31:E é isso que você quer, Saphira?
Capítulo não revisado.
Zenon
A semana foi muito agitada. A casa de modas estava uma confusão só, tudo correndo a mil por hora, apesar de faltarem alguns meses ainda, estávamos trabalhando a todo vapor para não termos surpresas no dia. Gosto de deixar as coisas tão perfeitas quanto possível. Essa semana foi agitada também pelo fato de as meninas estarem fora. Isso mesmo, nossas vidas estão uma loucura aqui sem elas, quem diria né? Elas tiraram essa semana para irem ao psicólogo,ginecologista e passar um tempo com o pai de Saphira, que será operado semana que vem. Como eu estou me sentindo nesses dias sem ver minha pirralha? Muito bem, obrigada por perguntar. Estranho, né? Mas deixe-me explicar:
Isso se dá ao fato de que não fiquei um dia sem vê-la, passei sim o dia todo sem ela, o que me deixa mais agitado, mas à noite tenho visto ela sempre,busco para passear,comer algo,conversamos e quanto mais conheço de suas qualidades e defeitos, mais me apaixono por essa mulher. Sim, mulher, apesar de chamar de pirralha às vezes, (faço isso apenas porque é inevitável, ela sempre será minha pirralha, e também gosto de incomodá-la) para mim, Saphira se tornou uma mulher admirável e digna de ser amada.
Durante essa semana, ela me contou que foi ao ginecologista, fez exames que deram negativo, e a médica indicou o comprimido ou a injeção anticoncepcional,Saphira optou pela injeção, eu nem preciso dizer que fiquei um pouco decepcionado, o mais estranho é que eu continuava tendo um sonho com uma menininha, deveria ser do meu psicológico com o desejo de ser pai de um filho dela, mas eu sabia que teríamos muito tempo para isso, agora tínhamos que focar no desfile e na cirurgia de seu pai, porque com toda certeza estarei lá para apoiá-la.
Saphira tem reagido bem em relação ao acontecido, no entanto, Alice tem ficado aérea às vezes, Saphira disse que nesses momentos ela parece reviver tudo o que passaram e fica em choque, a psicóloga disse que isso é normal e com o tempo e um tratamento adequado ela vai se recuperar, Geórgios tem estado preocupado, mas faz de tudo para ajudar.
Hoje é sexta feira, assim que sair da empresa vou correndo para casa tomar um banho e me trocar igual ao The Flash para ir ver minha menina.
- Zenon, já vou indo,ainda precisa de mim? - Geórgios pergunta, enquanto entra em minha sala.
- Não sabe mais bater na porta? - Pergunto rindo, vendo a pressa do meu amigo para ir embora.
- Cara, se Saphira estivesse aqui, até bateria, mas como sei que não vou ver nada de esplêndido, já que ela não está, não bato. - responde, rindo.
- E essa pressa tem haver com uma certa brasileira? - Perguntei, achando que sabia a resposta, mas me surpreendi com o que disse.
- Não cara, tem haver com o encosto da Marcela. - Ergo a sobrancelha, lhe mostrando minha confusão.
- Nem me olha assim, Zenon. Você sabe que ela anda perturbando.
- Eu sei, só não entendi o porque de você vai dar corda a esse assunto quando deveria sair daqui e ir correndo ver sua namorada. - ele passou as mãos nos cabelos.
- Eu sei, mas não se preocupe, Alice vai comigo. Quero ter uma conversa definitiva com meus pais e os pais de Marcela, mas quero levar Alice para que entendam de uma vez por todas que não vou voltar a namorar a megera. Minha pressa é pra acabar com isso, novamente.
- Sério, a Alice aceitou isso? - pergunto.
- Para minha sorte, sim. - Ele sorri.
- Então aproveita e acaba com essa palhaçada de uma vez. Eu também já estou indo, vou ir ver meu sogro.
- Sei que é o sogro. - tira sarro.
Saímos juntos da casa de modas, mas cada um toma seu caminho.
Hoje o dia estava chuvoso, mas não frio,o clima era agradável, o trânsito calmo, logo cheguei em casa.
Quando entro sinto um vazio, meus pais já foram viajar e eu estou sozinho, meses atrás isso não seria problema para mim, iria escrever ou desenhar ou, como é sexta feira, estaria me preparando para viajar,agora estou aqui na casa, onde vivi minha vida toda, me sentindo sozinho. Não sei se é a minha idade que está me fazendo almejar ter uma família, com minha esposa e meus filhos, para quando chegar do trabalho, ser recebido com carinho.Imagine uma menininha de cabelos loiros como os de Saphira! Bufo frustrado, sempre soube de nossas diferenças de idade, tenho que ter paciência e esperar o tempo que combinamos. Talvez essa frustração tem haver com os sonhos que tenho tido.
Espanto esses pensamentos, que só vão me deixar mais frustrado e vou tomar um banho e me arrumar, ao sair de casa, sou um sorriso por saber que em poucos minutos estarei com minha menina. Minha vida mudou muito rápido, eu mudei com a mesma velocidade, e gosto do rumo que está tomando. Entro em meu carro, ligo o rádio e a música que estava passando era a mesma da boate onde abri meu coração pra ela pela primeira vez,mas Amélia atrapalhou. Ela estava tão linda que eu queria congelar ela naquele momento para poder lhe admirar a vida toda. "Adcta", era isso, eu era viciado naquela boca, viciado em seu corpo, em sua personalidade e até em seus defeitos que, de verdade, eu nem sei se ela tem, para mim ela é perfeita, definitivamente, eu estou fodasticamente apaixonado. Suspiro com esses pensamentos, enquanto, no carro se ouve apenas minha respiração, o som da música e da chuva que começa ficar mais forte. Dez minutos depois, estou na frente de sua casa.
Depois de estacionar meu carro, noto que tem outro carro na frente, e por algum motivo meu coração acelera. Ando com passos lentos e quando bato na porta a mãe de Saphira é quem a abre e me olha aflita.
- Boa noite, minha sogra! Saphira?-pergunto e ela apenas aponta para o carro que estava estacionado, viro minha cabeça e observo melhor o carro e consigo ver Pedro lá dentro. Nem percebo quando meu corpo toma vida própria e já está indo em direção ao carro com fúria. Bati no vidro e logo Pedro abaixa, Saphira está ao seu lado, de cabeça baixa.
- O que está fazendo aqui, Pedro? - Tento controlar meu ciúme.
- Vim cobrar o nosso trato Grego, disse que deixaria o caminho livre caso ela me aceitasse. - Ele diz com um sorriso na cara. E só então meus olhos cruzaram com os dela. Ela estava assustada.
-E é isso que você quer, Saphira? Depois de tudo que ele fez, você vai escolher ele? - Pergunto incrédulo, isso não pode ser verdade, tem algo de errado.
- Ele me salvou, Zenon, ele se arriscou por mim. Ele me ama de verdade. - Que porra? Eu não estava escutando isso.
- Isso só pode ser brincadeira, Saphira! E você ama ele? - Encaro seus olhos e noto que ela está segurando o choro.
- Sim, eu o amo, e agora quero que vá embora Zenon.
Estava sentindo uma dor fora do normal, ela não iria fazer isso comigo. Pensei em questionar mais um pouco e também pensei em quebrar a cara de Pedro, porém, achei melhor ir embora e tentar entender o que estava acontecendo, ela não iria fazer isso comigo se não tivesse um motivo. Iria?
Olhei incrédulo,não conseguia fórmula frase alguma, apenas virei as costas e entrei no meu carro, saindo dali o mais rápido possível, eu tinha que pensar, se não iria só fazer merda. Não estava conseguindo parar de pensar, então estacionei meu carro duas ruas depois.Precisava digerir o que acabou de acontecer, tinha alguma coisa de errado e eu precisava descobrir o que era. Eu não poderia acreditar em suas palavras, tudo que eu vivi esses meses tinha sido real, não era mentira, tinha alguma coisa errada e eu tinha que descobrir. Passei a mãos pelos cabelos, frustrado, encostei minha cabeça no volante e deixei as lágrimas escorrer sobre meu rosto. Um relâmpago surgiu no céu e eu senti meu peito ser rasgado como ele
rasgava o céu.
Liguei o carro depois de me sentir um pouco melhor para dirigir e voltei para casa. A chuva está tão forte que não me importei de me encharcar todo ao descer do carro e entrar encharcado toda casa. Fechei a porta atrás de mim, e não sabia mais o que pensar, andei arrastando meus pés como se não tivesse mais força para andar.Cheguei no meu quarto tirei minha roupa, tomei um banho tudo em modo automático.Depois fui para cama, precisava dormir e esquecer esse pesadelo. Mas o sono não chegava e a essa dor só parecia aumentar, então me levantei fui até o pequeno bar que tinha em minha casa e me servi de whisky.
Não sei quanto tempo levou, mas quando percebi já tinha tomado meia garrafa, cansado e meio tonto, segui o caminho para meu quarto, mas não consegui chegar até lá, me joguei no sofá mesmo, foi o máximo que consegui. Pelo menos beber me faria esquecer de tudo por algumas horas.
Apaguei ali mesmo, sem me importar com a dor que sentiria no dia seguinte, com certeza não chegará nem perto da dor que estava sentindo agora.
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