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Olho pela janela. Depois de mais de dez horas, finalmente estamos chegando à Milão. Dormi a maior parte do tempo.
O dia por aqui já está findando; o pôr-do-sol forma um lindo horizonte. Estou nervosa, é um país novo, pessoas novas, cultura nova, tudo novo, sem contar que todos aqui falam outro idioma e eu não sei nem dizer "bom dia" em italiano.
Sinto um frio na barriga quando o piloto aterrissa. Até que minha primeira viagem de "avião" não foi tão ruim. O que eu mais temia era passar por uma tal de turbulência, mas ainda bem que nada aconteceu.
Coringa e eu destravamos os cintos de segurança e nos levantamos. Antes que a porta do jatinho se abra ele segura minha mão.
– O que está fazendo? – Pergunto alterada, tentando soltar minha mão, mas ele segura forte e não deixa.
– Chegamos na Itália, amore mio. O show começou. – Coringa mal mexe os lábios.
As portas se abrem e eu vejo pelo menos uma dúzia de homens esperando ao pé da escada do jatinho. Parece até que estão aqui para receber um rei; um tapete vermelho e um corredor de gente marcam o caminho até um luxuoso carro preto. Coringa, com um sorriso vanglorioso, me conduz para fora, sendo cavalheiro ao me ajudar a descer o ultimo degrau. Por onde vamos passando, os homens dizem coisas em italiano, todo animados e eu não entendo nada.
– Eles estão desejando boas-vindas a você. – Ouço Coringa dizer, como se tivesse adivinhado meus pensamentos.
– E como eu agradeço? Em italiano, quero dizer. – Cochicho discretamente.
– Grazie.
Digo "grazie" a todos que se dirigem a mim até o fim do corredor de pessoas. É um interessante jeito de decorar uma palavra em italiano.
Nós entramos em um carro luxuoso que eu não faço a mínima ideia de qual seja.
– Prima di dirigerci in hotel, portateci al centro commerciale. – Coringa fala ao motorista.
Pelo que eu entendi das ultimas palavras, vamos ao centro da cidade. A caminho de lá, fico maravilhada com a beleza de Milão, são coisas que eu nunca vi na vida. Acho que o paraíso se parece com esse lugar.
Observo tudo. As ruas calçadas, as casas estilo antigo – algumas de tijolinhos amarelados – fontes, estátuas e esculturas, flores por toda parte, pombos voando igual vejo nos filmes que se passam aqui. Tudo é perfeito. Até as pessoas são diferentes, de um jeito simples e único. Conhecer essa cidade incrível com certeza é algo que vale a pena na vida.
– Gostou? – Coringa pergunta, com um sorriso.
– Amei. – Minha animação é quase palpável.
– Espera para provar os sabores italianos.
Eu sinto uma leve pontada de duplo sentido nessa frase, mas finjo não perceber. Dedico toda a minha atenção a essa cidade encantadora.
– Aonde vamos? – Pergunto na esperança de ser um lugar incrível.
– Comprar algumas roupas pra você. – Coringa responde.
– Você não poderia só ter comprados as roupas e colocado no meu quarto, igual no livros que eu leio sobre homens ricaços que presenteiam as moças? – Pergunto, zombando.
– E correr o risco de comprar um tamanho errado? Não mesmo.
Concordo com ele com um risinho e volto a olhar pra fora do carro. Logo chegamos ao centro; reconheço-o pela quantidade enorme de lojas, uma ao lado da outra, com seus toldos disputando espaço no céu das ruas. Esse lugar fica cada vez mais lindo!
O motorista nos deixa em uma esquina a pedido do Coringa e vai embora com o carro. Coringa quer me levar direto pra loja de roupas, mas fico parando em cada barraquinha ao longo da rua. São tantas! Barraquinhas de pães, flores, vinhos, bibelôs, sapatos... A Itália é mesmo incrível.
– Anda logo Babi, temos uma festa para ir. – Coringa reclama.
Deixo pra trás as barrinhas charmosas e acompanho Coringa. Nós entramos em uma loja luxuosa do chão ao teto. O chão de porcelanato branco quase espelha mais que os espelhos das paredes. Há lustres por quase toda a loja e araras de metal brilhante. Algumas roupas são bonitas, outras parecem aquelas das passarelas da Fashion Week, esquisitas e caras.
Fico tão desconcertada com o luxo desse lugar e não consigo nem andar direito.
– Escolha o que quiser. Procure algumas roupas para usar no dia a dia também.
Começo a andar pela loja. A roupa que me chama atenção, primeiramente, é uma blusa de tricô na cor rosa creme, mas o preço é tão alto que eu arregalo os olhos
– Não se preocupe com os preços. – Coringa diz, convencido.
Reviro os olhos. Depois de meia hora, escolhi algumas roupas entre vestidos, calças, cardigãs, saias e sapatos. Escolho também alguns casacos, pois percebi que aqui é um pouco frio. Mas eu olhei toda a loja e não achei nenhuma roupa elegante para a festa de hoje à noite.
Após pagar tudo, Coringa me leva para uma outra loja. Essa, é só de roupas elegantes. Ele gosta mesmo de ostentar; nessa loja os vestidos são mais caros que um carro. Apenas com um deles, posso montar uma concessionária.
– Você devia usar esse vermelho. – Coringa diz quando entramos na loja. O vestido vermelho está exposto bem na entrada.
Olho o vestido. Até que gostei. Se eu colocar um salto quem sabe não fique tão grande para mim. Peço pra a atendente que ela prepare um vestido desse para eu experimentar e ela me leva aos provadores. Coringa me segue e senta em um dos sofás em frente ao provador que eu vou entrar. Na outra loja ele não se interessou muito em dar opinião nas roupas que eu escolhi, mas nesse vestido ele parece querer dar sua opinião. Só espero que não seja um chato.
A atendente traz o vestido e pendura em um gancho pelo lado de dentro do provador, que é maior que o meu quarto no Brasil. Entro, nervosa, pois Coringa vai me ver assim, tão diferente. Fecho as cortinas e tiro minhas roupas, ficando só de peças íntimas. Tiro o sutiã para não aparecer quando eu experimentar o vestido.
Deslizo o vestido pelas minhas pernas e passo as alças pelos braços, mas quando tento fechar o zíper não consigo, tento todo malabarismo possível, mas parece impossível.
Quando estou quase conseguindo fechar o zíper, acabo me desequilibrando no meu "contorcionismo" e caio no chão, fazendo um barulho terrível. Sinto uma dor aguda na minha coxa. Ouço uma voz preocupada chamando meu nome. É Coringa. Grito que estou bem, mas ele é teimoso e entra no provador para confirmar. Me sinto tímida, minhas costas estão nuas pelo vestido aberto.
Desvio o olhar para outro ponto do provador, mas percebo que Coringa me fita através do espelho.
– Deixa eu ajudar você. – Ele diz, com uma voz arrastada e sexy.
Sinto sua mão deslizar pelo meu braço. Um arrepio corre por todo o meu corpo. Ele desliza devagar o zíper, sendo uma tortura pra mim. Luto contra todas as minhas forças para não me deixar ser levada pelo seu toque.
Ao fechar o vestido, Coringa me faz olhar para o espelho, segurando meus ombros, e diz quase como um sussurro:
– Você está perfeita...
[...]
Espero que tenha gostado. Deixe seu votinho.
Beijinhos e até o próximo capítulo ❤
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