Capítulo II
Rebecca Vanford
Ele me encontrou.
Eu sabia que isso iria acontecer cedo ou tarde. Sabia, por que eu baixei a guarda e me deixei levar, fingindo ser como qualquer outra adolescente, mas eu não sou e não posso ser como qualquer outra adolescente, pois sou uma loba fugindo da minha matilha.
Levanto-me num pulo e começo a me encaminhar para as portas dos fundas o mais rápido e disfarçadamente que posso. Apresso o passo, posso senti-lo próximo, de apressado também, tentando não perder meu rastro. Chego ao corredor e me dirijo ainda mais depressa ao banheiro feminino. Qualquer um que me ver vai pensar que preciso retocar a maquiagem ou algo do tipo.
Finalmente encontro o banheiro e escancaro a porta. Quase suspiro de alívio ao ver que tem algumas meninas de olhando no espelho. Escolho uma cabine vazia e me tranco lá. Sei que uma hora ou outra vou ter que sair e que Bryan provavelmente sabe que estou aqui, mas preciso adiar nosso encontro ou achar alguma saída.
Ouço as meninas dando risadinhas e percebo que estão saindo. Droga, não posso ficar aqui. Olho ao redor em pânico, procurando uma rota de fuga. Vejo algumas janelinhas acima das cabines. O problema é que elas têm grades. Não posso sair por ali. Ouço a porta sendo aberta e minha respiração fica acelerada.
- Você já pode sair agora. - Ouço a voz de Bryan do outro lado. - Não há como fugir.
Olho ao redor mais uma vez e percebo que há uma saída de ar com pouco mais de 70 cm de altura e bons meio metro de largura bem acima da caixa de descarga. Tiro a grade cuidadosamente e me arrasto para dentro de costas, fechado a entrada com a grade em seguida. Começo a me arrastar até que meus pés tocam o fim do meu túnel improvisado.
Empurro a grade com o pé e começo a sair.
Fecho a grade e começo a correr em direção ao estacionamento da escola. Quando percebo que ninguém pode me ver, transformo-me em loba.
Corro até ter certeza de que o despistei e permito-me parar.
Meu corpo cai pesado na grama. A transformação me cansou e não tenho forças para continuar agora. Tenho quase certeza que ele vai me encontrar, mas acho que estou segura por hora. Deito-me, ainda em forma de loba, e fecho os olhos. Sem querer eu caio num sono pesado.
•••
Bryan Hashuel
Ela conseguiu fugir de novo, mas dessa vez eu não vou deixá-la escapar. Sigo seu rastro até uma pequena floresta logo atrás do estacionamento da escola. Não posso perdê-la de novo.
Não corro muito até que finalmente a encontro dormindo abaixo de uma árvore. Aproximo-me vagarosamente, tomando cuidado para não acorda-la. Sento-me a sua frente e observo seu abdômen subir e descer regularmente.
- Você regrediu muito desde a última vez que eu te vi Rebecca. - Falo de modo zombeteiro. Ela abre os olhos ao ouvir o som da minha voz e rosna pra mim. - Não adianta fazer careta.
Ela reseta o corpo, se preparando para correr. Inclino-me para frente a desafiando a tentar.
- Não vai poder fugir Rebecca. - Digo e ela rosna em resposta. Ela anda vagarosamente até atrás da árvore e se transforma. - Bom, acho que agora podemos conversar pacificamente.
Ela bufa.
- Imagino que saiba que vamos voltar para a alcateia para nós casarmos... - Começo, mas ela me corta.
- Eu não vou me casar com VOCÊ! - Ela praticamente berra.
Olho miseravelmente em sua direção.
- Sou tão desprezível a ponto de fazer você largar sua família e a alcateia? - Pergunto.
Suas feições de enchem de culpa e vejo que a desarmei. Avanço rápido, ela só percebe quando meus lábios estão colados aos seus. Um segundo se passa e ela arregala os olhos.
A sensação dos seus lábios sobre os meus é tão boa que fecho os olhos para aproveitar. Inspiro profundamente seu cheiro de terra molhada e morangos...
- Ai! - exclamo quando recebo um soco no estômago.
- Eu não acredito que você fez isso! - Ela acusa. - Você é tão... Tão... Tão idiota! - Ela começa a gritar vários outros palavrões. - Eu vou matar você! - Ela diz e avança pra cima de mim.
Seguro seus pulsos quando ela se aproxima, mas ela se joga contra meu peito, me desequilibrado e caindo por cima de mim.
Sei que não devia, mas começo a rir do esforço dela para tentar me bater.
- Como ousa?! - Ela grita. Solto um de seus pulsos para me virar e ficar por cima dela. Beijo-a mais uma vez e me levanto.
- Suponho que não precise levar nada de volta para a alcateia. - digo. - partiremos agora mesmo.
- Eu não vou a lugar algum com você. - Ela declara, cruzando os braços sobre o peito.
- Veremos. - digo e caminho em sua direção. Ela cerra as mãos em punhos, se preparando. Abaixo-me e abraço suas coxas, jogando-a por cima do ombro enquanto ela berra e esmurra minhas costas.
Essa vai ser uma viagem muito longa.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro