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Deixo GS para trás e me tranco no banheiro do meu quarto. Não consigo resolver dois problemas ao mesmo tempo, preciso primeiro me libertar desse desejo por alguém que não pode ser meu. De certa forma, esse problema pode afetar meu primo também.
Tomo um banho quente por horas, mas a sensação do toque de Coringa não vai embora nem por um instante de mim. Passo a noite acordada, ansiosa, pensativa, me lembrando sempre do momento no restaurante. Coisas mal acabadas dão nisso, te deixam doida da cabeça.
A inquietação me faz, mais uma vez levantar cedo. Abaixo do relógio na tela do meu novo celular está a data. Hoje é quinta e isso significa que tenho mais uma aula de valsa com o meu noivo. Me sinto extremamente nervosa. Se eu e Coringa agirmos tal como fizemos na noite passada, é possível nos pegarmos ali mesmo, na frente de Paolo, sem nenhum pudor.
Pergunto-me se devo ir a essa aula, pois não faço a mínima ideia de como meu corpo vai reagir novamente ao toque do Coringa, temo que eu me perca no descontrole. E se eu não for? Ainda bem que a aula é a tarde, até lá vou saber o que fazer.
[...]
Às três horas da tarde, chego ao salão que usamos para ensaiar, mas encontro o lugar completamente vazio, sendo apenas preenchido por rajadas de vento leves. Estranho, penso. Infelizmente, terei de subir as infinitas escadas novamente; estou quase no subsolo da casa. Nem todo condicionamento físico que conquistei com meus treinos aqui na Itália são capazes de impedir minhas pernas doerem.
Finalmente chego à cozinha e procuro por Rosalynd.
– Ela não está. – Um funcionário tenta me dizer em português, mas quase não consigo entender.
Isso deve ser coisa da Rosy, com certeza está fazendo os funcionários aprenderem algumas frases em português por minha causa. Ela é sempre tão atenciosa.
– Sabe onde ela está? – Arrisco, tentando gesticular para deixar mais claro.
Acho que o rapaz não entende, mas felizmente deduz o que estou perguntando e aponta para a porta dos fundos que leva ao Jardim. Sigo por onde ele indicou e encontro Rosalynd ali, limpando a área gourmet.
– Rosy! – Chamo sua atenção.
– Babi!
– Você sabe se o Bernard e o Paolo já chegaram? Não encontrei eles no salão de ensaios.
– Eles chegaram sim, estão no escritório do Victor.
Agradeço Rosalynd e sigo para o andar de cima. Por que raios eles estão lá? O que está acontecendo? E se o Coringa estiver mudando alguma coisa do casamento por causa do que aconteceu ontem? Bom, agora que estou lembrando de como rejeitei-o, talvez nem vai haver mais casamento. Não, não deve ser isso.
Ah não! Eu disse aquilo, eu disse! Por que fui dizer que talvez estou apaixonada por ele?! Com certeza, vamos acabar com o contrato, porque o Coringa viu que na verdade acabei fazendo o que ele não queria: envolver sentimentos. Serei apenas mais uma descartada, como todas as outras.
Chego à porta do escritório de Coringa e ouço vozes masculinas. Ah não, é agora que vou ser despejada. Como um último ato na Mansão, bato três vezes madeira branca.
– Entre! – Ouço Coringa dizer. Abro a porta com cautela, mas sou surpreendida quando ele vê o meu rosto – Mio amore, estávamos somente esperando você. Venha, sente-se.
Engulo em seco, meu cérebro entra em pânico. Primeiramente, Coringa não está nem um pouco com cara de quem vai me chutar como cachorro morto, nem o ambiente da sala está pesado. Segundo, onde eu vou sentar? Corro meus olhos pelo escritório e todos os assentos estão ocupados por Coringa, Crusher, Bernard e Paolo.
É então que eu vejo meu noivo empurrar sua cadeira um pouco para trás e gira-la para o lado levemente. Ele abre o braço para o lado, indicando o seu colo, e um sorriso travesso surge gradativamente em seus lábios.
– Sente-se. – Ele repete.
Caminho como um robô, sem pensar direito. Coisas como "tá maluca?" ou "você não ia ficar longe dele?" estão rondando minha cabeça agora, mas não consigo formar uma resposta concreta para nenhuma delas. Por fim, sento-me no colo de Coringa e ele passa seu braço em volta da minha cintura.
– Oi, gente. – Cumprimento, tímida.
Olho para Crusher, que está ao ponto de soltar uma gargalhada, se divertindo com tudo isso. Eu juro que quando sair daqui, vou arrebentar a cara dele. Bernard está com um sorriso cúmplice e Paolo continua inexpressivo, como sempre é.
– Bom, como eu estava dizendo... – Bernard diz, após um pigarro – A prova da roupa dos padrinhos e madrinhas é um momento muito importante. Acho que você não deveria tirar isso da lista.
– Bernard, eu não quero toda essa ladinha só pra casar. – Coringa diz, gesticulando a mão livre e colocando na têmpora em seguida – Só cancela isso aí e cancela também o jantar de noivado.
– Ah, não Coringa! Não mexe no meu jantar! – Bernard protesta – Já está tudo pronto e é o que eu mais venho aguardando nesse casamento.
– Mi scusi. – Interrompo – Alguém pode me dizer o que tá acontecendo? E o ensaio?
– Esquece esse ensaio, mio amore. – Coringa segura meu queixo levemente – Não precisamos mais ensaiar, já estamos ótimos, não é Paolo?
O coreógrafo concorda com a cabeça e sorri de lado.
– Mas e esse negócio aí de mudar os nossos compromissos? – Pergunto.
– O seu querido noivo inventou que quer adiantar o casamento. – Bernard responde e eu me engasgo com a saliva.
– C-como assim?
– Isso mesmo. Seu casamento será em três dias.
– Mas por que?
– Vi muita coisa desnecessária que não precisamos fazer, sem querer ofender, Bernard. – Coringa diz. Ele aperta levemente minha cintura, enquanto ouço um "mas ofendeu" de Bernard, mesmo assim, meu noivo continua, fingindo não ter ouvido: – Além disso, quero estar com você o mais rápido possível, nosso amor tem pressa para ser bem aproveitado.
Dessa vez, Crusher não conseguiu mais segurar e acaba soltando um risinho debochado. Coringa lhe olha com fúria nos olhos, mas ele apenas desconsidera a ameaça sutil com um balançar da cabeça.
– Então agora só vamos ter a cerimônia de casamento? – Pergunto, tentando não demonstrar que estou abalada com o que ele acabou de dizer.
– E o jantar de noivado. – Bernard diz.
– Não vai ter jantar! – Coringa revira os olhos e sorri.
– Vai sim e isso não tem discussão.
Por um breve momento, sorrio. Eles dois são realmente amigos de muito tempo, porque poucas pessoas tem coragem de falar com Coringa como Bernard acabou de fazer. Pego-me tentando imaginar como seriam na adolescência, naquele internato.
– Ok, o jantar e a cerimônia e só. Nada de prova de vestido de noiva, de sapato ou qualquer outra idiotice. Amanhã eu e Babi vamos para a casa alugada para a cerimônia, os convidados chegam no sábado e no domingo já quero estar casado quando o último raio de sol sumir do céu.
– Seu desejo é uma ordem, mio Signore. – Bernard ironiza – Então, chegamos ao fim da reunião, certo?
– Sim. – Coringa responde.
– Finalmente! – Crusher apenas diz isso e se levanta de supetão para ir embora. Acabo soltando um risinho.
– Até breve, senhor e senhora Paviole. – Paolo se levanta e aperta nossas mãos.
Bernard também se despede e os dois saem do escritório, deixando-me sozinha com o fruto dos meus desejos.
– O que foi tudo isso? – Pergunto, tentando me levantar, mas o braço forte de Coringa me mantém sentada em sua perna.
– Agora mais do que nunca quero ir para aquela casa e ter um momento sozinho com você. – Ele responde, com a voz meio rouca.
– Por quê?
Tento bancar a ingênua mais tenho quase certeza de que sei a resposta. Cada célula do meu corpo sente o que está acontecendo agora. Mas, mesmo que eu saiba, recuso-me a dizer em voz alta, talvez eu acabe falando coisas que não devia.
Coringa, por sua vez, toca minha coxa, como um sinal de que eu preciso me levantar. Saio rapidamente de seu colo e ele fica em pé. Antes de sair do escritório, porém, meu noivo segura meu rosto com sua grande mão quente e me dirige um olhar penetrante. Umedecendo os lábios ele se despede:
– Babi, não é só você que está queimando de desejo.
[...]
*********
Pessoal infelizmente por hoje só vou conseguir postar esses dois capítulos hoje. Mas amanhã tem mais e quem sabe vou conseguir postar o capítulo narrado por uma pessoa que ainda não tinha narrado. Quem vcs acham q é????
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