Capítulo VI
Rebecca Vanford
Estamos há quatro dias na estrada. Eu realmente não acreditei quando Bryan disse que não voltaríamos para a alcateia. Quero contar para ele meus planos, só espero o momento certo.
Quando Bryan pediu que eu fosse sua Luna, eu nem hesitei. Acho que Bryan ainda não entende o que eu sinto por ele. Nem eu mesma entendo às vezes. Não é amor. Está muito cedo para isso, mas acho que estou me apaixonando pouco a pouco por ele.
Logo que chegamos à pousada começamos a traçar nosso percurso. Iríamos para o leste do país, evitando parques e reservas florestais. Procurávamos um lugar para construir uma base fixa, longe das alcateias conhecidas.
Parecia um bom plano, mas precisávamos de transporte. Bryan disse que seu pai tinha uma conta bancária recheada e que como futuro alfa ele sabia a senha. Dessa forma, fomos ao banco mais próximo e sacamos o máximo de dinheiro que pudemos colocar na mochila que tínhamos comprado (um dos seguranças nos olhou desconfiado). A quantia era grande, mas concordamos que devíamos racionar. Foi por isso que invadimos uma loja de carros usados e furtamos uma caminhonete vermelha. Eu sei que parece errado, mas a caminhonete estava meio que jogada de lado, ofuscada pelos carros esport. Depois que escolhemos a caminhonete, Bryan fez ligação direta. Não ousei perguntar como ele aprendeu a fazer isso, adivinhando que eu não gostaria da resposta. Enfim, depois que partimos Bryan parou em outra cidade para ir ao chaveiro com a desculpa de que tinham roubada a nossa chave. Não precisávamos falar nada, os lobisomens tem compulsão, mas não foi necessário usá-la.
Estamos agora em um posto de gasolina abastecendo a caminhonete. Eu estou na lojinha de conveniência comprando uns sanduíches, um engradado de refrigerantes e vários pacotes de fritas (Eu sei que isso não é saudável, mas concordamos que devemos nos permitir esse luxo.).
Estou no caixa esperando um garoto passar as compras quando Bryan chega por trás de mim e beija meu pescoço. Sinto um arrepio descer minha espinha. É sempre assim quando ele me toca.
Depois que o garoto passa nossas compras, eu pago e vamos para a caminhonete.
- Vejam só quem tive o prazer de rever. - Uma voz ronrona na escuridão. Paraliso. Sinto o corpo de Bryan ficar tenso. Nós reconhecemos essa voz.
- Melory. - Bryan fala com raiva incontida. Isso me destrava.
- Olha só quem voltou. Veio apanhar de novo Melory? - Pergunto desdém encobrindo o medo.
- Não vim pra brigar querida. Vim para alertar vocês. - Ela responde, saindo da escuridão e vindo em nossa direção.
Ergo a sobrancelha, mas não posso impedir meu corpo de ficar tenso quando ela se aproxima.
- É de conhecimento geral na comunidade dos lobisomens que vocês não vão voltar para a alcateia. E isso despertou a curiosidade em alguns, o medo em outros e a raiva de muitos. Seus pais estão no grupo da raiva, mas era de se esperar. - Ela diz com escárnio.
- E por que você iria querer nos ajudar? - Pergunto, condescendente.
- Ah, vocês ganharam meu respeito ao desrespeitarem séculos de tradição. - Ela diz enquanto analisa as próprias unhas. - Não estou dizendo que não haverá outros embates como aquele da floresta, mas em questão do respeito vim alerta-los.
Seguro um suspiro de exasperação.
- Vá logo ao ponto Melory. - digo.
- Bom, como eu disse. Os pais de vocês não gostaram dessa pequena rebelião. Por isso, mandaram seus melhores lobos para caça-los. - Ela ergue uma sobrancelha. - Ficar longe da floresta não vai impedi-los de virem atrás de vocês. Eu tomaria cuidado - Ela abre um sorrisinho malicioso para nós e volta para a escuridão.
Bryan Hashuel
O resto da viagem foi feita em silêncio. Quero perguntar a Rebecca o que ela está pensando, mas seu rosto está virado para a janela, deixando claro que ela não quer conversar.
Achamos um hotel na beira da estrada e paramos para descansar.
Peço um quarto para nós e subimos. Estou cansando e por isso não percebi logo de cara que tínhamos companhia. Abro a porta com o braço envolta da cintura de Rebecca e entramos.
Quando ligo a luz encontro quatro pares de olhos nos encarando com ódio evidente.
Nossos pais.
Rebecca arregala os olhos e fica paralisada. Sinto meu corpo ficar tenso.
- Vejo que já se entenderam. - Meu pai fala com escárnio, olhando para meu braço que ainda está envolta da cintura de Rebecca. - Estão muito longe da alcateia não acham?
Ao lado dele, o pai de Rebecca permanece impassível, encarando a filha.
Ficamos assim alguns segundos, só nos encarando. Rebecca olha pra mim. Vamos morrer, seus olhos diziam. Não me arrependo, tento transmitir.
Como se soubesse o que estamos pensando meu pai fala novamente.
- Não vamos mata-los seus tolos. - Ele diz com desdém. - Seria uma honra morrer pelas mãos de um alfa e vocês não a merecem. - Ele cospe as palavras.
- Viemos aqui para exila-los oficialmente da alcateia. - o pai de Rebecca finalmente fala.
Exilados. Sei o que isso significa. Significa que agora não podemos pisar no território de meu pai nem seus aliados. E pior, significa que agora seremos caçados. Seremos vistos como párea para toda a comunidade de Lobisomens.
Antes que Rebecca ou eu possamos responder alguma coisa, os dois se transformam e pulam pela janela que já estava aberta.
E é isso. Estamos oficialmente ferrados.
***
Eita, eita! O que será que eles vão fazer agora, hein? Cliquem na estrelinha se curtiram. Bjos queridos!
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