Capítulo 2 - Same Day
Bruno passara os últimos dias inquieto, todos na empresa questionavam se Miguel iria assumir alguma posição ao lado do pai, ou se iria ficar apenas cuidando dos negócios da mãe, como havia informado em sua ultima ligação. Precisava estabelecer um plano para manter Miguel afastado, ou pelo menos sem qualquer interesse na empresa do pai.
Miguel era um verdadeiro prodígio, formado com honras pela Stanford University, deixava a formação de Bruno no chinelo, que havia feito apenas a graduação de administração de empresas sem qualquer outra especialização. Mas, o que Miguel não tinha, era a fúria e a maldade que jorrava em Bruno, que cansado dos comentários de comparações com seu irmão, resolvera assumir a empresa de Carlos Roberto na tentativa de se mostrar superior ao irmão que morava no exterior.
Bruno, que cresceu ouvindo piadinhas sobre como sua mãe havia roubado o marido da prima, que a acolhera em sua casa quando a mesma viera do Coréia com o filho pequeno. Agora se via na condição de ser considerado filho daquele que outrora fora seu tio.
Tomado pelo ciúme e pela sede de poder, estabeleceu um plano muito simples, deixaria bem claro para Miguel, que não se atrevesse a meter–se nos assuntos da empresa e de que Carlos Roberto já o havia encarregado de gerir os negócios. Estava disposto a fazer de tudo para se manter no topo daquela cadeia empresarial, usaria a força se fosse necessário, o que ele já sabia muito bem como proceder.
Naquela manhã, aproveitando que Carlos Roberto não poderia comparecer no almoço com Miguel, sugeriu á seu pai que lhe deixasse ir em seu lugar.
– Não se preocupe pai. Irei em seu lugar, tenho certeza de que Miguel irá entender. Sua presença na reunião com o governador é de suma importância para o contrato com a usina. – Bruno usara bons argumentos para convencer o pai.
– O que eu faria sem você, Bruno? Meu braço direito. – Dissera Carlos Roberto, fazendo o ego de Bruno inflar como um balão. – A vida poderia ter feito você ser sangue do meu sangue. Não, nem isso te faria ser tão parecido comigo, assim como é.
– Eu te agradeço pai. Garanto que sempre farei o meu melhor, em seu nome e em nome dos nossos negócios. – Gesticulou orgulhoso de si próprio.
– Apenas dê boas vindas àquele moleque mimado. Um dia ele irá perceber que não é o centro das atenções e que o mundo não gira em torno do seu umbigo. – Carlos Roberto lembrou–se das inúmeras vezes que Miguel, ainda na infância, ligava implorando para que o deixasse retornar ao Brasil.
As palavras de Carlos Roberto ecoavam na mente de Bruno, que eram mais um sinal de que seu pai estava ao seu lado. Mas isso no o impediria de agir e garantir que Miguel ficasse sob seus olhos atentos. Por isso, mandou o motorista para buscá–lo, era uma maneira de mostrar sua falsa gentileza fraternal. Fazendo–se de amigo, tentaria descobrir quais eram os planos e interesses de Miguel e assim como uma cobra sorrateira, daria o bote da forma mais inesperada.
Depois daquele almoço com o irmão, agradeceu aos céus ao descobrir que ambos estavam indo na mesma direção, assim, ofereceria novamente uma gentileza á Miguel.
Deixara–o na imobiliária e seguiu para os compromissos do dia, levando uma nova proposta de compra e venda para alguns dos moradores que não estavam querendo vender sua propriedade para a expansão do galpão da empresa.
Aos poucos, os moradores estavam aceitando as propostas, faltavam apenas alguns mais teimosos que insistiam em não aceitar nenhuma das propostas feitas até o momento. Porém, uma moradora em especial estava tirando o sossego de Bruno, a dona da livraria que era a mais teimosa entre todos. Era tão perturbadora para Bruno, que ele chegou ao ponto de falar dela para Miguel. Fora algo tão fora do comum, que o fez assustar–se quando percebeu que estava falando sobre ela.
Há muito anos, Bruno fora rejeitado por Alice, a dona da livraria, que na época, confessou ser apaixonada por outro. Desde então, ele nutre certo ressentimento por ela. Agora, está disposto á oferecer a quantia que ela desejar, desde que se desfaça da livraria que tem tanto apego.
Depois de visitar alguns dos moradores do bairro, Bruno parou em frente ao pequeno estabelecimento de Alice, tirou a pasta de documentos de sua maleta e adentrou, fazendo soar os pequenos sinos pendurados na pequena porta, que ficara parcialmente aberta.
– Olá, querido cliente. – Dissera à voz que vinha dos fundos do local, de onde surgiu uma jovem de porte pequeno, cabelos negros na altura dos ombros e olhos amendoados. – Ah, é você novamente, Bruno. – Dissera a jovem, mudando a expressão de receptiva para total falta de sentimento.
– Você deveria se sentir agradecida, Alice. – Bruno falou manso, entregando–lhe a pasta de documentos. – Veja, refiz a proposta.
– Bruno, eu já te falei que não vou vender. – Alice caminhou em direção do balcão, sendo seguida por Bruno.
– Dê–me um chá gelado, por favor. – Ele sempre pedia por chá gelado quando ia tentar uma nova proposta para Alice.
– Sente–se.
Bruno sentou na banqueta amarela que ficava em frente ao Balcão, onde cinco minutos depois, Alice lhe entregava o chá gelado.
– Você não irá desistir, não é?
– Alice, precisamos desses terrenos para a construção do novo depósito. Você sabe disso, não sei por que insiste em não vender. Por acaso está fazendo isso para conseguir ainda mais dinheiro? Se for este o caso, veja a nova proposta.
– Como ousa pensar isso de mim, seu idiota!
– Não tem outra explicação, estamos te oferecendo 2 vezes mais do que esse terreno vale e você continua negando. – Ele começava a perder a paciência.
– Já falei que não quero seu dinheiro!. – Retrucou Alice, empurrando a pasta de volta para Bruno.
– Estúpida, não vê que nunca terá tanto dinheiro novamente. Acha que essa sua livraria vai te sustentar para o resto da vida? – Esbravejou.
– Você pensa que o dinheiro pode comprar tudo, não é Bruno? Hã? Diga–me, você é feliz vivendo á sombra de uma fortuna que nem é sua?
– Aish! Não se atreva a falar do que você não sabe. – Bruno gritou, batendo a mão no copo de chá gelado e espalhando–o pelo balcão.
– Saia daqui, agora! – Alice ordenou, apontando para a porta.
–Você irá se arrepender, garota. Não sabe com quem está mexendo. – Bruno pegou a pasta que havia caído no momento em que empurrou Alice e saiu, batendo a porta com força e deixando Alice tremendo de nervoso.
"Quem ela pensa que é?" Bruno estava furioso, Alice o rejeitara como homem no passado e agora recusava seu dinheiro. Tentaria a todo custo, convencê–la a aceitar a proposta, que agora já não era mais pela empresa, essa era uma questão de vingança. Assim que ela aceitasse vendesse, faria questão de estar presente no dia da demolição do prédio, só para ver as lembranças de Alice virarem destroços.
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BRUNO:
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