Zenon

- Entre, Amélia. Eu já estava voltando para sala - digo sem um pingo de paciência.

- Hum, vim porque já fazia um tempo que você estava aqui com aquela menina. Mas ela já foi para casa, e você continuou aqui... vim ver se estava tudo bem!

- Sim, está tudo bem, Amélia. Já que está aqui, precisamos conversar - ela concorda com a cabeça, mas não me deixa falar.

Se aproxima de mim, passando a mão sobre meu peitoral. Leva uma mão ao meus lábios e encosta os seus nos meus. Ela junta nossos corpos e resolvo retribuir. Um beijo lento começa a se formar.

Amélia é uma mulher muito quente e a primeira vez que a beijei, meu corpo reagiu na hora, mas é diferente agora. Seus lábios grudados nos meus e suas mãos passeando pelo meu corpo são como se não fosse nada. Sua boca não se compara com a de Saphira, que é macia, carnuda e seu cheiro é inebriante. E só de pensar na pirralha, meu amigo acorda e Amélia se empolga.

- Olha... tem alguém aqui que acordou - ela fala num tom safado.

Dou um sorriso forçado porque sei que não foi ela que acordou meu amigo. Afastei-me dela e a encarei.

- Amélia, vamos deixar uma coisa clara aqui. Temos que manter as aparência apenas quando tem outras pessoas. Não temos nada de verdade! E o que aconteceu aquele dia foi apenas um bônus. Iremos nos divertir no meio dessa mentira toda. Não confunda as coisas. Não gostei da forma em que você tratou Saphira. Na verdade, ninguém gostou! Seu papel é fingir ser a namorada perfeita. Tem que convencer a todos, e não é atacando a menina que você vai conseguir fazer isso. Meus pais me conhecem muito bem e sabem que jamais namoraria com uma pessoa esnobe - ela muda de semblante na hora, mas não se afasta.

- Claro, Zenon. - diz séria. - Não foi minha intenção. E já que estamos sendo sinceros um com o outro, quero deixar claro uma coisa. Não farei papel de trouxa. Sei que estou sendo bem paga, mas pode acreditar, Zenonzinho, que não aceitarei ser a corna da história. Notei como você olhava para aquela pirralha, todos na mesa notaram. Aceitei esse trabalho porque quero me aposentar. Mas o acordo é ser sua namorada para despistar a imprensa, e não pra ser a corna do ano. Sou modelo, sou conhecida mundialmente. Não ouse sujar minha imagem, porque se fizer isso, não pensarei duas vezes para acabar com a sua vida - falou olhando nos meus olhos e pude sentir que ela não estava brincando, me dando mais um motivo para ficar longe de Saphira.

- Isso foi uma ameaça?

- Não, meu bem! Foi um aviso. E já que esclarecemos as coisas, que tal continuarmos de onde paramos? - falou e juntou seu corpo ao meu mais uma vez.

Mas dessa vez eu a afastei antes que me beijasse.

- Não, Amélia! Hoje não! Meus pais estão aqui em casa e eu os respeito. Acho melhor ir para sala juntar-mos a eles.

- Então vamos sair? Vamos para um lugar que possamos ficar apenas nós dois? - pergunta e eu a corto em seguida.

- Não! Já disse que não saio durante a semana. Vamos, já está na hora de se despedir dos meus pais e ir embora. Nos veremos no fim de semana como o combinado. - Ela concorda com a cabeça, mas faz uma cara de quem não gostou.

Seguimos até a sala onde está meu pai, minha mãe e Geórgios.

- Pai, mãe, irei levar Amélia em casa!- falei aos meus pais e logo perguntei a Geórgios se ele poderia me acompanhar. Precisava sair dali para poder conversar com ele calmamente.

Nos despedimos de meus pais e vamos em direção ao carro. Eu entro no carro de Amélia que vai me falando seu endereço e a levo para casa. Geórgios nos segue logo atras.

- Chegamos! É aquela casa branca ali na frente! - diz apontando para a casa. Era uma casa grande, modelo tradicional das casas daqui da Grécia. Não tão grande quanto a minha, mas era muito bonita. Ela pergunta mais uma vez com segundas intenções: - Quer entrar e aproveitar o resto da noite?

- Não... Já disse que só acontecerá quando eu ver que é necessário. Hoje não é!

- Claro, eu entendo - se aproximou e me deu um selinho. - Boa noite, Zenon!

- Boa noite, Amélia! - digo e saio do carro indo em direção ao carro de Geórgios.

- Vamos dar uma volta. Precisamos conversar! - Falo antes mesmo de fechar a porta do carro.

- E vamos para onde? - Ele pergunta, sério.

Nós dois sabemos do que se trata essa conversa. Alguma coisa me diz que eu não sou o único a esconder sentimentos aqui. Conheço meu amigo. Sei que a chegada de Saphira despertou algo nele, só não tenho certeza do quê...

- Podemos ir em algum pub. Pode ser o A for Athens², gosto de lá. É calmo e poderemos conversar é melhor.

- É claro - ele me dá um sorriso forçado.

Estou com medo de conversar com ele. Geórgios é o único que sabe o porquê tratei Saphira daquele jeito. Ele sabe que todos esses anos tenho evitado esse assunto. Me envergonho de ter sentido algo por uma criança. E fiz o que me pareceu certo na época. Mas agora é diferente. Ela está muito mais linda do que antes, está uma mulher feita que toma suas próprias decisões. Eu preciso saber exatamente o que Geórgios sente pela Saphira.

- Chegamos, vamos?- Georgios me chama.

Entramos no pub, sentamos em uma das mesas próximo a janela, onde tem uma vista maravilhosa para Acrópoles.

- Então, o que quer conversar? - Geógios pergunta sem rodeios.

-Saphira. - Digo, e ele sorri.

- Meu amigo... Como está se sentindo em vê-la depois de tantos anos?

- Não sei... Estou confuso!

- Confuso como? Diz por causa da Amélia?

- Não, Geórgios. Amelia é só uma mulher que está fazendo seu trabalho.

- Mas vocês transaram, certo?

- Sim! Mas isso não é surpresa né, Geórgios. Não deixaria passar.

- Verdade, homem nenhum deixaria. Ela é muito gostosa. - rimos da cara que Geórgios faz.

- Mas não foge do assunto, Zenon. Por que está confuso?

- Eu não sei! Ela... ela... - gaguejo. - Eu realmente não sei, Geórgios. Ela é só uma criança, e depois de tanto tempo ainda mexe comigo. E o pior dessa porra toda é que ela me odeia. Você tem a mesma idade que a minha e fica cheio da graça pra cima dela e ela se derrete toda. Porra, Geórgios, teve coragem de pegar uma criança quando foi para o Brasil? - perguntei já me alterando e passando as mãos pelo cabelo.

- Calma, cara! - ele tenta me acalmar. - Primeiro: ela não é uma criança, Zenon e segundo... eu não estava cheio de graça para cima dela. Terceiro: ela não se derreteu toda para mim; quarto: eu não peguei porra nenhuma de criança no Brasil. E pode ter certeza, amigo, que eu estou tão fudido quanto você, mas não é pela Saphira, pode acreditar. - Meu amigo diz e eu posso ver a sinceridade nos seus olhos. Mas que porra!!

- Do que está falando, Geórgios? De quem está falando?

- Tô dizendo que sou tão covarde quanto você. Talvez seja até mais.

- Tá querendo me dizer que sente a mesma obsessão que eu sinto pela Saphira? - pergunto, confuso.

- Não sinto nada além de amizade pela Saphira. Já disse para ficar tranquilo. E, Zenon, vê se cai na real, não é obsessão e você sabe disso, cara. Nós dois estamos muito ferrado.

- E quem é essa? Marcela, sua ex? Mas ela é quase de sua idade. E porra, Geórgios, é claro que é obsessão, e irei provar.

- Você não a conhece, conheci no Brasil e é amiga da Saphira. Por isso que digo que sou mais covarde que você. Enquanto se afundou em pegar todas escondido e sem compromisso, eu assumi um relacionamento com Marcela, e estava prestes a me casar. Eu não amo Marcela, até tentei, mas não consigo amá-la! Não consigo esquecer o beijo que dei na amiga de Saphira, foi algo que fiz no impulso
Depois me afastei e fui um covarde esses três anos. E tudo o que fiz não adiantou de nada, ainda penso na morena. Às vezes fico me perguntando se ela já está casada ou namorando. Ou se tem filhos, se pretende ter. E ver Saphira aqui só me trouxe mais lembranças do período que passei no Brasil. Fico lembrando das vezes que ficava admirando-a de longe para não cometer a mesma loucura. Ela tinha só 17 anos na época que a conheci, por isso amigo consigo te entender perfeitamente.

- Wow! Nunca me disse isso! - me assusto.

- Tinha vergonha de te dizer - disse triste.

- Espera aí cara... Você disse amiga?- perguntei, lembrando de algo.

- Sim, a melhor amiga da Saphira. Por quê? - perguntou levantando a sobrancelha.

- Meu caro, realmente está tão ferrado quanto eu - digo dando uma gargalhada, e ele fica sem entender.

- Tá, eu sei! Mas não é para rir não. Você tá mais ferrado do que eu. Saphira está aqui pertinho, e sua teimosia de pensar que é obsessão não te deixa ter uma relação saudável com ela, fazendo ela te odiar cada vez mais - fechei a cara assim que ele falou, mas logo soltei uma risada de deboche.

- Será? Acho que está tão ferrado quanto eu, porque eu irei provar que é uma obsessão assim que esse contrato acabar, levando Saphira para cama, e continuar minha vida como sempre foi. Baladas, viagens, e ela não irá passar de mais uma na minha cama. Já você, amigo, tá claramente apaixonado. Terminou um relacionamento de três anos, que corre o risco ainda de Marcela se arrepender de ter terminado e infernizar sua vida e não deixar você se relacionar com ninguém.

- Pior cego é aquele que não quer enxerga! E me diz por que que eu iria cometer o mesmo erro e entrar em outro relacionamento?

- Porque? Hum, deixa eu pensar - digo colocando a mão no queixo como se estivesse pensando. - Ah, lembrei... Enquanto estava no escritório, meu pai falou sobre um contrato que ele fez com seu Frederick, e nesse contrato fala que Saphira é minha sócia, caro amigo, e ela terá que trabalhar comigo. Na hora achei o cúmulo, mas pensando agora com mais calma, vai ser mais fácil para conquistá-la... quer dizer, para comê-la.

- Lá vem você com essa história de novo de obsessão. E o que isso tem haver, porque estou ferrado mais que você?

- Porque em seis meses eu acabaria com essa palhaçada, já você aí todo apaixonado, terá que manter Marcela longe de Alice - Falei e ele se assusta.

- Como sabe o nome dela? E por que terei que mantê-la longe de Marcela?

- Simples. Não se esquece de uma pessoa da noite para o dia, a não ser que nunca gostou dela, que é seu caso em relação à Marcela. Mas talvez não seja da o caso dela quando te ver com Alice - Geórgios se levanta da cadeira, passando a mão pelos cabelos e andando de um lado para o outro.

- Cara, para de falar besteira! Alice está no Brasil.

- Sim, está!

- Fala logo! Estou morrendo aqui - falou já sem paciência.

- Umas das exigências da pirralha é que você seja o assessor dela por um mês, até sua amiga Alice vir para ocupar esse lugar - Falei e pude notar que ele estava mais confuso do que eu nessa loucura toda.

- Realmente,estou mais ferrado! Porra! Alice vem para a Grécia? Minha Alice! Droga será que ela vem acompanhada? Quero dizer, será que ela tem namorado? - perguntou todo nervoso.

- Cara, não sei! Vamos beber em plena segunda-feira para esquecer essas merdas todas que nos espera - disse levantando e abraçando meu amigo.

Chamei o garçom, e fizemos nosso pedido. E assim terminamos esse dia louco.

A manhã é outro dia, assim pensei.

A for Athens pub²: É um pub que fica localizado em cima do hotel A for Athens, no centro de Atenas ,e tem uma vista para Acrópoles. É um dos lugares mais badalados nas noites da Grécia.

Capítulo revisado por: MaitePott

Mas um capítulo meus amores! O que acharam do segredo do nosso grego Geórgios? Agora lascou, temos dois Gregos covardes kkk o que será que vai dar? kkkk

Logo abaixo nosso grego Geórgios, e nossa Alice, a amiga perfeita para conhecerem

Esse é o nosso Grego gostoso Geórgios!

Alice nossa Brasileira fodásticamente gostosa.