Capítulo 21 - Victoria
— Você vai dormir no mesmo quarto que eu! Isso é tão legal! — comenta Clarisse eufórica.
— Filha deixa a Victoria respirar um pouco, ela acabou de sair do hospital — repreende Luíza de leve no banco da frente.
— Desculpa — sussurra.
— Tudo bem — sorrio levemente para ela e recosto minha cabeça na janela do carro observando o trânsito caótico de Nova York.
Poucos minutos atrás eu recebi minha alta e saí do hospital, o medo veio a seguir sem saber o que iria acontecer na minha vida de agora em diante. Mas apenas por ter o Daniel ao meu lado isso me trouxe forças, caminhei para fora daquele hospital com uma nova perspectiva da minha vida, uma receita médica e um novo encontro marcado com a Alyssa.
Não sinto tanto o medo me assolar agora, apenas quando penso naquelas pessoas que me fizeram tanto mal, no meu corpo tem as provas do quanto eles foram cruéis comigo, principalmente aquele homem que eu jamais irei considerar como pai. Sinto meus olhos pesados e sigo olhando pela a janela os carros como um borrão ao nosso lado perdida em pensamentos.
— Victoria — ouço a voz com um toque de rouquidão do Daniel me chamar.
— Oi — murmuro com a voz rouca pelo o sono ao abrir meus olhos lentamente.
Acabei cochilando, meus olhos correm a nossa volta e noto que paramos em frente a uma modesta casa em um bairro bom, não como um bairro aonde as pessoas com mais dinheiro moram, mas nesse bairro posso perceber mais casas em bom estado e um pouco a frente algumas crianças brincam.
Sorrio ao ver uma menina em cima da calçada pisar no pé do garoto que tentou pegar sua boneca e sair caminhando com seus cachinhos balançando pelo o seu caminhar irritado.
Meus olhos se desviam para o portão que abre no instante que Daniel aperta um pequeno controle, quando o carro estaciona tomo proporção da bela e aconchegante casa que me trás uma sensação de segurança.
— Vem querida, vamos conhecer sua nova casa — diz Luiza e troca um breve olhar com o filho.
Não um olhar de repreensão, mas sim de orgulho.
— Claro — respondo e abro a porta saindo em seguida.
A dor percorre meu corpo e como sempre fiz dessa vez disfarço, não quero que me tratem diferente por causa dela, tenho medo que passem a me olhar como se eu fosse um objeto de vidro prestes a se quebrar de tão frágil. Ainda mais depois que tudo aconteceu, eles me viram em meu pior momento, não quero ser vista diferente pelas as pessoas que estou começando confiar.
Pessoas essa que vem me ajudando desde que eu acordei naquele hospital, não apenas eles, mas isso inclui Alyssa, Rose e o doutor Carlos que me trataram tão bem, principalmente Alyssa, tenho sentido uma ligação diferente com ela desde que lhe contei um pouco da minha história. Não sei explicar, mas me sinto ansiosa para encontrá-la amanhã na próxima consulta.
Caminho em passos lentos atrás da Luiza que para em frete a porta branca e a abre revelando o interior da casa tão aconchegante quanto o lado de fora, sinto um arrepio na minha nuca e sei que Daniel me encara do carro, queria me virar enfrentando seu olhar, mas não sou tão ousada.
— Entre querida, a casa não é minha mas quero que se sinta em casa pelo o tempo que irá morar aqui — diz com carinho e isso me emociona.
Sem que eu possa me controlar a abraço, seus braços não demoram a me envolver após passar o susto, nunca fui uma pessoa que recebeu ou demonstrou carinho, mas Luíza pelo o jeito que ela vem me tratando tenho um carinho especial por ela nesse pouco tempo.
— Obrigada — sussurro ainda no calor dos braços descobrindo pela a primeira vez o que é receber um abraço de mãe.
— Não precisa agradecer.
— Mãe o quarto está pronto? — pergunta Daniel ao entrar na casa.
Como sempre meu coração se acelera apenas por ouvir sua voz. Ao entrar seu olhar recai em mim e sua mãe, não perco o orgulho por trás das suas profundezas castanho escuro.
— Sim querido, irei levá-la para cima e o senhor trate de iniciar o almoço — repreende de leve com aquele tom materno.
Daniel cozinhando? – penso surpresa.
Acho isso condena minha expressão, pois ele e Luíza me encaram com os olhares divertidos em uma piada interna familiar.
— Esse mocinho sabe muito bem cozinhar Victoria — seu tom é de orgulho — Isso é o mínimo, eu e seu pai somos chefes de cozinha de um restaurante nossa família.
— Nossa — me sinto surpresa por isso.
— Eu também sei muito bem cozinhar — diz Clarisse entrando em casa com algumas sacolas.
— Adora se intrometer na conversa dos outros — provoca Daniel.
— Você que se intromete — rebate.
— Quero apenas ver quando o Matteo chegar — diz Luíza baixo.
— Quem? — pergunto confusa ainda com meus olhos presos na pequena briga dos irmãos.
— Amigo do Daniel, digamos que ele e a Clarisse não se dão muito bem.
— Por que?
— Eles brigam muito, e ele ama provocar minha menina — explica, mas com um sorriso discreto nos lábios.
— Ela sabe que ele vem?
— Ainda não, deixaremos isso como uma surpresa — brinca.
— Luíza — falo seu nome em estado choque.
— Intuição de mãe querida, irá me entender quando ele chegar e você ver como eles são juntos.
Balanço a cabeça ainda surpresa por essa pequena armação dela. Meus olhos se voltam para os irmãos que agora estão na cozinha brigando novamente. Clarisse está com uma sacola que creio ter os ingredientes para o almoço e o Daniel está com o que precisa para começar a prepará-los.
— Acho bom os dois começarem a fazer o almoço e parar com essa briga — repreende Luíza me guiando até as escadas —, ou voltarei aqui e não queiram me ver fazendo esse almoço.
Sua ameaça parece surtir efeito quando Clarisse e Daniel trocam um olhar antes de juntos começarem a fazer o almoço. Acho que essa não é a primeira vez que ela faz uma ameaça assim, pelo o jeito que agora estão calados trabalhando juntos Luíza fazer o almoço não parece ser boa coisa se ela havia mandado os filhos fazer essa tarefa.
[...]
— Hora do remédio — meus olhos seguem até a porta e Daniel está parado com um sorriso nos lábios.
Depois do almoço Luíza praticamente me obrigou a subir e descansar um pouco, não demonstrei, mas realmente estava muito cansada, meu corpo estava dolorido e minha cabeça latejava um pouco naquele momento.
Mas nada me faria abandonar aquela mesa, pela a primeira vez me senti bem e puder ver como é um almoço em família, mesmo que o pai deles não estivesse aqui, eu tive uma prévia de como a família do Daniel é quando se reúnem.
Falaram de vários assuntos, apenas fiquei quieta olhando com admiração para a interação deles durante o almoço, mesmo que várias vezes eles tentassem me colocar no meio da conversa.
Me sento na cama e Daniel entra no quarto com um copo cheio d'água e na outra mão duas cartelas de comprimidos.
— Obrigado — agradeço quando coloca os comprimidos na minha mão e me oferece o copo.
— De nada.
Quando termino de tomar a água ele pega o copo, me sinto estranha com seu olhar, dessa vez não consigo decifrar.
— Precisa de algo? — sua voz soa rouca.
— Não obrigado — sorrio brevemente e sinto o calor nas minhas bochechas.
— Irei deixá-la sozinha, mas isso não vai durar muito tempo, minha irmã está ansiosa para subir e te atormentar com as histórias dela — brinca mas o tom caloroso de amor permanece em sua voz ao se referir a irmã.
— Gosto da Clarisse — pauso e suspiro antes de confessar — Ela foi a primeira pessoa que falou comigo naquela escola sem me insultar.
— Victoria — diz meu nome com pesar.
— Não quero pena Daniel — Minha voz sai rispida e sinto vergonha um segundo após lhe falar isso — Desculpa.
— Tudo bem, eu entendo, mas agora você tem que entender que não está mais sozinha — pega minhas mãos e sinto meu coração se acelerar com esse pequeno ato — Você tem a mim, minha mãe, minha família inteira para ser mais específico. Não está mais sozinha.
Sinto meus olhos marejarem e sem que eu possa me controlar me jogo em seus braços ignorando toda dor apenas para sentir o conforto juntamente com a sensação de estar finalmente em casa mais uma vez.
— Obrigado por não ter desistido de mim quando meus próprios pais nunca se importaram comigo — sussurro.
Seus braços instintivamente me apertam mais um pouco.
— Nunca, jamais desistiria de você Victoria Hathaway — diz com seriedade e eu acredito em suas palavras.
Eu também nunca desistiria de você Daniel – confesso mentalmente.
Boa tarde amores...
Demorei mas apareci, bom esse capítulo consegui finalmente finalizá-lo depois de uns problemas que tá acontecendo comigo. Ainda mais a dor que estou sentindo no pulso esquerdo , mas não poderia os deixar sem capítulos ainda mais quando essa história está perto do fim.
Sim, finalmente irei finalizar mais uma história.
Faltam exatamente 10 capítulos para a história acabar, sem contar com esse que postei hoje....
Mas aí vocês perguntam : Só isso Stephanie?
Sim amores só isso, a história da Victoria nunca tive em mente ela ser muito grande, tanto que o necessário para ela acabar é apenas isso depois de analisar o que eu já havia escrito até agora, não tenho a necessidade de enrolar o enredo dela que está passando por enquanto naturalmente, mas não pensem que os capítulos serão meia boca e sem informações sobre o seu tratamento e algumas revelações.
Espero que gostem dos que virão à seguir...
Tentarei voltar o mais breve com um novo capítulo!
Bjos, Steph...
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