Um dos meus escapismos para a ansiedade é ajudar outras pessoas. Normalmente sou bem egoísta e meu altruísmo nesses momentos é bem egoísta também. Mas eu procuro ajudar o máximo quem eu puder ajudar e isso me faz sentir que tá tudo bem.

Às vezes sinto até uma pontada bem forte de alegria no meio do mar de ansiedade e medo que sinto quando ajudo as outras pessoas. Sinto satisfação em ver que ajudei mesmo alguém em algo. Acho que a ansiedade tem muita ligação com o egoísmo. Muita gente que só pensa em si mesma sofre disso.

Minha carreira.

Meus sonhos.

Meus objetivos.

Eu sou muito desse tipo. Até o começo de abril, toda minha preocupação estava voltada para o fato de eu ter que fazer muitas coisas. Eu montava uma lista enorme de 300 afazeres por dia e algumas vezes até fazia, mas não. Não. Não me sentia satisfeita. Era como correr atrás do próprio rabo dia após dia.

Me sinto envergonhada de lembrar que cheguei até a chorar com minha mãe porque eu não estava realizando nada do que idealizei. Achava que estava perdendo tempo na vida. Mas agora analiso que eu estava perdendo tempo tentando encaixar coisas para mim.

Ria se quiser, mas eu chegava a falar até que eu precisava cumprir tudo, TUDO, antes dos 30 e agora vejo que essa é uma idiotice tremenda.

E assim sou eu.

Quando estou bem, fico nessa coceira de "preciso fazer tudo, preciso fazer tudo" até que eu chego em um ponto de esgotamento que vira uma depressão sazonal.

Estou assim agora *emoji de carinha triste*.

Desde sexta, dia 8, sinto uma agonia no peito desde que voltei para a casa na quinta, depois de uma sessão de fotos (ria, estou tentando ser modelo). Eu já sabia que era a ansiedade mostrando sua versão vilã.

Daí resolvi aproveitar a emenda da páscoa e descansar sexta, sábado e domingo. Não fiz absolutamente nada. Bem, fiquei escrevendo.

Agora percebo que essa ambição e coceira para fazer coisas e ser produtiva só acabou comigo. Me triturou.

E o que vem nesses momentos de depressão sazonal?

Vontade de chorar, perda de vontade de fazer qualquer coisa e uma carência do tamanho do mundo. Percebo o quão fui idiota durante a ansiedade "boa".

Eu não sei explicar essa sensação terrível. É como se um peso maior que o meu peso fosse jogado contra mim.

Daí vem os questionamentos:

Por quê sou assim? Será que um dia vou atingir a paz que almejo? Será que todo mundo sente isso que eu sinto?

Cansaço. Cansaço. Cansaço.

A vontade que tenho é de me desconectar do mundo. Das redes sociais. E ficar só no meu sofá com meus gatos lendo um livro que me deixa feliz com as minhas pessoas favoritas no mundo: meus pais.

É em momentos assim que precisamos desesperadamente encontrar algo que nos mostre que o mundo é muito grande, que existem infinitas possibilidades, que podemos ser várias coisas.

Descobri também que, de modo geral, sou uma pessoa positiva que às vezes sofre com ansiedade e talvez depressão sazonal porque sou uma pessoa otimista que também sofre assim como todos.

Tenho 18 anos. Há uma pressão muito grande sobre muitas coisas, não sei porque me coloco tanta pressão já que tenho outras muitas pressões externas.

Meu sonho sempre foi me tornar escritora. Me coloquei tanta pressão e delirei muito com a ideia de ser famosa. Outra descoberta: não quero ser famosa. Quero criar uma comunidade legal aqui no mundo literário onde a ajuda é mútua. Onde encontramos conforto mental nos livros.

Então sim, estou cansada emocionalmente. Descobri que não quero nem metade das coisas que disse a mim mesma que queria e que eu não deveria me jogar tanta pressão.

Uma vida bem vivida é lenta. Não existe esse papo de objetivo, e sim um caminho cheio de auto-descobertas. Não existe sucesso, e sim bons momentos.

Sejam bondosos consigo mesmos. Cuidem de plantas e animais e tentem sentir o frio, o calor e as gotas de chuva como elas são. Reescreva constantemente seus propósitos.

Enfim, não sei mais o que escrever.

Essa é a anotação de hoje.

Desejo paz a todos que lerem essas anotações.