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08 de novembro-Você não é uma pedra!

Você não é uma pedra

Durante a pandemia em 2020 eu estava no segundo ano do ensino médio, e como qualquer adolescente de 15 anos, eu estava tentando encontrar meu papel dentro da sociedade. Isso me levou a querer muito me fixar e achar as minhas raízes foi o primeiro passo.

Para fazer isso, eu fui em busca de criar uma rotina, o que foi um conflito porque a natureza do jovem é odiar rotinas. Tentei estabelecer um horário para tudo e passava um tempo procurando conteúdos sobre rotina, estudos etc etc e essas coisas chatas de autoajuda.

O problema é que nunca fui de curtir esse tipo de coisa. Sempre fui muito flexível e admito que antes desse período como "routine girl" eu era:

Feliz

Tinha menos ansiedade

Era bem menos frustrada

E isso evolui durante os anos. Eu odiava a ideia de não poder ter horários fixos por causa dos imprevistos do dia a dia.

Me tornei o que mais odiava na minha tia : sistemática.

Padronizar a vida pode não ter essa mesma cara para todo mundo. Isso existe de alguma forma para todos. Acho que de certa forma todos carregamos essa tendência a querer nos tornar pedras, ou seja, imutáveis e previsíveis.

É recomendável a criação de rotina para quem tem ansiedade. Isso faz com que tenhamos a sensação de um futuro certo e não vou dizer que isso é ruim. Mas por outro lado acho interessante se propor a se acostumar com o lado efêmero da vida porque isso faz muito bem, obrigado.

Vou dar exemplos de como nos fixamos no dia a dia.

Escutamos as mesma músicas que gostamos porque é chato procurar outras que atraiam nossos gostos.

Assistimos notícias todos os dias no mesmo horário.

Fazemos o mesmo caminho de volta para casa por medo de nos perder. Aliás, isso se mostra um perigo porque um ladrão pode perceber esse padrão e créu. (Fica esperto, hein).

Enfim, os exemplos são infinitos.

Isso me lembra muito uma filosofia que por ironia aprendi no ensino médio e é uma das coisas que nunca esqueço. O nome da filosofia é:

Vida autêntica e inautêntica de Heidegger

A ideia é muito complexa, e por isso não vou colocá-la por completo neste artigo.

Eis apenas a minha breve pesquisa sobre o tema.

"...para Heidegger, a vida cotidiana faz do homem um ser preguiçoso e cansado de si próprio, que, acovardado diante das pressões sociais, acaba preferindo vegetar na banalidade e no anonimato, pensando e vivendo por meio de ideias e sentimentos acabados e inalteráveis, como ente exilado de si mesmo e do ser."

(Heidegger - vida e obra, em coleção 'Pensadores', 2005)

Heidegger avaliou a ideia de que podemos escolher nossos destinos entre viver uma vida autêntica ou uma vida inautêntica.

Ele pensa na vida autêntica como uma vida sem padrões, que é vivida com fluidez. Como uma metamorfose ambulante de Raul Seixas.

E a vida inautêntica de Heidegger é aquela vida fixa, sem muitas mudanças.

Claro, essa é uma visão bem simplificada da perspectiva do filósofo, mas resume bem o que ele defende.

Se você quer estudar melhor o tema que é ótimo também como repertório do Enem, deixo o link:

https://www.ex-isto.com/2019/07/heidegger-autenticidade-inautenticidade.html?m=1

Para os filósofos: a ideia de Heidegger se difere da ideia determinista que não podemos mudar e que seguimos apenas o curso de nosso natureza. Pessoalmente, isso me parece uma ideia teatral inspirada pelos gregos antigos. (Você pegou a ideia!)

Conclusão de hoje: cuidado, não vire uma pedra!

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