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Nono mês
Num movimento repetitivo, a cadeira de balanço ia e voltava, da frente para trás, em fila.
Era uma forma de acalmar seus nervos à flor da pele, faltavam pelo menos duas semanas para o parto e riscar os dias do calendário só fez sua ansiedade florescer ainda mais
E com a mãe visitando, trazendo uma cesta de frutas que foi muito bem recebida
- Quando é o parto?- Pergunta sua mãe curiosa
Ele olha para sua banana fatiada, acompanhada de morangos, com o garfo pega um pedaço de banana e coloca na boca
-Tudo indica que ele vai nascer no dia 30, como você está a Ali, por falar nisso?- Robby observa sua mãe dobrar as roupas pequenas
- Isso é maravilhoso! Bom, a Ali está excelente, essa semana ela teve que sair, ela vai a Miami para passar um tempo com um de seus filhos.
Ele acena com a explicação dela e sorri suavemente.
-Ela te deixa muito feliz, não é?- Pergunta, vendo a mãe guardar as roupinhas que ela já tinha dobrada dentro do armário pequeno
-Você sempre pergunta a mesma coisa Robby, claro que sim, tenho ficado muito feliz nesses últimos anos- Sorri com suavidade olhando seu filho
-É bom saber mãe, Ali e você você sempre foi um casal maravilhoso- Nos meses seguintes à gravidez, ele aprendeu a bordar com tutoriais, embora ainda não desse muito certo, mas ele tentou, a mãe não sabia bordar porque não tinha interesse.
Shannon sorri e coloca a mão no joelho vestido do filho que está começando a ficar cansado
-Você será um ótimo pai Robby, não tenho dúvidas disso- Os dois sabem que é uma despedida, eles não vão se ver por um tempo, adeus não deixam vazio.
[...]
Robby sente como seu corpo fica molhado com o jato de água, ele sabe que os passos no quarto indicam que Miguel chegou do trabalho
-Olá meu amor- Miguel exclama abrindo a porta do banheiro mas não consegue vê-lo já que o chuveiro está correndo a água
- Olá Miggi-Lava o cabelo com shampoo, passa condicionador na mão, passa no cabelo para não emaranhar
-Quer que eu me junte você?- Ele pergunta abrindo a porta do chuveiro observando o marido por trás
- Sim, eu quero abraços - Robby se vira ligeiramente para vê-lo
Miguel sorri enquanto tira a roupa que está no seu caminho, no momento em que se junta a Robby, o calor do seu amor o envolve em um abraço
O castanho encosta a testa no peito do outro, querendo ter um pouco de tranquilidade diante do cansaço
-Ei, como foi seu dia formando dois bebês?- Miguel pergunta curioso, passando a mão nos cabelos molhados do menor
-Cansado demais, como foi seu dia?
- Não tão cansado quanto o seu, mas bem.
Miguel termina de dar banho em Robby, que não consegue se sustentar, o acompanha vestido de roupão para que ele se deite na cama, enquanto ele termina de tomar banho e sai com seu próprio roupão
Deitado na cama, com Miguel atrás de Robby acariciando sua barriga enquanto beija sua nuca
-Amor...- Robby murmura sentindo cócegas
- Sim?
-Massageie minhas pernas por favor- Ele pede esticando completamente as pernas, e Miguel não recusa o pedido
[...]
Miguel observa a reserva do pequeno restaurante onde quer que Robby e ele tenham um encontro
-Posso pedir um buquê para seu marido?- Pergunta a secretária com total profissionalismo ao ver seu chefe
- Sim, por favor.
-Excelente.
Naquele dia ele usa terno preto com gravata verde, que lembra os olhos de seu amado
Ele recebe a resposta positiva de Robby que está se arrumando em casa com um vestido verde, ele se olha no espelho e realmente não gosta muito do que vê, mas também não tem opções e nem tempo.
Ele recebe uma mensagem de Miguel que já está fora de casa, a fechadura da porta se abre
-Que divino você está- A voz de Miguel o assusta e ele se vira para vê-lo com um sorriso
-Estou muito gordo Miguel, não estou divino, por que acha que estou divino?
- Estou olhando para coisas divinas.
Robby ri como se não acreditasse nas palavras dele e levanta uma sobrancelha em dúvida
-Eu acredito em você porque você parece sincero.
Os dois riem e dirigem-se ao pequeno restaurante, modesto por dentro e por fora, sentando-se à última mesa, a mais isolada de todas.
Eles se sentem namorados, ou até mesmo noivos, o clima romântico é especial para eles.
É um restaurante indiano, algo novo em relação às muitas coisas que irão experimentar no futuro, eles pedem e esperam pacientemente
-Minha mãe foi me visitar hoje- Comenta Robby bebendo do copo de água que lhes trouxeram
-O que sua mãe disse?- Ele pergunta curiosa já que Shannon não era muito dada a visitá-los mas eles eram para a mulher
-Ela está feliz, ansiosa para ver suas netas, trouxe uma cesta de frutas e conversamos bastante- Robby observa Miguel sorrir
-Eu também fui ver minha mãe, no carro deixei um cobertor que minha avó fez, aliás elas te mandaram cumprimentos
Isso aqueceu o coração do Robby, ele amava a vovó Rosa com toda a alma
-Fico feliz com isso- O garçom chega com seu pedido, e eles se preparam para comer
Eles conversam um pouco sobre o dia deles, até que o sabor parecido de uma sobremesa os lembra da primeira noite desconfortável deles no México
-Você se lembra da conversa que tivemos depois que eu te beijei?- Miguel observa o rosto de Robby, enquanto está um pouco redondo por causa do ganho de peso por conta da gravidez
-Tivemos que dormir juntos porque meu pai me chutou e me jogou da cama, sim, claro que lembro, mas me lembro mais das suas desculpas por me beijar.
- Você foi difícil de conquistar, nunca perguntei, mas o que você sentiu com aquele beijo?
Robby sorri levemente e toma um gole de refrigerante, olha nos olhos do marido
-Gostei, embora demorei muito para assimilar isso, mas ainda não entendo todas as reações do mundo, você se atreveu a me beijou!
Miguel ri divertido com sua afirmação.
-Sinceramente, não sei porque te beijei naquela ocasião, mas se o tempo voltar eu faria isso de novo.
-E eu te derrubei no chão
-Oh querido! É isso que você vai dizer à Abby e Laura?
-Isso soa melhor do que toda a história que tivemos, não acho que as meninas queiram saber que te joguei do segundo andar...
-Algum dia elas saberão, Rob- Ele agarra a mão dele e toca a aliança de casamento do castanho- Mas vamos explicar a eles o que aconteceu.
-Tenho medo do parto Miggi- Robby confessa pela primeira vez se sentindo vulnerável à situação
-Por que meu amor?
-Tenho lido que muitas vezes as donzelas não conseguem sobreviver.
Os dois sabem o que isso significa, Miguel aperta a mão dele com força e seu olhar solidário faz com que ele saiba que entende seu medo
-Mas você não é qualquer um Robby, você é ainda mais forte que eu em todos os aspectos, e aconteça o que acontecer u vou te ajudar. Ele te escolho primeiro
-Miguel...você deve escolher as meninas.
Silencio, é isso que Miguel ouve depois de suas palavras, não ouvia o som dos garçons distribuindo a comida, nem o som da cozinha, e até mesmo o som de seus próprios corações e pensamentos.
[...]
"...Você deve escolher as meninas"
Miguel corta o melão no pote que Robby preparou para ele com o garfo, ele pensa no que ouviu, seu olhar está fixo em algum lugar de seu escritório
- Senhor, senhor- Melissa o chama, o tirando do transe
-Sim? E aí Melissa?
-Senhor, você está bem?- Pergunta a mulher preocupada com o homem
- Melissa, se você estivesse no meu lugar, você escolheria seu marido ou suas futuras filhas?- A secretária foi surpreendida por uma pergunta que parecia tão pessoal
-Bem... Eu escolheria o marido, com a pessoa que amo poderia ter mais filhos- Ela dá sua opinião observando o chefe
Miguel olha a foto que tem com Robby na época das férias eles estavam namorando, foram acampar...
Amanhã seria a data do parto indicada pela médica, ele estava extremamente nervoso, suas mãos suavam pensando nisso, ele não conseguia se concentrar muito, mal viu quando Melissa saiu e entrou Sam no escritório dele
-Miguel, você deveria estar em casa e ir com Robby- Sua amiga aconselha, com um café na mão
-Sim, farei isso, acho que estou mais nervoso que ele- Ele se levanta da cadeira, pega seu celular e mochila- Obrigado Sam.
-De nada Miguel, diga oi ao Robby.
- Pode deixar
Enquanto dirige para casa, ele não consegue tirar da cabeça as palavras do jantar, aquela conversa pendente que foi adiada repetidas vezes a cada dia que passa. Ele não concordou com essa decisão.
Robby afirmou porém sabia que o instinto maternal que seu marido começou a construir aos poucos ao longo dos meses o fez agir por duas pessoinhas que ele tinha em seu ventre e que cresceram com seu marido, claro que ele as amava, tanto que daria a vida por elas
Só tinha um detalhe, Miguel adora Robby e também Abby e Laura, a decisão foi difícil, mas não impossível
A buzina de um carro o tira de seus pensamentos mais cinzentos e ele segue em frente, a rua parece infinita e seu desejo de chegar a uma casa maior
Ele estaciona o carro, desce com suas coisas, abre a porta e duas risadas femininas é a primeira coisa que ouve, é Sofía, amiga de Robby e Shannon, sua sogra.
Ele as cumprimenta gentilmente, observa por um momento Sofia, a mulher adorável que entrou na vida de Robby para ficar, aquela que Sam ficou com ciúmes por causa de sua posição como melhor amiga.
Ele fica com eles conversando sobre a vida por um tempo, até perceber que Robby está começando a ficar cansado, Shannon é a primeira a se despedir, alguns minutos depois Sofia vai embora e eles ficam sozinhos.
-Eu quero ir para o quarto das meninas- Robby levanta-se do sofá, imediatamente e Miguel vai para o lado dele, segurando sua mão
- Vamos
Eles observam os dois berços idênticos, onde já estão pintados com os nomes das filhas.
-É lindo- Robby murmura com muita vontade de poder ter suas filhas nos braços naquele lugar construído de alegria e amor
- É.
Fica em silêncio até ouvir Robby engasgar e olha para o chão que ficou molhado
-M...Miguel, a bolsa estourou...
Agora que os futuros pais de primeira viagem estão nervosos, Miguel imediatamente pega a sacola que eles já haviam preparado, ajuda Robby a entrar no carro, ouve o marido começar a reclamar, isso o deixa mais nervoso.
Ele passa por um carro de polícia e o som das sirenes o faz entrar em um estado pior, ele encosta esperando uma multa, o policial se aproxima e olha dentro do carro
- Meu marido está entrando em trabalho de parto, Policial- Ele sabe que suas palavras não são muito credíveis, devido ao olhar cético do policial
- Os homens não engravidam - Exclama o policial sem acreditar
- Estou prestes a ter um filho em um carro oficial! SE VOCÊ NÃO ME DEIXAR PASSAR, JURO QUE VOU A...
-Você pode continuar, eu irei atrás de você para que você chegue mais rápido- Expressa o policial assustado com aquela repentina reação, e ainda mais com Robby mostrando a ele sua barriga de grávida
Com a viatura do policial na frente para tirar os outros carros do caminho, eles finalmente chegaram ao hospital onde ele deveria carregar Robby, indo diretamente para a sala de parto.
Os pelos de seus braços estavam arrepiados naquele momento, ele não tinha cabeça para nada além de estar com Robby.
-Senhor Diaz, se quiser pode entrar- A enfermeira lhe dá a opção e ele não recusa
Ele veste o necessário para entrar e observa médicos e enfermeiros na sala
Pega a mão do Robby que está deitado...
As horas passam em forma de tortura, os gritos de Robby ainda ressoam em sua mente, assim como seu choro, durante esse tempo ele pensa que o está perdendo ao ver que seus sinais vitais diminuíram.
Além dos dois gritos que soou e depois observou o marido inconsciente na maca e isso o deixa apavorado
- Robby?- Ele chama com a voz trêmula ao ver o rosto pálido do marido, seus lábios estão perdendo a cor.
Escolher? Ele tinha opções?
-Senhor Diaz, fique de lado por um momento, e ligue para sua família- Ordena uma enfermeira
Por inércia ele sai da sala e liga para a mãe, no meio das lágrimas gagueja ou mal consegue falar com clareza
Ele se senta no banco de plástico com os cotovelos apoiados nas pernas, as mãos no rosto, as palmas das mãos começam a ficar molhadas de tanto chorar de dor por não poder fazer nada, ele tem medo de ficar sozinho sem Robby
Ele não suportava ficar sem Robby, não depois de oito anos estando com ele, amando-o.
A voz de Johnny e sua mãe o fazem tirar a mão do rosto, sua mãe é a primeira a confortá-lo, seguida por Johnny que tenta se controlar
Seu sofrimento dura mais alguns minutos quando a enfermeira sai com o rosto sereno.
- Senhor Diaz, já pode ir ver seu marido, o cansaço do parto o deixou inconsciente, ele está um pouco fraco, suas filhas estão nas incubadoras esperando para nomeá-las- A enfermeira explica de forma profissional, vendo o moreno suspirar de alívio
-Gracias a Dios- Sua mãe diz em espanhol que está abraçando Johnny que também fica aliviado, escondendo a cabeça no ombro de Carmen tentando controlar seu choro
Ele entra no quarto onde está seu amado, que dorme tranquilamente; Ele passa a mão pelos cabelos úmidos pelo esforço que fez, suas bochechas aos poucos ganhando cor
-Meu amor, estou feliz que você ainda fique ao meu lado, eu estava com tanto medo Robby, vou ver as meninas, Espero que eles estejam bem. Elas se parecem muito com você- Ele sussurra como se Robby fosse ouvir, acariciando os cabelos dele com muito cuidado
Ele sai da sala deixando passar Johnny e sua mãe, e vai até as incubadoras e vê duas lindas meninas com cabelos tão moreno como o dele, com pequenos cachos mal se formando, elas tem a pele da mesma cor da de Robby, ele espera que tenham tirado suas sardas, ele pode vê-las através do vidro, elas são tão lindas quanto ele jamais imaginou que fossem
Abby e Laura.
Agora era preciso nomear cada uma, isso seria decidido por Robby.
Ele fica mais um tempo observando as filhas dormirem, alheio ao seu olhar de ternura, para um pai que as amara durante toda a vida.
Eles contam a ele logo depois que Robby acordou, ele caminha apressada pelo corredor para ver seu marido sentado olhando para as próprias pernas
-Miggi- Seus olhos se enchem de lágrimas com o apelido, ele se aproxima rapidamente para abraçar o castanho contra seu corpo enquanto ele chora
- Robby, pensei que você iria sair do meu lado- Ele exclama com a voz quebrada soluçando, a mão quente de Robby em seu cabelo começa a acalmá-lo
-Estou bem Miggi, não vou sair do seu lado- Robby o faz olhar para seu rosto e depois beijá-lo - Eu te amo Miggi
- Eu também te amo, querido.
Eles vêem duas enfermeiras entrarem com suas filhas e dizerem a Robby como amamentá-las, o castanho está nervoso mas ele faz isso bem
-Como vamos nomeá-las?- Ele pergunta enquanto pega uma de suas filhas pela primeira vez, ele consegue vê-la melhor, ela é idêntica à garota que Robby está segurando; Gêmeas idênticas, disseram-lhes
Quando Robby termina de amamentar uma e começa com o outro, ele percebe que a primeira tem uma pequena verruga na mão direita, essa era a diferença que ela precisava.
-Ela poderia ser Laura, ela nasceu antes- Robby comenta vendo seu marido segurar sua filha
- E você é a Abby- Comenta Miguel feliz.
Eles sorriem e veem a filha que cada um segura.
[...]
Chegar em casa depois de muitas visitas foi como estar no céu, Laura e Abby Diaz finalmente estavam em casa.
Robby estava segurando Laura agora dando o seio na cadeira de balanço, Miguel observava atentamente enquanto ele embalava Abby nos braços.
-Depois de muita espera, somos pais- Robby olha diretamente para Miguel, que está olhando para sua filha com adoração.
- Teremos mais filhos?- Miguel pergunta, vendo Robby parar de alimentar sua filha
-Não.
-Oh
Agora eles tinham que viver a aventura de serem novos pais.
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