Capítulo 21
- Talvez eu saiba o que está acontecendo. - Henry diz com tristeza.
- Você ouviu nossa conversa? - Pergunto preocupada.
- Sim.
Ele caminha em nossa direção, e se senta ao meu lado.
- Sobre o que está falando Henry? - Frank pergunta. - Quando diz que sabe o que está acontecendo.
- Eu ainda não tinha percebido que meu tio e seu amigo Clark deve ser a mesma pessoa até escutar vocês conversando. - Henry olha para mim. - Há algum tempo eu ouvi os dois conversando, e...
Henry se cala e abaixa a cabeça entristecido.
- Não precisa contar se não quiser. - Passo a mão por suas costas.
- Meu tio planejava conquistar uma mulher, então teria que ter a ajuda da minha avó, já que essa mulher era comprometida. Henry diz. - Eu acho que minha vó fez Frank escolher entre você e eu, porque queria separá-los para meu tio poder se aproximar de você.
- Por que eles fariam isso comigo? - Pergunto sem entender nada.
- Eles perceberam a minha presença e então se calaram no mesmo instante, por isso eu não sei o porque eles estavam planejando isso.
Clark é realmente o tio do Henry ou seria apenas uma coincidência? Como um homem tão bom quanto ele poderia ser capaz de tanta maldade?
Está certo que o conheço a pouco tempo, mas Clark até hoje se mostrou um homem digno. Ou eu estou ficando tão cega ao ponto de não perceber que Clark é uma má pessoa?
- Não consigo acreditar que o Clark que eu conheço seja capaz de fazer algo ruim. - Balanço a cabeça em negação.
- Você não tem nenhuma foto com ele? - Frank pergunta.
- Sim. - Lhe respondo.
Pego minha bolsa sobre a mesinha de centro e a abro, em seguida pego meu celular e procuro pela foto que tirei no meu último encontro com Clark.
- Esse é o seu tio Henry? - Lhe entrego o celular.
- Sim. - Ele confirma com a cabeça.
- Mas... como... eu não... - Não consigo formar uma frase sequer.
Coloco a cabeça entre as mãos, enquanto custo a acreditar que meu amigo na verdade é um homem mentiroso.
Por que Clark tentaria se aproximar de mim? Estaria tentando me usar para atingir Frank? E eu como uma idiota cai nos seus truques sujos.
- A culpa é minha. - Henry fala.
- Por que a culpa seria sua? - Frank pergunta. - Se tem uma pessoa inocente nessa história toda é você Henry.
- Se eu não tivesse nascido teria evitado sofrimento para muitas pessoas.
- Não abra a boca para falar isso novamente. - O repreendo.
- Seu relacionamento acabou por causa da minha família. - Lágrimas correm pelo rosto do pequeno Henry.
- Com ou sem a interferência da sua avó teria acabado de uma forma ou de outra. - Explico. - Então não se culpe ok?
Ele me abraça com força, enquanto chora baixinho, e eu tento consolá-lo de alguma forma.
- Se continuar assim eu também acabarei chorando. - Falo.
- Eu sabia que minha avó estava tentando se livrar de mim, mas eu continuava me enganado, fingindo não saber que ela não é uma boa pessoa.
- Mas você é Henry, e para nós isso já é o suficiente. - Frank passa a mão por seus cabelos.
- Não vai me culpar pelo que aconteceu? - Ele pergunta para seu pai.
- É claro que não. - Frank nega com a cabeça. - Como eu poderia?
Henry olha para Frank com um olhar triste, como se a culpa de tudo o que está acontecendo fosse dele.
- Minha avó manipulou você, e acabou aceitando tudo por minha causa.
- Se fosse para eu escolher novamente, eu iria não me deixar ser manipulado por Adele. - Frank diz. - Mas ainda assim iria fazer alguns sacrifícios se necessário, porque você é meu filho, e apesar de não sermos próximos, eu te amo e espero que me aceite como seu pai algum dia.
- Não se culpe, porque você não tem culpa alguma nessa bagunça. - Digo. - Como seu pai disse anteriormente, você é uma vítima.
O pobre garoto terá que receber muito amor do pai para poder compensar pelo menos um pouquinho toda dor que sua vó lhe causou.
Uma das pessoas que deveria cuidar, amar e proteger Henry, não passa de uma vigaristas. Henry é um garoto forte, mesmo sabendo das intenções maldosas da avó ainda teve esperanças, mas infelizmente Adele não parece ser o tipo de pessoa que faria algo impensado.
Tenho certeza que ela e Clark estavam planejando isso há anos, e só agora decidiram colocar o plano dos dois em ação.
Tantas pessoas foram feridas por causa deles, mas o mais afetado será Henry no final das contas. Eu e Frank somos capazes de nos defendermos, mas Henry ainda é uma criança, uma criança que deveria ser amada por sua família, mas acabou sendo usado como um objeto qualquer.
- Eu sei que Frank e eu talvez não possamos ser capazes de preencher o lugar da sua família, mas estamos dispostos a tentar se quiser. - Digo.
- Você tem certeza disso? - Frank pergunta.
- Não somos um casal, mas seremos pais muito em breve. De uma forma ou de outra seremos uma família, e eu quero que Henry também seja minha família de agora em diante. - Sorrio abertamente.
- Por que não podem ser um casal novamente? - Henry pergunta de repente.
Levo a mão a boca quando começo a tossir freneticamente, e então Frank se levanta rapidamente e corre em direção a cozinha.
Alguns segundos depois ele aparece novamente com uma garrafinha de água na mão, e me entrega em seguida.
- Obrigada. - Agradeço.
Frank acena com a cabeça e se senta ao lado do Henry, enquanto eu bebo um pouco do líquido.
- Não vão responder minha pergunta? - Henry olha para nós dois.
- Bem... Eu fui um idiota com a Camy por anos, então eu sei que provavelmente sou o último homem na face da terra com quem ela iria querer se relacionar. - Frank fala. - Mas eu a amo, e faria qualquer coisa para ela me perdoar e me dar mais uma chance para eu poder me redimir dos meus erros.
Volto a me engasgar com a saliva novamente com a repentina e inacreditável confissão do Frank, e ele se levanta rapidamente, pega a garrafinha de água que eu havia colocado sobre a mesinha de centro e me entrega.
Como assim Frank me ama? Ele já me disse isso alguma vezes, mas nunca me olhava nos olhos e parecia frio e distante.
Posso estar enganada, mas dessa vez ele pareceu sincero, e apesar de sentir meu coração palpitando, isso não muda em nada.
Com toda certeza eu o amo, mas não estou disposta a me arriscar, e novamente ser ferida por ele, então o melhor para nós dois será mantermos uma boa amizade enquanto criamos nosso filho.
- Você não o ama Camy? - Henry pergunta.
- Sim, eu o amo. - Assumo.
- Por que não ficam juntos então?
- Porque quando sua confiança é quebrada, é difícil acreditar novamente. - Falo. - Para evitar sofrimento é melhor manter uma certa distância, e foi isso que eu escolhi.
- Você acha que ele te faria sofrer? - Henry pergunta.
- Talvez sim, talvez não. - Dou de ombros. - Mas eu prefiro ficar na dúvida ao tentar algo, e sair ferida novamente.
Frank olha para mim com tristeza, mas não tenta me fazer mudar de ideia. Apesar de uma parte de mim desejar que ele insista, a outra parte agradece por ele estar respeitando minha decisão.
- Frank e eu sempre seremos amigos, então não se preocupe ok? - Bagunço seus cabelos. - Daqui alguns meses seu irmãozinho ou irmãzinha irá nascer, e continuaremos tão próximos quanto somos agora.
- Eu quero que seja uma menina. - Henry sorri abertamente.
- Eu também quero que seja uma menina. - Frank também sorri.
- Em breve descobriremos. - Digo.
Menina ou menino para mim não faz diferença alguma, porque tudo o que eu desejo é que meu bebê seja saudável.
- Já que estamos falando sobre nosso filho, o que acha de eu ser seu médico? - Frank pergunta. - Eu não posso trazê-lo ao mundo, mas posso acompanhar seu crescimento.
- Tudo bem então, de agora em diante será meu médico. - Falo.
- Obrigado. - Frank agradece.
Não quero Clark perto de mim, e muito menos que ele seja meu médico, pois nesse momento não confio nele.
Eu realmente amei nossa amizade, mas tudo não passou de mentiras, por isso quero a maior distância possível entre nós dois.
Não sei qual o foi o motivo que levou ele a fazer o que fez, e apesar de estar curiosa também estou com um pouco de medo.
Permiti que um homem ruim entrasse na minha vida e na minha casa, a até mesmo coloquei a vida do meu bebê em suas mãos, e só agora eu tenho ciência do perigo que corri ao seu lado.
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