para o restaurante. E imaginar essa cena me fez rir, mas falou algo interessante:
Laise: — O importante é vocês estarem juntos, o que vai comer ou beber é o de menos.
A Malu comentou que deveríamos ter aceitado voltar para o Jantar e de graças. Afirmou ela:
Malu: — Eles não estariam sendo generosos. Se não avisou a vocês o cancelamento da reserva, era mais que obrigação deles.
A Janah completou o que as meninas falavam:
Janah: — Até umas coxinhas e batatas fritas estendida numa toalha xadrez no quintal debaixo das estrelas vira noite fora de casa.
Camila entrou no grupo deu Oi e tchau. Depois voltou e perguntou o que estava acontecendo comigo, pois não podia escutar áudio. A Eliz fez um pequeno resumo e ela fez a seguinte consideração:
Camila: — Fê meu amor mande as favas estes bandos de escrotos. Eles que estão perdendo de não ter a companhia desse casal maravilhoso. Fica triste não viu!
Ester: — Eu tinha mandado para outro lugar, mas tudo bem, e na mesma hora.
Becca: — Kkk Também sou dessas Ester.
Debora: — Poxa vida Mana, tudo isso no mesmo dia? Mas pode ficar tranquila. O melhor estar por vir. Tenho certeza que, ao final do dia, quando você colocar a cabeça no travesseiro, vai ter apenas o que agradecer. Tenha fé. Estarei em oração. Afinal, pense! O que é mais importante?
Fê: — Nós.
Débora: — Isto! No meio de tudo isto a real importância é o que vocês encontram um no outro.
Geise: — Também estarei em oração. Fêzinha... Vai dar tudo certo.
Fê: — Obrigada meus amores. Vocês ajudaram muito, estou bem melhor.
Pouco depois o Nilson chegou e com uma cara não muito animadora.
— Tem poucas opções por aqui do jeito que você queria, os lugares são mais simples...
Nem esperei ele terminar. Já tinha na minha cabeça o que iríamos fazer. Levantei e desta vez eu fui puxando-o pelas mãos.
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