Capítulo 16 - Victoria
"Talvez não precise ficar os 3 dias... "
Isso ecoa na minha cabeça me deixando tensa, me sinto mal por saber isso. Deveria ficar eufórica por estar bem e ir para casa, mas isso aconteceria se eu soubesse que em casa me aguardaria uma família feliz. Mas não é assim na realidade a qual vivo.
Suspiro melancólica e noto quando o olhar do Daniel recai sobre mim, tento evitar, mas pela a primeira vez sinto vergonha pelo estado que estou, não deveria sentir quando sei que a culpa não foi minha.
Nunca foi realmente.
Apenas não tive sorte de possuir uma família que me amasse. Como eu queria ser amada pelos os pais, ter amigos, ser apenas uma adolescente normal. Ultimamente depois que conheci Daniel tenho me tornado repetitiva ao desejar a todo momento isso, sempre pensando em como minha vida seria se tivesse pais que realmente me amassem.
Mas não adianta pensar em algo que não posso controlar, se eu nasci nessa família não posso mudar meu destino. Em meu íntimo gostaria que tudo fosse um engano e eu talvez não seja filha deles, mas me sinto boba por pensar nisso.
— Posso conversar a sós com ela rapaz? — pergunta o doutor me despertando das minhas divagações.
— Claro — Daniel responde relutante ao olhar para mim.
Quando ele anda até a porta sinto um aperto, queria que ele ficasse. Mas não quero que ele escute a minha história, será difícil o bastante compartilhar isso com um estranho e não queria que ele mudasse o seu jeito comigo por causa do que irei falar.
— Victoria, infelizmente não posso deixar um caso passar batido assim. Você me disse que foi os seus pais, por ter encontrado marcas antigas suponho que não seja a primeira vez que isso acontece, não é mesmo? — pergunta assim que Daniel se retira do quarto.
Sinto vergonha e medo quando apenas aceno com a cabeça sem olhá-lo.
— Victoria — diz meu nome calmo, como se tivesse medo que eu fosse surtar a qualquer momento — Isso não depende de mim, aqui nesse hospital temos que respeitar a vontade dos nossos pacientes. Se você não quiser prestar queixa entendemos, mas também não queremos que nossa paciente venha a sofrer novamente.
Suas palavras penetram minha mente me deixado em um estado de completa dúvida.
— Não sei o que fazer — sussurro.
— Não tenha medo querida, mas você não pode viver sofrendo depois que sair do hospital, aquele rapaz ali fora se preocupa com você. Confesso que por um momento cheguei a cogitar que ele poderia ter feito isso, mas ao encontrar marcas antigas imaginei que ele não poderia tê-las causado.
Fico em silêncio olhando para o lençol entre meus dedos, sinto a angústia de não saber o que fazer. Antes nunca tive que tomar uma decisão por mim, sempre tentei ficar quieta e receber tudo, sem questionar para não piorar a minha situação. Achei que conseguiria falar com alguém sobre o que acontece em casa mas não consigo dar esse passo ainda.
— Irei deixá-la um pouco sozinha, mas saiba que estamos aqui para te apoiar — diz sério e apenas meneio a cabeça sem olhá-lo.
Quando a porta se fecha me deixando sozinha sinto uma angústia. Não queria ficar sozinha, queria que ele estivesse aqui. Como se tivesse ouvido seu nome a porta se abre e Daniel aparece como se tivesse áurea ao seu redor trazendo luz e paz ao meu coração.
Por que ele está tão acelerado?
Por que estou tão nervosa?
Minhas mãos estão trêmulas, nunca senti algo parecido com tanta intensidade. Se sentia meu coração acelerar ou minhas mãos trêmulas foi pelo o medo de apanhar, não por um garoto que conheci três dias atrás.
— Posso conversar seriamente com você? — pergunta baixo com receio.
— Tudo bem — concordo.
Ele caminha até mim mas antes pega uma cadeira, o ter perto faz meu coração se acelerar mais um pouco. Quando ele se senta tento não desviar meus olhos do seus, ele me encara com uma feição indecifrável.
— Posso fazer uma pergunta?
— Sim — respondo com receio.
— Você quer ir para casa Victoria? — arregalo os olhos e ele levanta a mão em um gesto de calma antes que eu possa responder — Estou fazendo essa pergunta para saber se não estou louco, mas saiba que antes mesmo de responder não posso deixar você voltar para um lugar onde tem duas pessoas que podem te machucar Victoria. Não posso aceitar isso.
— Você sabe — sussurro envergonhada e desvio meus olhos.
— Não — diz sério e volto meu olhar confusa — Não sinta vergonha por algo que você não teve culpa.
— Como você sabe? — rebato.
— Você teve? — arqueia uma sobrancelha com ironia.
— Não — murmuro.
— Eu sei disso, nada que aconteceu foi culpa sua, não pode se culpar por algo que não fez Victoria — argumenta.
— Como não Daniel? Eles demonstram isso todos os dias, eu não aguento mais — sussurro e sinto uma lágrima escorrer, limpo rápido — Não posso Daniel.
— Você é forte Victoria — balanço a cabeça em negativa e sinto um choque quando ele pega minha mão apertando em conforto — Você é forte — repete com seriedade e por um segundo acredito nas suas palavras.
— Não sou — afasto minha mão do seu toque e mostro meus braços marcados com finas cicatrizes — Não sou forte Daniel. Não sou, não sou — coloco a mão na cabeça fechando os olhos e repito com a voz trêmula — Não sou forte Daniel.
Um soluço escapa pelos os meus lábios e sinto o toque das suas mãos nos meus braços e continuo chorando. Ele me abraça e isso faz meu choro aumentar, nunca recebi um abraço tão reconfortante, apenas conheço a dor da agressão.
— Não sou forte — soluço entre lágrimas.
A dor se torna sufocante, preciso aliviar ela, tento afastar o Daniel mas ele me aperta mais ainda.
— Eu preciso delas Daniel — tento me soltar mas ao mesmo tempo quero ficar para sempre em seus braços.
— Não precisa.
Ele entendo o que quero dizer isso trás mais lágrimas de dor misturadas com a vergonha e frustração. Tento mais uma vez me afastar e não consigo.
— Daniel por favor — imploro.
— Não Victoria, não posso deixar você fazer isso de novo, não posso. Não serei forte ao ver você se machucando — sua voz está rouca e sinto meu pescoço molhado indicando que ele está chorando.
— Eu preciso — sinto minhas forças se esgotarem junto com as lágrimas.
— Não precisa — me afasta por um momento e é horrível ver seus olhos avermelhados pelo o choro — Eu tô aqui. Acredita em mim por favor?
— Até quando Daniel? Até quando?! — grito.
— Para sempre — diz sério.
Nego com a cabeça sem acreditar e sinto o toque das suas mãos emoldurando meu rosto para encontrar seu olhar.
— Não é verdade — sussurro — Não é Daniel.
— Acredita em mim Victoria? — pede com dor em seus olhos.
— Não posso trazer você para o meu mundo escuro.
— Então me deixa ser a sua luz?
— E se minha escuridão apagar ela? — minha voz não passa de um murmúrio.
— Acenderemos ela juntos — diz sério.
— Não posso.
— Não vou desistir de você Victoria, não me peça isso — seus olhos se tornam brilhantes ao conter as lágrimas.
— Não posso prendê-lo ao meu lado — tento me afastar mas ele me faz encontrar seu olhar mais uma vez.
— E se eu quiser ser preso? — rebate — Irá impedir a minha vontade?
— Daniel...
— Me deixa te ajudar? Venceremos juntos.
Eu queria acreditar e dizer sim, mas não posso, tenho medo que ele se arrependa e me culpe por tirar sua liberdade ao prendê-lo ao lado de uma menina que não é forte e estar perto ao sucumbir eternamente a dor.
— Me deixa te ajudar Victoria? — repete e sua voz está trêmula.
— Eu...
— Não tenha medo, estarei sempre aqui, você não está sozinha, não precisa passar tudo isso sozinha. Me deixa ser forte por nós dois, me deixa te mostrar que você também é forte, por favor Victoria?
Fecho os olhos e as lágrimas escorrem sem parar pelo o meu rosto. Sinto a meu coração se partir apenas em ver que ele está quase chorando mais uma vez por minha causa.
Será que eu tenho salvação?
Posso trazer o Daniel para minha vida?
Até quando ele irá aguentar ficar ao lado de uma menina e que é uma bomba relógio prestes a explodir?
— Me ajuda Daniel — peço sem forças e isso é o máximo que consigo falar para responder todas suas perguntas.
— Sim Victoria, ajudarei você, estarei sempre ao seu lado — balbucia e sua emoção agora foi pela a minha resposta.
Quando ele me puxa para o conforto dos seus braços eu não luto, apenas me deixo ser confortada acalentando um pouco minha dor. A compulsão por querer me cortar é grande, mas ao contrário das outras vezes não quero me deixar levar por ela.
— Daniel me ajuda — imploro quando a vontade é grande e sinto que não sou forte.
— Estou aqui amor, estou aqui — sussurra no meu ouvido.
Ouço vagamente a porta ser aberta, meu corpo está trêmulo, eu preciso das lâminas.
— Daniel — pronuncio seu nome com dor — Não consigo aguentar, não sou forte.
— É mais forte do que imagina Victoria — diz e sinto o leve balançar do meu corpo como se ele estivesse acalmando um bebê.
Sinto alguém próximo de mim, me aperto mais ao seu abraço com medo. Ouço sua voz sussurrando sem parar que eu sou forte.
— Me desculpa querida — ouço a voz da Rose perto de mim.
Me sinto confusa por um momento antes de começar a sentir meu corpo fraco, penso que estava tão perdida na dor que não percebi que tinha pessoas ao meu redor. Quando Daniel me afasta com carinho e me deita na cama, meus olhos seguem até o canto do quarto e vejo Clarisse ao lado de uma mulher, as duas me olham com lágrimas nos olhos. Volto meu olhar para o Daniel e sussurro antes de me entregar a escuridão causada pelo o remédio.
— Obrigado.
NÃO ME MATEM POR FAVOR 😢
Bom primeiramente boa tarde amores, e desculpa por ter literalmente desaparecido da face da terra por quase 2 meses (eu acho, e sim sou uma autora bem dramática kkkkkkkk) Tenho dois motivos por ter sumido....
Primeiro motivo do sumiço: Faculdade, estou perto do fim e esses dois últimos anos serão de correria para mim 😓
Segundo motivo : BLOQUEIO 😭😭😭😭😭😭😭😭 Sim amores, já estou de férias tem duas semanas eu acho, tentei escrever essa história mas não saía nada, o branco do meu aplicativo para escrever ficava zombando de mim por não sair nada, nem uma frase sequer... Então acabei me focando mais nas outras histórias que eu possuo.
Mas isso vai mudar (eu espero pelo menos), mudei a capa viram? Booommm essa capa me trouxe inspiração de Nárnia só pode (amo os filmes hehe), estou me sentindo inspirada, pode-se perceber por esse capítulo tão emocionante 😢 Chorei HORRORES 😭😭😭😭😭😭
A história está perto do fim, creio que com mais 15 capítulos eu finalize ela, e foi uma grande ironia o bloqueio ter aparecido perto do fim, mas tentarei driblar ele... Sinto muito por ter deixado vocês sem saber o que aconteceu comigo e o porquê desse sumiço, estou acostumada a lembrar as meninas no grupo quando me perguntam que eu acabo esquecendo das que estão me acompanhando apenas no wattpad... A partir de agora se eu tiver algum imprevisto (espero de coração que não tenha) estarei avisando aqui o motivo...
Os que não estão no grupo e desejam entrar podem me pedir o link no privado ou entrar pelo o link que está na minha descrição do perfil...
Espero de coração que tenham gostado do capítulo 😢❤
Tentarei aparecer de novo o mais breve possível... Só não desistam de mim 😓
Bjos, Steph...
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