Capítulo 14
- Me desculpe Jess. - Reidar pede ao se afastar de mim. - Eu não deveria ter feito isso.
- Não precisa me pedir desculpas.
- Preciso sim. - Ele suspira alto.
Fui eu quem comecei a atacá-lo como uma maluca, por isso Reidar não precisa se sentir culpado ou pedir desculpas, porque se eu não tivesse agido tão impulsivamente, nada disso teria acontecido.
- Não seja teimoso Reidar. - Reviro os olhos.
- Eu acabei...
- Apenas finja que nada aconteceu. - O corto.
- Como se isso fosse possível. - Ele suspira alto.
No momento em que Reidar me beijou, eu sabia que ele iria se arrepender depois, mas isso não foi motivo para eu afastá-lo.
Eu queria saber o que estou sentindo por ele, por isso o beijei, e para minha surpresa e desespero, eu estou quase certa que gosto do Reidar.
Talvez eu esteja apenas me iludindo pela forma agradável e amável que ele me trata, mas se fosse apenas isso meu coração não iria se acelerar tanto quando ele me beijou.
Por algum motivo também fiquei um pouco recentida com Reidar por ele estar se culpando por me beijar, porque uma parte de mim queria que ele não se arrependesse.
Estou envergonhada comigo mesma por gostar de um homem quando ainda estou de luto pelo meu falecido marido. Que tipo de ser humano horrível eu sou?
- Acho que é melhor eu voltar para meu quarto. - Reidar fala.
- Ok. - Digo apenas.
Reidar se levanta da cama, e por alguns segundos fica me encarando em silêncio, mas não demora muito ele começa a caminhar em direção à porta do quarto.
Sinto um repentino vazio por ele ter me deixado só, mas trato de ignorar esse sentimento, antes que eu complique ainda mais a minha vida.
Posso até assumir a mim mesmo que estou tendo sentimentos por Reidar, mas ele não sente o mesmo por mim, por isso é melhor acordar antes que seja tarde demais.
Tenho certeza que Reidar também perdeu alguém que amava, mas ele não parece ter se recuperado da mesma forma que eu também não superei o que aconteceu, por isso eu sei que ele não está disposto a ter um novo amor.
Eu também não deveria estar gostando de alguém quando faz pouco tempo que perdi meu marido, e eu me sinto envergonhada e culpada por isso, mas infelizmente não mandamos em nosso próprio coração.
- Que merda estou fazendo com a minha vida?
Até hoje Reidar e eu estávamos nos dando bem, mas agora com toda certeza ficará um clima estranho entre nós pelo que aconteceu, e eu não sei se poderei continuar na pousada.
Vai ser impossível olhar para Reidar e não ficar envergonhada pela minha atitude mais que atrevida, por esse motivo acho que seria melhor eu ir embora.
Eu vim para a pousada para espairecer a mente e tentar escrever meu livro, e agora estou me sentindo pior que antes. Eu deveria ter ficado em casa, aí isso tudo teria sido evitado, e eu não teria conhecido Reidar e feito essa loucura.
Eu não gostaria que nada mudasse entre nós, mas eu sei que Reidar irá se afastar de mim porque se sente culpado, e por ele se sentir dessa forma colocará uma distância segura entre nós.
Tenho vontade de socar minha cara por ter sido tão estúpida e agido tão impulsivamente, porque com isso eu estraguei tudo.
Está certo que Reidar também me beijou, mas isso não teria acontecido se eu tivesse mantido distância e ficado com minhas dúvidas, ao invés de querer descobrir meus sentimentos por ele.
Eu não me reconheço, e isso é extremamente assustador, porque eu pareço uma pessoa complemente diferente do que fui a minha vida toda.
- Merda. - Praguejo.
Me viro para o lado e desligo a luz do abajur, e logo em seguida me deito de costas novamente, e tento não pensar no que aconteceu, para talvez assim conseguir dormir pelo menos um pouco.
Minha mente está um turbilhão, então respiro profundamente e expiro logo em seguida, e apesar de fazer isso diversas vezes não adianta em nada, pois continuo nervosa.
Me viro para o lado mais uma vez e ligo a luz do abajur, e mais do que depressa me sento na cama. Calço minha pantufa, e após me levantar começo a caminhar em direção à porta lentamente.
Olho para os lados assim que saio do quarto, e apesar das luzes estarem acesas não tem sinal do Reider, e por não vê-lo decido praticamente correr em direção as escadarias.
As desço rapidamente, mas tomando cuidado para não acabar caindo, e vou direto para a cozinha pegar um pouco de água.
Passo a mão pela parede procurando pelo interruptor, e assim que o encontro acendo a luz, e mais do que depressa vou até a geladeira e pego uma garrafinha de água e a fecho novamente.
Decido ir até a varanda para respirar um pouco de ar fresco, já que infelizmente estou sem sono, então seria perca de tempo me deitar, porque eu não iria conseguir dormir de uma forma ou de outra.
Assim que chego na varanda me sento em uma cadeira de balanço, e só então abro a garrafinha e dou um gole na água.
Fico observando a noite escura, ouvindo apenas o cantar dos pássaros, e as folhas das árvores se chocando uma nas outras quando o vento bate sobre elas.
Abraço meu próprio corpo, porque está uma noite fria, e apesar de ter me arrependido de não ter pego algo para me agasalhar, não quero me levantar e ir buscar porque agora eu sinto que estou mais calma.
Eu amo essa tranquilidade, amo ouvir o som dos pássaros e da natureza, porque isso me acalma de uma forma que eu não sei explicar.
Trocaria minha vida na cidade por um lugar assim sem pensar duas vezes, porque eu realmente amo essa sensação de paz, sossego e ar puro.
Irei me esforçar e trabalhar bastante, para algum dia ter uma casinha no meio do nada, e então viver a vida que eu já estava planejando há algum tempo.
Rick amava viver na cidade, e isso era uma das poucas coisas que fazia de nós diferentes, mas ele sempre disse que abriria mão dos seus gostos por mim.
Óbvio que nunca aceitei isso, porque eu seria muito egoísta se quisesse tudo do meu jeito sempre, por isso sempre fazíamos tudo um pelo outro, como também os dois abria mão de algumas coisas para suprir os desejos de ambos.
Rick e eu éramos perfeitos um para o outro, porque sabíamos quando ceder, e esse era o tipo de relacionamento que tivemos até ele me deixar só.
Meu relacionamento com ele nunca foi perfeito, e mesmo tendo os mesmos gostos em muitas coisas, ainda assim éramos diferentes, como também pensávamos diferente sobre alguns assuntos, mas isso nunca foi motivo para brigas, porque nos amávamos e sabíamos respeitar o espaço um do outro.
- Que frio. - Me arrepio toda.
Deixo a garrafa de água no chão, e então vou até a sala e pego uma manta que está sobre o sofá, e rapidamente volto para a varanda.
Cubro meu corpo com a manta e me sento na cadeira, encolhendo as pernas para ficar toda coberta, e aos poucos sinto que vou me esquentando.
Agora seria ótimo ter uma xícara de chocolate quente para ajudar a me esquentar ainda mais, mas tem um pequeno problema, eu não sei fazer chocolate quente.
Não adianta eu nem tentar fazer, porque eu sei que apenas farei uma bagunça enorme, por isso é melhor ficar apenas na vontade.
Jess e cozinha não é uma boa combinação, por isso evito tentar cozinhar, porque eu nunca consigo fazer algo bom, apenas bagunça e mais bagunça.
Olho em volta enquanto suspiro alto, e apesar de não enxergar praticamente nada já começo a ficar triste pela possibilidade de eu ter que ir embora da pousada.
Agora que estava começando a me sentir melhor, estava sentindo um pouco de alegria na bagunça que está a minha vida, talvez terei que voltar para a casa.
Eu amo estar com a minha família, mas nesse momento eu quero um tempo só para mim, quero colocar minha mente no lugar antes de voltar para casa, porque nesse momento não sou uma boa companhia.
Reidar e eu nos damos bem porque temos a mesma dor, e por sabermos como é difícil passar por isso, estávamos ajudando um ao outro mesmo que em silêncio, isso antes deu fazer aquela cagada.
Agora eu já não sei o que vai acontecer, e isso é muito estressante, porém se Reidar querer que eu vá embora eu terei que fazer isso, porque a pousada é sua.
- Que merda você foi fazer Jess?
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