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Na noite passada, o sono pareceu estar fugindo de mim, nem mesmo com remédios fui capaz de pregar os olhos. Por isso, para começar o dia, preciso de uma xícara de café bem forte para trazer de volta o meu ânimo.
Resolvo pedir serviço de quarto, não estou afim de descer até o restaurante do hotel. Enquanto meu pedido não chega, faço algumas ligações para os chefes de tráfico que fazem parte da minha rede aqui no Canadá. Tenho que manter tudo funcionando perfeitamente. Ainda estou adiando o problema do Morris por dois motivos: quero prolongar um pouco mais a sua tortura e ainda preciso encontrar alguém de confiança para ficar no seu lugar.
Alguém bate na porta e eu abro, é um funcionário do hotel com o meu café da manhã. Deixo-o entrar e parar o carrinho de comidas perto da mesa que há no meu quarto. Logo após, ele sai e fico sozinho de novo. A solidão sempre foi algo que existia na minha vida, mas, pela primeira vez, sinto o gosto amargo que ela tem.
A verdade é que eu me acostumei a ver a Babi todos os dias, andando pela minha casa, e a ausência das nossas conversas são o suficiente para provocar essa sensação de vazio quando eu não as tenho. Lembro-me que a Babi já está com o celular que eu mandei comprar. Ainda pela madrugada, recebi uma mensagem de Crusher avisando que já tinha feito o que eu mandei, afinal, na Itália ainda era cedo da noite. Agora já deve ser de madrugada lá, mesmo assim eu quero falar com ela.
Pode haver a possibilidade de ela estar dormindo, então vou mandar apenas uma mensagem, assim não corro risco de acorda-la.
Coringa: Está acordada? (Enviada às 7h31)
Envio a mensagem, mas não esperava que a resposta seria quase imediata, até me espanto. Lá deve ser tipo umas quatro horas da manhã. Como pode a Babi estar acordada em uma hora dessas?
Babi: Estou. (Recebida às 7h32)
Não faço a mínima ideia do que responder. Não estava preparado ainda para uma resposta tão rápida dela, não tive tempo de pensar em nada. Maldito hábito de fazer as coisas no impulso. Eu estava com tanta vontade de falar com ela, mas não pensei na conversa em si. Por isso, resolvo improvisar, mandando a primeira coisa que me vem à mente.
Coringa: Você não deveria estar dormindo? (Enviada às 7h35)
Babi: Estou sem sono uai. (Recebida às 7h35)
Mesmo que seja só uma mensagem eu ainda consigo imaginar o tom irônico da Babi falando isso. Sento na poltrona, ignorando totalmente o café da manhã que tenho de comer, e começo a trocar mensagens com a Babi.
Coringa: Como está indo os preparativos do casamento? (Enviada às 7h36)
Babi: Bernard vai vir mais tarde para acertarmos os últimos detalhes. Eu já tenho uma ideia do tipo de lugar para a cerimônia do casamento. (Recebida às 7h37)
Coringa: E qual é? (Enviada às 7h37)
Babi: Talvez no campo, na verdade eu ainda vou decidir isso. (Recebida às 7h38)
Coringa: Você não está considerando perguntar minha opinião, querida noiva?🤔 (Enviada às 7h38)
Babi: Eu achei que tu não se importaria. Se vc não quer nem mesmo participar dos ensaios, pq iria querer escolher os detalhes do casamento?🙄 (Recebida às 7h40)
Paro por um momento de olhar para o celular. Nunca me perguntei se a minha opinião era importante pra Babi, mas pelo visto é. Para mim, "casamento" é uma palavra muito forte, porque, bom, casamento são para pessoas fracas que se apaixonam por qualquer pessoa que vê pela frente e acham que suas vidas devem se resumir a servir emocionalmente ao outro. Nunca fui a favor de casar, sempre achei essa tradição da nossa família uma besteira. Não vou me sujeitar a uma coisa tão ultrapassada como essa.
Eu tenho esses... "princípios" dentro de mim e talvez seja por isso que eu não estou levando tanto a sério essa parte do contrato, a festa de casamento, quero dizer. Não faz sentido mesmo. Só quero pular para a parte em que vou para a cerimônia de posse do meu cargo de Dom da Márfia Paviole. Inquieto-me o tempo todo só de imaginar todo esse poder nas minhas mãos. Uma festinha de "troca de votos" é puro detalhe para mim.
Coringa: Tem razão. Mas por mim tudo bem, confio no seu bom gosto. (Enviada às 7h43)
Demoro a receber uma resposta de Babi. Não sei se ela ficou off ou se estar só pensando no que eu disse. Será que falei besteira? Eu deveria ter dito que ia opinar nas decisões do casamento? Felizmente ela dá sinal de vida tirando minhas preocupações da mente.
Babi: Tu já decidiu o dia que vai voltar pra Itália? (Recebida às 7h50)
Coringa: Não, ainda não. (Enviada às 7h50)
Babi: Hummmmmm (Recebida às 7h50)
Há outra pausa na nossa troca de mensagens, dessa vez tanto por mim quanto por ela. Minhas ideias de conversa se esgotaram, mas ainda quero continuar. E isso é uma droga, depender dessa urgência em conversar com ela. Porque eu sou o Coringa, auto independente, que aprendeu a matar alguém de diversas formas antes de todos os dentes de leite cair, alguém que nunca precisou da ajuda de ninguém, sempre se virou e o mais importante, nunca dependeu da atenção de ninguém. Mas a Babi chegou e agora estou sendo questionado por mim mesmo com relação a tudo que achei que era ou pelo menos que sentia.
Nunca tive alguém assim, que eu pudesse me importar, diferente da Babi que tem tantas pessoas que ama. Sem pensar duas vezes, ela foi capaz de assinar um contrato de noivado comigo, o pior bandido da Itália ou talvez do mundo, jogou a sua vida de tranquilidade fora, simplesmente para salvar um simples garoto pau-mandado de traficante. Pergunto-me quem é a Babi e que tipo de pessoa ela é.
Coringa: Você gostaria de ter seus pais em seu casamento? (Enviada às 7h52)
Pensar nela me fez relembrar do dia que eu a trouxe para a Itália; Babi me contou vagamente que tinha saído fugida de casa. Devo imaginar que ela está se sentindo muito sozinha desde que entrou naquele jatinho e, mesmo com o primo dela por perto na minha casa, ainda deve se sentir triste, afinal, não é a mesma coisa que ter seus pais. Bom, se ela quiser eu os trago, mesmo que isso signifique ter que se meter em uma tremenda teia de confusão.
Babi: Não, de que adianta trazer eles pra um casamento de mentira? (Recebida às 7h52)
Ai, essa doeu. Mais o que diabos está acontecendo comigo? Por que eu estou com essa sensação de que a carapuça serviu?
Coringa: Tu q sabe, Bárbara. (Enviada às 7h53)
Babi: Eu vou ficar off agora tudo bem? (Recebida às 7h53)
O que a Babi vai fazer uma hora dessas da manhã? O que ela tem de tão importante que não pode continuar falando comigo? Respondo a mensagem, a contragosto.
Coringa: Ok. (Enviada às 7h53)
Babi: Quando já souber o dia em que vai voltar me avisa pra eu marcar os ensaios com o Bernard. (Recebida às 7h54)
Coringa: Belê. (Enviada às 7h54)
E ela ficou off, me deixando totalmente confuso com meus pensamentos a mil.
[Continua...]
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Mais um capítulo para os meus babys ❤ Espero que tenham gostado!!!! Deixe seu votinho.
PS.: Preparem-se para uma maratona de capítulos! Eu vou postar quantos capítulos puder por dia, sem um horário específico até terminar esse livro! Então, segurem firme porque vamos embarcar em uma viagem muito doida haha
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