C A P I T U L O • 11 •
E recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência.
Uma semana. Uma maldita semana havia se passado desde o acidente. No dia posterior pela manhã recebi alta, e junto dela um atestado médico de quinze dias para que me policiasse com os efeitos das medicações que tomaria naquela semana, assim como precisei aguardar para pegar Violet, que segundo Judith tinha que estar em totais condições de cuidar da menina, ou adiariam a adoção. Estava ficando angustiado e ansioso para conhecer a menina que Dennah tanto amava.
E finalmente o dia havia chegado, ao meio dia iria buscá-la, mas antes disso passaria no hospital como tenho feito nos últimos sete dias para visitar a garota que ainda não havia acordado, mas apresentava melhoras, segundo Nate os medicamentos estão ajudando na quebra dos coágulos, o que me deixava feliz.
Estacionei o carro que Caleb havia me dado de presente já que o meu não havia concerto, peguei a rosa dentro do copo como era de costume nos últimos sete dias e segui até a recepção que passei a frequentar. Assim que a mulher autorizou minha subida, agradeci mais uma vez a Nathan que havia conversado com Érico, o diretor do hospital, para que permitisse minha entrada e como estava disposto a investigar o caso não se opôs as minhas visitas matinais.
Além dos médicos e enfermeiros era apenas eu que havia permissão de visitá-la, já que ninguém da família não apareceu nesse tempo. O hospital era particular, o melhor de Douby, e não queriam envolver-se em polemicas já que tinham uma reputação. Inicialmente Erico sugeriu que anunciasse na televisão um retrato falado, e depois de horas conversando com Eriko, entramos em consenso que isso poderia colocar sua vida em risco, quem a feriu antes do acidente poderia aparecer para terminar o serviço. Pedi a Erico que não envolvesse mais ninguém, confiei apenas em Caleb para me ajudar no caso.
Virei o corredor e suspirei fundo quando passei pela porta. Tudo estava exatamente igual como ao dia anterior. O ar condicionado em temperatura ambiente, o sol reluzindo e procurando passagem pela cortina, à poltrona branca ao lado cama vazia. O cheiro de flores frescas invadiram minhas narinas, admirei as flores com um sorriso no rosto, elas deixavam o lugar sem graça um pouco mais colorido. Haviam varias espécies e a moça da floricultura sempre me dava uma aulinha sobre elas, a rosa que havia trago hoje, por exemplo, representava os apaixonados, significam devoção e respeito a pessoa amada, não que eu a amasse, mas ela tinha minha devoção por tudo que a fiz passar.
Encarei os lírios e a Amarílis, sorri triste, deveria ter dado mais flores a minha amada quando pude.
Respirei fundo tomando posse da poltrona ao lado da cama, por um momento apenas a observei, imóvel, com acesso venoso periférico em uma de suas veias do braço, a medição deixava sua expressão serena, apesar da volta de seus olhos estarem roxos e um enorme hematoma em sua bochecha notava-se o quando era linda.
Ao aproximar-se do horário marcado com Judith, aproximei-me dela como havia feito outras vezes, suavemente toquei sua mão macia. Era a primeira vez que a tocava desde o acidente e ao fazer, era como um choque delicado e bom passasse por meu corpo.
— Não sei me ouve, mas desde o acidente é como se a vida tivesse seguido para outro rumo — sussurrei olhando seu rosto ferido. — E esse rumo guiasse-me até você e a vontade que sinto em lhe proteger arde em minha alma, e eu nem entendo o por que. Sinto-me ridículo por parecer tão idiota, mas essa situação é algo que não consigo evitar. — De modo automático a trouxe até meus lábios, mas com cuidado a soltei rapidamente — Desculpe-me se fui além do limite, não a tocarei novamente.
Não esperei para sair da sala. Envergonhado por estar sendo um imbecil com uma mulher quase morta. A realidade é que não sabíamos se acordaria em breve ou o que aconteceria depois disso. O escuro não tinha uma face bonita, era assustador e causava arrepios só em pensar no que viria a seguir.
Sai do hospital sentindo arrepios. Um covarde era como estava sendo por ter que enfrentar uma menininha de três anos, e a adrenalina passava por cada parte do meu corpo. Quando a metade do percurso meu celular vibrou antes de tocar ao ver os olhos brilhantes da minha irmã a alguns anos, sorri.
— Como não avisou a sua irmãzinha querida que adotou uma criança, seu velhote ingrato.
— Porque sei que ficaria no meu pé e não a deixaria respirar. — afirmei ouvindo a risadinha do outro lado.
— É claro que ficarei no seu pé. Tô ansiosa para conhecê-la. — balbuciou. — Caleb disse que estava indo busca-la, posso passar na sua casa quando chegarem?
— E desde quando precisa pedir para poder ir à minha casa? Não seja boba Meg.
Megan silenciou, e eu me preocupei com seu silêncio, esse que sempre alertava que estava aprontando algo. Aos vinte e três ainda parecia uma adolescente.
— Preciso de um horário, Spen.
— Esteja lá às 15h.
— Ótimo. Obrigada, sem dúvidas estarei — desligou antes que pudesse me despedir.
Quando estacionei em frente ao orfanato soube que a partir de agora tudo seria diferente, agora eu tinha outra filha que era o dever zelar por ela como Dennah e eu faríamos juntos.
Entrei e ao me identificar fui encaminhado até o escritório de Judith, que a me ver abriu soltou um longo suspiro antes de sorrir.
— Sente-se, por favor — pediu educadamente e assim fiz. — Sinceramente pensei que nunca chegaríamos a esse momento senhor Behling. — Os olhos azuis da senhora por baixo dos óculos fitaram-me. — Tive quase certeza que havia desistido no dia do acidente.
— Tenho os meus motivos para lutar por ela.
Não estendi conversa, mas Judith parecia perceber exatamente o que estava fazendo e sorriu dando a volta e indo atrás da mesa cheia de papeis empilhados na lateral direita, e na esquerda uma plaquinha de identificação com seu nome. A senhora rechonchuda e baixinha vasculhou algo entre os papais e quando o encontrou sorriu voltando até onde e me entregando.
— Esse é um termo de compromisso e responsabilidade que precisa assinar, tivemos que refazer já que o da senhora Behling tornou-se invalido.
Calado, depois de ler as minúsculas clausulas concordei com tudo que estava escrito e assinei.
— Ótimo. — A Mulher pegou o telefone e ligou para alguém. — Meri, traga a princesa brilhosa.
Judith ouviu o que a pessoa disse e desligou.
— Ela é uma boa menina senhor Behling. Está levando uma joia delicada consigo, então cuide muito bem dela.
— Irei cuidar Judith, devo isso a Dennah — Sorri sem humor. — E porque princesa brilhosa?
— Logo vai saber.
E não demorou que a porta fosse aberta e uma mulher parasse na porta segurando a mão de uma menina de longos cabelos loiros e um vestido rodado violeta todo brilhoso, com asas de borboletas roxeadas sobre alguns tons de rosa nas pontas. Seus olhos esverdeados brilharam ao me olhar, um sorriso largo, branquinhos e cheio de dentinhos estampou seus pequenos lábios rosadinhos, Violet Watson me ganhou para si.
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