A neve caía suavemente do lado de fora da janela, cobrindo a mansão com um manto branco que refletia as luzes coloridas dos enfeites natalinos. O som de risadas infantis e o aroma doce de biscoitos recém-assados preenchiam o ar. Era o primeiro Natal de Anahí com nós três, e eu queria que tudo fosse perfeito.

“Você está bem, amor?” Theodore se aproximou, sua mão quente tocando minha cintura enquanto eu ajustava a estrela no topo da árvore.

“Estou, só quero que ela se lembre desse Natal como algo mágico,” murmurei, olhando para Anahí, que brincava no tapete com seus novos blocos de montar. Seu sorriso iluminava o ambiente mais do que qualquer luz de Natal.

“Ela é só uma criança, Amanda. Tudo isso já é mágico para ela,” ele disse com aquele tom calmo, mas possessivo, que sempre fazia meu coração acelerar.

Antes que eu pudesse responder, Gabriel entrou na sala, trazendo um buquê de flores vermelhas e douradas. “Achei que um toque de cor combinaria com você,” ele disse, entregando-as para mim, seu olhar intenso me observando como se eu fosse a própria encarnação do espírito natalino.

Eu sorri, aceitando as flores. “Obrigada, estão lindas.”

“Lindas como você,” ele completou, o tom mais sombrio do que deveria para uma noite festiva. Theodore revirou os olhos ao lado, claramente incomodado.

“Podemos tentar passar um Natal sem suas provocações?” Theodore retrucou, seu tom carregado de ciúmes.

“Posso tentar, mas não prometo nada,” Gabriel respondeu com um sorriso malicioso, se abaixando para pegar Anahí no colo.

Eu sabia que a tensão entre os dois nunca desapareceria completamente, mas naquele momento, era difícil me importar. Ver Gabriel balançando nossa filha no ar, rindo enquanto ela gritava de alegria, aquecia meu coração de um jeito que eu não conseguia descrever.

Depois de algum tempo, nos reunimos à mesa. A ceia estava impecável, cada detalhe planejado com cuidado. Theodore me ajudara com a decoração, enquanto Gabriel se encarregou de cuidar da música.

“Vamos fazer um brinde,” sugeri, erguendo minha taça de vinho. Theodore e Gabriel fizeram o mesmo, suas mãos quase se tocando no processo, mas nenhum dos dois recuou.

“A Anahí,” Theodore começou. “Por nos unir ainda mais.”

“A nós três,” Gabriel completou, seu olhar fixo em mim.

Eu sorri, sentindo o calor subir pelo meu rosto. “Ao nosso Natal em família,” finalizei, sem desviar os olhos deles.

Depois do jantar, fomos para a sala abrir os presentes. Anahí estava radiante enquanto rasgava o papel de embrulho com suas mãozinhas pequenas. Cada risada dela era um lembrete do que realmente importava.

Mas, quando ela finalmente adormeceu nos braços de Theodore, o clima mudou. Gabriel se aproximou, seus olhos sombrios cravados em mim.

“Você sabe que eu faria qualquer coisa por você, não sabe?” ele sussurrou, sua voz carregada de intensidade.

Eu senti Theodore se aproximar por trás, envolvendo meu corpo em seus braços. “Ela sabe, Gabriel. Mas isso não significa que você pode monopolizá-la.”

“Monopolizar? Eu? Você é quem está sempre tentando colocá-la em uma redoma,” Gabriel retrucou, o ciúme escorrendo de suas palavras.

“Chega, vocês dois,” interrompi, minha voz firme. “Hoje é Natal. Se vocês querem disputar algo, façam isso amanhã. Agora, quero aproveitar o momento com vocês, como uma família.”

Eles trocaram olhares, como se estivessem tendo uma conversa silenciosa, antes de finalmente cederem.

Naquela noite, nos acomodamos no sofá, com Anahí dormindo tranquilamente em meu colo. Theodore estava ao meu lado direito, sua mão segurando a minha com firmeza. Gabriel estava do outro lado, seus dedos brincando distraidamente com os meus cabelos.

Enquanto a lareira crepitava e as luzes da árvore piscavam suavemente, eu percebi que, apesar das diferenças e do ciúme, éramos uma família. Talvez não uma tradicional, mas ainda assim, uma família construída sobre amor, sacrifício e uma boa dose de intensidade. E, naquele momento, tudo parecia exatamente como deveria ser.