C A P I T U L O • 22 •
"Levou apenas três segundos para nos vermos e nos apaixonarmos. O amor se aproximou de nós em um momento inesperado, fingindo ser algo comum."
O susto até ver o rosto conhecido foi inevitável. Era tarde para Hunter estar em minha porta. O ruivo vestia roupas de mangas longas como sempre que modelavam seus braços fortes e cobertos de tatuagens.
— Desculpe atrapalhar, mas precisamos pegar o avião, e suponho que o seu irmão esteja muito, muito fodido, mas acredito que ainda vivo.
Olhei esperando que cumprimentasse suas teses, mas essa afirmação não veio.
— Não acredito que veio estragar o meu jantar, Ruivento. — Megan apareceu atrás de mim. — Você é um saco!
Hunter a analisou dos pés a cabeça até Nathan chegar e passar a mão pela cintura da minha irmã e o olhar de forma fria e desafiadora como se o recém-chegado fosse uma ameaça.
Hunter os ignorou e voltou a atenção para mim.
— Quanto mais tempo perdermos aqui e uma chance a menos que o Caleb tem de vida, então, desenrole que no que no caminho explico tudo.
Quando concordei com a cabeça, ele revirou os olhos.
— Te espero no carro, você tem cinco minutos!
Quando Hunter sumiu de nossas vistas caminhei até a Magnólia, que já estava em pé, observando tudo mesmo que parecesse perdida.
Parei em sua frente e ela levantou o queixo para me olhar. Nossos olhares se encontraram, e ali, mediante todos quis satisfazer o desejo que queimava em meu peito há meses já que a intensidade de seus olhos fazia meu corpo aquecer e o rosado de seus lábios eram como se fossem convites ao pecado. Desejava beijá-la como uma possível despedida, queria isso mais que tudo, mas estar ao seu lado me limitei a tocar sua mão suavemente, antes de dizer:
— Fico feliz que esteja bem, preciso ir... — involuntariamente aproximei de seu rosto e sussurrei: — Mas saiba que enquanto estiver lá os meus pensamentos ficarão aqui, em você!
Magnólia me olhou em choque.
Quis sorrir de sua expressão e por sua reação estava livre para lutar pelo que sentia.
Talvez Megan estivesse certa.
Dennah sempre terá um espaço em meu coração, mas estava vivo e merecia uma segunda chance para viver, não apenas por minha filha, mas também para encontrar alguém que esteja disposta a lutar por mim como eu seria capaz de lutar por ela, e Magnólia foi à mulher cujo meus sentimentos moveram-se rapidamente de forma insana e assustadora, mas que talvez agora esteja a um passo de mudar uma rotina de quase dois anos.
— Tome cuidado... — maneei o rosto em direção aos olhos claros focados aos meus. Magnólia silenciou, antes de dizer: — Só saia disso vivo! —
Concordei com a cabeça quando vi o brilho das lágrimas em seus olhos e se não a deixasse naquele momento não conseguiria mais fazer. Caminhei até Megan ao lado de Nathan e a abracei.
— Se eu não voltar cuide delas por mim pestinha. — sussurrei em seu ouvido. — Se eu não voltar diga a Magnólia que ela é uma mulher incrível que se eu tivesse tido mais tempo...
— Cale a boca. Você vai voltar e dirá a ela o quanto gosta dela, então só volte para nós. — Ela afastou-se para o meu rosto. Olhando-me severamente. — E quanto a Violet, a sua filha faz parte de mim, a amo com toda a minha vida.
Sorri, afastando.
Estava na hora de ir para sabe lá onde, mas se o meu irmão estivesse lá, eu iria.
Enquanto caminhava para a porta despedi de Nathan e pedi que cuidasse de Megan e sua resposta me fez rir:
— Eu sempre protegerei a minha mulher não precisa que peça, cunhadinho. — O loiro sorriu e eu sabia que era verdade.
Nathan seria um ótimo esposo para Megan e talvez colocasse um pouco de juízo em seus momentos de adolescente.
Optei em não acordar a minha filha, mas quando vi Hunter recostado em seu conversível senti aperto.
Entrei no carro e ele deu partida, e quando viramos várias esquinas algo dentro de mim já ardia. Implorava para que voltasse para casa... Eu estava equivocado e cometendo o mesmo maldito erro... O mesmo que cometi com Emily.
— Precisamos voltar! — O homem me olhou surpreso. — Preciso me despedir da minha filha, Hunter!
O ruivo fez careta.
Ele não tinha filhos, nunca entenderia.
— O seu irmão está sendo torturado se o que descobri estiver certo e você quer voltar?
Arfei fundo sabendo que precisávamos ir, mas, precisava ver a Violet, nem que fosse por um bendito segundo.
— Eu não vou cometer o mesmo erro de quando a minha filha foi arrancada de mim e a minha mulher morta sem que pudesse me despedir. — Trinquei os dentes. — Então, volte agora, porra!
E assim ele fez, contrariado, mas silêncio.
Quando a rua da minha casa em um vivia tomou cor, o carro de Megan não estava mais, talvez fosse melhor assim.
Não gostaria que me vissem quebrar, caso Violet acordasse. Eu não estava preparado para essa despedida.
Retrocedi o caminho em direção que conhecia. Quando a porta espalhafatosa ganhou cor em meus olhos, suspirei.
Cuidadosamente empurrei a porta e entrei buscando pela minha filha e a encontrei em seu castelo favorito.
Violet estava sozinha, mas a babá eletrônica estava ligada, então, qualquer ruído a senhora Glendy entrava ali como um furacão.
Aproximei-me da cama de Violet, que estava deitada de bruços e seus cabelos bagunçavam-se em seu rosto. Tão linda.
Sentei-me em seu lençol rosa, próximo a sua cabeça, automaticamente meu dedo foi até o botão de desligar o aparelho. Eu queria falar com a menina e que isso fosse um momento nosso.
Quis dizer tantas coisas naquele momento. Quis confessar o quanto a amava e que escolhê-la havia sido a melhor coisa que havia feito em minha vida e hoje já não era por Dennah, mas pela felicidade e cor que havia trago consigo. E se hoje me sentia vivo era porque seu jeito espoleta me fazer sentir, mas limitei em apenas uma única frase:
— Eu te amo... — Sussurrei, meu coração se aquecia. — Você foi o meu melhor presente Violet, e se eu morrer hoje ou amanhã saiba que serei feliz em saber que a minha ultima lembrança tenha sido o seu rostinho, minha amada princesa.
Violet moveu preguiçosamente na cama e eu sorri antes de deixar seu quarto, estava passando pela porta senhora Glendy estava se aproximando, apressada.
— Senhor Behling que susto me deu. — respirou com dificuldade. — Pensei que algo havia acontecido com a menina.
— Ainda não aconteceu, mas vai acontecer. — Caminhei até a senhora ainda vestida de roupas largas de dormir. — Cuide da minha filha até eu voltar, fique com ela já que Megan está sobrecarregada demais para cuidar de uma criança e da agência. Não sei quando irei voltar, mas quando acontecer saiba que será muito bem paga.
— Pode ir tranquilo que a sua filha estará segura comigo, senhor Behling — vi cumplicidade em seus olhos. — E hoje já não cuido de sua filha apenas pelo dinheiro e sim por amá-la. Violet é uma criança iluminada que enche nosso coração de amor, e eu a amo.
Sorri.
— Obrigada, senhora Glendy, agora preciso ir!
A senhora concordou e refez seu caminho até o quarto e eu segui para a saída, preparado para tudo que estivesse por vir, inclusive para morrer pela minha família se fosse preciso.
•••
O silêncio preencheu o carro enquanto Megan dirigia até seu apartamento. Nate vinha atrás em seu carro seguido pelos seguranças da garota. Mesmo sem dizer nada Megan estava apreensiva. Quis puxar assunto, mas não foi preciso a garota maneou a cabeça e suspirou derrotada.
— Eu odeio aquele homem que levou o meu irmão. — bufou, fazendo careta em seguida. — É um cretino insensível. Acredita que no dia que meu irmão sumiu ele estava lá e foi totalmente indiferente ao que eu estava sentindo? Tenho nojo de pessoas assim.
Fiz apenas uma careta sem graça.
Abri a boca, mas nenhum som saiu de meus lábios.
— Amei o conselho, Lia. — Ela sorriu. — Isso que irei fazer, ignorar aquele amigo idiota do meu irmão.
Sorrimos juntas e então vi o prédio de Megan.
Entramos no estacionamento e descemos do carro ao mesmo tempo em que Nathan, que quando se aproximou entrelaçou seus dedos aos de Megan. Entramos no apartamento.
— Preciso de um longo banho. — Meg ressaltou e eu concordei. Também precisava de um depois do surto que havíamos passado.
Tomei o banho demorado e todos os minutos na banheira pensava em Spencer, pensava em suas palavras sussurradas em meu ouvido, que me fazia sorrir. Será que deveria ter dito que pensaria nele também? Mas entre as palavras não ditas, eu pensaria. Ah, se pensaria. Spencer havia mexido com meu coração com algo que ia além da gratidão.
Quando me arrumei no quarto amarrei meus cabelos longos em um rabo de cavalo alto, só então notei o quanto meu cabelo já havia crescido desde que havia acordado. No guarda roupa organizei as roupas que Megan havia comprado para mim antes de sair do hospital e como Nathan provavelmente dormiria aqui era melhor usar algo que não marcasse tanto meu corpo. Escolhi um vestido multicolorido floral que nunca havia usado antes, até acima dos joelhos.
Sai do quarto de pés descalços, devia ser tarde, Megan já havia se recolhido com o noivo. Sozinha, abri a porta da varanda sentindo o ar gélido bater em meu rosto. Ao olhar a cidade a luminosidade da cidade, mas uma vez quis pertencer a algum lugar. Queria ter sido importante para alguém, mas não, ninguém me procurou.
— Pensei que estivesse dormindo, florzinha. — girei o pescoço e vi Megan parada atrás de mim com um copo d'agua nas mãos.
— Estou sem sono — respondi e ela sentou-se ao meu lado.
— Está pensando no meu irmão, não é? — Não respondi imediatamente, mas Meg era esperta, sabia que sim. — Você gosta dele, Magnólia?
A sua pergunta me acertou em cheio.
— Sejamos sinceras, Lia, vejo isso em seus olhos — riu e eu a olhava sem reação, mas quando abri a boca, não poderia mentir:
— O seu irmão foi cuidadoso e paciente enquanto estava desacordada naquele hospital e acolhedor quando continuou me visitando mesmo sem precisar fazer isso. Eu serei eternamente grata e...
— Magnólia, quando digo gostar como uma mulher de um homem e não somente por gratidão.
— Megan...
— Porque distorcem tantos as coisas que poderiam ser mais fáceis para vocês? Vocês se gostam mesmo que não aceitem. Acha que nunca reparei a forma como olha para ele? Quer mesmo mentir para si mesma, Lia?
— Não posso nomear, mas ele faz com que eu sinta coisas queimarem em meu coração. Spencer é um homem atraente, charmoso que sem duvidas poderia facilmente me apaixonar por ele, embora ache impossível um homem como ele gostar de uma garota com uns parafusos a menos que não lembra nem do próprio nome.
Megan segurava seu celular quando riu, nem havia o visto objetivo ali antes.
— Vocês são tão idiotas — revirou os olhos e eu não respondi.
Nathan apareceu com a cabeça no blindex, estava sem cabeça e calça moletom.
— Pensei que estivesse dormindo, princesa. — Nate era mais forte do que parecia.
— Vim buscar água e vi a Lia sozinha aqui e decidi fazer companhia a ela.
— Irei vestir a camiseta e já volto. — E ele deixou novamente nos duas ali, mas logo voltou se juntando a nós.
— Então, o que falavam?
Olhei-a incrédula, não queria que dissesse sobre meus sentimentos a ninguém quando nem eu estava preparada para admiti-los.
— Eu dizia a ela sobre o meu irmão — Megan olhou para o noivo e sorriu e quando seu olhar me encontrou deu uma piscadela com um sorriso cínico.
— Spencer é um cara legal — Ele me olhou como se soubesse algo que eu não sabia. Ele e Megan compartilhavam do mesmo olhar, olhar de quem estava aprontando.
— Por causa do meu pai tornamo-nos uma agencia de modelo conceituada em Douby e acabamos levando o legado de Vincent até hoje, embora meus irmãos queiram distância dessa vida.
Megan me contou tudo diante de seu noivo.
Contou-me sobre a soberba de seu pai, que mesmo sendo ainda criança lembrava-se de fatos que a marcaram como quando Spencer deixou seu pai por ele o humilhar, quando sua mãe pediu o divorcio por descobrir enxurradas de traições e a última briga horrenda que teve com o Caleb, que não sabia o motivo, mas que resultou em sua exclusão após a sua morte.
— A sua família é... No mínimo, intensa — arregalei os olhos ao final da descoberta.
Era inevitável, eram perfeitos demais para passar por tantas coisas.
— O papai foi cruel com meus irmãos e mesmo sem querer acabou me afastando deles por longos anos — Ela suspirou. — Mas conseguimos reestabelecer uma conexão e eu os amo demais, e se eles não...
Ela pausou, seus olhos se encheram de lágrimas.
Nate rapidamente a acolheu em seus braços, beijando lhe a testa.
— Amor, eles estão bem, vai ficar tudo bem! — Nate a acalentou com devoção, e em seu olhar havia amor, em seu cuidado havia zelo. E quando se olhavam compartilhavam o amor. Era lindo e reciproco aos olhos de quem visse.
— Eles vão voltar. — Tentou se convencer, mas em seus olhos havia medo, mesmo mediante ao abraço de Nate toquei uma mão.
— Eles vão voltar — repeti com convicção e ela assentiu.
Despedi-me deles e voltei para o quarto. Viver com os Behling era intenso demais, sempre acontecia algo que fazia meu coração encolher de medo de perdê-los. O celular que Megan havia me dado a tê-la brilhava. Olhei-o surpresa e quando cheguei perto havia uma barra de mensagem ativa, e quando rolei para cima meu coração parou de bater por um segundo. Era uma mensagem, dele:
Minha bela Magnólia;
Não podemos nomear por medo de arriscar, mas arrisco dizer que é mais intenso que os dias frios de inverno.
Você é linda, e eu poderia sim facilmente me apaixonar por você.
Com amor, Spencer Behling.
Olhava para a mensagem sem acreditar.
Megan estava com o seu celular nas mãos e com feições de quem estava aprontando e realmente estava. Seu sorrisinho não escondia. Megan sabia que confessaria e por isso decidiu agir como cupido e sua flecha havia sido acertada bem no meio de nossos corações.
•••
Os dias se arrastaram desde a partida de Spencer.
Megan era uma mulher atarefada, passava quase todo o seu tempo fora de casa, mas o dia que esteve com meio tempo livre dividiu-o comigo para comprar roupas, que segundo ela as minhas estavam batidas demais mesmo que fosse para passar o tempo em casa. Não havia visto Violet nesse tempo, Megan disse que Spencer deu ordens explicitas para que cuidasse da menina até que ele retornasse e mesmo indignada por não poder pegar a menina em partes agradecia por não conseguir mais conciliar seu tempo com um trabalho que esperou por toda sua vida.
Optei em não dizer nada a minha amiga sobre a mensagem de seu irmão, pois sabia que seria capaz de mandar outra mensagem no mesmo momento e idealizar coisas em sua cabeça já que havia notado o quanto ela era romântica e acreditava no amor.
— Lia, está me ouvindo? — Megan chamou minha atenção e eu a olhei. Estávamos tomando o café da manhã, juntas.
Megan usava um macacão verde soldado e os cabelos loiros estavam amarrados em um penteado chique, assim como sua maquiagem perfeitamente natural.
— A senhora Glendy está doente. — bufou, preocupada. — E como faz cinco dias que o meu irmão viajou com aquele cretino e não me deu noticias desde então, isso está começando a me enlouquecer.
Ela caminhou até mim.
Seus saltos batiam no chão e entravam em meu ouvido.
— Eu preciso fechar uns últimos contratos para a viagem que farei em poucos dias, mas preciso buscar a minha sobrinha porque a senhora Glendy irá ao hospital ver o motivo das crises respiratórias.
O olhar derrotado da minha amiga me fez suspirar.
— Terei que levar a menina para a agência comigo e isso está me deixando preocupada. Eu já cuidei dela antes, mas a senhora Glendy estava lá.
— Se quiser deixá-la aqui. — dei de ombros e ela sorriu. — Acho que posso cuidar dela sozinha sem colocar fogo na casa.
— Certeza? Acha mesmo que consegue? — Ela correu até mim e me abraçou. — É algo importante demais que não poderia levar a princesa brilhosa. Você acaba de salvar a minha vida, mas prometo que quando tudo se ajeitar irei te recompensar por isso.
— Megan você já está sendo maravilhosa, não preciso mais de nada!
Megan pegou a bolsa e ajustou em seus ombros, mas antes de sair, tocou meu ombro:
— Pedirei ao meu motorista que traga Violet até aqui... — Ela me olhou nos olhos. — Só finja que é uma princesa e dê as bonecas a ela que assim te deixará em paz por um tempo.
— Vai ser legal conhecer melhor a filha do Spencer, achei que naquele dia ela não gostou muito de me conhecer.
— Não seja boba, ela adorou você. — Vi a fresta de sorriso em seus lábios. — Ainda mais quando deseja uma referência materna que nunca conheceu...
Olhei-a incrédula quando virou as costas e me deixou ali, remoendo suas palavras.
Será que a pequena me desejava como sua mãe? Será que havia gostado da representatividade a esse ponto?
Se a resposta fosse positiva ficaria feliz em ouvir palavras tão doces vindas de uma garotinha como Violet, a menina que em primeiro instante pegou meu coração para si de forma tão inesperada.
— Não Magnólia, evite apegar-se demais ou então poderá sofrer com as consequências se um dia tiver que partir. — repeti, duas vezes, como um mantra, mas já era tarde!
O amor por Violet e pela família Behling havia sido implantado em meu coração, porém, não sabia a voracidade de como isso afetaria na minha vida e nem o que aconteceria a seguir.
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