CAPÍTULO II: Dois dias antes do natal
Ainda estava escuro lá fora quando senti um leve peso em meu pé, seguido de uma risada abafada. Tentei ignorar, aconchegando-me mais perto de Theodore, que dormia profundamente ao meu lado, enquanto Gabriel resmungava algo incompreensível e virava para o outro lado. Mas o som de asas batendo, acompanhado de passos pequenos e apressados, denunciava quem era o intruso.
"Shhh... eles vão me ouvir!" Anahí sussurrava para si mesma, claramente planejando algo.
Antes que eu pudesse reagir, senti um salto e, em seguida, minha filha aterrissou no meio da cama, entre nós três.
"ACORDEM! É DIA DE VER BARBIE!" ela gritou, sua voz estridente cortando o silêncio do quarto, enquanto começava a pular, agitando as pequenas asas com tanta animação que quase derrubou os travesseiros no chão.
Eu soltei um suspiro e cobri o rosto com as mãos, tentando disfarçar a risada. Theodore abriu os olhos devagar, seu olhar sempre calmo se voltando para a pequena furacão que era Anahí.
"Anahí, meu amor, você sabe que horas são?" ele perguntou, puxando-a com cuidado para que ela parasse de pular.
"Hora de Barbie!" ela respondeu, como se fosse óbvio, cruzando os bracinhos e batendo as asas em desafio.
Gabriel, ainda de olhos fechados, murmurou com a voz rouca de sono: "Alguém avisa que o sol nem nasceu ainda..."
Mas Anahí não queria saber. Ela escalou Gabriel como se ele fosse uma montanha, puxando o cobertor e gritando: "Nada de dormir! Você prometeu! Barbie espera!"
"Prometi?" ele perguntou, finalmente abrindo um olho, apenas para encontrar o rostinho dela a centímetros do seu.
"Prometeu!" ela afirmou com um sorriso travesso.
Amanhecer cheio de risadas
Depois de muitos apelos e risadas, finalmente nos rendemos. Theodore desceu primeiro com Anahí em seus ombros, enquanto eu e Gabriel o seguíamos, ainda tentando acordar completamente. Na sala, Anahí já estava organizando os DVDs dos filmes da Barbie favoritos como uma pequena general.
"Esse primeiro! Depois esse! E se sobrar tempo, esse aqui também!"
Gabriel foi para a cozinha preparar chocolate quente, enquanto Theodore ajeitava as almofadas no sofá. Eu me sentei no chão com Anahí, ajudando-a a escolher o filme que começaria a tão esperada maratona.
"Esse é o meu preferido, mamãe," ela disse, me mostrando o DVD de Barbie e o Lago dos Cisnes. Seus olhos brilhavam de animação. "A Barbie tem asas como eu!"
"Ela tem mesmo," respondi, beijando sua testa.
Uma manhã de amor e caos
Quando o filme começou, nos acomodamos no sofá - Anahí no meio, claro, com Theodore de um lado e Gabriel do outro, enquanto eu fiquei no chão ao lado dela, segurando uma tigela de pipoca que ela monopolizou em minutos.
Durante uma das músicas, Anahí levantou-se e começou a dançar na frente da TV, as asas batendo suavemente enquanto ela girava. "Eu sou a Barbie do Lago dos Cisnes!" ela declarou, como se fosse a coisa mais importante do mundo.
Gabriel, rindo, foi o primeiro a se levantar para dançar com ela. "Então eu sou o príncipe que salva você!"
"Você é o cavalo," ela corrigiu, sem perder o ritmo.
"O cavalo?! Por quê?" ele perguntou, fingindo indignação, enquanto Theodore gargalhava e me lançava um olhar cúmplice.
"Porque eu gosto mais do príncipe da Barbie!" Anahí respondeu, com uma lógica inquestionável.
Fim do dia com promessas de Natal
Depois de horas de filmes, risadas e uma sala que parecia mais um campo de batalha de almofadas e pipoca, Anahí finalmente começou a diminuir o ritmo. Ela subiu no colo de Theodore e bocejou, os olhos quase fechando.
"Esse foi o melhor dia de Barbie," ela murmurou, agarrando-se a ele como se nunca fosse soltar.
"Foi mesmo, minha estrelinha," ele respondeu, beijando o topo de sua cabeça.
Enquanto Gabriel ajeitava as almofadas e eu recolhia os DVDs, olhei para minha família e senti meu coração se encher de gratidão. Este era o Natal que sempre sonhei - cheio de caos, amor e momentos que nunca esqueceríamos. E, no centro de tudo, estava ela: nosso milagre com asas.
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