2°
Sinto uma mão me tocar, levo um susto mas logo vejo que é minha tia.
–Bom dia! Vai ir para a escola?– ela pergunta.
–Bom dia. Vou sim!– respondo.
–Está bem. Levanta e vem tomar café conosco.
–Estou indo, tia, a propósito, eu comi alguma coisa ontem depois que dormi?
–Sim, eu te acordei e você jantou, aí fiz uma cama aqui na sala para você dormir e sua prima ir para o quarto dela.
–Ah, não lembro...– digo...
Ela passa as mãos em meus cabelos e sai.
Tenho que ver alguma roupa para eu ir para a escola, mas não sei o que colocar, até que vejo uma camisa xadrez e uma calça preta.
Visto-me, calço meus tênis e vou para o banheiro, tinha um espelho enorme lá, fiquei uns cinco minutos me observando e pensando como arrumava meu cabelo.
Então peguei um pouco de gel e dei uns "tapas" nele. Ficou legal (do meu ponto de vista atual) então saí do banheiro e me sentei ao lado da minha prima na mesa, e sim, eu sabia que ela era minha prima, mas tinha me esquecido seu nome. Ela já tinha cara de adulta mas não quis perguntar sua idade.
–Bom dia, Lu!– ela fala.
–Oi!– respondo.
Ela já é a segunda pessoa que me chama de Lu, ou seja, deve ser meu apelido, que é associado com Lúcio.
–Como você está?– ela pergunta.
–Acho que bem, e você?
–Estou bem! Vamos lá que te dou carona de carro até a escola.
Tomo o último gole de café e vou atrás dela para pegar carona. Entro no carro e ela também, então ela o liga e começa a dirigir.
–O que você se lembra antes do acidente?– ela pergunta.
–De nada, não lembro nem do acidente– respondo.
–Seu pai falou com você?
–Quando cheguei em casa, ele me abraçou e chorou, mas eu não sabia que era ele. Depois ele não falou mais comigo e meio que me evitou...
–É que vocês brigaram e acredito que foi por isso que você saiu que nem um louco de moto.
Quando ela terminou de falar aquilo, me senti bem triste e vieram pequenas lembranças de minha moto. Queria perguntar para ela se sabia o motivo pelo qual eu e meu pai brigamos, mas ela já tinha parado o carro na frente da escola, dei um beijo nela e desci e ela saiu buzinando.
Lá estava eu, parado em frente a uma escola que não me era nada familiar, era estranho, era estranho, era muito estranho, me senti "um peixe fora da água".
Algumas garotas passaram por mim e quando me viram começaram a fazer escândalo, não escândalo de barraco. Mas sei lá, de espavitadas, eram cinco garotas e todas elas me abraçaram e me beijaram e disseram que eu estava estranho, eu era um ser sem memória, mas acho que elas não sabiam.
–Lu?
Ouço uma voz meio afastada de mim, então olho para trás e vejo uma garota, não era como as outras e ela me deu sensação de alegria
💭 "Será que é minha namorada? Será que eu tenho namorada?" 💭
Ela então chega mais perto me dando um abraço.
–Como você está?– ela pergunta.
–Bem...– respondo de cabeça baixa.
–Tem certeza?– ela pergunta com cara de surpresa.
–Por que eu não estaria?– pergunto
Antes de ela me responder, o sinal toca, então passa um garoto lá, tem cara de 17 anos, usava uma toca cinza, alargador, calças de abrigo e um casaco colegial. Ela começa a me cutucar
–Sabe aquele garoto que lhe falei antes de você faltar todo esse tempo no colégio?– ela fala.
Fico meio pensativo...
–Não lembro...– respondo.
Ela faz uma cara de "revoltada" e diz que na saída precisávamos conversar. Eu disse que tudo bem...
–Aonde é minha sala?– pergunto.
–Af, a mesma que a minha, né, tonto, vamos lá!
A sigo até chegar na sala que estudo, quando chegamos, o professor já estava na sala, ele me chama.
–A sua família já ligou para a escola para dizer o motivo de suas faltas e o que aconteceu, está tudo certo, todos os professores lhe passarão uma matéria para você estudar e fazer prova para atingir a nota das que você não conseguiu fazer, ok?
–Nossa, obrigado, está bem!– respondo.
Acho que não é comum isso nas escolas mas foi ótimo para mim, pois não perderia o ano.
Logo me sentei, só que na segunda carteira do canto do lado direito, as pessoas ficaram me olhando, quase óbvio que me sentei no lugar errado.
–Aonde é meu lugar?– pergunto ao professor. Ele sorri.
–Lá no fundo, mas se você quiser sentar aí, pode sentar– ele fala e eu agradeço.
Sim, eu estava me sentindo bem estranho por estar alí, por não lembrar de minha vida, por não lembrar o que aconteceu, por não lembrar de nada, isso já estava me irritando.
Fiquei esperando o professor fazer a chamada para descobrir o nome da garota que conheci, mas o querido professor só olhou para as pessoas e colocou falta ou presença.
Comecei a olhar ao meu redor e quando me dei por conta, eu já estava no intervalo com aquela garota à minha frente.
–O que houve?– ela pergunta.
–Não, parece que do nada eu apareci aqui, pois estava na aula daquele professor– respondo.
–Ué; me conta o que houve com você, que você já não vinha há semanas e agora está super diferente. Depois daquele dia que você disse que iria contar para seu pai sobre aquele assunto, você nunca mais falou comigo.
–Eu sofri um acidente!
–Como assim?– ela pegunta.
Na hora o intervalo acaba, perguntei o nome dela, ela disse que era Lauren, desta vez não me chamou de idiota ou algo do gênero, só fez cara de quem não estava entendendo nada.
Teríamos agora só um período, pois a professora de Biologia faltou, isso seria bom, pois teria tempo para conversar com Lauren e perguntar sobre que assunto eu iria falar com meu pai e também sobre coisas da minha vida.
Acho que éramos bem próximos, então, ela pode me contar da minha vida antes do acidente.
Era aula de Matemática e nossa, eu estava odiando aqueles cálculos impossíveis, não estava conseguindo fazer nada.
–Lúcio, querido, venha acá!– a professora fala e eu me aproximo –Resolva estes exercícios que estão no quadro!
–Professora, eu não consigo!– falo.
–Claro que consegue, Lúcio, você sempre foi um exemplo na aula de Matemática!
💭 "Ela não sabe que eu perdi a memória, ou ela está se fazendo e quer me ver pagando mico?!" 💭
Penso e olho para aquele quadro grande e negro, mas que na realidade era verde, cheio de exercícios, eu estava me sentindo uma criança do primário visitando a faculdade.
Naquele instante, fecho os olhos e quado abro novamente, começo a resolver os exercícios sem quase nada de dificuldade. Quando termino, a professora olha para o quadro com cara de surpresa.
–Muito bem! Falei que você iria conseguir, até mais do que eu esperava!– fala.
Sorrio e até sinto orgulho de mim mesmo. O sinal toca, espero Lauren arrumar seus materiais dentro da mochila para darmos uma volta.
–Vamos naquela praça?– Lauren pergunta.
Como se eu soubesse de que praça ela estava falando, mas só concordei. Chegamos na "tal" praça e sentamos na grama.
–Pode começar a contar tudo!
–Lauren, eu sofri um acidente, minha prima disse que eu saí correndo fe moto apos brigar com meu pai. Só que esse acidente apagou toda minha memória. Eu não lembro de nada nem de ninguém, por isso estou agindo assim, na realidade, nem sei como agir, não me lembro nem como eu era...
Lauren fica pasma.
–Meu Deus, Lu, você poderia ter se matado!– ela fala.
–É, por um lado eu me matei...
–Nossa, agora faz todo sentido você estar assim...– ela fala.
–É bem complicado, me sinto b perdido– falo.
–Sim, eu imagino! Sua mãe sabe?
–Eu tenho mãe?– pergunto.
–Sim e uma irmã, só que elas moram em outra cidade.
–É tanta coisa que eu acabo nem sabendo o que perguntar...
–Vou falar um pouco sobre você, e de mim também. Eu e você nos conhecemos na sétima série e logo viramos super amigos. Eu te contava tudo sobre mim e você contava tudo sobre si mesmo, você era uma pessoa engraçada, louca, gostava de contar piadas, mas seu humor mudava diariamente. Não sei de onde tirei forças para te aguentar– fala rindo comigo ao mesmo tempo –Mas sempre me deu conselhos ótimos, principalmente em relação aos meus relacionamentos, mas vivia reclamando que os seus eram ruins ou que você nunca tinha alguém. Até que você conheceu uma pessoa mas viviam brigando por sua falta de paciência e porque você era confuso. Então, ficaram um bom tempo sem se falar, que aí você teve tempo de conhecer a si mesmo. Depois de um bom tempo vocês voltaram a se falar, as coisas estavam diferentes, vocês saíram e depois de uns dias começaram a namorar e isso já faz dois anos.
–Então eu estou namorando?
–Sim!
–Ta, mas cadê ela? Eu sofri um acidente e ela não está comigo?– pergunto e Lauren faz uma cara –O que houve?
–É que não é ela exatamente...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro