C A P I T U L O • 16 •
A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la, mas quem consegue descobre tudo.
Algo nos olhos da mulher a minha frente estava diferente, tanto, que não me deixava desviar o olhar. Sentia-me hipnotizado, encantado por seus olhos cor de safira, eram lindos. A jovem a minha frente sorriu quando meus olhos pararam em seus lábios. Suspirei fundo como se fosse um adolescente fazendo um papel idiota.
Merda! Achei que tinha passado dessa fase.
— Me desculpe por não vir antes, foram tantas coisas que aconteceram... — desvencilhei meu olhar ou não conseguiria fazer se continuasse a encara-la daquele modo, ainda mais quando a garota de cabelos negros acariciou as flores como se fossem intocáveis e, de forma tão delicada que depois da cena não consegui parar de admirá-la e ao me olhar nos olhos, sorriu.
— Spencer, eu sei que tem a sua vida, não se preocupe comigo e nem pará-la por isso. — Sua voz foi tão suave aos meus ouvidos que a doçura me fez querer sorrir, é eu havia me tornando um idiota. — Acho que ficarei bem, não se preocupe.
Com nossos olhares presos, tremi, precisa mudar o assunto, ou o que estava estava sentindo, o que estava ganhando vida dentro de mim a tomaria ali.
— Foram dias turbulentos com o meu irmão — suspirei, limpando as mãos suadas no jeans da camiseta.
A garganta secou, mas não deixei transparecer.
Sentei-me na poltrona, a mulher fez o mesmo na ponta da cama bem forrada de branco, assim como todo o restante do quarto, e ao me olhar, quase que abraçada às flores e diante seu olhar curioso comecei a contar sobre o meu trabalho e o dia que havíamos ido até a França. A mulher olhava-me surpresa e ficou ainda mais quando soube da perda de Caleb.
Os dias que não pude vir dediquei ao caso e a noite a minha estrelinha que insistia que queria uma roupa de pônei. Violet estava cada vez mais esperta e curiosa. Eu e Megan decidimos colocá-la em aulas de piano nas quartas e nas quintas de dança para gastar energia, que tinha de sobras. Nesses últimos quase três meses havia refeito a rotina da minha princesa brilhosa com a ajuda de Meg e da senhora Glendy, que tem sido de grande valia em minha casa, e agora agradecia minha irmã por tê-la trago novamente até mim, já que infelizmente ainda não tinha noticia da minha Emilly e, infelizmente, o tempo não parou, continuou a correndo, aceleradamente, fazendo com que me sentisse ainda mais fraco, alguém que lutava, mas que parecia andar em círculos, ontem fez um ano de seu desaparecimento e da morte da minha amada esposa. Algo estranho, sem pistas ou falhas. Quem fez foi perfeito em seu crime, mas mesmo que custasse nunca desistiria, não poderia desistir.
— Ei não chore, sei que algo ai dentro o machuca, mas mesmo que doa essas sempre serão as suas lutas, e será as lhe deixará mais forte. — A mulher tomou minha atenção para si, havia me esquecido onde estava, e vê-la parada em minha frente me assustou, e quando tocou meu rosto percebi que havia uma lágrima no canto de meus olhos. Era a lágrima que havia restado em meia a tanta dor.
— Você fica lindo sorrindo. — Sorriu, mas ao dizer se calou.
Ela desviou o olhar, desviou como se tivesse arrependida de suas palavras, e pela primeira vez, diante da garota acordada, toquei suas mãos suavemente, sentindo a mesma eletricidade de antes, mas agora mais forte.
— Ontem fez um ano que... — Me calei, não era um bom momento de dizer a ela, nem sabia se um dia diria... Mudei o assunto: — Obrigado...
Não sabia como me referir a ela e ao ver tal constrangimento, sorriu.
— Pode me chamar de Lia se quiser, Spencer! — A mulher cobriu a minha mão com a sua outra, nossos olhares se encontraram. — Apaixonei pela Magnólia e por seu significado e, mesmo não sabendo qual seja o meu significado se eu pudesse escolher teria escolhido a paz que esse nome trás.
— Lia — degustei o nome por um segundo, antes de sorrir. — Posso me acostumar com isso!
Ela abriu a boca, mas fechou e olhou para o lado quando a porta rangeu, olhamos juntos, Nate passou pela porta segurando o prontuário e ao me olhar ali sentado de frente à garota, sorriu.
— Uau, isso tem cara da Meg. E é bom te ver aqui, Spencer — falou para mim ao se aproximar da garota. — E alias, você está deslumbrante, Lia. — Sua atenção voltou para mim.
— Obrigada Dr. Nathan Becker.
— Apenas Nate, como se sente?
— Quase nova se não pelo parafuso solto dentro da minha cabeça, enele bagunçou toda a minha vida. — Lia fez careta e ele a examinou sorrindo, fiz o mesmo.
— Suas pupilas estão ótimas, e em seus exames tem apresentado resultados anteriores estão progredindo e isso significa que em breve talvez tenha alta.
Vi nos olhos da Lia seus pensamentos se distanciarem, por um momento soube o que a expressão pavorosa em seu rosto significava, ela tinha medo de partir, mesmo sendo ruim estar ali o hospital era a única casa a qual se lembrava, e não tinha certeza que o convite da minha irmã seria uma boa opção.
E não seria.
Posso estar sendo egoísta, mas não permitiria que fosse com a minha irmã, eu fui o culpado pelo estado a qual se encontra, ou seja, sou responsável pelos meus atos, eu tinha que cuidar dela até que se lembre de quem é, e faria isso, ao mesmo tempo em que tentaria encontrar quem a feriu antes que eu a atropelasse. Juntar as provas já era questões de honra.
Depois de analisar Lia, Nathan parou perto da porta em uma expressão relaxada e ao contar que minha irmã havia o convidado para passar o natal em família em uma choupana no norte de Douby. Não pude deixar de olhá-lo surpreso, não havíamos combinado nada, não esse ano, sim no ano passado, antes de toda a desgraça que havia se tornado a minha vida, depois disso havia me esquecido totalmente de datas comemorativas, essas que eram comemorações felizes, mas que eu não tinha motivos para comemorar. Porra, eu perdi tudo, perdi a vida, morri junto de Dennah e me perdi junto no mesmo dia em que Emily desapareceu.
Faltavam novamente três meses para o natal, data consagrada por luto e dor, havia perdido tudo. Megan era uma irresponsável em dizer algo sem me comunicar.
— Megan não precisa falar por mim!
Suspirei fundo ao olhar os olhos de Lia e nossos olhos se encontrarem por um segundo, maneei a cabeça e encarei a parede branca, sentindo minha mente devagar, viajar no ano retrasado, dois natais antes daquele que se aproximava. O ultimo natal que realmente comemorei.
•••
A neve caia lá fora, Emily estava pendurada na janela esperando o papai Noel e estava crente que ele viria como todos os anos. Dennah me olhava sorridente, era minha cumplice enquanto subia as escadas para me vestir. Megan e Nathan haviam vindo passar natal conosco, já era poucas as vezes que costumávamos ter momentos tão íntimos e a morte de Vincent nos uniu.
Caleb e Delilah eram casuais, mas não se desgrudavam, meu irmão estava preso a essa mulher até o dedinho e era incapaz de ver isso, sempre me dizia que era apenas um bom sexo, mas sempre duvidei dessa verdade, e era, sua morte marcou, marcou amargamente.
Para alegrar minha filha, coloquei um enorme travesseiro na barriga, vesti a roupa vermelha aveludada e a barba branca completou o look natalino e ao me olhar no espelho, sorri ao ver o quanto estava ridículo, mas quando desci, vi os olhos da minha menina, e ao receber seu presente, o patinete que tanto pediu, esbanjou felicidade. Toda aquela bobeira para mim para ela era vislumbrante, e ver sua expressão cada detalhe valia a pena
Dennah não escondia a felicidade e satisfação, ninguém escondia ao ver os olhos de Emy e ao reunirmos a ceia que havia sido preparada pela minha esposa. Ao sentarmos a mesa, Dennah pediu que nossa Emilly puxasse a oração, me surpreendi quando a pequena pediu que descemos as mãos, confesso estar surpreso ao ver o rumo que a menina de oito anos conduziu a oração:
— Querido papai do céu, obrigada pela ceia. Que nessa data especial as pessoas famintas tenham muita alimentos em suas casas e que as doentinhas tenham muita saúde, desejo também, querido bom Deus que a minha família esteja sempre reunida e como presente por bom comportamento desejo que minha irmãzinha chegue logo em nossas casas, a mamãe tem chorado tristonha quando a pede ao senhor. Que a luz divina ilumine nossos dias e abençoe a nossa casa, amém.
•••
— Spencer? — Nathan me olhava surpreso.
Olhei ao redor novamente sentindo-me perdido. Era difícil relembrar, impossível não sentir, impossível não doer. Elas faziam falta em minha vida.
— A minha irmã é enxerida. — As palavras saíram em automático mesmo sentindo-me totalmente absorto. — Eu não vou a lugar algum! Ficarei sozinho.
— Acho injusto falar assim de alguém que só deseja a sua felicidade, Spencer. Ainda mais sendo alguém como a sua irmã. — A mulher me olhou de olhos cerrados como se tentasse ler meus sentimentos. — Ela sempre foi gentil comigo, me trouxe roupas e coisas para tomar banho, coisas que não tenha cheiro de hospital, foi carinhosa quando precisei de alento e me fez sorrir. A Megan é a melhor pessoa que conheci aqui, sem querer ofender ninguém, então, não a chame assim, sei que ela quer que você lá por desejar que você supere a sua dor.
Magnólia arregalou os olhos ao terminar assim como Nathan que a olhou perplexo antes de sorrir como se a cena o divertisse, mas segundos depois, desespero. A cena estava se repetindo em câmera lenta; Lia me olhou perdida antes ficar pálida, aos poucos seus olhos se fecharam, e ela desmaiou, estava mais perto, corri e a amparei em meus braços desacordada, por sorte, desta vez não havia sangue.
Nathan pediu que a depositasse na cama para examiná-la, pouco depois, aferiu sua pressão que havia despencado e seus batimentos estavam acelerados, mas que tudo era sequela do acidente, mas não conter sangue ainda assim era evolução.
Quase meia hora se foi, uma enfermeira avisou que ela estava estável, estava dormindo, pedi para vê-la e por ser autorizado a entrar, e ao entrar a vi dormindo, seus cabelos estava espalhada na cama, ela parecia descansando, em expressão suave e harmoniosa. Esperei que acordasse por alguns minutos, o que não aconteceu, precisava ir embora, mesmo querendo vê-la acordada.
Suspirei fundo quando passei pela recepção, entrei no carro ainda preocupado com a Lia, mas não podia ficar mais, provavelmente a minha filha deveria estar perguntando por mim a senhora Glendy, eu nunca passava das cinco da tarde, e eram quase seis, fiquei tempo demais fora.
Peguei o celular no porta-luvas havia tantas chamadas perdidas do Calleb que fiquei assustado, mas quando retornei, ele não atendeu, liguei mais uma vez e o mesmo resultado, Calleb nunca deixou de atender um telefonema meu, quando abri a caixa de mensagem, havia uma mensagem de quase meia hora.
Estão aqui, e eles vão me matar...
As batidas do meu coração falharam miseravelmente. Não, não isso não poderia se repetir, não novamente. Peguei meu celular e liguei a para quem não pensava em fazer, mas não sabíamos com quem estávamos lidando e quando Calleb e eu o salvamos ele jurou lealdade, eu não deveria confiar, não confiava nele, e em ninguém.
Chamou três vezes, na terceira, com voz atenta, atendeu, e por provavelmente reconhecer sabia do que se tratava.
— O que aconteceu, Spencer? — A voz do ruivo foi sem rodeios, fria e cortante como o conheci.
— Disse que não precisaria de seus favores, mas prevejo que Calleb esteja fodidamente com problemas — Minha voz ecoou trêmula, sim, eu estava com medo, por ele.
— Agora não dá cara, eu estou em um encontro com uma garota de...
— Foda-se! Hunter, eu preciso da sua ajuda e você me deve até a porra da sua vida! Não interessa quem esteja fodendo, preciso de você — Ouvi o jovem bufar, não me importo, ele disse que estaria a disposição e agora, era o momento.
Eu não sou um homem tão bom, desde que Dennah morreu muitas coisas mudaram para mim, vivi mundos que minha esposa não se orgulharia e foi nele onde conheci Hunter Romanov. Foi em uma investigação que passei a assistir lutas clandestinas, passei a me viciar em ver pessoas esfoladas, pessoas cruéis como Romanov, o russo implacável, ele era sem dúvidas o pior ou melhor, lutador que havia naquele ringue, e ele ficou em dívida comigo quando um de seus oponentes o tentou triturar seus miolos com uma arma, não era uma luta justa, então, eu o salvei.
— Quem deseja matar?
— Esteja preparado, me encontre em cinco minutos na casa do Callab, se é guerra que querem, é o que terão....
— É bala na cara que terão... — A frieza em sua voz me fez sorrir, era disso que estava falando. Ninguém tocará novamente na minha família, ninguém mais que amo vai morrer, nem que eu tenha que matar ou morrer por isso.
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