Capítulo 13 - Victoria
Um gemido de dor escapa pelos meus lábios quando tento me levantar da cama, minhas costelas doem e minha cabeça começa pulsar com a dor novamente. Tudo por ter chorado tanto após Daniel ter ido embora. Como eu queria gritar para que voltasse e me transmitisse a sua proteção que nunca senti com outra pessoa. Me lembro melhor agora de como me senti segura em seus braços antes de perder a consciência.
Mas agora ele deve estar me odiando achando que sou mal agradecida por não ter nem o agredecido e a sua irmã por terem me trazido para o hospital.
Mas não era isso que você queria? Que ele a odiasse? - repreende minha consciência.
Agora não quero mais, queria que ele estivesse aqui - respondo sem forças.
Acho que estou ficando louca por estar respondendo a mim mesma. A porta se abre e uma enfermeira passa por ela, logo a reconheço. É Rose, a enfermeira que me atendeu agora a pouco antes de ir chamar o Daniel.
Daniel.
Pensar em seu nome me causa ainda mais dor por tê-lo tratado daquele jeito. O olhar magoado que vi não era obra da minha imaginação. Ele realmente ficou triste por eu ter o tratado assim, fria.
— Querida o que está fazendo?
Vem até mim rápido e me impede que eu me esforce ainda mais para levantar.
— Eu queria...
Não sei o que queria. Talvez apenas levantar? - me questiono mentalmente confusa.
Talvez ficar na cama parada esteja me sufocando.
— Queria me levantar um pouco. — murmuro cansada.
— Não pode Victoria — repreende — Você está muito machucada e deve ficar de repouso.
— Mas...
— Nada de mas mocinha — repreende novamente mas vejo um sorriso em seus lábios querendo aparecer.
Tento sorrir mas falho e Rose interpreta que é por causa da dor, e se retira indo procurar o médico. Também estou com dor, mas não é tão grande que sentir meu coração apertado como nunca senti antes.
Poucos minutos depois a porta se abre novamente, no fundo queria que fosse ele. Mas meu coração se afunda ao ver o médico e a Rose novamente.
— Olá Victoria, como está agora? — pergunta gentilmente enquanto analisa a máquina ao meu lado e anota algo rapidamente em sua prancheta antes de focar sua atenção em mim.
— Estou bem, eu acho. — murmuro.
— Com muita dor? — pergunta sério.
Analiso um pouco o que estou sentindo e além da dor de cabeça o resto do corpo está suportável.
— Apenas dor de cabeça. — respondo baixo.
Ele se vira para Rose e lhe entrega um papel, conversam brevemente antes dela se retirar do quarto. Um silêncio preenche o gélido quarto. O médico me olha por um momento e sinto medo, não do que ele pode fazer comigo, e sim do que ele pode perguntar.
Não sei o que poderia responder, dependendo do que falar talvez até a polícia não sei possa vir aqui. E acho que não iria conseguir enfrentar eles sozinha.
Sozinha.
Já devia ter me acostumado, quer dizer, eu era acostumada. Mas depois que Daniel e sua irmã apareceram agora ser sozinha não me trás tanto conforto.
Ser sozinha está me causando medo, pelo o pouco que Clarisse conversou comigo me senti bem ao pensar que poderia ter uma amiga. Mas agora nem sei se ela irá querer conversar comigo depois do jeito que tratei seu irmão.
Sinto minhas mãos trêmulas e aperto uma na outra para tentar controlar o tremor, o médico nota meu movimento e por um momento vejo pesar em seu olhar antes de mascarar com sua expressão neutra.
— Victoria sabe que não irei acreditar que esses seus hematomas são de uma queda ou alguma outra desculpa na qual estou acostumado a escutar. — diz devagar com medo que eu surte.
Confesso que estou perto, não queria estar conversando com ele sozinha. Mas sinto teria ainda mais vergonha se tivesse alguém comigo.
— Eu sei. — suspiro melancólica.
— Devo desconfiar daquele rapaz que está na sala de espera? — pergunta sério.
Ele ainda está aqui?
Daniel não foi embora depois que o tratei mal?
Sinto algo como se fosse aquela fagulha de esperança aumentar um pouco ao saber dessa pequena informação que médico disse.
— Não! — respondo rápido e isso o faz me olhar desconfiado — Não foi ele, a única coisa que ele fez foi me ajudar na escola e eu o tratei mal depois disso.
— Então era por isso que ele estava com um ar mais triste, fico aliviado por você me confirmar isso — sorri brevemente — Aquele garoto realmente está preocupado com você.
— Ele está? — pergunto surpresa.
— Sim Victoria. Mas sinto em falar mas não podemos mais enrolar sobre o que houve com você. Chegou aqui em um estado delicado, se tivesse demorado mais um dia para vir aquela sua pequena concussão poderia ter se tornado grave.
Ao falar isso sinto o ar não chegar sufiente aos meus pulmões. Saber que eu poderia ter ficado pior ou até ter morrido me deixa em estado de choque.
Mas não era isso que eu queria?
Por que agora dói tanto pensar na morte como minha única solução?
De repente seu rosto surge em meio aos meus pensamentos como se ele fosse o motivo para essa dor em pensar nos meus motivos para não querer viver.
Seu sorriso ao ver que o estava analisando aquele dia surge me causando conforto.
Será que é ele que está me mudando sem fazer nada?
Simplesmente por existir?
Seria possível isso estar acontecendo?
— Victoria. — chama o médico.
— Desculpa. — murmuro envergonhada por ter me perdido em pensamentos.
— Sem problema. — diz compreensivo — Mas poderia ao menos me dizer quem fez isso com você?
— E..eu... — penso em mentir nas não consigo — Foi meus pais.
Quando falo não vejo surpresa alguma em sua feição e me sinto envergonhada. Desvio o olhar e encaro a parede. Acho que no final ele sabia quem havia feito isso comigo, apenas queria uma confirmação.
— Desculpa por fazer você ter que responder aquela pergunta Victoria. Irei deixá-la um pouco sozinha e a enfermeira virá daqui a pouco com a sua medicação.
Não falo nada por ainda me sentir envergonhada, solto a respiração que nem sabia que segurava até ele sair do quarto. Se ele já desconfiava disso deve ter contado ao Daniel enquanto estava desacordada.
Mesmo assim ele veio me ver quando pedi para Rose chamá-lo, estava preocupado genuinamente e não estava me olhando com dó ou pena pelo o que passei.
Agora consigo pensar com clareza em cada momento desde que nos conhecemos, tanto ele como Clarisse me trataram normal, e não com algum outro motivo. E eu os julguei a todo momento por estar acostumada apenas a receber humilhação de todos.
[...]
— Agora a sua dor de cabeça irá aliviar querida. — sorri Rose ao aplicar o conteúdo da seringa no meu soro.
— Obrigado. — agradeço sincera.
— Que isso, apenas quero o seu melhor. — diz com tanto carinho que meus olhos marejam.
Nunca tive alguém que se preocupasse tanto com o meu estado e quisesse o meu melhor. Tento falar algo mas não consigo pela a emoção, mas Rose me interrompe antes que tivesse a chance de falar algo e agradecê-la novamente.
— Está com fome agora? Passei sua dieta que o médico prescreveu para prepararem.
Ao pensar em comida meu estômago resolve dar sinal de vida e minhas bochechas se aquecem quando Rose o escuta.
— Acho que sim. — brinca. — Agora que lhe dei a medicação logo retorno com a sua refeição. Pelo seu prontuário ficará aqui por pelo menos três dias.
— Três dias? — me espanto.
Não posso ficar aqui tudo isso, como eles vão reagir se eu voltar para casa três dias depois. Se eu tiver uma casa depois disso ou eles não me baterem novamente.
— Você está muito machucada Victoria, precisa se recuperar.
— Entendo. — sussurro.
Três dias?
O que irá acontecer depois deles?
A pergunta que quero realmente saber é outra.
O que irá acontecer comigo depois desses dias?
Surpresinha de boa noite ❤
Vocês merecem mais um hoje amores 🙈
Espero que tenham gostado do capítulo...
Agora a história irá tomar um outro rumo no qual Victoria irá enfrentar os seus traumas...
Será que ela vai conseguir vencê-los?
E esses novos pensamentos dela, irão ajudar em sua jornada contra o medo?
E o que vai acontecer quando ela sair do hospital após esses 3 dias?
Agora sim é um até domingo que vem ❤
Bjo, Steph...
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