Capítulo 21
- O papai ainda está bravo não está? - Pergunto.
- Dê um tempo para ele. - Mamãe fala.
- Me perdoe. - Peço sem graça.
- Você sabe que eu queria muito ser avó, só que eu não esperava que fosse dessa forma, mas já que aconteceu irei amar muito essa criança.
Papai ainda está bravo comigo depois que soube sobre a minha gravidez, e eu não o culpo, porque acabei agindo por impulso e agora terei que aguentar as consequências.
Minha mãe também ficou muito brava, mas agora ela já está mais conformada com o fato de que sua filha será mãe solteira.
Eu entendo eles, porque no lugar de ambos eu também ficaria brava, porque filhos é uma responsabilidade enorme, e isso nem todo mundo é capaz de compreender.
Não está sendo fácil para mim passar por isso, mas eu quero o opoio da minha família, quero que estejam ao meu lado, porque eu escolhi ter esse filho.
Eu sei muito bem que terei que enfrentar muitos preconceitos por ser uma mãe solteira, mas eu farei tudo que tiver ao meu alcance para cuidar e amar essa criança.
Óbvio que ainda estou assustada, e em alguns momentos eu até acho que tudo não passa de um sonho, porém aos poucos estou me acostumando com a ideia de ser mãe.
É tudo novo para mim, e para falar bem a verdade eu não faço ideia do que fazer, ou do que acontecerá em um futuro próximo, mas eu serei corajosa e forte por mim e por meu bebê.
- Ainda não acredito que serei avó. - Mamãe sorri largo.
- E eu não acredito que serei mãe. - Suspiro alto.
- Não vejo a hora de segurar ela nos meus braços.
- Pode ser ele. - Sorrio abertamente.
- Será uma linda garotinha. - Mamãe fala com convicção.
Minha mãe me olha com tanto carinho e ternura, que isso faz com que meus olhos se enchem de lágrimas, porque eu estou tendo a sorte grande de ter seu apoio, pois infelizmente nem toda mulher passa pelo mesmo.
Ela ficou muito brava, mas agora está ao meu lado me apoiando e demonstrando o quanto me ama e ama essa criança, e eu sou muito grata por isso.
Apesar de entendê-lo, ao mesmo tempo fico triste por meu pai estar mantendo distância de mim, mas eu espero que muito em breve ele se sinta da mesma forma que minha mãe e também fique ao meu lado.
Agora mais do que nunca eu preciso do cuidado e do apoio da minha família, pois sem eles eu não tenho forças para continuar.
- Está com fome? - Mamãe pergunta.
- Sim. - Confirmo com a cabeça.
- Seu pai já deve ter terminado de fazer o almoço.
- Acho melhor eu ficar no quarto. - Digo.
Mamãe se levanta da cama, pega minha mão e me ajuda a me levantar também, e então começa a caminhar em direção à porta do quarto.
Eu realmente não quero ver meu pai, e isso não porque estou brava com ele, mas porque todas às vezes que o senhor Jeffrey me vê ele me ignora ou é frio comigo, e isso me magoa muito.
- Desça com cuidado. - Mamãe fala ao chegarmos nas escadarias.
Minha mãe sempre foi a melhor mãe do mundo, mas agora ela está ainda mais cuidadosa e carinhosa comigo, e isso me deixa muito feliz, porque eu tenho o seu apoio apesar de tudo.
- O cheiro está bom. - Falo baixinho.
Ainda segurando a minha mão mamãe adentra a cozinha comigo ao seu lado, e no instante em que meu pai nota nossa presença ela fecha a cara.
Ele estava todo sorridente brincando com a Olívia, mas foi me ver que seu sorriso largo sumiu do rosto e deu lugar a carranca.
- Sente-se querida, irei servir seu almoço. - Mamãe puxa uma cadeira para mim.
- Obrigada. - Agradeço.
- Ela pode fazer isso sozinha Marrie. - Papai fala.
- Não seja intrometido. - Ela retruca.
Me sento calmamente fingindo não escutar o que meu pai disse, e do nada sinto uma pontada forte no pé da barriga, mas ignoro a dor e me ajeito na cadeira.
- Como está se sentindo? - Olívia pergunta. - Minha sobrinha já está te chutando?
- Ainda não. - Sorrio largo.
- Ela será linda igual eu. - Olívia fala toda convencida.
- Você...
Papai pigarreia alto, então eu me calo porque não quero ouvir sermão logo agora, porque nesse momento eu apenas quero ter uma refeição em paz.
- Deixe as garotas conversarem em paz. - Mamãe o repreende.
- Na hora da refeição é para manter silêncio.
- Isso nunca aconteceu na nossa casa. - Ela fala. - Irá começar agora?
Toda vez que estamos juntos eles acabam brigando por minha causa, e isso não me ajuda em nada, porque faz com que eu me sinta ainda mais culpada.
- A partir de agora teremos regras. - Papai fala.
- Você só pode estar de brincadeira. - Mamãe sorri incrédula. - Quer acabar ficando sozinho depois de velho?
- O que quer dizer com isso? - Ele questiona.
- Se continuar agindo dessa forma irei embora dessa casa com as nossas filhas.
- Você não seria capaz de fazer isso. - Ele balança a cabeça em negação.
Enquanto os dois discutem por minha causa não consigo abrir a boca para falar absolutamente nada, e isso é tão desconfortável que eu apenas queria sumir daqui.
- Você duvida Jeffrey? - Mamãe pergunta. - Se continuar agindo dessa forma estúpida e magoando nossa filha, acabará ficando sozinho, porque entre ela ou você eu prefiro a Jess.
- Então vá embora, eu não preciso de vocês mesmo.
É a primeira vez em toda minha vida que vejo os dois brigando tão seriamente, e o pior de tudo é saber que eu causei isso.
- Por favor parem de brigar. - Olívia pede. - Não vê que isso afeta a Jess?
Meus olhos se enchem de lágrimas pois a culpa se apodera de mim, mas eu não sei o que aconteceu que eu não consigo abrir minha boca para pedir para os dois não brigarem.
Eu nunca me perdoaria se eu causasse a separação dos meus pais depois de tantos anos juntos, e por isso estou com muito medo do que poderá acontecer.
- Jess errou sim, mas irá sacrificá-la pelo resto da vida? - Mamãe pergunta.
- Isso não é um erro, e sim uma irresponsabilidade sem tamanho. - Papai fala com irritação. - Onde já se viu engravidar de outro homem poucos meses após a morte do Rick.
- E acha que eu não me sinto culpada com isso? - Questiono. - Se para o senhor foi algo chocante para mim não foi diferente, porque eu estou me sentindo a muito tempo uma maldita traidora.
Eu já me sinto envergonhada e culpada o suficiente por ter me apaixonado por outro homem tão recente a morte do meu marido, mas agora tudo o que eu queria era compreensão, e não que meu pai apontasse o dedo para mim como se eu tivesse cometido um crime imperdoável.
- Não se exalte querida. - Mamãe pede.
- Eu fiquei quieta esse tempo todo por saber que eu realmente cometi um erro, mas até quando irei ser sacrificada? - Pergunto ao meu pai. - Tudo que eu quero e que segure a minha mão e me diga que tudo ficará bem, pois se o meu próprio pai não me apoia quem fará isso?
Meu pai abre e fecha a boca diversas vezes, e no final das contas acaba não falando mais nada, e isso me deixa um pouco mais aliviada, porque eu já estava me preparando para ouvir o pior.
Enxugo minhas lágrimas com brusquidão, porque eu já estou cansada de chorar por tudo. Será impossível viver dessa forma, então será melhor eu ir embora dessa casa, antes que tudo acabe ficando ainda pior do que já está.
Não quero causar mais brigas entre meus pais, não quero que Olívia presencie essa bagunça que nossa família está ficando por minha causa, por isso a melhor opção no momento é me afastar.
- Se me derem licença irei me retirar. - Digo me levantado. - Perdi o apetite.
Começo a caminhar para fora da cozinha, mas a cada passo que dou sinto que minha barriga começa a doer ainda mais, por isso eu paro coloco a mão na parede e respiro fundo diversas vezes.
Sinto algo quente escorrendo em minhas pernas, e ao olhar para baixo meu coração se acelera quando vejo muito sangue, e então tudo apaga.
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