Meu coração bate tão alto, como um tambor. O segundo passo do meu plano eu já alcancei, consegui a grana pra pagar a dívida, mesmo que eu tenha feito uma outra dívida pra isso.

Bom... Resolvo isso depois.

Agora é colocar em prática o terceiro passo: entregar o dinheiro pro PH. Estar aqui, diante da mansão dele, despertar todas as memórias dos últimos fatos que tento tanto esquecer. Estou sendo atormentada por elas. Ainda posso ouvir os gritos de dor do GS sendo espancado pelos homens do PH. Uma parte de mim quer ficar uma semana chorando sem parar; o desespero. Mas a outra parte está disposta a tudo pra salvar meu primo. O amor.

Se eu sair viva daqui, preciso cumprir meu acordo com o Coringa, ser noiva dele por contrato, mas tudo isso vai valer a pena por saber que ninguém mais vai matar meu primo.

Caminho até a porta de entrada da grande casa do Dono do Morro e um segurança me barra.

– Espere um momento! – Ele diz, estendendo sua mão na minha frente.

– O que foi? – Pergunto, nervosa.

Ele coloca a mão no ouvido e percebo que está usando um fone daqueles que seguranças usam. Parece que alguém está falando com ele através disso.

– Um cara vai entrar com você também. – Ele responde, sério.

Como assim? O que está acontecendo? É o meu fim mesmo! PH já mandou alguém pra garantir que eu não fuja. Ele vai me matar, com toda certeza! Como pude acreditar que ele ia liberar a gente depois de eu entregar o dinheiro? Começo querer me desesperar, mas é aí que aparece alguém.

– Cheguei. – Alguém diz atrás de mim.

Olho pra traz e vejo que é um cara, talvez três anos mais velho que eu. Ele é muito atraente; pele clara, com uma tatuagem incrível até o pescoço e que provavelmente desce até as costas. Vejo que ele carrega uma pistola no coldre da calça.

Noto uma tatuagem no braço dele com o nome "Crusher Foxxi" e pense que talvez seja o nome de uma facção ou algo do gênero. Ele usa um brinco que quase brilha mais que o sorriso dele.

– Quem é você? – Quem perguntou isso foi o segurança.

– Sou o segurança dela. – O rapaz responde, me apontando com a cabeça.

Eu não faço a mínima ideia de quem esse cara seja, nunca o vi na vida, mas isso tá me cheirando a obra do Coringa. Vou entrar na onda se não o segurança vai desconfiar, porque a cara dele não nega de que não está acreditando nessa história.

Depois de muito pensar, o segurança da porta cede nossa passagem. Eu entro e meu suposto segurança me segue até a sala da casa. Realmente parece ser a casa de um dono de morro mesmo, existe luxo até no tapete de entrada. No teto há um lustre caríssimo e a tv plana parece ter sido roubada de um cinema. O tanto de dinheiro que esse cara ganha não dá nem pra contar e ainda assim ele ainda fica querendo extorquir os pobres.

Mesmo eu estando com um pouco de medo, esse suposto segurança que apareceu pra me acompanhar, me dá certa tranquilidade. Parece ser um dos bons. Se algo der errado vou deixar ele resolver.

Nós ficamos parados no meio da sala por muito tempo, em pé, esperando sabe Deus o que acontecer. Ninguém falou nada pra gente.

PH então aparece, de roupão. Ele senta no sofá branco à nossa frente.

– Olha só quem resolveu aparecer! – Ele diz sarcástico – Se eu soubesse que dar uma surra no GS faria você trazer meu dinheiro rapidinho, eu já teria feito a mais tempo.

Aperto minha mão tão forte que sinto as minhas unhas machucando minha pele.

– Não querem se sentar? – Ele pergunta, colocando os pés em cima da mesa de centro.

– Não. – Respondo, com os dentes cerrados de ódio.

– Tem certeza? Vai demorar um pouco aqui. Vocês só vão sair daqui quando eu contar o meu dinheiro.

– Tô nem aí. – Respondo, séria.

– Que vontade eu tenho de cortar essa sua língua afiada, garota.

PH me lança um olhar demoníaco e então chama o nome de quatro mulheres. Eu fico em pé, com o "meu segurança" atrás de mim, vejo que ele está com a mão na arma o tempo todo, parecendo que está pronto pra qualquer coisa que acontecer.

Vejo as tais mulheres que PH chamou entrar na sala. Todas estão vestindo biquínis que mal comportam seus peitos e exibem seus corpos esculturais. Cada uma tem uma fisionomia diferente; uma ruiva, uma morena, uma loira e uma negra. Esse cara gosta de diversidade.

Três delas sentam no chão perto de PH enquanto a loira vem até mim pegar a maleta. Ela me lança um olhar de nojo. Essa lambisgoia oxigenada tá querendo morrer!

Logo ela entrega a maleta pras outras, mas não vai contar o dinheiro, pelo contrário, se senta ao lado de PH no sofá. Ela enfia a mão por baixo do roupão do traficante e começa a fazer carícias nele. Toda essa cena me dá enjoo.

Esse lugar me deixa sufocada. As mulheres demoram uma eternidade pra contar a porra do dinheiro. Eu já estou ficando impaciente, mas permaneço firme.

Depois de um tempo, o meu segurança pigarreia e se aproxima da ruiva, que acaba de contar um bolo de notas de cinquenta.

– Tem como arranjar um copo de água pra mim? – Pergunta a ela – Você quer também Babi?

Ele olha pra mim esperando minha resposta. Nego com a cabeça e depois ele olha pro PH.

– Soph, pega água pra ele. – PH fala.

A ruiva entra em um das portas de dão pra sala e volto logo. Noto o toque displicente dela quando entrega o copo pro meu segurança e isso me deixa indignada.

Eu estou morrendo de medo de cometer algum erro e tudo ir por água abaixo. Se eu der um passo em falso tudo será perdido! Eu devia ter contado o dinheiro antes de vir? Será que esse segurança aqui é mesmo uma boa ideia? Eu estou surtando!

– Acho melhor você tomar essa água. – Diz o meu segurança.

Ele direciona o copo pra mim e aceito-o. Tomo um gole. De fato, minha garganta estava muito seca.

– Você está muito nervosa, precisa relaxar mais. Vai dar tudo certo. – Ele cochicha no meu ouvido. Sinto sua mão tocar minhas costelas.

– Sem conversinhas. – PH ordena.

Encaro o traficante, mas percebo que ele está excitado com as "massagens" da loira. Fico morrendo de vergonha e ranço.

Finalmente as mulheres terminam de contar o dinheiro.

– Tem duzentos e vinte mil aqui. – A morena diz.

– Bom... Muito bom... – Ele fala, mas não está se referindo ao número do dinheiro – Obrigada, Patrícia.

Soph tira a mão de dentro do roupão e chupa um dos dedos. Odeio PH por ser um babaca que obriga a gente a ver isso. Me dá nojo!

Depois dessa cena toda, ele se levanta e caminha até a mim. Estou com medo do que pode acontecer. É agora que eu vou morrer?

– O dinheiro está certo. – PH diz – O GS está liberado da dívida mas tem que continuar trabalhando pra mim. Vou poupar ele dessa vez porque a priminha dele salvou ele.

PH solta um riso irônico.

– Mas dá próxima... – PH volta a dizer – Eu não vou dar só uma surra nele.

Engulo em seco. Esse babaca ainda vai me pagar.

– Podem ir e por favor, nunca mais apareçam na minha casa.

Eu e o meu segurança nos olhamos, aliviados por ora. Ele faz uma indicação da porta pra mim com a mão e eu passo na frente. Parte de mim quer pular de alegria pelo PH ter aceitado o dinheiro e a outra quer cair fulminada bem aqui no chão do tanto que meu coração está disparado. Não consigo parar de pensar que o PH está só enganando a gente.

Mas, felizmente nada acontece, meu segurança e eu conseguimos sair da casa de PH sem ninguém nos parar. Entro no carro que me trouxe e ele senta no banco da frente.

– Foi só isso? – Faço uma pergunta pra ninguém em específico, não conseguindo disfarçar meu sorriso.

– Eu te disse que ia dar tudo certo. – O meu segurança diz.

Por um momento eu fico alegre, mas então me lembro que PH disse que o GS vai continuar trabalhando pra ele. Isso é um problema, o PH nunca vai deixar meu primo em paz, por isso não posso arriscar deixar o GS aqui.

– Mas, – Acabo com a alegria de todos incluindo a minha – nós temos um problema.

Meu segurança olha pra mim com cara de frustação e diz:

– Mas já?

[...]

O que será que o destino está reservando para nossa florzinha, Babi?

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