𝐌inho estava furioso com o silêncio duradouro de seus funcionários. Nenhum deles se colocou em lugar de fala para esclarecerem os acontecimentos, além de um pedido fajuto de desculpas.

Lee se manteve paciente durante todo o processo - vale ressaltar que ele é uma pessoa nada calma -, esperando a boa vontade dos irresponsáveis ajoelhados em fileira. Mas como paciência não dura muito, Minho se exaltou, puxando a arma do quadril.

ㅡ Minho, será que é necessário partir para agressividade com seus colegas? ㅡ Bangchan, ao seu lado direito, perguntou baixinho. Sabia muito bem o que era um Lee nervoso com uma arma descontrolada em mãos, virava um caos.

ㅡ Não tenho colegas. Tenho funcionários bem pagos para cuidarem das minhas crianças sob minha ordem ㅡ Minho carregou a arma, vociferando para Bang, sem nem mesmo olhá-lo.

Como Chan poderia permanecer são diante de funcionários tão incompetentes? Se algo tivesse acontecido, nem chance Minho lhes daria, seria morte na certa. Porém, ainda que quisesse matá-los, tinha que descobrir quem estava envolvido na máfia "H" e se o tal Han Peter estava abordo de tudo aquilo.

ㅡ Minho está certo, Chan. Os filhos da puta foram descuidados pra caralho, nem mereciam estar vivos. Agora eu te pergunto, se fosse com seus filhos? ㅡ Seo estava ao lado de Lee naquela situação. Bang ficou quieto e Minho nem ao menos escutou, apenas caminhou até os homens, passando em frente aos mesmos.

ㅡ Lee, eu vou embora, já deu minha hora ㅡ Avisou o Bang. Estava descrente daquilo e, mesmo vivendo no crime, não aceitava aquele tipo de ato vindo de Minho, alguém que ele tinha tanto carinho e apreço ㅡ Boa sorte para vocês ㅡ Deu três tapinhas no ombro de Seo e saiu do galpão.

ㅡ Eu quero saber quem é o filho da puta que está trabalhando para os Han's ㅡ Até então, não tinha citado o nome da máfia rival. Ao projetar sua fala em tom alto e áspero, um funcionário tremeu e um outro arregalou os olhos, ambos desviaram o olhar ㅡ Chang, pode tirar todos, menos aqueles dois.

ㅡ Certo, chefinho ㅡ Seo tinha um palito de dente entre os lábios e, mordendo a madeira fininha, ele fez "posição de sentido", sendo irônico. Tratou de fazer o mais rápido possível enquanto Minho escolhia uma arma branca no armário prateado da parede.

ㅡ Vejamos, aqui estão os stronzi¹ ㅡ Andou com um taco de aço e cabo escuro até os dois elementos lado a lado ㅡ Quem vai me contar da maneira fácil? ㅡ Subiu as sobrancelhas, dando chance para os funcionários.

ㅡ C-Chefe- ㅡ O moreno com a barba rala tentou falar, mas foi impedido pelo careca ao lado que fez um som de "shiu" com a boca.

Minho bateu com o taco no rosto do careca, que caiu no chão, batendo a cabeça no cimento áspero e desmaiando. O outro levou um susto e tentou se afastar, mas caiu na tentativa falha. Lee deixou o taco ao lado do corpo e se apoiou no mesmo, lambendo o lábio inferior.

ㅡ Você é pai, não é? ㅡ Indagou em direção ao cara trêmulo, que falava algo como um brando, talvez uma oração? Que irônico. Minho riu ㅡ Cavolo², como você é engraçado.

ㅡ Chefe, eles ameaçaram meus gêmeos... Queriam matar meus filhos recém nascidos, assim como estavam mantendo minha mulher presa ㅡ Iniciou, sem medo de ser sincero com o chefe. Não queria que sua família morresse, os queria vivo, queria vê-los crescer, fez muito para terminar de forma desgastante - então tudo que fosse necessário pela vida deles, ele o faria ㅡ Me desculpa... Eu não tive escolhas!

Minho suspirou fundo, jogando o taco para longe. Se aproximou do adulto, aparentemente jovem e agachou em frente ao mesmo, que tremeu, mas manteve o queixo erguido.

ㅡ Eles quem? Me ajude a te ajudar. Qualquer informação pode salvar sua vida e a vida da sua família. Se é realmente o que você quer, sabe que o certo é me contar ㅡ Inexpressivo, porém sincero. Minho era impiedoso, mas quando se tratava de crianças, salvá-las era o mais importante; era isso que ele fazia. Era assim que se sentia bem com si mesmo.

ㅡ Eu não o encontrei pessoalmente, mas dois caras altos, dois metros, apareceram na minha casa depois que recebi um vídeo da minha esposa e dos meus bebês. Eles eram bastante tatuados e usavam jaquetas escuras com um símbolo no peito esquerdo. Me apagaram e quando acordei estava em um quarto escuro. O plano foi contado todo enquanto eu permanecia no escuro... Eu ainda tenho o número de quem me enviou ameaças, mas provavelmente não irá mais valer de nada.

ㅡ Isso é muito bom, ragazzo³ ㅡ Se levantou e pegou o taco, indo para uma mesa limpar o rastro pequeno de sangue ㅡ Sua mulher e filhos estão a salvos? ㅡ Passou o paninho com álcool na peça.

ㅡ Estão em casa... Mas posso não ter certeza, já que sumi o dia todo ㅡ Engoliu a seco e sentou no chão, com os braços presos nas costas e cordas nas pernas.

ㅡ Seria difícil mandar sua mulher e seus filhos para uma das minhas residências particulares, esta noite? ㅡ Terminou de limpar e se virou para o homem, que estava cabisbaixo e pensativo ㅡ Por um tempo enquanto resolvo esse pequeno problema.

ㅡ Eu acho que não, chefe ㅡ Respondeu baixo. Estava com medo de que tivessem pego sua família de novo.

Changbin voltou no momento certo. Minho sorriu curto.

ㅡ Ótimo. Seo, um favor, leve este homem para aquela casa perto do asilo B, consiga o endereço dele, ajude a mulher dele e os filhos, pegue o que for preciso. Se notar uma movimentação estranha, qualquer uma, me avisa ㅡ Minho guardou o taco ㅡ E depois está liberado ㅡ Seo acenou positivamente.

ㅡ O-Obrigado... E me desculpa, me desculpa mesmo por não ter cuidado das crianças, mas pelas minhas eu dou minha vida ㅡ Disse o moreno, com a cabeça baixa. Lee deu de ombros e esperou silenciosamente Chang sair com o funcionário.

Minho preparou água com gasolina e sal em um balde sujo que havia achado jogado do lado de fora do galpão. Voltou para dentro como quem não quer nada, mas estava pronto para foder a vida do careca idiota. Lee jogou a água no rosto do homem, que acordou forçando a respiração pelo curto afogamento.

Uma queimação dominou a si por sentir o sal e o álcool em feridas abertas no rosto. Ele grunhiu, mas foi obrigado a se calar quando o sapato social de Minho pisou sobre seus lábios.

ㅡ Cala a boca, verme ㅡ Forçou o pé contra o rosto do careca ㅡ Cão estúpido! ㅡ Cuspiu, pronto para descontar sua raiva do dia nele. Minho pisou prensou o pé com força contra o rosto do outro, ele se remexeu no chão, não conseguindo se mover muito pelas cordas extremamente apertadas ㅡ Se você se mexer te deixo sem a chance de poder ter filhos... Se bem que... Não é uma má ideia, visto que você concordou em deixar minhas crianças em perigo.

Durou alguns minutos até a aparência irreconhecível do careca parecer agradável à Know. Minho sorriu feliz ao ver o chão cheio de sangue e o cara se afogar no próprio sufoco, sem conseguir respirar, mutilado, machucado e cansado. Lee o deixou naquele estado e saiu do barracão.

Estava em uma situação deplorável, ridiculamente sujo e fedendo a sangue seco.

É algo simples cooperar. Se você ajuda Minho, ele te ajuda de volta. Se você vai contra Minho, ele te faz um homem morto. Sem piedade e alimentando seu desejo de vingança que se instaura com a raiva.

Lee almejava transar, matar lhe dava um tesão do caralho, mas infelizmente não tinha com quem pudesse se aliviar. Como sempre.

Minho, além de tudo, era alguém que prezava muito pelo bem estar do seu corpo. No passado adorava foder algumas bundas, mas desde que alguns planos foram interrompidos, Lee resolveu parar com isso - estava tomando rumo e se guardando, digamos assim.

Know pode ser alguém que parece não escutar as vozes alheias, mas tratando-se de Bang, ele faz loucuras. Prometeu ao mesmo que enquanto seus planos não estivessem prontos, não usaria o corpo de outras pessoas. Afinal, Chris é como um pai para si, e aquele pedido não era tão difícil, apesar dos pesares, se manteve próximo e faz de tudo para não errar.

O tatuado chegou em casa por volta das duas da manhã. Tomou um banho, livrando-se da cratera nojenta de sangue seco preso em sua pele. Na água do banho, o vermelho escorria por seu corpo até estar no chão, inundando o box com hemolinfa. Minho saiu do banho, colocando o moletom monótono.

Estava com um sono desgraçado e com uma fome irreconhecível, não havia comido nada pela tarde, muito menos jantado, mas ainda queria resolver sobre o tal Han Peter que não saia de sua mente. Incrivelmente aquele nome grudou em sua cabeça com facilidade.

Em seu notebook, entrou naqueles mesmos dados que só ele e o governo tinham acesso. Procurou nos registros mais recentes sobre Han Peter - nome coreano: Jisung.

Vinte e cinco anos, terminou a faculdade há alguns meses, trabalha em uma empresa meio barrela e mora em outra cidade.

Era incrível como ter acesso ao que o governo tinha lhe tirava um bom tempo de trabalho.

Em meia hora, obteve informações que o tiraram um riso. A fotinha de identidade de Jisung era graciosa, e pelo que se notava havia sido renovada recentemente.

Suas bochechas eram cheias, seu cabelo dividido e naturalmente ondulado, a boca rosada, o nariz retinho, as sobrancelhas bem contornadas - e outros detalhes pequenos, mas que eram totalmente naturais de Han. Lindo e natural.

Minho estava tão cansado que mal notou as pálpebras caindo e o sono lhe atingindo pelo cansaço do dia longo. Dormiu sentado sem ao menos cobrir-se com edredom; o notebook sobre a perna e a almofada atrás das costas. O cabelo escuro caindo nos olhos e a foto de Han Jisung na tela, pouco a pouco sumindo ao desligar do ecrã.

⩩﹕៹࣪ Vocabulário Italiano para o Português:

¹ Stronzi - Idiotas.

² Cavolo - Cacete.

³ Ragazzo - Rapaz.

⩩﹕៹࣪ Ih Minhocão, já tá com o nome do Sunguinha na mente é? 😏😏