C A P I T U L O •14•
"As memórias não são apenas sobre o passado, elas determinam o nosso futuro."/
Quando cheguei à delegacia pela manhã ainda pensava no que vi, e mesmo que as horas passassem ainda via a garota sangrando na minha frente. Quando a deixei chamei Nate, ele disse que isso seria uma possível sequela do acidente e não sabia a gravidade. Fariam outra radiografia do seu cérebro, e quando tivessem um diagnóstico me ligaria.
— Precisamos conversar! — Caleb entrou na sala feito furação, por sua expressão seria e poucos amigos sabia que algo estava errado.
— O que aconteceu?
— Precisamos ir para a França! Spencer, eu sei que você tem a sua vida, mas é a minha? Que merda! Você prometeu droga!
— O que acontece? — Perguntei novamente, vendo-o bufar.
— Charles ligou, disse que se não vai colocar seus homens no caso! Você tem noção o que é isso?
Suspirei fundo, claro que eu sabia e isso o feriria grandemente saber que a sua mulher morreu por nada.
— Isso significa que a Delilah morreu a toa, entende a minha revolta? Porra, ela se empenhou a prisão daquele desgraçado, mas ele ainda está ai.
Pensávamos que August era o pior de nossos problemas, mas estávamos investigando casos muitos piores que o dele, o Duke Fader era politico miserável e hipócrita envolvido em vários casos de lavagens de dinheiro e estupro, um mercenário, estávamos em uma busca quando Delilah morreu, e quando sua casa caiu, teve troca de tiros e ele conseguiu fugir, e desde aquele dia, o meu irmão não era o mesmo.
— Ligue e avise que iremos hoje à noite.
Ele me olhou surpreso, mas não questionou, apenas saiu da sala.
Suspirei desanimado, eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo me deixando louco. Peguei meu celular e liguei para Meg, que atendeu quase imediatamente.
— Fala velhote.
— Cadê a minha filha? — perguntei vendo-a suspirar.
— Está com a Glendy!
— Quem é essa?
— A baba dela ou achou que sei fazer milagres? Ainda tenho que colocar esse lugar para funcionar.
— Como é que é? Eu deixo a minha filha confiando em você e você a entrega nas mãos de qualquer pessoa? Estou indo busca-la, agora!
— Larga de ser idiota pre histórico Spencer, pelo amor de Deus — alterou levemente sua voz. — Para sua informação a senhora Glendy é uma senhora amorosa e gentil e se não sabe foi ela quem cuidou da sua filha quando chegou, seu paspalhão.
Não tive reação, estava em choque.
— Spen, desculpa. — Megan se redimiu. — Não queria te magoar com esse assunto, mas poxa, estava cuidando da princesa brilhosa, mas cheguei ao limite, não estava conseguindo conciliar o meu trabalho e a neném. As contratações e negociações ficavam difíceis para mim, então lembrei que Dennah havia me passado o número dela para avisar que Emily estava na minha casa antes...
— Entendi — cortei o assunto vendo-a suspirar. — Será que poderia leva-la para sua casa? Terei que viajar para a França ou terei grandes problemas com Caleb.
— Precisa ser justo para lá? — Suspirou do outro lado. Eu sabia o que ela estava pensando e sabia também que sentia medo, medo que eu não voltasse.
— Prometo que volto pela manhã, você pode ficar com ela? Só confio em você, Megan.
— É claro que sim, eu amo a Violet.
— Eu também amo a minha filha — sorri antes de desligar, mas quando fiz, meu coração apertou, pela primeira vez senti medo da morte. Um medo cruel e violento de deixar a minha princesa e falhar miseravelmente na busca pela filha Emily.
Após solicitar medidas protetivas a vitimas de violências domesticas, tentativas de assassinato e coordenar as atividades policiais deixei a delegacia e quando entrava no carro, meu celular tocou, era Nathan.
— Péssimas noticias cunhadinho. — falou, assim que atendi. — Fizemos a radiografia e o resultado não é nada favorável, Spencer.
— Não enrole, Nathan!
— Devido ao Traumatismo Ucraniano a garota está passando por uma amnésia Traumática, ou seja, isso está ligado a dois hemisférios do cérebro, nas regiões ligadas à memória episódica.
— Traduza Nate.
— Ela não se lembra de nada e talvez isso poderá durar muito tempo, Spencer. Ela terá dificuldades em memorizar as coisas e talvez se perder em datas dias, não se sabe até onde isso a afetará, mas talvez a sua garota nunca volte a ser como foi um dia.
— Ela não é a minha garota. Faço apenas como forma de me redimir o que a fiz, seu idiota.
Nathan sorriu antes de desligar. Suspirei indo até a minha casa arrumar minha mala, ligo para Megan e falo com a minha pequena manhosa que estava quase na hora de ir dormir, Megan disse que a senhora Glendy passará a noite lá também por precaução e eu até acho interessante à ideia já que a minha irmã às vezes me deixa com pé atrás, ajeitei tudo. Tomei banho, e guardei minha a arma.
•••
Quando cheguei ao galpão, Caleb estava sentado de cabeça baixa, e ao me olhar, seus olhos pareciam labaredas de fogo, ele havia chorado antes.
— Não me pergunte nada! Só vamos logo, ok?
Decidi pilotar novamente, Caleb não estava bem, algo havia acontecido, mas esse era o meu irmão, solitário e fechado no seu mundo quando não se tratava de nossa família.
O caminho foi silencioso, meu irmão estava rígido como se estivesse com medo ou algo assim. Não sei o que Charles lhe disse, mas a morte de Delilah não ficaria por isso mesmo, iriam pagar, e com juros.
Quando senti o solo francês, meu corpo arrepiou assim como meu coração palpitou forte, a última experiência foi horrível, mas dessa vez deixamos mais homens camuflados em volta do apartamento da minha irmã, além dos seus seguranças. Ninguém as machucaria, ou esperava que não acontecesse. Aterrissei e no mesmo lugar de antes vi Morrissey no mesmo lugar que antes, desta vez, não exibia seu sorriso congelado, ao contrario, estava tenso.
— Pensei que não viria — O olhar do homem era como um criptograma, meu irmão apenas deu de ombros.
— Você não pode fazer isso seu covarde! Tínhamos um acordo, esquece?
— Tínhamos? — debochou e meu irmão rosnou.
— Não seja hipócrita, Morrissey, até eu estou aparte do acordo. Pensei que fosse amigo, e não um merda traidor — cuspi as palavras com ódio.
Eles tinham um acordo, Charles prometeu que ajudaria no caso da morte de Delilah e o meu irmão o ajudaria a investigar a sua esposa, já que ele desconfiava de sua infidelidade e o meu irmão era o melhor, e quando concluiu que ele, e afirmou à traição, a mulher desapareceu, Caleb e eu desconfiamos que ele a matou, mas Charles afirmava que ela avia ido morar com a mãe no Alaska.
— Já era para termos resolvido isso a culpa não é minha, sinto muito.
— A mulher dele enquanto ele veio aqui caralho! — Meu irmão caminhou até Charles, irritado, mas não o tocou. — Acha que é fácil estarmos aqui? A filha dele está desaparecida há quase oito meses. Você sabe o que é isso? Acho que não, porque você não tem família, na verdade, não tem ninguém!
O Homem de camiseta branca e calça Jeans abriu a boca, mas não sabia o que falar, Caleb havia calado a sua boca. Senti vontade de ir até, agarra-lo pela camiseta e o obrigar a cumprir sua parte, mas ninguém poderia obrigar ser leais a suas palavras.
— Vamos embora, Spencer. — Meu irmão deu as costas ao homem e passou por mim. — Vir até aqui foi uma perda de tempo.
Apenas olhei Charles com desprezo antes de seguir meu irmão e ao olhar para cima, vi um homem apontando a arma para nós, o desgraçado havia vindo munido para se caso tentássemos algo.
Entramos na aeronave, bufei frustrado, queria ter resolvido isso de outra forma, mas que bom que havia contido a minha vontade de mata-lo ou nós dois estaríamos mortos por seus homens. Ao decolar, meu irmão jogou a cabeça na cadeira do copiloto e fechou os olhos, que rapidamente umedeceram.
— Delilah estava grávida — falou sem me olhar, mas vi quando uma lagrima escorreu de seus olhos fechados. — Eu teria sido pai, Spencer. Eu queria ter sido um bom pai.
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