C A P I T U L O • 4 •
"Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade."
— Eu já disse que não vou me envolver nas coisas que eram do papai, Megan? Não insista. Se vire maninha, e se quiser que eu assine um documento deixando a agência de modelos só para você, eu assino. Não quero nada daquele lugar, só me deixe em paz em relação a isso, tá?
Desliguei o telefone.
Eu não odiava a minha irmã, pelo contrário, amava-a com todas as minhas forças, mas falar do velho nosso pai era forçar a amizade. Vincent Behling era egocêntrico metido a besta, pensava que apenas ele tinha uma visão ampla da vida, e não aceitava opinião contrária.
Lembro-me até hoje, há onze anos, em um jantar entre os patrocinadores de um concurso da agência onde ele tentou me humilhar dizendo que dependia dele para tudo, e realmente, mas naquela noite acordei para a vida e tudo mudou.
No dia seguinte pedi demissão da diretoria da agência que ele era o dono, ele não aceitou de forma passiva foi aonde à briga iniciou. Lembro-me de suas palavras frias como seus olhos azuis naquela noite tempestuosa.
– Acha mesmo que irá a algum lugar sem meu prestígio? Seu moleque imbecil. Aprenda que a vida é dura, não como você e o Caleb pensam que é. Vocês não serão nada sem mim, nem mesmo vai entrar em uma universidade, no mínimo dois empregadinhos de salário mixaria, sem nenhum tostão meu, seu vagabundo!
Aquela foi à última briga.
A última vez que o vi, já que naquela mesma noite juntei todas as minhas coisas, arrumei em duas malas grandes, joguei no porta-malas do carro e fui morar com o meu irmão.
Esse era mais um dos motivos que o meu pai me odiava, porque há pouco tempo havia contado a mamãe de suas traições, ela o largou e foi embora sem olhar para trás, após isso, minha vida tornou-se um inferno até decidir ir embora de sua mansão.
Com dois meses dividindo apartamento com meu irmão, que formou-se cedo no ensino médio e ingressou a faculdade no mesmo ano. Eu consegui um emprego como segurança do prefeito.
Por ser jovem, vinte e um anos, isso foi algo fácil para mim, não sofri tanto com as adaptações. O trabalho me deu acesso a treinamentos de defesas pessoais, dobrei meu porte físico, andava armado e sempre em alerta. Amava quem havia me tornado e a influência do meu chefe fez com que eu conseguisse uma bolsa em doubyhight, e vi o momento perfeito para provar que podia ir além do que Vincent acreditava, mas não tive tempo, nem mesmo de me despedir. Meg ligou-me avisando que o papai havia tido um AVC, entrou em coma intensivo e morreu no mesmo dia. Tudo tão rápido que não conseguiu avisar.
Queria mostrar ao meu pai sobre minha capacidade em vida, em morte eu não fazia questão da sua grana porque aos poucos conquistaria a minha.
Não fiz questão de me preocupar quando advogado abriu o testamento diante de mim, Caleb e a mamãe. Ao ler, fiquei chocado quando vi que Vincent havia deixado a maior parte de seus pertences para a Megan. Seus carrões, suas mansões e seu império, tudo nas costas de uma garota de doze anos. Para mim ficou quarenta por cento das ações da model, agora para o Caleb, o velho não deixou nada. O excluiu totalmente de seu testamento e o meu irmão não disse nada sobre aquilo, mas suspeitava que ele soubesse o porquê Vincent foi tão cruel e drástico.
Megan foi morar com a mamãe em Paris, pouco depois e eu passei os dois anos pensando nas malditas palavras de Vincent e no seu testamento de merda. Minha irmã voltou com quatorze anos. De longe, soube que a mamãe estava fazendo um bom trabalho, contratou pessoas, expandiu as filiais para entregar a minha irmã quando fizesse vinte e um anos, e isso aconteceu há dois anos, e desde então ela me infernizava querendo dividir a model Behling. Queria que eu aceitasse minha parte, e queria até doar ao Caleb, achava injusto o que o nosso pai havia feito com ele.
Queria ser como ele mediante a situação, ser frio, mas mantive o apenas o orgulho assim como a última vez que o vi em vida. Lembrei-me de suas palavras e elas me moveram a ser quem sou.
Os cinco anos passavam-se vorazmente, assim como o meu empenho e dedicação com o curso de direito. Eu quis ser o melhor. Dei o meu melhor, e consegui concluir meu objetivo aos vinte e três anos. E no último dia, na formatura e colação de grau conheci Dennah. Uma mulher de olhos azuis e sorriso traquina; naquele dia ela estava deslumbrante seus cabelos negros estavam presos em uma trança elegante, e ali, flertamos a festa toda com olhares e quando bebi, tive coragem de ir até lá e a convidei para dançar. Dentro do longo vestido vermelho, que marcava sua sensualidade ela me olhou com luxuria, e ao final da dança a beijei. E ao tocar seus lábios minha pele ansiou seu corpo, e só bastou algumas músicas para o clima esquentar entre nós para que caíssemos fora, e a festa fizemos em lugar, juntos, usando um ao outro em intenso e saboroso prazer, e ali, me vi entregue a aquela mulher de lábios vermelhos, pensei que Dennah iria além de uma trepada, até me ver sozinho na cama de motel.
Depois daquele dia nunca mais a vi.
Formado, poucos meses criei uma carreira forte e foda para caralho, assim como meu irmão como investigador. Formamos uma dupla imbatível, éramos respeitados ao mesmo tempo em que éramos odiados.
O dia na delegacia estava corrido quando adentrou uma mulher com traços familiares para mim, um pouco mais velha, e alguns sinais de noites más dormidas, mesmo assim estava lindíssima e ao seu lado uma garotinha, de cabelos negros como os seus, e os olhos olhos eram...
Acho que não passavam de cinco anos, e depois de cinco minutos de conversa a mulher se apresentou e é claro que me lembrei de seu rosto, como me esqueceria da mulher que marcou presença por longos anos? Mesmo conhecendo outras mulheres ainda lembrava-me de nossas loucuras. Dennah disse que a garotinha era minha filha, encarei o rosto da mulher sem saber o que falar, já que aquela noite estava tão desesperado por ela que nem me lembrei se usamos ou não preservativo. Depois de alguns dias de conversa marcamos o DNA, o que apenas comprovou, porque mesmo que não estivesse esperando ser pai, podia ver os meus traços na garotinha. Seus olhos eram os meus e o sorriso era quase que copia fiel.
Inicialmente partilhamos a guarda e pagava uma gorda pensão. Montei um quartinho pra Emy na mansão, dei um carro a Dennah para que a levasse quando quisesse até mim, mas o corpo torneado de Dennah ainda me atraia, mesmo com a idade a mulher permanecia exatamente como me lembrava, e em uma noite de visita não me controlei nas investidas, nem ela em sustenta-las. Éramos solteiros, pais de uma menininha linda e loucos de desejos retraídos, então voltamos quando tínhamos vinte e três anos, na verdade tudo foi ainda mais intenso. Depois disso Dennah passou a dormir com frequência na minha casa, saíamos bastante com a Emily, e pouco depois assumimos um relacionamento sólido, e não apenas por sexo.
E quatro anos depois a mulher demostrava-se uma boa companhia... Inteligente, falante, amiga e uma mãe perfeita, apesar de vê-la passar horas entre a madrugada sentada na escrivaninha sempre olhando como se certificasse que não estivesse sendo observada. E eu sempre respeitei sua privacidade, era algo que esperasse que fosse me contar.
Dennah tornou meus dias mais leves, brincalhões, e menos estressante. Aos poucos fui me apaixonando por ela e quando vi estava marcado novamente, pela mesma mulher. A única que ousava dizer que senti algo verdadeiro.
— No que está pensando coração? — A suavidade na voz de Dennah me fez sorrir.
Virei-me e encarei a minha mulher, com sorrisinho travesso, afastando-me todas as lembranças que me assolavam.
— No quanto amo vocês.
— Conte algo novo, Spencer — brincou. Dennah deu a volta, sentando no meu colo cruzando as pernas, recostando a cabeça em meu peito. — Estou brincando amor, é sempre bom saber disso.
— Estava pensando na viagem que farei na semana que vem, não queria ir. Não queria ficar longe do meu bebê perto de seu aniversário.
— Não trate a Emy como um bebê, ela tem nove anos.
Pedi-a em casamento oficialmente que já vivíamos juntos, oficializamos nosso amor perante um Deus. Escolher viver ao lado dessa mulher foi a minha melhor escolha. Escolhi acreditar em algo real. Eu acredito no amor, acredito que ele seja real quando encontramos a pessoa certa, e que mesmo que não sejamos perfeitos por amor estaremos sempre abertos a mudanças e renúncias.
— Eu perdi a melhor fase da vida da minha filha, Dennah. Então, pra mim ela sempre será o meu bebê.
— Estive conversando com a assistente social hoje, e ela disse que iremos conseguir. — O íris azul quanto o céu me encarou, vi um brilho diferente neles. — Meu Deus, eu estou tão feliz amor, finalmente iremos conseguir.
Dennah teve complicações no parto da Emily, na cirurgia tiraram seu útero, mas isso não atrapalhou o sonho da minha mulher em tornar-se mãe novamente e há alguns anos entramos para a fila da adoção, que está correndo até agora.
— Emy está animada para a chegada da irmãzinha. Deveria ir comigo até o orfanato. Violet é tão pequeninha e linda eu estou apaixonada por ela amor.
— Semana que vem, quando eu chegar da França a visitarei com você.
— Promete?
— Prometo. — beijei-lhe a testa em sinal de respeito.
Os olhos da minha esposa irradiava felicidade,há meses ela ansiava pela chegada da pequena integrante. Emily também já achamava de irmã e se elas estavam felizes, eu também estava, e seria capaz defazer qualquer coisa por elas, apenas para vê-las sorrir e no momento o nome dafelicidade era Violet.
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