Victoria Hathaway

Me sinto em estado de choque, meus olhos estão embaçados pelas as lágrimas que insistem em cair ante a forte emoção que percorre meu corpo trêmulo.

— Victoria? — ouço sua voz trêmula pela a emoção conjunta que sentimos.

— É verdade? Não estou sonhando? — balbucio a pergunta de forma quase inaudível.

— Não meu amor, mesmo se não for essa a verdade, sempre te amarei como se fosse minha própria filha. Mas apenas em pensar nessa possibilidade negativa meu coração se aperta — sinto o toque de sua mão em meu ombro.

— Como podemos confirmar isso? — passo a manga do meu moletom em meu rosto limpando as lágrimas.

— Tem um exame para isso  — começa com calma, encontro seu olhar — Eu e Ethan, estávamos procurando por você, mas voltamos sem nenhuma informação do seu paradeiro depois que eu te entreguei para a adoção — abaixa a cabeça e sua voz se tornou quase inaudível ao pronunciar adoção — Ethan queria fazer o exame com o sangue que foi coletado no dia que você foi admitida no hospital, mas eu falei que era errado e antiético, mesmo que em meu coração sentia a vontade de confirmar minha suspeita.

— Podemos fazer agora? — torço meus dedos me sentindo nervosa.

— Precisamos de um documento, mas isso poderá ser feito com rapidez, o advogado que contratamos é amigo do Ethan — um sorriso se forma em seus lábios.

— Como fui parar com aquelas pessoas? — sussurro.

— Não sei querida, saber que você estava sendo machucada todos esses anos enquanto eu achava que estava segura com uma família amável, me machuca — limpa seu rosto — Outra coisa que tenho que te contar — inspira e solta o ar lentamente — Não posso continuar sendo sua psicóloga.

— O que? — ofego.

— Não significa que não quero te ajudar, como psicóloga não posso ter nenhum contato  com meu paciente fora do ambiente de trabalho, seja familiar ou amigo, e continuar sendo sua psicóloga poderia atrapalhar seu tratamento, por termos um laço emocional muito grande — diz com pesar.

— Mas eu preciso de você! — minha voz se altera e me sinto nervosa.

— Calma querida, sempre estarei do seu lado — tenta pegar minha mão, mas me afasto.

— Como vou seguir com o tratamento? Eu não consigo me abrir com outra pessoa estranha, é doloroso Alyssa, com você me sinto segura — coloco as mãos no rosto me sentindo perdida em meio às minhas emoções.

— Você consegue Victoria, é uma menina muito forte — retira com cuidado minhas mãos do rosto, encontro seu olhar terno.

— Não sou forte — rebato sentindo o pânico crescer —, eu quase me cortei hoje.

— Avisei que não era um caminho fácil, mas só de você querer mudar já é um grande passo — acaricia com rosto — Você é uma guerreira.

— Alyssa — sigo o som da voz e encontro aquele mesmo homem do corredor.

Ao encará-lo sinto aquele mesmo sentimento de reconhecimento quando encaro meu reflexo no espelho, os pequenos detalhes se tornam sobressaltantes.

— Pode entrar Ethan — chama Alyssa.

De repente me sinto tímida, nesse momento posso estar em frente aos meus pais verdadeiros. Tenho medo de acordar e tudo não ter passado de um sonho.

— Está tudo bem querida? — um vinco se forma em sua testa ao notar os olhos da Alyssa levemente avermelhados pelo o choro.

— Sim — seus olhos recaem em mim por breves segundos — Ela sabe.

— Sabe? — pergunta assustado e percebo a emoção cruzar seus olhos.

— Contei tudo, não foi difícil ela ligar os fatos — conta Alyssa.

— Eu — passa as mãos pelo o cabelo — Você me odeia não é mesmo? — dirige a pergunta para mim.

— Pelo o que? — rebato sem alterar minha voz, percebo que engole em seco e seus olhos se desviam dos meus.

— Por ter feito sua mãe sofrer — um longo suspiro escapa pelos seus lábios — Fui imaturo e estava pensando apenas em mim, disse palavras a ela que eu me arrependo amargamente. Se isso não tivesse acontecido estaríamos em família, juntos.

— Ou não — diz Alyssa — Ethan se lembra do que eu te disse? — lhe dirige a pergunta e continua quando recebe uma afirmação muda de Ethan, continua — Nosso casamento poderia acabar com o tempo, poderíamos ser uma família frustrada e infeliz — segura minhas mãos — Me arrependo muito de tê-la deixado no orfanato, mas acredito que tudo tem um motivo. O destino tem um jeito engraçado traçar as nossas vidas, tanto que eu nunca imaginei que nesse hospital reencontraria duas pessoas tão especiais para mim.

— Eu não sei nem o que falar — diz Ethan e passa a mão pelo o cabelo sem graça, seus olhos se tornam emocionados ao me encarar — Você é tão linda — sussurra e seus olhos se desviam encarando Alyssa — Amor, é ela. Não é possível estarmos errados.

— Eu quero fazer o exame — murmuro.

— Eu disse para ela que precisávamos de um papel — diz Alyssa com pesar a Ethan.

— Não é necessário se ambas as partes concordam com o exame, precisamos apenas que a responsável temporária pela a Victoria aceite — noto a ansiedade em sua voz.

— Dona Luiza ela é boa — meus lábios se curvam  um sorriso ao me lembrar o quão bem ela me trata, como se fosse sua filha — Ela é mãe do Daniel, me trata como um mãe — explico com cuidado, sinto meu peito se apertar ao ver a leve careta de dor de Alyssa.

— Ela veio com você? — pergunta Etahn e se aproxima de nós com cuidado, como se sentisse medo que eu sumisse ante seus olhos.

— Sim — sussurro ao me lembrar do verdadeiro motivo no qual vim parar no hospital, encaro minhas mãos com vergonha.

Sinto dois pares de olhos em mim, crio um pouco de coragem e encaro as duas pessoas que podem me trazer a esperança de um futuro melhor, além de Daniel e sua família, mas essas pessoas são diferentes, elas podem ser meus pais verdadeiros.

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Daniel Clarke

Passo as mãos pelo o cabelo frustrado e encaro o corredor por onde Victoria foi levada. Quando eu estava levantando para ir atrás dela sem medir consequências para ver minha ruivinha, uma enfermeira apareceu nos avisando que Alyssa estava com ela.

— Filho? — ouço a voz da minha mãe.

— Oi — me viro para ela que se encontra sentada na cadeira de plástico do hospital.

— O que você sabe dos pais da Victoria?

Acho estranho a sua pergunta, lhe encaro confuso por um segundo antes de responder o pouco que eu sei.

— Eles não eram bons, ela veio parar aqui aquela vez por culpa deles. Batiam muito nela, deixavam sem comida e ela vivia com medo constantemente enquanto estava naquela casa — sinto como se houvesse cacos de vidro em minha garganta com a dor que sinto em falar sobre os pais dela.

— Imaginei — sua testa se franze.

— Ela não vai ver eles nunca mais se depender de mim — aviso sério.

— Claro — responde levemente assustada — Mas, você nunca reparou o jeito que a Alyssa trata a Victoria?

— Como assim? — me sinto confuso com a sua pergunta mais uma vez.

— O carinho e o olhar de nostalgia que ela tem sempre quando olha para a Victoria, eu percebi. Filho uma mãe sempre reconhece outra mãe por perto — diz com sabedoria — Alyssa olha para a Victoria com um olhar de mãe.

— O que? — minha voz não passa de um sussurro ao fazer pergunta.

— Posso estar muito enganada, mas aqui — coloca a mão em seu peito —, eu sinto que é verdade minha suposição.

Seria verdade?

Meu amor tem uma mãe que a ama verdadeiramente?

— Ela precisa saber disso — sinto uma imensa felicidade apenas por pensar que aquelas pessoas não são seus pais.

— Agora não filho, mas tenho a certeza que Alyssa está tendo uma conversa séria com ela.

— A senhora virou vidente agora? — brinco e recebo um tapa em seguida.

— Ainda sou sua mãe mocinho, me respeite — seguro o riso para não receber sua fúria mais uma vez.

— Tudo bem mãe, amo a senhora — levanto as mãos em rendição.

Recebo apenas um resmungo incompreensível, sorrio e beijo sua bochecha com carinho. Meus olhos recaem mais vez no corredor, lembro de algo importante, um sorriso se forma em meus lábios.

— Mãe, irei até a floricultura aqui perto do hospital — aviso.

— Tudo bem querido, estarei aqui com sua irmã, ela foi até a lanchonete do hospital mais uma vez — resmunga.

— Ela está em fase de crescimento mãe — dou uma leve risada.

— Ela quer é passear pelo o hospital — resmunga — Quero só ver quando Matteo chegar amanhã.

— Ele vem amanhã? — pergunto surpreso.

— Sim, ligou depois que vocês foram para escola — explica.

— Clarissa vai surtar — sorrio divertido.

— Não conte a ela.

Minha mãe chega a ser quase maléfica falando assim. Mas ela realmente sonha que algo aconteça entre Clarissa e Matteo, agora meu pai não curte muito essa junção, por causa do seu costumeiro ciúme de pai.

— Acha que eles se matam se ficarem na mesma casa? — seu sorriso aumenta.

— Claro que não.

— Mãe ela vai ficar nervosa com você.

— Não vai, no fundo ela gosta dele, apenas ainda se recente por ele ter beijado outra na frente dela — diz com pesar.

— Tecnicamente foi a garota que beijou ele, e eu estava perto o suficiente para ver ele afastar ela e tentar correr atrás da Clarrisa — solto um longo suspiro — Mas depois desse dia ela não quis mais saber dele, passou a ignorá-lo, isso tem feito ele sofrer mãe. Matteo realmente gosta da Clarissa, o único modo que encontrou de ficar perto dela é provocá-la.

— Eles vão se entender filho — diz enigmática.

— A senhora irá aprontar — aponto e beijo sua testa antes de me afastar caminhando em direção a saída.

— Me respeita menino — ouço sua repreensão antes de caminhar para fora do hospital.

Não demoro a encontrar a floricultura, quando a moça percebe minha presença peço a única flor que darei para a minha ruivinja. Uma rosa cor-de-rosa em um tom mais escuro, a flor que representa amor à primeira vista, quando descobri seu significado no dia que resolvi presentear Victoria pela a primeira vez com uma flor, não poderia ser mais especial e verdadeiro seu significado.

A verdade é que me apaixonei por ela assim que encontrei seus olhos verdes repletos de confusão e medo ao me encarar. Ali nasceu meu amor por Victoria Hathaway, eu apenas não percebi no primeiro momento. Mas agora sei que a amo com toda intensidade.

Demorei mas voltei ❤

Aaaah o que falar desse capítulo repleto de emoções e revelações 😍

Espero que estejam gostando da reta final dessa história que estou escrevendo ela com todo um carinho, amo muito ela 😢❤

Tentarei voltar o mais rápido que conseguir...

Para quem ainda não sabe postei a sinopse do Spin-off do livro da Victoria (Destinos Cruzados), nele terá a história de Ethan e Alyssa, mas será só postado quando o livro da Vic estiver concluído, o que não irá demorar 😉

Agora faltam apenas 4 capítulos para o fim!

Bjos, Steph...