C A P I T U L O • 5 •
"Nunca estamos preparados
para viver com a dor quando a vida de alguém chega ao fim"
Dei um última olhada na minha filha dormindo em seu quarto em todos tons de rosa, não iria acorda-la para me despedir. Era tarde, quase três da manhã. Ótimo horário que Caleb quis partir.
— Eu te amo, bebezona do papai — beijei sua testa, sorri quando a vi resmungar e virar para o lado da parede. Dennah, parada na porta olhou-me com admiração e orgulho.
— Sentiremos saudades, seu chato — Os braços finos da minha esposa entrelaçou pelos meus ombros e seus lábios suavemente e finos tocaram meus. — Volte logo... Estarei ansiosa por seu retorno.
— Tentarei resolver tudo hoje. Deixarei seguranças do outro lado da porta, já sabe, não saia sem eles!
Dennah encarou meu rosto revirando os olhos, ela odiava ser perseguida por seguranças, mas devida a minha profissão sabia que eles eram necessário quando não estivesse por perto. Eu tinha muitos inimigos, e não poderia colocar nossas famílias em risco, de forma alguma.
— Eu amo você. Amo a Emy com toda a minha alma, cuide dela por mim— pedi e ela sorriu.
— Amamos você.
Meu celular vibrou, avisando a mensagem de Caleb, que já estava me esperando no heliporto.
— Preciso ir. — Dennah concordou, sabia que como das outras vezes que havia viajado a trabalho, quanto mais rápido chegasse lá, mais rápido voltaria para as duas.
Peguei uma única mala. Coloquei meu revólver no coldre em volta cintura, e indiquei a gaveta chaveada com o dedo indicador, encarando a minha mulher.
— Eu deixei uma arma carregada na gaveta, se precisar não hesite em usá-la.
— Eu não... — Sua voz oscilou.
— Use sem hesitar, Dennah. — Meus olhos tornaram-se frios. Ela entendeu e concordou com a cabeça, antes de selarmos o último beijo.
Minutos depois eu já estava no meu carro seguindo até a mansão de Caleb, para pegarmos um jatinho particular até París.
Assim que liberaram a entrada no condomínio, e estacionou na vaga reservada ao meu Augi, desci sob alerta, não poderia confiar nem na minha própria sombra, não depois de prender August o maior traficante de drogas dos status unidos, e junto um intermediário meia boca que nem se lembrava o nome.
— Porque não marcou essa viagem durante o dia? Que droga, Caleb!
— Terminei a revisão do jatinho a vinte minutos, queria correr o risco de morrer no ar, irmãozinho?
Revirei os olhos e a contragosto entrei na aeronave. Não estava tão diferente da última vez que o pilotei. Tudo parecia normal, mas Caleb era sistemático demais para decolar sem reforçar nossa segurança. Meu irmão jogou o colete a prova de balas no ar e eu o apanhei.
Caleb estava neurótico demais achando que os homens de August viriam atrás de nós, talvez ele estivesse certo, mas usamos disfarces na prisão, era quase impossível reconhecerem.
Ajeitei as coordenadas na cabine, e decolei. Caleb não queria conversar a alguns dias havia perdido um membro da sua equipe, uma detetive, a mulher por quem estava apaixonadinho.
Ao meu lado, no lugar de copiloto, meu irmão colocou uma música e fechou os olhos, cochilando ou lembrando em seu relacionamento esquisito com Dalilah. Sem tirar os olhos do trajeto monótono lembrei do sorriso espalhafatoso da minha Emilly e gargalhei sozinho, vendo Caleb abrir um olho para me olhar de rabo de olho.
— Nem vou chutar que está lembrando do sorriso escandaloso da sua pirralha. —
— Eu acho que nunca vou me acostumar viajar e deixá-la. Sério cara, é como se toda vez um vazio ficasse, entende? — antes que pudesse responder, dei uma contra resposta. — Claro que não, você não tem filhos.
— Magoou, maninho. — Seu par de olhos azuis me fitaram fixamente, e Caleb fez uma careta ridícula. — Eu só não quero envolver ninguém na vida que levamos.
Caleb estava certo. Desde que soube da existência da Emilly e me casei com Dennah nunca as deixei sem seguranças, e sempre tínha de ser os melhores. Não arriscaria nem por um caralho a vida da minha família, e nunca faria.
Quase três horas depois finalmente aterrisei em solo francês, no campo enorme na casa Charlie Morrissey, um amigo antigo do meu irmão, esse que nos observava descer da nave recostado com um sorriso congelado no rosto, ao aproximar o loiro tomou uma postura firme.
— Caleb, é tão bom vê-lo. — o sotaque do inglês carregado fez com que eu o encarasse fixamente. Eu não conseguia confiar novamente depois de ser traído... As marcas ainda estavam lá. — Presumo que seja Spencer, prazer Charlie Morrissey.
— Eu sei quem é você — ponderei na resposta.
Meu celular vibrou, e pelo toque diferenciado reconheci o número da minha a esposa. — Com licença rapazes — Distanciei-me por poucos segundos, mas a respiração ofegante do outro lado me fez entrar em alerta.
— Spencer, tem alguém dentro da nossa casa. — A voz de Dennah diferente, falava baixo como se mal conseguisse raciocinar as palavras. — Eu ouvi um som alto lá em baixo, não tive coragem de ver o que era, só acordei a Emy e corremos.. Estamos no nosso quarto. Amor, eu estou com tanto medo. A arma... — Falou a última palavra como se agarrasse abuma ponta de esperança.
— Dennah tente ficar calma, vai ficar tudo bem. Eu já estou indo, só se esconde. Não desliga amor. Fica comigo.
— Eu não gostaria de escutar nenhuma outra voz que não seja a sua, meu amor. — Sua voz estava embargada.
Olhei para trás com o olhar cerrado, Caleb já sabia que algo estava errado, acho que pela minha expressão pálida ele sabia o que poderia acontecer.
— Vamos voltar Spencer. Eu piloto e você não desliga esse telefone. — Joguei a chave e o meu irmão olhou para Charlie. — Sinto muito, resolvemos isso depois.
— Corre, cara. — Sua voz estava exasperada.
Meu coração acelerou quando ouvi tiros... Muitos deles.
— Dennah. Caleb, não temos tempo, porra— gritei desesperado correndo para onde havíamos acabado de pousar sendo seguido por meu irmão que não demorou a decolar. O silêncio do outro lado da linha fez com que sentisse um arrepio na espinha. — Amor, estou indo. Amor...
— NÃO. NÃO ELA NÃO, ME MATEM. POR FAVOR, ELA NÃO. — Sua voz estava estava distante. Assustada e desesperada. A essa altura eu andava de um lado para o outro me sentindo um merda. Eu deveria estar lá com elas.
— SPENCER, EU TE AMO — O primeiro disparo queimou meus ouvidos, sendo seguido de muitos outros.
— NÃOOOOOOOOOOO. — Rasguei a garganta em um grito ensurdecedor.
A aeronave desequilibrou fazendo que meu corpo fosse arremessado contra o acento almofadada, não senti dor... Estava extasiado pelo choque e com o coração quebrado em milhares de pedaços junto a dor insuportável que cruzava o meu peito. Tão intensa e aguda que travava o meu ar. Vi as pernas do meu, senti seu toque firme em meu ombro. Ele havia colocado a aeronave em piloto automático para ver como estava. E sem olhar para ele, chorei. Chorei de dor, desespero, fraqueza, medo e impotência. Não me importava que o meu irmão me visse chorar, porque sabia que assim que o avião a jato aterrisasse nada seria como antes...
★★★
Acho que parti o coração do Spencer gente...
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